Significado de Ezequiel 1
Ezequiel 1
1.1—3.27 — O chamado e o comissionamento de Deus a Ezequiel e seu ministério profético são apresentados em três estágios: (1) uma revelação do caráter de Deus por meio de uma visão sobrenatural e simbólica (Ez 1.1-28); (2) uma descrição da escolha dos ouvintes concluindo a visão (Ez 2.1-3.15); e (3) uma explicação da tarefa e do desafio divino apresentados ao profeta (Ez 3.16-27).
1.1 — Ezequiel se preparava para ser um
sacerdote quando os babilônios atacaram Judá em 597 a.C., e o levaram, com
várias outras pessoas, para o cativeiro (2 Rs 24.10-14). No trigésimo ano
provavelmente se refere à idade de Ezequiel. Nessa idade, um homem já podia
tornar-se sacerdote (v. 3) e começar o serviço no templo (Nm 4-1-3). Nesse
caso, foi o período em que Deus chamou Ezequiel como profeta.
Estando eu. De
todos os profetas que registraram suas mensagens, somente Ezequiel se refere a
si mesmo inicialmente com o pronome na primeira pessoa, mencionando seu nome
apenas no versículo 3 (Is 1.1; Jr 1.1; Os 1.1; Jn 1.1; S f 1.1). Rio Quebar.
Afluente do rio Eufrates que corre para o sudeste da Babilônia.
Abriram[-se] os
céus. Assim como ocorreu com todos os profetas verdadeiros do Israel antigo, a visitação
divina a Ezequiel foi iniciativa do Criador. É Ele quem chama algumas pessoas
para assumir responsabilidades especiais (Jr 1.1-9).
E eu vi visões
de Deus. A palavra visão aqui deriva de um verbo bastante comum no hebraico que
significa ver, e não do termo visão, utilizado especificamente para designar
visões proféticas, como em Isaías 1. A forma plural, visões, também chama a
atenção para as visões de Ezequiel, que não tinham paralelos com a de outros
profetas tanto em natureza como em quantidade.
1.2 — Esse era o quinto dia do quarto mês (v.
1). O trigésimo ano de Ezequiel foi 597 a.C., quando o rei Joaquim foi
deportado para a Babilônia por Nabucodonosor (2 Rs 24). O estabelecimento de
593 a.C. como sendo o quinto ano do cativeiro do rei Joaquim é determinado pelo
calendário babilônico, que começa em março. A deportação de Joaquim para a
Babilônia ocorreu após esse rei ter decidido render-se, em vez de submeter
Jerusalém ao cerco dos babilônios. Ele permaneceu aprisionado durante 36 anos
(2 Rs 25.27), antes de ser liberto pelo sucessor de Nabucodonosor, Evil-Merodaque.
Durante seu cativeiro, Joaquim recebeu concessões por parte do governo. Ele pode
ter obtido permissão para manter suas terras em Judá, que foram colocadas sob o
controle de um administrador.
1.3 — Ezequiel usou a expressão introdutória veio...
a palavra do S en h o r cinquenta vezes neste livro. Ela é usada sempre para
iniciar uma mensagem divina e, às vezes, para assinalar um novo trecho.
O nome Ezequiel
deriva do verbo que significa apanhar, segurar firme + o termo el, Deus.
Portanto, o nome Ezequiel indica que ele era um homem que o Senhor havia tomado
para si. Veja também Ezequiel 3.8, para outra dimensão do significado desse
nome: aquele a quem Deus fortaleceu. E ali esteve sobre ele a mão do SENHOR. A
mão do Senhor estava sobre ele. A origem divina da mensagem de Ezequiel é
enfatizada nos primeiros versículos.
1.4-14 — Essa é uma ilustração vívida e marcante
do Deus todo-poderoso, onisciente e onipresente. Os estudantes da Bíblia não
precisam ter dificuldade com tais revelações simbólicas (literatura
apocalíptica). Basta que se lembrem de: (1) enfocar a ideia principal da visão,
e não os detalhes; (2) deixarem-se guiar por qualquer interpretação divina
fornecida no contexto imediato e por passagens paralelas e (3) tratar o texto
como linguagem figurada, a qual não deve ser entendida literalmente.
1.4 — Vento tempestuoso [...] grande nuvem
[...] fogo a revolver-se. Compare com as descrições das manifestações de Deus
em Êxodo 19.16-20; Salmo 18.7-15; Miqueias 1.2-4. Veja também o versículo 13 em
diante.
Olhei, e eis que
um vento tempestuoso vinha do Norte. Norte geralmente indica a direção a partir
da qual a maioria dos inimigos de Israel se aproximava dessa nação. Por
exemplo, o império babilônico se estendia desde a terra dos caldeus até o norte
da Terra Santa.
No meio uma
coisa como de cor de âmbar, que saía dentre o fogo. O termo hebraico traduzido como
âmbar também pode ser compreendido como algo semelhante a cor de âmbar (v. 27),
metal brilhante (v. 27 a r a ) , ou bronze (v. 27 n t lh ) .
1.5 — No capítulo 10, esses quatro animais
são relacionados aos querubins — seres celestiais associados à santidade e à
glória de Deus, e, às vezes, de modo poético, a ventos tempestuosos sobre os
quais Deus “voa” (SI 18.10). Existem duas interpretações básicas para esses
quatro seres viventes: 1) como uma representação profundamente simbólica da
divindade ou 2) como representações profundamente simbólicas de seres
angelicais que servem diante de Deus. Provavelmente esses seres são angelicais,
porque o próprio Deus só é revelado no final do trecho (v. 26). Essas criaturas
espirituais espantosas são uma espécie de séquito da majestade divina.
1.6 — Quatro rostos. Essa descrição pode
sugerir percepção completa; nada fica para trás nem de lado para essas
criaturas. Veja os versículos 8 e 10. Quatro asas. Veja o contraste com a seis
asas dos serafins em Isaías 6.2; as asas são descritas com mais detalhes nos
versículos 9 e 11.
1.7 — Essa ilustração assinala força e
beleza.
1.8 — A descrição dos querubins inclui mãos e
rostos [pode ser por mero antropomorfismo ou para assinalar realmente alguma
característica humana. De qualquer forma, as mãos apontam para força e ação. As
mãos dos querubins trabalhavam pela causa divina, punindo os pecadores e
favorecendo os justos].
1.9 — Não se viravam quando andavam; cada qual
andava diante do seu rosto. Aparentemente, eles podiam deslocar-se nas quatro
direções (v. 6). [Isso assinala a determinação de eles cumprirem todos os
propósitos divinos, sem nenhuma hesitação ou impedimento.]
1.10 — Homem [...] leão [...] boi [...] águia.
Figuras fantásticas com essas combinações clássicas foram encontradas em
iconografias mesopotâmicas e egípcias. Os pontos fortes idealizados de cada
figura supostamente estavam presentes no ser vivo descrito. O rosto de homem
pode representar o âmbito da inteligência das criaturas de Deus; o rosto de
leão, a majestade da criação; o rosto de boi, o serviço e a paciência com que a
criação reage a Deus; e o rosto
de uma águia, a rapidez para enxergar e trazer o julgamento onde necessário.
1.11,12 — O par de asas estava estendido para
frente, em atitude de reverência; o outro par era utilizado para cobrir o
corpo, em submissão casta. Compare esta descrição com a dos serafins em Isaías
6.2.
1.13-15 — Fogo [...] relâmpagos. Esses fenômenos geralmente
estão relacionados a descrições das aparições de Deus ao Seu povo (Ex
19.16-20). Veja também o versículo 4. Brasas de fogo são um símbolo de
julgamento e santidade. Por meio delas, os lábios de Isaías foram purificados
(Is 6.7). Chamamos a atenção para as brasas de fogo sobre o altar. Elas se
destinam a queimar sacrifícios oferecidos em prol dos pecadores. O fogo do
juízo visto nesta visão em breve seria lançado sobre o remanescente judeu
rebelde que ainda permanecia na terra.
1.16,17 — O aspecto das rodas e a obra delas eram
como cor de turquesa. Na a r a , em vez de eram como cor turquesa, consta eram
brilhantes como o berilo. Esse material [pedras preciosas (ntlh), o berilo
(nvi) , topázio ou o crisólito] lembra pedras de cor amarelada.
Uma roda no meio
de outra roda. As rodas eram capazes de seguir em qualquer direção sem girar sobre
o eixo. A roda simboliza movimento. Em seu governo, Deus nunca está estático,
mas sempre se move. O remanescente idólatra afirmava que o julgamento não
viria. No entanto, a recompensa ou o castigo divino nunca falha.
1.18 — Essas rodas eram tão altas, que metiam medo.
As rodas tinham uma grandeza ímpar. O movimento delas era determinado pelo
espírito; isto alude à inteligência e à soberania divina, que determina sobre
tudo. A palavra medo poderia ser traduzida literalmente como maravilha que
causa espanto. E as quatro tinham as suas cambas cheias de olhos ao redor.
Esses vários olhos nos aros das rodas apontam para a onisciência de Deus e a
plenitude da sabedoria de Deus.
1.19-21 — O profeta enfatiza a ligação das rodas
com os animais, bem como a habilidade das criaturas de seguir para onde
desejavam. A expressão misteriosa o Espírito da criatura vivente estava nas
rodas enfatiza o significado das rodas, que, aparentemente, representavam a
flexibilidade e a mobilidade dos seres viventes. E uma ilustração da
onipresença de Deus.
1.22,23 — Firmamentos. O mesmo vocábulo hebraico
é utilizado em Gênesis 1.6. Ele significa vastidão. Compare também com o mar de
vidro, semelhante ao cristal, em Apocalipse 4-6. Um aspecto de cristal
terrível, como o brilho do gelo quando o sol reflete sobre ele.
1.24 — O ruído das suas asas. O simbolismo é o
de uma força e um poder ilimitados. Nada pode impedir que Deus realize Seus
planos e julgamentos. Até mesmo os anjos têm sido utilizados com frequência
para executar esse propósito (2 Rs 7.6; Dn 10.6).
O adjetivo
Onipotente está associado ao nome divino Shaddai, provavelmente baseado num
vocábulo hebraico que significa montanha, para sugerir a onipotência e a
majestade de Deus (Ez 10.5).
1.25 — Essa voz está relacionada com o homem
do versículo 26. Em Gênesis 1, a voz de Deus ordena que a luz que se manifeste
em meio às trevas (Gn 1.3). Em Ezequiel 1.25, acima do ruído das asas dos
anjos, ouve-se uma voz. Em João 1.1, está revelado o termo que o apóstolo
utiliza para descrever o Salvador: o Verbo.
1.26 — Enquanto Isaías descreve a altitude do
trono do Senhor (Is 6.1), Ezequiel enfoca sua beleza.
Safira. Essa é a
preciosa lapis lazuli, uma pedra de cor azul profundo com pontos dourados
cintilantes. A mesma pedra é citada em Apocalipse 21.19. A figura entronizada
com a semelhança de um homem é o ponto alto dessa visão.
1.27,28 — Fogo como metal incandescente (cor de
âmbar, no versículo 4), e aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva,
um resplendor semelhante ao do arco-íris rodeava o Ser sobre o trono (v. 26).
Semelhança da
glória do Senhor. A semelhança humana aqui pode indicar a natureza pessoal da revelação
de Deus sobre si próprio. Além disso, aponta para o plano de uma revelação mais
pessoal de Deus ao manifestar-se por intermédio do Messias (Jo 1.1-18).
A glória indica
a maravilha, a majestade e a dignidade do Deus vivo. Entre as rodas, as
criaturas, as cores e a luz fulgurante estava uma figura que se parecia com um
homem (v. 26). Compare-a à visão de Daniel, que enxergou um como o filho do
homem (Dn 7.13).
Caí sobre o meu
rosto. A reação do profeta Ezequiel foi a de prostrar-se em adoração e
submissão. Todos os crentes devem reconhecer a glória de Deus e curvar-se em
humildade perante Ele (Fp 2.10, 11).
Índice: Ezequiel 1 Ezequiel 2 Ezequiel 3 Ezequiel 4 Ezequiel 5 Ezequiel 6 Ezequiel 7 Ezequiel 8 Ezequiel 9 Ezequiel 10 Ezequiel 11 Ezequiel 12 Ezequiel 13 Ezequiel 14 Ezequiel 15 e 16 Ezequiel 17 e 18 Ezequiel 19 Ezequiel 20 Ezequiel 21 Ezequiel 22 Ezequiel 23 Ezequiel 24 Ezequiel 25 Ezequiel 26 Ezequiel 27 Ezequiel 28 Ezequiel 29 Ezequiel 30 Ezequiel 31 Ezequiel 32 Ezequiel 33 Ezequiel 34 Ezequiel 35 Ezequiel 36 Ezequiel 37 Ezequiel 38 Ezequiel 39 Ezequiel 40 Ezequiel 41 Ezequiel 42 Ezequiel 43 Ezequiel 44 Ezequiel 45 Ezequiel 46 Ezequiel 47 Ezequiel 48
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