O Templo no Judaísmo

O Templo no Judaísmo
O Templo no Judaísmo
(Enciclopédia Bíblica Online)


O primitivo templo de Salomão foi destruído quando Jerusalém fora saqueada e incendiada pelas tropas de Nabucodonosor em 586 a.C. O segundo templo, construído durante a restauração e mencionado por Ageu e Zacarias, profetas desse período, começou por 537 a.C. e foi acabado, depois de muitos atrasos, em 516 a.C. (Ed 6:13-15).

Pouco se conhece da história deste templo. Em 168 a.C., Antíoco Epífanes saqueou-o e profanou-o, pondo nele um altar ao Zeus Olímpico, a quem ofereceu sacrifícios. Judas Macabeu purificou-o e raparou-o, três anos mais tarde. Conserva-se ainda em 63 a.C. quando Pompeu conquistou Jerusalém, e foi despojado dos seus tesouros por Crasso em 54 a.C. Quando em 37 a.C. Herodes tomou a cidade, foram incendiadas algumas partes do templo, mas a parte principal do edifício não foi, ao que parece, grandemente prejudicada.

Herodes, porém, empreendeu a reconstrução do templo, no décimo oitavo ano do seu reinado (20-19 a.C.). Ajuntou o material antes de começar a demolição e reconstrução e prosseguiu com o trabalho vagarosamente, a fim de que o culto fosse o menos possível perturbado. A obra foi feita pelos sacerdotes. O santuário propriamente foi acabado em ano e meio, mas as edificações exteriores e os pórticos só foram acabados em 62 ou 64 d.C. Quando os inimigos de Jesus disseram que o templo tinha sido edificado em quarenta e seis anos, falavam assim porque a obra estava ainda a prosseguir (Jo 2:20).

O edifício propriamente era de mármore branco; uma grande parte dele era coberta de ouro, que refletia o sol e lhe dava um resplendor ofuscante. O templo ocupava um espaço retangular de cerca de 190 metros de leste a oeste e cerca de 200 de norte a sul. Dentro das suas paredes havia uma série de claustros com uma dupla fila de colunas no lado sul. O claustro oriental era conhecido por pórtico de Salomão (Jo 10:23, At 3:11,; 5:12), porque era tradicionalmente uma sobrevivência do templo de Salomão. Os compartimentos estavam localizados ao longo das paredes e entre os pórticos.

O átrio exterior era chamado átrio dos gentios. Não havia restrições quanto ao acesso a este átrio, que, de vez em quando, servia de lugar de mercado. Na parte final norte do edifício, e em transversal, encontrava-se o templo propriamente dito, constando do átrio interior com os seus compartimentos.

Na extremidade leste estava o átrio das mulheres e na extremidade oeste o átrio dos Israelitas, de onde as mulheres eram excluídas. Centralizado com o pátio dos Israelitas estava o átrio dos sacerdotes, no meio do qual estava o santuário. O átrio interior estava num andar superior ao do átrio exterior. Entre os dois, na borda do átrio interior, havia um parapeito de pedra em que se viam inscrições de aviso a todos os gentios, ordenando-lhes que permanecessem fora da cerca, sob pena de morte. A parede tinha nove portões, quatro no norte, quatro no sul e um no leste, que deve ter sido a Porta Formosa mencionada em Atos 3.

O santuário era mais elevado do que o átrio interior e chegava-se lá por um lanço de escada com doze degraus. As suas divisões eram semelhantes às do Tabernáculo: o Lugar Santo, a leste, que tinha cerca de 19 metros de comprimento, e o Lugar Santíssimo, que tinha cerca de 9,5 metros de comprimento. O primeiro tinha, ao norte, a mesa dos pães da proposição; ao sul, os candelabros de sete braços; e, entre eles, o altar do incenso. Só aos sacerdotes era permitida a entrada no Lugar Santo. O Lugar Santíssimo estava vazio, porque se tinha perdido a arca do concerto quando foi destruído o templo de Salomão. O sumo-sacerdote entrava no Lugar Santíssimo uma vez por ano, no Dia da Expiação, quando fazia propiciação com sangue pelos pecados do povo. O Lugar Santo e o Lugar Santíssimo estavam divididos por um duplo véu espesso que vedava o santuário interior dos olhares dos curiosos. No lado de fora do santuário havia quartos pequenos em três andares e acessíveis por uma escada; neles viviam os sacerdotes; ou então podiam ser usados para armazéns.

Dentro do átrio dos sacerdotes, a leste do santuário, havia o grande altar das ofertas queimadas, de cerca de 6,5 metros de quadrado e 5 de altura. Neste altar ardia fogo perpétuo e aí eram consumados os sacrifícios no ritual diário. Exatamente ao norte do altar havia um espaço para a matança das vítimas e a sua preparação para o sacrifício.

Só os sacerdotes podiam permanecer dentro do pátio dos sacerdotes, com exceção daqueles que traziam animais para serem oferecidos em sacrifício, visto que tinham de pôr as suas mãos sobre as vítimas antes de serem mortas. Os judeus tinham autorização dos romanos para terem um corpo de polícia destinada a manter a ordem dentro dos recintos do templo. O seu chefe principal chamava-se strategos, ou “capitão do templo” (At 4:1; 5:24-26) . É possível que tenha sido um destacamento destes homens que prenderam Jesus quando da traição, e não uma corte de soldados romanos. Foram eles os encarregados da prisão e guarda de Pedro e João quando este foi preso por pregar, provavelmente, dentro do recinto do templo. Os guardas faziam serviço no templo todos os dias para verem se qualquer pessoa não autorizada estava nos recintos proibidos. O templo estava fechado de noite e era posta guarda para impedir o assalto dos ladrões.

O templo era o principal centro de culto de Jerusalém. O próprio Jesus e, mais tarde, os seus apóstolos ensinavam e pregavam dentro dos seus átrios. Tão tardiamente como em 56 d.C., a igreja de Jerusalém ainda como membros homens que faziam votos no templo (At 21:23-26) e que estavam Intimamente ligados às suas ordenanças legais. Só com o crescimento das igrejas gentílicas cessou a ligação do templo com o Cristianismo.