Comentário de João 18:27-28
18:27 - Pedro então negou novamente,... Uma terceira vez, como a versão Etíope traduz, e que, de acordo com outros evangelistas, com as maldições e insultos; pois agora ele estava mais do que antes com medo de que ele deveria ser preso, e que fosse agora provado de que ele era a pessoa que cortou fora a orelha de Malco, e que deveria ser condenado a uma multa, ou a alguma pena capital. A multa por decepar a orelha de um homem era quatrocentos "zuzim" (s), ou, denários; que, como correspondente a estes denários romanos, elevam-se para doze libras e dez xilins; uma soma que Pedro não poderia levantar, a não ser com muita dificuldade, e por isso, para que fosse acreditado que ele não era um discípulo de Cristo, não aquele homem, ele jura de uma forma profana, o que permanece no julgamento de Deus sobre ele:
E imediatamente o galo canta;... A segunda vez, que foi um sinal de que ele poderia trazer à lembrança o que Cristo tinha dito a ele, que antes que o galo cantasse duas vezes, ele devia negar-lhe três vezes, Mar. 14:72. Era agora cedo de manhã, cerca de três horas, ou pouco depois.
18:28 - Então eles levaram Jesus de Caifás,... Quando Pedro tinha o negado, um dos agentes tinha esbofeteado-o, o sumo sacerdote tinha examinado ele, e eles achavam que tinham o suficiente, de sua própria boca, para condená-lo, pois eles, os principais sacerdotes, anciãos, escribas, e toda multidão, levou-o amarrado, da cada de Caifás...
Para a sala de julgamento;… Ou o “praetorium”;[1] o lugar onde o governador Romano, que era então Poncio Pilatos, usava para ouvir as causas; os Romanos tendo agora se envolvidos em assunto de vida e morte, em suas mãos:[2]
E era cedo;... A manhã havia realmente chegado; assim que virou dia, eles tendo estando toda a noite examinado Jesus, e consultado o que fazer com ele; e logo que eles puderam esperar que o governador ficasse sabendo, eles o levaram apressadamente a ele, com entusiasmo, sedentos pelo seu sangue, e temendo que ele fosse resgatado de suas mãos:
E eles mesmos não entraram na sala de julgamento, a fim de que não fossem maculados;... Ou seja, os Judeus, apenas o bando de soldados romanos entraram; a razão disso era, porque era a casa de um Gentio, e para eles, מדורות העכום טמאים, “as casas de habitação gentios”, ou idólatras, “são impuras” (t); sim, se eles entrassem na casa de um gentio, eles se consideravam impuros, junto com tudo que estivesse com eles; assim dizem eles (u):
“Se os coletores para o governo entrarem em um casa para habitarem, tudo na casa se torna impuro.”
Eles não acham legal alugar uma casa na Judéia para um Gentio (w), ou para ajudar na construção de uma Basílica para eles; que eles explicam ser um palácio, na qual juízes sentam para julgar os homens (x): daí a razão da sua prudência, e que eles eram mais atentos...
Para que eles pudessem comer a Páscoa,... Pura e Imaculada; não o cordeiro da Páscoa, pois eles tinham comido na noite anterior, mas o "Chagigá", ou festa no décimo quinto dia do mês. Muitos escritores cristãos, antigos e modernos, têm concluído a partir daí, de que Cristo não guardou a sua última Páscoa, ao mesmo tempo em que os judeus, e muitas coisas são ditas para ilustrar este assunto, e justificar o nosso Senhor nisso: alguns observam a distinção da páscoa sacrificial e comemorativa; a Páscoa sacrificial é aquela no qual o cordeiro era morto, e era fixado em um determinado período de tempo e lugar, e não havia alteração a ele; a Páscoa comemorativa é aquela na qual nenhum cordeiro é assassinado e comido, mas apenas se faz uma comemoração da libertação do povo de Israel do Egito, como é agora mantida pelos judeus, estando fora de sua terra, onde o sacrifício com eles não é lícito, e este é suposto que nosso Senhor guardou, e não a outra, mas não parece que houve tal Páscoa comemorativa mantida pelos judeus, no tempo de nosso Senhor, enquanto o templo existia: e supondo que houvesse uma tal permitida, e nomeada para os que se encontravam em uma distância de Jerusalém, e que não podiam ir até lá, (o que não era o caso de Cristo e de seus discípulos), é razoável concluir, que era para ser mantida, e foi mantida no momento em que o sacrifício Pascoal era substituído, como é pelo judeus neste dia, a fim de que este será, por qualquer meio, esclarecida a questão, nem mais resolver-se na dificuldade, além de que é muito evidente, que a Páscoa que foi mantida pelo nosso Senhor foi sacrificial; a mesma que é dito dos seus discípulos se preparando para ela: “Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando costumavam sacrificar a [vítima] pascoal, os seus discípulos disseram-lhe: “Aonde queres que vamos e preparemos para comeres a páscoa?” Mar. 14: 12 e, novamente, “e depois veio o dia dos pães ázimos, quando a Páscoa devem ser abatida”, Luc. 22: 7. “Eles aprontaram a Páscoa”, Luc. 22:13 “e ele sentado, e os doze apóstolos com ele”, Luc. 22: 14 “e ele disse-lhes: com muita vontade eu tenho desejado comer esta Páscoa”, Luc. 22: 15. Outros sugerem, que esta diferença de observar a Páscoa por Cristo e os judeus surgiu da fixação do início do mês, e, portanto, em conformidade as festas, pela φασις, ou aparecimento da lua, e que o nosso Senhor recorreu de acordo com a verdadeira aparência da mesma, e os judeus de acordo com um relato falso: mas da presente, como um fato, não há nenhuma prova, além disso, embora as festas fossem reguladas e fixadas de acordo com o aparecimento da lua, mas esta não era deixada para a arbitrária vontade, prazer, e julgamento de determinadas pessoas, para determinar como elas devem pensar ser o correto, mas o Sinédrio, ou Conselho da nação, para determinar o tempo apropriado, para ouvir testemunhas e analisar sobre o aparecimento da lua e assim determinavam, e nenhum deles podia fixar por si mesmos (y), e como este foi, sem dúvida, o caso neste momento, não é muito razoável pensar, que Cristo iria diferir deles: além disso, que era ou um caso claro, ou um duvidoso, se o primeiro, então não haveria motivo para manter outro dia; e se fosse o último, então, dois dias eram observados, e que poderiam ter a certeza que estava certo (z), mas, em seguida, ambos foram mantidos por todos os judeus, e que o tempo desta Páscoa era bem conhecido, é claro a partir de várias circunstâncias, e fatos que foram realizados, muitos dias antes do mesmo; seis dias antes, Jesus veio a Betânia, João 12:1 e dois dias antes, ele estava no mesmo local, Mat. 26:2 e disse aos seus discípulos, “sabeis que, após dois dias é a festa da Páscoa”, etc. Outros tendo certeza que Cristo guardou a Páscoa um dia antes do tempo usual e preciso, o defendem, por observar o poder despótico e legislativo de Cristo, que tinha o direito de mudar o tempo da festividade, e que assim poderia antecipá-la, pois sua traição e morte estavam se aproximando: de que ele tinha esse poder, de fato, não se poder contra argumentar; mas que ele usaria dessa forma, não parece necessário, por razão de sua morte, visto que ninguém, a não ser os vivos, estão obrigados a ela;[3] nem é consistente com a sua sabedoria, visto que, por meio disso, seus inimigos teriam um motivo para acusá-lo, por não manter a lei de Deus: acima de tudo, quando é considerado que a páscoa, de acordo com os Judeus, sempre era mantida במועדו, “no seu tempo estabelecido” (a), e que não era adiada por razão do Sábado, ou qualquer outra coisa, para um outro dia; e que, mesmo quando era designado um outro dia para algumas pessoas em particular, por causa da impureza, para um outro mês, ainda assim deveria ser mantida no dia quatorze do mês em questão, à noitinha, Num. 9:10, não será facilmente acreditado que Cristo observou em um tempo anterior a este: além disso, o cordeiro pascoal não era morto nas casas particulares, mas no templo, na corte, e sempre no dia 14 de Nizã: assim diz Maimônides (b)
“É uma ordem afirmativa para matar a Páscoa no décimo quarto dia do mês de Nisã, depois a meio do dia. A Páscoa não é morta, exceto no tribunal, como o resto das coisas santas, mesmo no tempo em que altares eram legais, eles não ofereciam a Páscoa em um altar privado; e quem quer que ofereça a Páscoa em um altar privado, deve ser espancado, como é dito, “não te permitirás sacrificar a tua páscoa em nenhuma das tuas portas, o que o Senhor teu Deus te dá”, Deut. 16: 5.”
E vendo que um cordeiro pascoal não seria morto em casa, mas no tribunal dos sacerdotes, no templo, não parece provável que um único cordeiro deveria ser morto lá, para Cristo e os seus discípulos, em um dia não observado pelos judeus, ao contrário do sentido do Sinédrio, e da nação inteira: acrescenta a isto, que o texto sagrado é expresso por isso, daquele que estava no momento exato desta festividade, quando veio de acordo com computação geral que os discípulos foram preparar a páscoa para Cristo, e fizeram, e assim eles com ele a mantiveram: o relato que Mateus dá é mais pleno: “agora o primeiro dia da festividade dos pães sem fermento”; quer dizer, quando isso foi entrou em seu próprio tempo e curso, “os discípulos vieram a Jesus”; dizendo a ele, onde desejas “que preparemos para ti a páscoa para comermos?” Ele os licita a irem para a cidade, onde encontrariam um homem, e diriam, “eu guardarei a Páscoa com meus discípulos em vossa casa, e os discípulos fizeram como Jesus tinha designado, e eles se prepararam para a Páscoa; agora quando a noite chegou”, o tempo de comer a páscoa, de acordo com a lei de Deus, que “ele se sentou com os doze, e comeram” eles, etc. Mat. 26:17. E o relato que Marcos dá mais particular diz: “e o primeiro dia dos pães sem fermento, quando eles matavam a páscoa”; quer dizer, quando os judeus matavam a páscoa, no mesmo dia que o cordeiro foi morto, e comido por eles; e então segue o mesmíssimo relato como antes, Mar. 14:12, e Lucas, contudo, mais claramente expressa assim: “então veio o dia dos pães sem fermento, quando a páscoa deve ser abatida”; de acordo com a lei de Deus, e a prática geral do povo judaico; sim, ele não só observa que Cristo manteve o dia habitual, mas a mesma hora, o tempo preciso de comer ela; porque ele diz: “e quando a hora veio, ele se sentou, e os doze apóstolos com ele”, Luc. 22:7. Nem há qualquer coisa neste texto que seja uma objeção ao Cristo e os judeus que mantêm a Páscoa ao mesmo tempo; visto que então, pela Páscoa aqui é significado o “Chagigah”, ou festividade mantida no décimo quinto dia do mês, como é chamado às vezes: Deut. 16:2 diz: “e tens de sacrificar a tua páscoa, ao teu Deus, o Senhor, do teu rebanho”: agora a Páscoa do rebanho, nunca pode significar o cordeiro pascoal, mas a Páscoa “Chagigah”; e assim os comentaristas judeus explicam isso; “do rebanho”, diz Jarchi, tu irás sacrificam para o “Chagigah”; e diz Aben Ezra, para as propostas de paz; assim Josias, que é dito como contribuindo para a festividade três mil bois, e os sacerdotes trezentos bois, e os Levitas quinhentos bois, 2Cro. 35:7, o qual Jarchi interpreta das propostas de paz do "Chagigah", chamado lá de páscoa; e assim em 1 Esdras 1:7-9 uma menção é feita de três mil bezerros, além de cordeiros que Josias deu para a Páscoa; e trezentos por algumas outras pessoas, e setecentos através de outros: a passagem em Deuteronômio, é explicado do “Chagigah”, em ambos os Talmudes (c), e em outros escritos (d); assim, além do cordeiro pascoal, nós lemos de sacrifícios feitos, לשום פסח, “em nome da” páscoa, ou por causa dela (e); e particularmente do bezerro e o boi jovem, morto por causa da páscoa (f): e agora esta páscoa é que estes homens deviam comer aquele dia, e então tinham cuidado para não se poluírem, que assim eles não poderiam ser impróprios para ela; caso contrário, se tivesse sido o cordeiro pascoal naquela noite, eles poderiam ter se lavado pela noite, de acordo com as regras da טבול יום, ou “lavagem diária”, e estado eles limpos o bastante para comerem dela: além disso, pode ser observado, que todos os sete dias foram chamados de páscoa; e aquele que comia os pães não fermentados, era dito como comendo a páscoa; e assim eles convidam os convidados deles diariamente a comer o pão, enquanto dizendo (g):
“Todos que tem fome, que ele entre e coma de tudo que ele precisa, ויפסח, “e mantenha a páscoa”.”
É fácil observar a consciência desses homens, que estavam sempre atentos para coarem o mosquito, ao passo que engoliam um camelo;[4] eles se privam de entrarem no salão do governador gentio, e onde estava um grande número de soldados gentios; mas que poderiam ir juntos com estes para o jardim para prender Cristo, e passar uma noite inteira em consultoria para derramar seu sangue inocente: não admira que Deus devesse estar cansado de seus sacrifícios cerimonioso, quando, confiando a estes, não tinham qualquer relação aos preceitos morais: no entanto, isso pode ser ensinando a nós, de que forma, devemos manter a festividade, e de comer a verdadeira Páscoa, Jesus, não com malícia e perversidade, uma vez que esses judeus comiam a deles, mas com sinceridade e verdade: além de disso, no Sinédrio, quando ninguém tinha sido condenado à morte, foram proibidos de comer qualquer coisa durante todo aquele dia (h); e assim, enquanto tentam ser meticulosos e um coisa, terminaram esbarrando em outra.
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Notas
(s) Misn. Bava Kama, c. 8, sect. 6. Vid. L'Empereur em ib.
(t) Misn. Oholot, c. 18. sect. 7.
(u) Maimon. Mishcab & Mosheb, c. 12. sect. 12.
(w) Misn. Avoda Zara, c. 1. sect. 8.
(x) Jarchi & Bartenora em ib. sect. 7.
(y) Maimon. Kiddush Hachodesh, c. 2. sect. 7, 8.
(z) Ib. c. 5. sect. 6, 7, 8.
(a) Maimon. em Misn. Pesachim, c. 7. sect. 4. & Bartenora em ib. c. 5. sect. 4. (b) Hilchot Korban Pesacb. c. 1. sect. 1, 3.
(c) T. Hieros. Pesacb. fol. 33. 1. T. Bab. Pesachim, fol. 70. 2.
(d) Maimon. Korban Pesach. c. 10. sect. 12. Moses Kotsensis Mitzvot Tora, pr. neg. 349.
(e) Misn. Pesachim, c. 6. sect. 5.
(f) T. Bab. Menachot, fol. 3. 1.
(g) Haggadah Shel Pesach. p. 4. Ed. Rittangel.
(h) T. Bab. Sanhedrin, fol. 63. 1. Maimon. Hilch. Sanhedrin, c. 13. sect. 4.
[1] Cf. Filipenses 1:13. N do T.
[2] Cf. João 19:10. N do T.
[3] Cf. Eclesiastes 9:10. N do T.
[4] Cf. Mateus 23:24. N do T.