Explicação de Ezequiel 16

Ezequiel 16

Ezequiel 16 é um capítulo alegórico vívido que retrata Jerusalém como uma esposa infiel e usa imagens fortes para ilustrar a história de idolatria de Israel, a fidelidade de Deus e as consequências da rebelião.

Ezequiel 16 começa com Deus contando as origens humildes de Jerusalém como uma criança abandonada e abandonada. Ele metaforicamente descreve Jerusalém como uma menina, indesejada e deixada para morrer, a quem Ele salvou e cuidou.

O cuidado de Deus transformou Jerusalém numa cidade bela e próspera. Contudo, o capítulo descreve como Jerusalém cresceu orgulhosa e infiel, buscando alianças com outras nações e adotando suas práticas idólatras.

A alegoria se desenrola à medida que Deus compara o comportamento de Jerusalém ao de uma esposa adúltera que procura outros amantes (deuses estrangeiros) em vez de permanecer fiel à sua aliança com Deus. Esta imagem enfatiza a infidelidade espiritual de Jerusalém e a seriedade da idolatria.

Apesar da infidelidade de Jerusalém, Deus promete lembrar-se da Sua aliança e restaurá-la, embora não sem disciplina. O capítulo descreve o julgamento de Deus contra Jerusalém devido à sua idolatria, comparando-o ao castigo de uma prostituta.

A representação alegórica da história de Jerusalém no capítulo destaca a profundidade de sua infidelidade e rebelião. Também enfatiza o amor imutável de Deus e Sua intenção de trazer restauração e renovação.

Ezequiel 16 termina com uma mensagem de esperança, onde Deus promete estabelecer uma aliança eterna com Jerusalém e perdoar seus pecados. Esta seção destaca o plano redentor de Deus, apesar dos fracassos de Jerusalém.

Explicação

16:1-7 O Senhor aqui traça a história de Jerusalém, como um tipo do povo. Começou como uma criança abandonada, suja e indesejada. O Senhor teve pena dela e cuidou dela com amor, e ela cresceu, amadureceu e ficou muito bonita.

16:8–22 Quando ela se tornou jovem, Jeová se casou com ela, purificou-a para o casamento, esbanjou bondade sobre ela e a adornou. Mas porque ela confiava em sua própria beleza, ela se afastou Dele para os ídolos, tornando-se uma prostituta ... para todos que passavam.

16:23–34 Em vez de confiar no Senhor, ela se prostituiu com gentios como os egípcios, os assírios e os comerciantes da Caldéia. Como alguém disse: “Ela superou os pagãos”. Ela era diferente da prostituta comum, pois contratou outros para pecar com ela! Quem faria algo assim? É possível que a prostituta pague o homem? Que ela vai dar seus bens preciosos? E, no entanto, muitos que dizem seguir o Senhor desistem de suas preciosas recompensas e heranças acima, gastam seu dinheiro e tempo em prazeres mundanos em vez de acumular tesouros no céu. Eles se comprometem com o mundo e perdem a recompensa e a bênção eternas. Isso se chama adultério espiritual, e quem pratica isso paga um alto preço.

16:35-43 O julgamento sobre sua imundícia foi que ela seria destruída pelas nações gentias que ela solicitou como amantes de aluguel. Aqueles que se afastam de Deus como um amante infiel e se comprometem com o mundo serão destruídos pelo mundo que queriam ser amigos. Esta é uma advertência solene para nós (cf. Tg 4:4-10).

16:44–52 As abominações cometidas por Jerusalém (Judá) eram piores do que as de seus predecessores pagãos, os hititas, amorreus, Samaria ou Sodoma. A perversão sexual foi apenas um dos pecados de Sodoma. A iniquidade de Sodoma também incluía fartura de comida e abundância de ociosidade. Isso se parece muito com uma descrição da cristandade moderna! Feinberg comenta:

Observe como o orgulho foi apontado como a raiz do pecado de Sodoma quando suas abominações foram rastreadas até sua origem. Deus a abençoou abundantemente com fartura de pão (Gn 13:10), mas ela monopolizou essas bênçãos para seus próprios prazeres e se aqueceu em próspera facilidade. A provisão para suas próprias necessidades a tornava insensível às necessidades dos outros; ela não tinha consciência social. Então ela cometeu as abominações e enormidades que estão inseparavelmente ligadas ao seu nome. Deus a levou com um golpe final quando o viu (Gn 18:21).
(Feinberg, Ezekiel, p. 91.)

16:53–58 Em graça, Deus restaurará Sodoma, Samaria e Jerusalém em um dia ainda futuro. O versículo 53 descreve a restauração das cidades, mas de forma alguma sugere a salvação final dos ímpios mortos.

16:59–63 Ele estabelecerá uma aliança eterna com Seu povo, e Judá ficará envergonhado por ela ter abandonado o Senhor por ídolos. Esta é uma aliança incondicional de bênção com os patriarcas que o Senhor cumprirá no futuro.

John Newton estava certo quando escreveu que as brilhantes glórias da graça de Deus brilham acima de Suas outras maravilhas.

Notas Adicionais:

16.3 A tua origem. Tudo que restava de Israel na época era Judá, e de Judá só restava a cidade de Jerusalém, já com brechas e despovoada. Ora, aquela Jerusalém nada mais era do que uma cidade pagã, cananita, que o rei Davi conquistara e, se ainda tinha alguma glória, era a graça divina que lhe concedia.

16.8 As abas. Símbolo de aceitar em casamento (Rt 3.9).

16.10 De animais marinhos, o couro mais fino da época era o de focas.

16.13 Nutriste-te. Esta linguagem simbólica mostra que as riquezas da agricultura da Palestina provinham da graça de Deus para com Seu povo escolhido. Isto é importante, porque os nativos habitantes daquela terra eram pagãos que, como parte da técnica agrícola, celebravam ritos imorais para, segundo os princípios da magia e da feitiçaria, tornar a terra tão fértil como eram as sacerdotisas assim prostituídas.

16.15 Confiaste. A essência do paganismo consiste em não confiar em Deus, mas sim na capacidade humana, nos ritos e nas cerimônias por intermédio dos quais imagina-se que o homem vá controlar e dominar as forças sobrenaturais do universo. Se o ser humano tem alguma virtude da qual pode-se jactar, esta provém tão-somente da graça de Deus (Tg 1.17). Lascívia. Nossas qualidades e nossos bens pertencem-nos para melhor servirmos a Deus e aos homens; nossas emoções e nosso intelecto existem para entrarmos em contato com Deus. Se desviarmos esses dons da sua finalidade especifica, estaremos em piores condições do que a mais desprezada prostituta.

16.17 Que eu te dei. O ouro usado para fazer o bezerro no deserto foi concedido ao povo de Deus pela intervenção divina no meio dos egípcios (Êx 12.36). Compare Lc 15.12-14.

16.20 Teus filhos. Os filhos do povo de Israel eram consagrados a Deus, e pertenciam-lhe individualmente. Oferecê-los em sacrifício aos ídolos era o cúmulo da infidelidade religiosa.

16.26 Os filhos do Egito. Os profetas sempre consideravam as licenças políticas, para obter poder e segurança material, como uma infidelidade a Deus, que já mostrara claramente seu poder em livrar os israelitas da escravidão do Egito, ajudando-os a lançar sete nações poderosas fora do território de Canaã, que Deus lhes tinha reservado.

16.30 Meretriz descarada. A linguagem que, Ezequiel está usando parece ser forte e violenta. Mais fortes e violentas, porém, são as atitudes pecaminosas dos que deliberadamente se recusam a seguir no caminho que Deus preparou para cada ser humano que nasce no mundo (cf. Sl 84.5; Ef 2.10).

16.31 Prostíbulo. Os lugares ande se praticava a idolatria, que já é uma prostituição, e, ao mesmo tempo, prostituição física, que era parte do culto aos ídolos de Canaã.

16.33 Longe de receber bênçãos dos ídolos, e adorá-los por isso, o povo de Israel dava, em oferta aos ídolos, todos os seus bens, os quais obtiveram pela misericórdia de Deus.

16.37 A nação infiel se tornara um espetáculo de escárnio entre as nações do mundo.

16.39 Elevados altares. Até os melhores reis de Judá não conseguiram remover esses altares. A espada do inimigo seria o bisturi para extrair o câncer desse pecado nacional.

16.41 Muitas mulheres. A aplicação da alegoria é que Jerusalém, ao ser destruída pelos caldeus, teria de sofrer humilhação nas mãos de muitas nações vizinhas, como de fato aconteceu.

16.42 Extirpar o pecado é uma maneira de satisfazer a justiça de Deus, mas há outra alternativa: é a justificação graciosa do pecador, pelos merecimentos de Cristo; Ele é a satisfação das exigências da justiça Divina; quem aceita, pela fé, a salvação concedida por Cristo, tem a paz com Deus, e sente a plenitude do seu amor, aqui e por toda a eternidade.

16.43 Mocidade. Símbolo da época na qual Israel era uma nação recém-nascida, quando surgiu da escravidão no Egito (Os 11.1).

16.45 Tua mãe. A mãe daquela nação foi a terras de Canaã. Os israelitas tinham líderes e profetas desde o tempo de Moisés, mas, mesmo assim, abraçaram a cultura e os costumes das nações pagãs, que precisavam ser expelidas da terra para poder se constituir uma nação santa. Heteia... amorreu. Já que a nação israelita abraçara os costumes do paganismo; podia ser considerada fiel descendente das duas mais fortes nações das vizinhanças, e não herdeira da fé e da fidelidade de Abraão e de Sara.

16.46 Samaria. A capital das dez tribos do norte, que foram levadas ao cativeiro na Assíria, um século e meio antes, em 722 a.C. A nação se denominava Israel, durante os dois séculos da sua separação da tribo de Judá, mas, visto que a palavra Israel se refere aos descendentes de Jacó, Samaria passou a significar a nação do Norte desde o tempo da sua destruição, e do seu repovoamento com elementos pagãos importados da região da Assíria.

16.49 Nota-se que o pecado carnal pelo qual o nome de Sodoma se caracterizou nem se menciona aqui (Gn 19.1-11). É que a soberba, o materialismo, a falta de compaixão e de justiça social são pecados que automaticamente levam uma nação a pecados que são mais visivelmente ignominiosos.

16.52 Advogaste. Em termos de comparação humana, o homem menos ignorante, menos pecaminoso, merece o respeito dos demais. Nesse sentido, Jerusalém justifica as demais nações.

16.60 Aliança eterna. O povo de Israel aceitou várias alianças com Deus, baseadas na obediência humana, que é falha; a nova aliança se baseará nos méritos de Jesus Cristo, que são eternos (1 Co 11.25; 2 Co 3.14).

N. Hom. 16.63 Quando se estabelecer a nova aliança, pela qual um membro de qualquer nação poderá aproximar-se de Deus (não, porém, pela aliança concedida aos judeus, v. 61), quando a sorte dos descendentes das várias nações arruinadas pelo julgamento divino se restaurar pela graça divina (53-55), só então é que haverá o verdadeiro arrependimento, o coração quebrantado do homem que sente que seu pecado custou o sacrifício do Filho de Deus, e que vê que o amor divino não negou o supremo sacrifício em prol do pecador indigno (Rm 5.8; 8.32).

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