Interpretação de Ester 3
Ester 3
III. A Conspiração de Hamã Contra os Judeus. 3:1-15.
Ester 3
Mordecai recusou
prostrar-se diante de Hamã, o qual Xerxes elevara a uma posição de dignidade
logo abaixo a do rei; e conseqüentemente a ira de Hamã foi despertada contra a
nação de Mordecai. Por meio de sortes (Pur), foi determinado o dia
fatídico para a destruição dos judeus, e Hamã prometeu ao rei todas as
propriedades que seriam confiscadas. Hamã enviou cartas a todo o império em
nome do rei, anunciando o dia da destruição dos judeus.
1-6. De acordo com 3:7, os acontecimentos
deste capítulo aconteceram em 474A.C., mais do que quatro anos depois de Ester
se tornar rainha (cons. 2:16). Agora, Hamã, o agagita, tornara-se o favorito do
rei e diante dele todos tinham de se ajoelhar (cons. Gn. 41:43). Os judeus se
inclinavam diante dos seus reis (II Sm. 14:4; 18:26; I Reis 1:16). Mas quando
os persas se inclinavam diante dos seus reis, eles o fadam como se estivessem
diante de um ser divino. Por isso os espartanos se recusaram a inclinar-se
diante de Xerxes (Heródoto, 7.136). Ele lhes tenha declarado que era judeu (v.
4). Considerando que a sua lealdade a Jeová era a base de sua recusa em
inclinar-se diante de Hamã, ele teve de divulgar a sua nacionalidade
finalmente. Naquela ocasião, a situação deve ter parecido desastrosa para
Mordecai; mas Deus, no final, produziu bênçãos maiores através dela, pois Ele
se deleita nas testemunhas que não guardam silêncio (cons. 8:17). Procurou
Hamã destruir todos os judeus (v. 6). Descobrindo que a recusa de Mordecai
em se inclinar diante dele baseava-se em motivos religiosos, Hamã entendeu que
nada além de um pogrom de grande alcance poderia finalmente resolver
este problema.
7. No começo de abril de 474 A.C., Hamã
mandou que os astrólogos e adivinhos lançassem sortes para determinar qual o
dia do ano que seda propício para destruir Israel (Pur é uma palavra persa
antiga que significa “sorte”). Os antigos confiavam muito na astrologia e nos
adivinhos, mas não percebiam que quando “a sorte se lança no regaço, ... do
Senhor procede toda decisão” (Pv. 16:33). O poder do Senhor foi particularmente
evidente neste caso, pois enquanto eles lançavam a sorte em relação a cada dia
do ano, ela caiu sobre o dia treze do décimo segundo mês, que era o Átimo,
dando “tempo a que a conspiração de Hamã fosse superada e um contra-decreto
fosse assinado!
8-11. Hamã revelou sua extrema sutileza quando
apresentou sua proposta ao rei. Percebendo que Xerxes era absolutamente
egoísta, Hamã obteve permissão para exterminar os judeus convencendo-o de que
estavam desafiando suas leis e que Suas propriedades confiscadas trariam
grandes riquezas para o tesouro do rei. A singularidade das leis e costumes de
Israel sempre foi causa de ofensa para os gentios pagãos (Nm. 23:9; Atos 16:20,
21). Mas é quase impossível que eles tenham se recusado a obedecer às leis das
nações nas quais viviam, com exceção do caso em que se deveria reverenciar uma
simples criatura (cons. Dn. 3:12; 6:10). Contudo, Hamã estava certo em presumir
que os judeus eram muito ricos. Muitos puderam contribuir generosamente para
seus irmãos que retornaram à Palestina (Ed, 1:4). “Trinta e oito nomes hebreus
... aparecem em 730 tabuinhas contendo contas correntes pertencentes a Murashu
e filhos, uma família de banqueiros em Nipur (Babilônia) em 464-404 A.C.” (DJ.
Wiseman, Illustrations From Biblical Archaeology, pág. 76). Dez mil
talentos de prata (v. 9). Seria aproximadamente US$ 15.000.000 em dinheiro
atual. Heródoto (3.95) declarou que Dano I recebia perto de 15.000 talentos por
arfo de rendimentos públicos. Então o rei tirou o seu anel da mão, deu-o a
Hamã (v. 10). Antigamente o anel com o selo real era muito importante, pois
equivalia à assinatura da pessoa. Com este anel, Hamã podia enviar cartas em
nome do rei (3:12). Mais tarde esse anel foi entregue a Mordecai (8:2,8). Essa
prata seja tua, como também esse povo, para fazeres dele o que melhor for de
teu agrado. (v. 11). Possivelmente para fugir à aparência de ganância,
Xerxes ofereceu o dinheiro a Hamã. A completa indiferença do rei para com o
destino de milhões de seus súditos encontrou paralelo, nos tempos modernos, em
Hitler, Stalin e Kruchev.
12-15.
No décimo terceiro dia de Nisã (17 de abril de 474
A.C.), os escribas foram convocados para prepararem cópias e traduções do
decreto para distribuição por todo o império. Enviaram-se as cartas por
intermédio dos correios (v. 13). Heródoto escreveu: “Nenhum mortal viaja
tão rapidamente como esses mensageiros persas. Todo o plano é uma invenção
persa; e o método é o seguinte. tio longo de toda a estrada há homens (dizem
eles) estacionados com cavalos, em número igual aos números dos dias que a
viagem vai levar, com um homem e um cavalo por dia; e esses homens não serão
impedidos de percorrer na velocidade máxima a distância que têm de vencer, seja
pela neve, ou chuva, ou calor, ou pela escuridão da noite. O primeiro cavalo
entrega a missiva ao segundo, e o segundo a passa para o terceiro; e assim ela
vai de mão em mão ao longo de toda a baba, como a tocha que os gregos levavam
na corrida em homenagem a Hefestus” (8.98). No dia treze do duodécimo mês. Isto
seria em 7 de março de 473 A.C., cerca de um ano mais tarde. E que lhes
saqueassem os bens. Todos os que ajudassem a exterminá-los ganhariam a sua
parte, mas uma porção seria entregue a Hamã. Mas a cidade de Susã estava
perplexo (v. 15). Sem dúvida os judeus tinham muitos amigos nesta capital
(cons. 8:15), que ficaram estupefatos diante de tão assustador exemplo de
despotismo irresponsável. Talvez o decreto fosse publicado com tanta
antecedência a fim de incentivar os judeus a fugirem, deixando para trás suas
propriedades (Keil).