Salmo 138 — Análise Bíblica

Salmo 138: A bondade e grandeza de Deus

O autor deste salmo sofreu ameaças de seus inimigos, mas Deus o protegeu. Agora, ele louva a bondade e grandeza do Senhor.

138:1-3 Louvor pessoal 
O salmo começa com as palavras Render-te-ei graças, Senhor (138:1a). O original hebraico, porém, não traz o termo “ Senhor”. Diz apenas: “Render-te-ei graças”. Na verdade, o nome de Deus não é mencionado nos três primeiros versículos do salmo. O salmista está tão envolvido na meditação e louvor a Deus que só se refere a ele pelos pronomes “teu” e “te”. Essa forma de expressão não deve ser considerada desrespeitosa. Em certas partes da África, ninguém se dirige aos mais velhos pelo nome. Em vários lugares de nosso continente, marido e esposa nunca pronunciam o nome um do outro em público ou quando o cônjuge está presente. Nesses casos, a omissão do nome próprio é um sinal de respeito. É possível que o salmista demonstre seu respeito pelo nome de Deus ao omiti-lo nesses versículos. A sinceridade de seu louvor fica evidente na promessa de render graças de todo o [...] coração (138:16). E esse tipo de louvor que o Senhor deseja ouvir (Dt 6:4-5; 10:12; 11:13); é o verdadeiro louvor, e não apenas ritual vazio. O salmista também se compromete a cantar louvores a Deus na presença dos poderosos (ou “deuses”, NVI), um sinal de sua determinação de não louvar a nenhum deus senão o Deus de Israel (138:1c). Os “poderosos” ou “deuses” em questão podem ser outros deuses ou governantes, pois o termo elohim (traduzido normalmente por “Deus”) é usado desse modo algumas vezes nas Escrituras (cf. 82:6-7 e o modo de Jesus usar esse versículo em Jo 10:34). O salmista tem coragem de proclamar Deus mesmo em seu ambiente hostil, pois o Senhor acudiu e alentou a força de [sua] alma (138:3). Não hesita, portanto, em declarar que Deus é misericordioso e fiel à sua palavra (138:26). O autor do salmo antevê o tempo em que louvará ao Senhor e contará à congregação as boas-novas daquilo que o Senhor fez por ele (138:2a; 40:10). Sua adoração não consistirá apenas em rejeitar outros deuses; também se voltará para o templo do Senhor em Sião e louvará a Deus no lugar que ele separou para seu culto. Admiramos a ousadia do salmista e observamos atitude semelhante nos cristãos da igreja primitiva que, ao serem perseguidos, pediram coragem para continuar a proclamar a verdade de Deus. Também viram Deus agir quando o invocaram e não tiveram dúvida de que ele os socorreria novamente (At 4:29-30). Podemos ter a mesma certeza de que Deus nos ouvirá quando o invocarmos de todo o coração, com sinceridade e verdade. Jesus prometeu: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e vos será feito” (Jo 15:7). Se cumprirmos essas condições, Deus nos ouvirá.

138:4-5 Louvor dos reis 
Poucos líderes mundiais conhecem nosso Deus, aquele que possui todo poder e autoridade. Normalmente, não se preocupam em ouvir as palavras da [...] boca do Senhor (138:4). Preferem governar como se eles próprios fossem deuses, em vez de adorar humildemente aquele que está acima dos céus. O salmista pede que essa situação se inverta sem demora e que os reis da terra ouçam Deus falar com autoridade. Quando o fizerem, começarão a cantar os caminhos do Senhor (138:5), em vez de seguirem seus próprios caminhos. A Bíblia nos garante que virá um dia em que governantes, deuses e reis se curvarão diante de Deus em louvor e adoração (Romanos 14:11).

138:6-8 Confiança em Deus 
Pessoas importantes, ricas e poderosas costumam desprezar os outros, especialmente os pobres. Devem comparar sua atitude com a do Todo-Poderoso, aquele que é tão rico que possui o universo. Deus não despreza os humildes, mas se afasta dos soberbos (138:6). Preocupa-se com as necessidades dos humildes e demonstra cuidado e interesse por aqueles que confiam nele (138:7). As demonstrações da proteção de Deus testemunhadas pelo salmista lhe dão segurança. Ele sabe que Deus é o oleiro e nós somos o barro que ele molda segundo seus propósitos bondosos. Ora humildemente, portanto, para que Deus não desampare as obras das [suas] mãos (138:8; Jeremias 18:1-10). Uma vez que a misericórdia de Deus dura para sempre, não há nenhuma possibilidade de ele abandonar seu servo fiel.

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