Interpretação de Ester 2
Ester 2
II. Ester Torna-se Rainha. 2:1-13.
Ester 2
Quando Xerxes
sentiu saudades de Vasti, alguém propôs que se procurasse uma nova rainha entre
as mais lindas virgens da terra. Ester, jovem judia que fora criada por seu
primo Mordecai, estava entre as que foram levadas à casa das mulheres. Xerxes a
preferiu acima de todas as outras e escolheu-a para sua rainha. Logo depois
Mordecai descobriu uma conspiração contra o rei. Através de Ester o assunto foi
levado ao conhecimento de Xerxes e os criminosos executados.
1. Passadas estas
coisas . . . lembrou-se de Vasti. Considerando que Ester se tornou rainha em dezembro
de 479 A.C. (2:16) e mais de um ano deveria ter-se passado entre o decreto de
2:3 (cons. 2:12) e o seu casamento, a saudade que o rei sentiu de Vasti deveria
ter surgido durante a sua grande campanha contra a Grécia (481-479 A.C.).
2-4. Entendendo que se Vasti fosse restaurada,
eles estariam perdidos (veja observação sobre 1:19), os príncipes não seguiram
o costume de arranjar uma rainha entre suas próprias filhas e sugeriram ao rei
que escolhesse a nova rainha entre as mais lindas virgens do império. Hegai,
eunuco do rei, guarda das mulheres. Cons. 2: 8,15. Só os eunucos tinham
acesso à “casa das mulheres” (v. 9). A moça que cair no agrado do rei essa
que reine (v. 4). Deste modo, a saudade do rei seria apaziguada. Os
príncipes estavam bem conscientes da fraqueza do caráter de Xerxes (Heródoto,
9.108-113) e se aproveitaram totalmente disso para atingir seus propósitos.
5-7. Certo homem
judeu . . . chamado Mordecai .. . criara a Hadassa, que é Ester, filha de seu
tio. Agora se introduzem os heróis desta
história. Mordecai, da tribo de Benjamim, era bisneto de um homem chamado Quis,
que fora levado. para a Babilônia junto com o rei Jeconias (Jeoaquim) em 597
A.C. Após a morte de seu tio Abiail (2:15), Mordecai levou a órfã, filha de seu
tio, para sua casa e a criou. “Considerando que Hadassa vem de hadas,
murta, e Ester de sitar, a palavra persa para estrela (do sânscrito, sta'na;
Akk, istar), temos aqui um exemplo precoce da prática judia de usar dois
nomes – um hebraico e outro gentio, tais como João Marcos, José Justo, etc”.
(A. Macdonald, “Ester”, The New Bible Commentary, pág. 382).
8-11 . Levaram
também a Ester ... sob os cuidados de Hegai ... A moça lhe pareceu formosa (vs. 8, 9). Os sentimentos pessoais de
Ester, neste caso, não foram registrados, mas podemos crer que ela confiava em
Jeová e por isso foi por Ele abençoada (mais ou menos como José e Daniel).
Contudo, diferindo de José e Daniel, ela não identificou sua nacionalidade e
por isso deve ter participado de alimento cerimonialmente impuro. Por que
Mordecai lhe ordenara que mantivesse a sua nacionalidade em segredo (v. 20) não
é fácil de determinar. Talvez temesse por sua segurança (v. 11). Ou talvez
recebesse do Senhor um pressentimento especial de problemas futuros para Israel
e do papel que Ester teria de desempenhar libertando o seu povo (4:14).
12-15. Após todo um ano de preparativos, chegou
a vez de cada jovem comparecer diante do rei. Para essa visita ela podia usar
todos os ornamentos, jóias ou roupas que quisesse. Ester revelou um espírito
incomparável, demonstrando que não estava preocupada em agradar ao rei pelo que
“é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário”,
mas por “um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus”
(I Pe. 3:3, 4). Não nos surpreende, portanto, que Ester tenha alcançado favor
de todos quantos a viam, e que tenha conquistado o coração do rei.
16-18. No mês de dezembro de 479 A.C.,
exatamente quatro anos depois do seu divórcio com Vasti, Xerxes fez de Ester a
sua rainha. Durante esses quatro anos, o imperador arrojara um dos maiores
exércitos da história antiga contra os gregos, só para sofrer derrotas
humilhantes e esmagadoras em Salamina e Plateia. Ester forneceu-lhe a medida de
consolo que ele tanto precisava. Concedeu alívio às províncias (v. 18).
Ou era remissão de impostos ou de trabalho (um feriado).
19-23.
Quando pela segunda vez se reuniram as virgens. O
propósito desta segunda reunião não foi explicado, mas devemos nos lembrar que
Xerxes (tal como Salomão) era polígamo e estava constantemente aumentando o seu
harém. Foi, todavia, durante esta segunda reunião, que Mordecai descobriu a
conspiração contra a vida do rei. Dois eunucos, Bigtã e Teres, que talvez
tivessem acesso ao rei através das virgens mencionadas em 2:19, e que
possivelmente estivessem enraivecidos com o divórcio de Vasti, planejaram matar
o rei. É interessante observar que Xerxes finalmente morreu assassinado,
(Olmstead, op, cit., pág. 289). Providencialmente, Mordecai foi aquele
que frustrou a conspiração, pois sua boa ação foi registrada nas crônicas reais
e mais tarde veio a ser o instrumento de sua exaltação (6:1-3). Ambos foram
pendurados numa forca (v. 23). Provavelmente foram crucificados ou empalados
vivos (cons. 7:10).