Sete Igrejas (Simbolismo) — Livro de Apocalipse

Sete Igrejas (Simbolismo) — Livro de Apocalipse

Sete Igrejas (Simbolismo) — Livro de Apocalipse



As cartas que constituem esses dois capítulos do livro de Apocalipse não foram enviadas às sete igrejas dos dias de João. Simbolizam sete períodos bem definidos da história da igreja, desde o seu nascimento em Pentecostes até o arrebatamento. Essas igrejas são chamadas candeeiros, ou “candelabros”, para mostrar que a função da Igreja é brilhar, por Jesus, em meio às trevas do mundo.

À igreja em Éfeso (Ap 2:1-7), a mensagem foi que o Construtor da Igreja caminhava em seu meio. Se, contudo, ela deixou de andar com ele e abandonou o seu primeiro amor, então, como um candeeiro, seria tirada de seu lugar. Os que, mesmo dentro dessa igreja apóstata, permaneceram fiéis ao seu Senhor, comerão “da árvore da vida”, que significa a promessa da restauração do Paraíso (Gn 3:8; Ap 1:3). Essa dádiva de imortalidade é o próprio dom de Cristo que virá.


À igreja em Esmirna, Cristo revela-se como “o primeiro e o último”, e tudo o que há nesse meio (Ap 2:8-11). Os religiosos hipócritas são apresentados como “sinagoga de Satanás”. Quanto aos “dez dias”, simbolizam “as dez grandes perseguições” sob os cruéis imperadores romanos. Esmirna, que significa “amargar”, associa-se a mirra, um unguento associado à “morte”. A recompensa prometida aos mártires era “a coroa da vida”.

À igreja em Pérgamo, Cristo apresenta-se como possuidor de “uma afiada espada de dois gumes”. Essa expressão figurada denota o poder de sua Palavra para salvar ou matar. Refere-se a Pérgamo como o trono de Satanás, ou seja, a sua central de operações, de onde inspirou Constantino a inaugurar o seu estado cristão. Foi também nessa época que o Catolicismo Romano começou a florescer. Contra todos os apóstatas e enganosos, o Senhor disse que lutará com a espada de sua boca. Aos que perseverassem fiéis a ele nessa época degenerada, havia a promessa do maná escondido, uma pedrinha branca e um novo nome.

À igreja em Tiatira, o Senhor revela seus olhos como chama de fogo, e os pés como bronze polido — símbolos achados na visão que João teve do Senhor (Ap 1:19-26). A Jezabel do Antigo Testamento (1 Rs 16:19-26) levou todo Israel a pecar com Jeroboão, filho de Nebate. Se a Jezabel, a que Cristo se refere na carta, era uma pessoa real ou não, é difícil afirmar-se. No entanto, é evidente que ela tipifica um sistema perverso, responsável por doutrinas perniciosas, sedução e adoração a ídolos. Um estudo cuidadoso do desenvolvimento do sistema papal com a paganização dos ritos cristãos mostra a correspondência com o Jezabelismo da igreja em Tiatira. Aos que resistissem aos falsos apelos desse sistema, há a promessa de que governarão sobre as nações com cetro de ferro e possuirão a Estrela da Manhã. Essas figuras de linguagem representam autoridade e glória vindouras.

À igreja em Sardes (Ap 3:1-16), o Senhor se apresenta como possuidor dos sete espíritos de Deus e as sete estrelas. Essa linguagem própria de parábolas, ligeiramente diferente da anterior (1:4), mostra que o Senhor não é apenas o que enviou o Espírito Santo, mas também o seu possuidor, e que só ele pode fazer com que os mensageiros de sua igreja brilhem como estrelas. Aos que, em meio ao formalismo e morte espiritual no lagar da ira da igreja em Sardes, resistirem firmemente ao fluxo do ritualismo, o Senhor promete que seriam vestidos de vestiduras brancas e teriam eterna lembrança no livro da vida. Andar com ele com gloriosas roupas brancas será a eterna recompensa das testemunhas fiéis. A volta de Cristo como um ladrão reporta-nos aos ensinos das parábolas (Mt 24:42,43; Lc 12:39,40).


A igreja em Filadélfia (Ap 3:7-13) Cristo apresenta-se não apenas como o Santo e Verdadeiro, mas também o que possui a Chave de Davi (Is 22:22; Hb 3:2,5,6). Os reconhecidos mestres da lei deixaram de usar corretamente a chave do conhecimento (Lc 11:52). Cristo é o verdadeiro Despenseiro da casa de Davi. Se a igreja em Filadélfia representa o reavivamento da Igreja no século XVII, após um período de inanição, na Idade Média, então, através dos avivamentos de Whitefield e dos Wesleys, e da obra missionária de William Carey, abriu-se a porta da graça às multidões. Por isso, os vencedores receberão a coroa e tornar-se-ão colunas no Santuário de Deus, onde será gravado O Novo Nome de Cristo. Sob esses expressivos símbolos está a perspectiva de possuir a recompensa e de manter a palavra de sua paciência.

À igreja em Laodiceia (Ap 3:14-22), uma igreja para a qual ele não tem sequer um elogio, apenas reclamações, Cristo elabora um magnífico camafeu de si Mesmo. Ele é “o amém, a fiel e verdadeira testemunha, o princípio da criação de Deus”. Esses títulos simbolizam seu cuidado, sua imutabilidade e supremacia. Como essa carta, com severas repreensões, está cheia de símbolos expressivos! A igreja em Laodicéia, cheia de justiça própria, autosatisfação e opulência, não era fria nem quente, mas morna; e, por ser morna, causava náusea em Cristo. Por isso, ele diz que a vomitará de sua boca. Temos aqui uma parábola de rejeição da apóstata igreja organizada, quando ele voltar para a sua verdadeira igreja. A respeito de seu ouro corrompido ou adquirido desonestamente, aconselha-se à igreja que compre do Senhor “ouro refinado no fogo”, riquezas celestiais incorruptíveis; aos cegos espiritualmente, clama-se que comprem “colírio” para que vejam. Mercadores com seus unguentos e ervas medicinais não conseguem reproduzir qualquer substância que restaure a visão espiritual deteriorada. Somente a unção divina pode fazer isso. Para a sua nudez espiritual, a igreja é desafiada a comprar de Cristo “vestiduras brancas”, sem as quais ninguém jamais permanecerá em sua presença. Ao incluir tantas coisas em seu íntimo, e ter deixado Jesus Cristo de fora, seus membros são amavelmente chamados a abrir a porta e deixá-lo entrar. Que contradição é a igreja sem Cristo! Somente aos que lhe abrem a porta, serão abertas as portas do céu (Ap 4:1).