Significado de Romanos 1
Romanos 1
Romanos 1 apresenta os principais temas do livro e dá o tom para o restante da epístola. O apóstolo Paulo, autor de Romanos, começa estabelecendo suas credenciais como servo de Cristo e expressando seu desejo de visitar os crentes em Roma. Ele então passa a discutir o problema universal do pecado e suas consequências para a humanidade. De acordo com Paulo, todas as pessoas, tanto judeus quanto gentios, estão sob o poder do pecado e merecem a ira de Deus.
Neste capítulo, Paulo enfatiza a ideia de que a ira de Deus é revelada contra toda impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade pela injustiça. Ele argumenta que Deus se deu a conhecer a todas as pessoas por meio de Sua criação e, portanto, elas não têm desculpa. No entanto, as pessoas trocaram a glória de Deus por ídolos e se tornaram tolas em seus pensamentos. Isso tem levado a todo tipo de comportamento pecaminoso, incluindo imoralidade sexual, idolatria e homossexualidade. Paulo aponta que esses comportamentos não são apenas resultado do pecado, mas também um julgamento de Deus sobre aqueles que os praticam.
Paulo também enfatiza a importância da fé em Jesus Cristo como meio de salvação. Ele declara que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, tanto judeus como gentios. Esta mensagem de salvação não é baseada na própria justiça, mas na fé na justiça de Jesus Cristo. Por meio de Sua morte e ressurreição, Jesus tornou possível que os pecadores fossem justificados diante de Deus e recebessem o dom da vida eterna.
Em conclusão, Romanos 1 estabelece o fundamento para o restante do livro de Romanos, apresentando os principais temas do pecado, a ira de Deus e a salvação pela fé em Jesus Cristo. Enfatiza a universalidade do pecado e a necessidade de salvação para todas as pessoas. Paulo deixa claro que o evangelho é o poder de Deus para a salvação e que a fé em Jesus Cristo é o único meio de justificação diante de Deus. A mensagem de Romanos 1 é tão relevante hoje como era quando foi escrita pela primeira vez, e continua a desafiar e inspirar os cristãos a viver uma vida santa e justa.
I. Hebraísmos e o Texto Grego
Embora Romanos 1 tenha sido redigido em grego impecável, o capítulo inteiro respira um modo de pensar semítico. Desde a abertura, Paulo arma sua autodefinição por aposições enxutas – “Paulos doulos Christou Iēsou, klētos apostolos, aphōrismenos eis to euangelion Theou” – uma cadeia nominal que lembra a justaposição hebraica sem cópulas (“X, servo de Y; chamado Z; separado para W”). O título “servo” ecoa diretamente o hebraico עֶבֶד יְהוָה, ʿeved YHWH, aplicado a Moisés (מֹשֶׁה עֶבֶד יְהוָה, Mōšeh ʿeved YHWH) em Josué 1:1, e o particípio “separado” (aphōrismenos) verte a semântica de בדל/הִבְדִּיל, como em “וְהִיִיתֶם לִי קְדֹשִׁים ... וָאַבְדִּל אֶתְכֶם מִן־הָעַמִּים” (wihyîtem lī qĕdōšîm ... wāʾabdil ’etkem min-hāʿammîm), “sereis santos para mim... eu vos separei dos povos”, Levítico 20:26. A própria expressão “evangelho de Deus” (euangelion Theou) coloca-se sob o campo lexical do mensageiro que “anuncia boas-novas” (מְבַשֵּׂר, meḇasser) e “faz ouvir salvação” (מַשְׁמִיעַ יְשׁוּעָה, mašmîaʿ yĕšûʿāh) de Isaías 52:7.
Nos vv. 2–4, o núcleo cristológico é moldado por fórmulas davídicas típicas do Tanakh. Ao dizer “eis o evangelho... acerca de seu Filho, vindo da descendência de Davi, segundo a carne” (genomenos ek spermatos Dauid kata sarka), Paulo mobiliza a promessa: “וַהֲקִימֹתִי אֶת־זַרְעֲךָ אַחֲרֶיךָ” (wahăqîmōtî ʾet-zarʿăkā ʾaḥărêkā), “suscitarei a tua semente depois de ti” (2 Samuel 7:12), e “מַצְמִיחַ לְדָוִד צֶמַח צַדִּיק” (maṣmîaḥ leDāvid ṣemaḥ ṣaddîq), “farei brotar para Davi um Renovo justo” (Jeremias 23:5). Em 1.4, “declarado Filho de Deus com poder... segundo o Espírito de santidade” (kata pneuma hagiōsynēs) soa como um semitismo transparente do hebraico רוּחַ קָדְשְׁךָ, rûaḥ qodshekha (“o teu Espírito Santo”), de Salmos 51:11. A fraseologia grega, portanto, está carregada de léxico e pressupostos davídicos e pneumatológicos hebraicos.
No saudação (1.7), “graça e paz” (charis kai eirēnē) combina a inovação paulina de charis com o eixo veterotestamentário de šālôm; a sombra da bênção sacerdotal (“וְיָשֵׂם לְךָ שָׁלוֹם”, weyāśēm lekā šālôm, Números 6:26) é culturalmente audível, e o adjetivo “santos” (klētoi hagioi) insere a igreja na vocação de “קְדֹשִׁים תִּהְיוּ” (qĕdōšîm tihyû, “sereis santos”), Levítico 19:2. Até a sintaxe “chamados... santos” retém o colorido de uma predicação vocacional típica da aliança.
O programa missionário em 1.5 – “para a obediência da fé entre todas as nações” (eis hypakoēn pisteōs en pasin tois ethnesin) – condensa dois fios semíticos. Por um lado, hypakoē recolhe o valor hebraico de שׁמע (šāmaʿ: ouvir/obedecer) do Shema (“שְׁמַע יִשְׂרָאֵל”, šĕmaʿ Yiśrāʾēl, Deuteronômio 6:4); por outro, a expansão “entre todas as nações” cumpre o arco abraâmico (“וְנִבְרְכוּ בְךָ כֹּל מִשְׁפְּחֹת הָאֲדָמָה”, wenivrekhû ḇekā kol mišpeḥōt hāʾădāmāh, “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, Gênesis 12:3). A fórmula paulina é, pois, uma síntese greco-hebraica: a “fé” que obedece é a confiança leal (ʾĕmûnâ) que o Antigo Testamento exige, agora dirigida, por vocação, às nações.
Também o bloco de ação de graças e intercessão (1.8–10) é hebraico na teologia e no estilo. “Deus, a quem sirvo em meu espírito” (latreuō en tō pneumati mou) retoma a ʿăḇōdâ do coração: “לַעֲבֹד אֶת־יְהוָה אֱלֹהֶיךָ בְּכָל־לְבָבְךָ”, laʿăvōd ʾet-YHWH ʾĕlōheykhā beḵol-levāvekha (Deuteronômio 10:12). A “vontade de Deus” (to thelēma tou Theou) corresponde ao hebraico רָצוֹן, rāṣôn, como horizonte da oração e do serviço. Sem copiar fórmulas litúrgicas judaicas, Paulo pensa e reza com o léxico delas.
O dístico programático 1.16–17 condensa dois nós semíticos. Primeiro, a prioridade “ao judeu, e também ao grego” está ancorada na promessa de bênção universal via Israel (Gênesis 12:3); segundo, “a justiça de Deus se revela... como está escrito: ‘o justo viverá por fé’” articula a ṣidqā(t) YHWH veterotestamentária e a ʾĕmûnâ de Habacuque. O Salmo 98.2 já fala: “הוֹדִיעַ יְהוָה יְשׁוּעָתוֹ... גִּלָּה צִדְקָתוֹ”, hōdîaʿ YHWH yĕšûʿātō... gillā ṣidqātō (“o SENHOR fez conhecer a sua salvação... revelou a sua justiça”); e Habacuque 2.4 emprega a famosa linha “וְצַדִּיק בֶּאֱמוּנָתוֹ יִחְיֶה”, weṣaddîq beʾĕmûnātô yiḥyeh (“o justo viverá por sua fidelidade”). Paulo verte essas categorias hebraicas em dikaiosynē theou e pistis, mas o mapa mental é profético.
A seção 1.18–25, por sua vez, é um midraxe teológico sobre criação e idolatria com cadência sapiencial-profética. “O que de Deus se pode conhecer é manifesto... desde a criação do mundo” reouça Salmos 19:1: “הַשָּׁמַיִם מְסַפְּרִים כְּבוֹד־אֵל”, haššāmayim mesapperîm kevōd-ʾēl (“os céus proclamam a glória de Deus”). A acusação de que os homens “trocaram a glória” e “substituíram a verdade de Deus pela mentira” recita o léxico de Salmos 106:20 (“וַיָּמִירוּ אֶת־כְּבוֹדָם...”, wayyāmîrû ʾet-kevōdām, “trocaram a sua glória...”) e Jeremias 10:14, que diz do ídolo: “כִּי שֶׁקֶר נִסְכּוֹ וְלֹא־רוּחַ בָּם”, kî šeqer niskô, welō-rûaḥ bām (“a sua imagem fundida é mentira, e não há sopro neles”). Mesmo o refrão “Deus os entregou” (paredōken autous ho Theos, vv. 24, 26, 28) ecoa o juízo pedagógico de Salmos 81:12: “וָאַשַׁלְּחֵם בִּשְׁרִירוּת לִבָּם; יֵלְכוּ בְּמֹעֲצוֹתֵיהֶם”, wāʾašallechem biššĕrîrût libbām; yēlkû bemōʿăṣōtēhem (“então os entreguei à teimosia de seu coração; sigam os seus próprios conselhos”). O clímax “ao Criador” (tō ktisanti) assume o título hebraico בּוֹרֵא, bōrēʾ (“Criador”), Isaías 40.28, moldando a idolatria como crime de troca contra o Deus-Criador.
Nos vv. 26–32, a catena de vícios, o apelo à “ordem da criação” e a insinuação de physis (“natureza”) não substituem a teologia bíblica; antes, a reafirmam em grego. A estrutura judicial remete aos oráculos proféticos contra as nações e contra Israel, e o ritmo de enumeração (“cheios de... preenchidos de...”) lembra os catálogos sapienciais, traduzindo em koine o juízo ético da Torá e dos Nevi’im. Mesmo sem citar diretamente Gênesis 1 ou Levítico 18, a moldura é a da criação e da lei: é por terem “conhecido Deus” na criação e no coração que são responsabilizados por não o glorificar nem agradecer.
Linguisticamente, Romanos 1 transpõe para o grego três traços hebraicos constantes. Primeiro, a preferência por genitivos teológicos compactos — euangelion Theou, dikaiosynē Theou, orgē Theou — que funcionam como smiḥut (construto) hebraico: bĕrit YHWH, ṣidqat YHWH, ḥēmat YHWH. Segundo, a fraseologia profético-sapiensal: “revelar” (apokalyptetai) a justiça/ira retoma “גִּלָּה צִדְקָתוֹ” (gillā ṣidqātô, Salmos 98:2) e “a ira” como agir justo do Deus da aliança. Terceiro, a sintaxe por aposições e qualificadores participiais (1.1–7), muito ao estilo das identificações hebraicas sem verbos de ligação no presente.
O capítulo é uma tessitura de categorias hebraicas expressas em grego. O Servo separado, o Renovo davídico, o Espírito de santidade, a santidade do povo convocado, a obediência da fé, a justiça que se revela, a idolatria como troca e mentira e, acima de tudo, o Criador — tudo isso vem do repertório do Antigo Testamento e verte-se aqui em grego para um auditório misto. Assim, mais do que “pensar grego sobre temas hebraicos”, Paulo pensa hebraicamente e fala em grego. Romanos 1 é, por isso, um argumento judaico sobre criação, aliança e justiça de Deus, escrito com a pena da koine.
II. Comentário de Romanos 1
Romanos 1.1-7 Na época em que o Novo Testamento foi escrito, era comum indicar o nome e o destinatário na seção de abertura das cartas. Paulo (v. 1) endereçou esta carta a todos os cristãos que viviam em Roma (v. 7). Além das suas saudações, Paulo incluiu um breve resumo do evangelho a ser tratado na epístola. Esse evangelho, prometido no Antigo Testamento (v. 2), tratava de Jesus Cristo (v. 3,4) e era a base do apostolado e da missão de Paulo (v. 5,6).
Romanos 1.1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo. A palavra traduzida aqui como servo no texto original, em grego, significa escravo. Paulo está falando a respeito de um estado de servidão ao qual uma pessoa se submete voluntariamente e por amor (Êx 21.1-6), distinta da servidão imposta por outrem, forçada; situação bastante comum no império romano. Ao usar esse termo, Paulo enfatiza a sua sujeição pessoal a Jesus Cristo. E ao chamar a si mesmo de apóstolo, ele se coloca no mesmo nível dos doze apóstolos e das demais autoridades designadas por Deus para Seu serviço. Separado para o evangelho de Deus. Paulo foi separado por Deus como ministro do evangelho antes mesmo de sua experiência com Cristo na estrada para Damasco (Gl 1.15). De origem nobre (Fil 3.5,6), Paulo poderia ser um excelente ministro para seu povo, os judeus. Mas, pela providência divina, ele foi separado como apóstolo para anunciar o evangelho ao gentios (At 9.15). Dessa maneira, um cisma desastroso entre as facções judias e gentílicas na Igreja primitiva foi evitado pelo ministério singular de Paulo.
Romanos 1.2-4 Humanamente falando, Jesus era descendente de Davi (Mt 1.1), sendo verdadeira e completamente humano, mas, ao mesmo tempo, o divino Filho de Deus. O fato de Jesus ser descendente de Davi o vincula à aliança davídica. Quando Cristo retornar para reinar sobre tudo e todos, Ele cumprirá a promessa feita por Deus a Davi de que confirmaria o trono de seu reino para sempre (2 Sm 7.13).
Romanos 1.4 A palavra traduzida por declarado significa designado. Jesus não se tornou o Filho de Deus pela ressurreição. A ressurreição foi a prova de que Jesus é o Filho de Deus.
Romanos 1.5, 6 Pelo qual recebemos a graça e o apostolado. Provavelmente a melhor tradução para graça e apostolado seja graça do apostolado, pois Paulo considerou o seu chamado um presente divino. O propósito do seu apostolado foi a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome [o nome de Jesus]. Paulo queria levar todas as nações, incluindo judeus e gentios, à obediência a Cristo pela fé (de acordo com o sistema doutrinário que Jesus ensinou). Entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. A expressão sois também vós chamados é a preferida pelo apóstolo quando ele quer destacar aqueles que confiaram no Senhor Jesus como Salvador (ver também Rm 8.28).
Romanos 1.7 A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos. Aqui, são considerados santos apenas as pessoas que foram separadas para Deus. Como Deus é santo, Seu povo também deve ser santo (1 Pe 1.15,16). Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. A palavra traduzida como graça significa favor imerecido de Deus, que nos permite ser e fazer o que Deus quer. Já a paz de Deus é o elemento que nos permite estar em harmonia perfeita com o Senhor, com nós mesmos e com os outros. Essa forma implica a totalidade da vida cristã [saúde no corpo, na alma e no espírito; prosperidade espiritual e material; bons relacionamentos. Equivale ao termo hebraico shalom]. Somente após experimentarmos a paz de Deus, podemos experimentar a Sua graça.
Romanos 1.8 Em todo o mundo é anunciada a vossa fé. A fé dos cristãos romanos era tão vigorosa que Paulo fala a respeito dela mencionando seu amplo testemunho. O apóstolo age de forma semelhante ao referir-se à fé dos cristãos de Tessalônica (1 Ts 1.8). A expressão em todo mundo é análoga à expressão em todos os lugares.
Romanos 1.9, 10 Sempre em minhas orações. Paulo pedia constantemente a Deus por esses irmãos quando orava; eles estavam na sua lista de oração. Os homens e as mulheres mais santos, e até mesmo nosso Senhor Jesus, sabiam que não é possível trabalhar para Deus ou até mesmo viver sem orar.
Romanos 1.11, 12 A expressão comunicar algum dom espiritual não significa que Paulo ensinaria sobre dons espirituais, cura ou profecia. Significa que ele exercitaria os seus dons espirituais [compartilharia seus dons espirituais com os irmãos] e, ao fazê-lo, abençoaria os irmãos em Cristo.
Romanos 1.13 Aqui, Paulo deixa claro que desejou ir antes a Roma (Rm 15.22); contudo, foi impedido (gr. kõlyõ).
Romanos 1.14 Paulo era sensível ao dever de pregar para o culto e para o inculto, para o instruído e para o não instruído. Embora muitas pessoas sábias não tenham sido chamadas por Cristo, algumas foram (1 Co 1.26-29); e todas precisam ouvir o evangelho.
Romanos 1.15-17 A afirmação estou pronto para também vos anunciar o evangelho é a declaração do compromisso de Paulo. Os versículos 16 e 17 apontam para a razão do seu compromisso e resumem
a mensagem da epístola inteira: a salvação de todo aquele que crê em Jesus.
Romanos 1.15 [Eu] estou pronto para também vos anunciar. Essa expressão parece ser a declaração central de uma tríade de declarações em primeira pessoa que se referem ao próprio Paulo e à pregação do evangelho de Cristo. Na primeira seção, Paulo afirma: Eu sou um devedor (Rm 1.14). Na terceira seção, Paulo afirma: Não me envergonho do evangelho de Cristo. Todos nós somos os devedores a Cristo. Nenhum de nós deveria envergonhar-se do evangelho de Cristo. Nem todos, porém, estão prontos para pregar o evangelho. Paulo estava não apenas habilitado e disposto, mas também estava pronto, apto a pregar as boas-novas com êxito. Ele não era apenas um vaso escolhido, mas era também um vaso limpo. Ele estava pronto para ser usado por Deus.
Romanos 1.16 O Novo Testamento fala a respeito da salvação em diversos tempos verbais: o pretérito (Ef. 2.1-8), o presente (2 Co 2.15) e o futuro (Rm 13.11). No passado, o crente foi salvo da penalidade do pecado [a morte espiritual]. No presente, está sendo salvo do poder de pecado. No futuro, será salvo de cometer qualquer pecado (Mt 5.10-12; 8.17; 2 Co 5.10; 2 Tm 2.11-13; Ap 22.12). Não me envergonho. Paulo estava pronto para pregar o evangelho de Cristo. Quando formos capazes de fazer nossas essas palavras ditas pelo apóstolo, nós também sentiremos um desejo ardente de tornar Cristo e Seu evangelho conhecidos em todo o mundo. O poder de Deus. Paulo deixou a vergonha de lado e seguiu exercendo o ministério que recebera do Senhor. A salvação nos livra do juízo de Deus e do poder do pecado. Quando somos salvos por Jesus, tornamos filhos de Deus, temos paz com Ele e tornamo-nos aptos a receber do Senhor uma herança na glória futura. A expiação de Cristo torna a salvação disponível para todo aquele que aceitar a Sua oferta.
Todo aquele que crê. Ou seja, aqueles que aceitam a verdade a respeito de Jesus, revelada na Palavra de Deus, e agem em conformidade com essa verdade.
Primeiro do judeu. Os judeus são os primeiros porque Deus trabalhou com eles durante o tempo do Antigo Testamento para preparar a salvação para todo o gênero humano. Para Paulo, o termo grego inclui todas as pessoas que não são judias.
Romanos 1.17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé. Isso quer dizer que a fé está no começo do processo de salvação. A salvação é resultado da fé. Ao exercitar a fé em Cristo, a pessoa é salva das consequências do pecado e declarada íntegra. Como os cristãos vivem pela fé, Deus está continuamente salvando-os do poder do pecado para que eles vivam em justiça.
A justiça de Deus. Este é um conceito fundamental na carta aos Romanos. Deus é íntegro. Ele sempre age em conformidade com o Seu caráter santo e de acordo com as Suas promessas. Porque Ele é justo, condena o pecado e julga os pecadores (Rm 1.18—3.20). Deus provê, por intermédio de Cristo, o perdão para todos os que creem, a partir da mesma justiça (justificação; Rm 3.21—5.21) e dá poder para que os Seus filhos vivam em santidade, em uma relação correta com Ele, separados do mundo para servi-lo (santificação; Rm 6.1—8.39). A justiça de Deus revela a fidelidade divina, que sustenta as promessas aos judeus (Rm 9.1—11.36) e instrui cuidadosamente os cristãos para que caminhem diariamente em santidade (Rm 12.1—15.13).
Romanos 1.18-32 O juízo de Deus é um fato (v. 18). A rejeição do conhecimento de Deus é a causa do Seu julgamento (v. 19-23), e o aumento da iniquidade é o resultado trágico dessa rejeição (v. 24-32). As frases Deus os entregou (v. 24, 28) e Deus os abandonou (v. 26) são traduções de um mesmo termo grego que se repete. A cada vez que a frase é usada, o seu contexto indica o crescimento progressivo da degeneração humana.
Romanos 1.18 Como o próximo versículo indica, o termo a verdade refere-se, obviamente, à verdade sobre Deus. Uma vez que rejeitaram a piedade e a retidão, as pessoas detêm a verdade a respeito de Deus; ou seja, que Deus é o seu Criador amoroso e merece a adoração e o louvor delas. Os pecadores são perfeitamente capazes de perceber, de forma racional, a verdade revelada por Deus (v. 19,20), mas eles escolheram suprimir tal revelação. Sendo assim, tais pessoas são indesculpáveis. A ir a de Deus se manifesta. Refere-se ao tempo presente. É a ira divina manifestando-se contra o pecado e a rejeição da verdade.
Romanos 1.19, 20 Porquanto o que de Deus se pode conhecer. Os atributos divinos são vistos claramente não apenas na humanidade, mas também podem ser apreciados no universo material; a criação divina os declara vividamente (Rm 1.20; 10.18; SI 19.1-4). A natureza fala, de forma eloquente, sobre o seu Criador. Começando pela engenharia complexa da célula humana e indo até a grandeza majestosa das montanhas rochosas, todas as obras de Deus testemunham de Sua sabedoria e Seu poder. Os atributos invisíveis de Deus (v. 20 NVI), o Seu eterno poder e a Sua divindade, que refletem Sua natureza divina, podem ser claramente vistos quando contemplamos as Suas obras poderosas em toda a criação.
Romanos 1.21, 22 Tendo conhecido a Deus. Ou seja, eles conheceram a verdade sobre Deus por meio da criação (v. 18). A natureza revela um Deus grandioso e bondoso. A chuva branda e as terras férteis proporcionam aos seres humanos todas as variedades de alimentos deliciosos. Deus é bom. Mesmo com todas as evidências presentes na criação, há quem se recuse a reconhecer seu Criador; decidem conscientemente não adorá-lo ou glorificá-lo como Deus.
Romanos 1.23 A idolatria é a derradeira expressão da loucura humana (v. 22).
Romanos 1.24 Deus, em sua ira, os entregou, ou seja, deixou-os a mercê de seus pecados (v. 26,28). A ira de Deus já se manifesta em nossos dias (v. 18), porém, ela se manifestará plenamente por ocasião da volta de Cristo (1Ts 1.10). A Bíblia nos afirma que Deus não desistiu da humanidade, mas Ele permitiu que ela se afundasse no pecado, de acordo com os desejos pecaminosos do coração humano. Frequentemente, Deus dá ao homem novas oportunidades de este enxergar toda a malignidade do pecado.
Romanos 1.25 A mentira diz respeito aos ídolos. Eles são falsos deuses de origem satânica, sem qualquer verdade ou poder.
Romanos 1.26 Este versículo claramente trata-se de uma alusão às relações sexuais antinaturais entre mulheres. O lesbianismo é contrário à natureza; está na contramão da vontade do Criador.
Romanos 1.27 As práticas homossexuais são pecado (Lv 18.22). O versículo 27 de Romanos enfoca não o fato de o homossexualismo ser um pecado que deve ser castigado, mas afirma que o homossexualismo por si mesmo já é um castigo. Por terem rejeitado a Deus e se tornado idólatras, alguns homens e algumas mulheres tornaram-se escravos de paixões infames (v. 26). Logo, eles recebem em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
Romanos 1.28 Um sentimento perverso. Uma mente totalmente destituída de sensibilidade moral.
Romanos 1.29-32 Esses versículos contêm uma das mais extensas listas de pecados de toda a Bíblia. Essa lista mostra a grande amplitude da depravação moral humana (observe o termo toda no versículo 29). Note que enquanto a sociedade exercita a tendência de justificar certos pecados, Deus julga todos os pecados sem distinção. Tais pecados revelam em particular a rebeldia existente em nosso coração. Todos, sem exceção, merecem o castigo de Deus.
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