Salmo 133 — Análise Bíblica

Salmo 133: Benefícios de viver em harmonia

Aproximamo-nos do final dos cânticos de romagem. O primeiro (Sl 120) fala de guerras, hostilidade e daqueles que “odeiam a paz” (120:6-7). O penúltimo, pelo contrário, fala de paz e harmonia. 0 salmo anterior (Sl 132) trata da aliança davídica com o rei, enquanto este fala de Israel como um todo. A peregrinação pode estar chegando ao fim, mas a imagem de tantas pessoas de todas as tribos de Israel reunidas em Jerusalém (122:4) causa forte impressão. Este salmo celebra, portanto, as alegrias da união. É provável que a união fosse particularmente preciosa para Davi, o autor deste salmo, pois ele conhecia por experiência própria as agruras da desunião familiar (2Sm 13) e nacional (2Sm 15-18,20). A união é descrita pelos adjetivos paralelos bom e agradável (133:1), que também descrevem o óleo usado para ungir os sacerdotes, uma mistura perfumada de azeite puro de oliva e especiarias como a mirra, o cinamomo, o cálamo e a cássia (Êx 30:23-25).

Ao ser derramado sobre a cabeça do sacerdote, o óleo aromático escorria pela barba e perfumava suas vestes (133:2). Tanto ele quanto aqueles que estavam ao redor sentiam o perfume. Semelhantemente, a união e a paz causam admiração em outros e promovem comunhão, compreensão, amor e preocupação uns pelos outros. As bênçãos da paz criam um ambiente propício para outras bênçãos. Davi as compara, portanto, ao orvalho do Hermom (133:3a). Parte considerável de Israel é seca e improdutiva, mas o monte Hermom, junto à costa, é regado por orvalho e chuva em abundância, e nele nascem as correntes que mais adiante formam o rio Jordão.

Quando há união, o monte Sião no interior árido parece ser abençoado de modo semelhante e se tomará a mesma fonte de bênçãos. O orvalho da união que desce sobre os montes de Sião formará um rio que correrá para aqueles que se encontram ao redor e trará refrigério, consolo e encorajamento para que vivam em paz uns com os outros. O versículo 3 menciona os montes de Sião de forma específica, pois eram o local do templo onde as tribos se reuniam. Constituía não apenas um local de culto, comunhão, harmonia e união, mas também o local onde Deus derramava suas bênçãos sobre Israel. É ali que a vida flui para sempre (133:36; Dt 30:15-16). Apesar de este salmo tratar da harmonia entre as tribos de Israel, o mesmo princípio se aplica a nossa família, sociedade e igreja (2Co 13:11; Ef 4:1-6; Fp 2:2-8; Cl 3:14-15). Ao nos esforçar para obter união, devemos lembrar que toda harmonia terrena é apenas um antegozo do amor, da harmonia e união que desfrutaremos na eternidade.


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