Interpretação de Ester 8
Ester 8
VIII. O Contra-decreto de Mordecai. 8:1-17.
Ester 8
A propriedade e
posição de Hamã foram transferidos para Mordecai por ato de Xerxes e Ester. Mas
o rei não tinha poderes para anular seu decreto contra os judeus; por isso deu
poderes a Mordecai para criar um novo decreto que neutralizasse o primeiro.
Isso foi feito rapidamente e os judeus receberam permissão para se defenderem
no dia treze de Adar, data que Hamã havia determinado para sua destruição. Isto
produziu grande alegria por toda parte e muitos se tornaram prosélitos judeus.
1, 2. Agora que ela revelara sua nacionalidade
a Xerxes (7:4), Ester alegrou-se em poder apresentar Mordecai ao rei como seu
primo e guardião. O rei já tivera o prazer de homenagear Mordecai pela denúncia
da conspiração contra sua vida (6:6); por isso achou perfeitamente natural
dar-lhe o anel como sinete (cons. 3:10; 8:8) e nomeá-lo o primeiro ministro do
império (cons. Gn. 41: 42).
3-6. Apesar da morte de Hamã e exaltação de
Mordecai, os judeus ainda estavam sob sentença de morte por causa de um decreto
irreversível. Por isso a tarefa de Ester ainda não estava terminada. Em 8:3
temos o conteúdo geral de sua petição, mas em 8:5,6 lemos quais foram suas
palavras. Escreva-se que se revoguem os decretos concebidos por Hamã ...
Pois como poderei ver ... a destruição da minha parentela? (vs. 5, 6).
Ester estava desesperadamente preocupada com o destino de Israel agora, o que
se pode ver pela fórmula introdutória quádrupla que ela usou, a qual enfatiza
seu relacionamento pessoal com o rei. Não compreendendo bem as complicadas leis
persas, ela apelou diretamente para o coração do rei, pedindo misericórdia para
Israel e a revogação dos “decretos concedidos por Hamã”, tendo o cuidado de não
acusar o rei pela sua parte nos feitos de Hamã.
7, 8. Eis que dei
a Ester a casa de Hamã . . . os decretos . . . não se podem revogar. Ansioso por mostrar a Ester que a amava,
ele começou relembrando os favores que já lhe fizera. Mas acrescentou que
ninguém, nem mesmo o próprio rei da Pérsia, tinha o poder de revogar as leis
dos medos e pensas (compare semelhante situação angustiosa de Dano, o meda, em
Dn. 6). Não obstante, Mordecai tinha plenos direitos de criar um contra-decreto
em nome do rei, que seria exatamente tão irreversível quanto aquele criado por
Hamã.
9,10. As cartas oficiais foram agora preparadas
da mesma maneira como aquelas que Hamã enviara (3:12-15). A data era 25 de
junho de 474 A.C., um pouco mais que dois meses após o primeiro decreto, dando
mais de oito meses aos judeus para prepararem suas defesas (v. 9). Correios
montados em ginetes criados na coudelaria do rei. Ênfase especial foi posta
aqui sobre a pressa com a qual as cartas de Mordecai foram enviadas, algumas
das quais talvez até chegassem antes das de Hamã.
11-14. Quatro aspectos principais se destacam no
decreto de Mordecai: a) os judeus deviam se reunir em grupos no dia treze de
Adar; b) eles deviam defender suas vidas; c) eles deviam matar aqueles que os
atacassem; e d) eles deviam tomar os despojos de seus atacantes. Força
armada do povo (v. 11) refere-se às força militares. Impelidos pela
ordem do rei (v. 14). Muitas vezes já se notou que isto serve como notável
ilustração para o trabalho missionário atual. A sentença de morte decretada por
Deus paira sobre a humanidade pecadora, mas Ele também nos ordenou que nos
apressemos com a mensagem da salvação a todas as terras (cons. Pv. 24:11,12).
Só conhecendo e aceitando o segundo decreto, os terríveis efeitos do primeiro
decreto podem ser evitados.
15-17.
Tendo criado o decreto, Mordecai vestiu-se com roupas
reais, em azul e branco (as cores reais da Pérsia, cons. 1:6), uma grande coroa
de ouro e um manto de linho fino e púrpura. Eram provavelmente suas roupas
oficiais de primeiro ministro e não a veste especial que recebeu no dia de sua
primeira exaltação (6:8). Seu aparecimento na cidade reforçou a alegria
produzida pelo decreto (contraste com a tristeza produzida pelo decreto de Hamã,
4:3). Para os judeus houve felicidade, alegria, regozijo e honra (v.
16). Esta festa foi uma antecipação da Festa do Purim, que foi pela primeira
vez celebrada oito meses mais tarde (9:17-19). E muitos, dos povos da terra,
se fizeram judeus (v. 17). O verbo se fizeram judeus só aparece uma vez no
V.T. Realmente, poucas evidências encontramos de gentios se tornando prosélitos
em número significativo até o período do N.T. (cons. Atos 2:10; Mt. 23:15). O
temor dos judeus tinha caído sobre eles. Israel começava a experimentar um
dos maiores livramentos divinos desde o Êxodo, e a lição foi óbvia a muitos
(9:2,3; Êx. 15:16; Dt. 11:25).