Salmo 131 — Análise Bíblica

Salmo 131: Esperança no amor de Deus

O salmo 131 é outro cântico de romagem (Sl 120-134). De acordo com o título, foi escrito por Davi. Sem dúvida, sua imagem apresenta a mesma combinação de simplicidade e profundidade que a imagem do pastor no salmo 23.

131:1 Rejeição da soberba
É extremamente fácil ser soberbo. Podemos orgulhar-nos de nossas realizações acadêmicas, riquezas, aparência, antepassados, país, cor da pele, cultura, trabalho ou posição social. Esse orgulho vem do coração, que para os judeus era o centro do ser e das decisões. Quando o orgulho está presente no coração, afeta todas as áreas da vida. O salmista se dá conta, porém, de que não tem nenhum motivo do qual se orgulhar (cf. a confissão em 129:3) e diz ao Senhor: Não é soberbo o meu coração (131:1a). Muitas vezes, expressamos nosso orgulho na maneira de olhar para outras pessoas e seus pertences, de modo que Davi acrescenta: Nem [é] altivo o meu olhar (131:16). Talvez ele queira dizer também que não olha para as coisas com cobiça nem compara aquilo que vê com aquilo que tem, de maneira que seus olhos não alimentam orgulho no coração. Davi declara que não anda à procura de grandes coisas (131:1c). Isso não significa que ele nunca pense em questões importantes; antes, não se intromete em assuntos que não lhe dizem respeito. Não se esquiva de suas responsabilidades, mas reconhece que não tem direito de estar inteiramente a par de todas as coisas. Vê sua posição de forma realista e não demonstra presunção.

131:2 Aceitação da humildade
Davi usa o exemplo de uma criança e sua mãe para ilustrar a humildade, o oposto da soberba. Os bebês recebem alimento e carinho da mãe e aprendem a amá-la e nela confiar. Sabem que a mãe os protegerá e suprirá suas necessidades. Por volta de 2 ou 3 anos de idade, porém, as crianças são desmamadas. Apesar de a mãe não lhes suprir mais o leite, continua sendo a pessoa em quem buscam consolo quando algo dá errado. Desejam ficar perto dela e desfrutar seu amor e proteção. Davi descreve seu relacionamento com o Senhor da mesma forma. Certa do amor e proteção do Senhor, faz sua alma calar e sossegar (131:2). Pode surpreender-nos o fato de o salmista ver Deus como se fosse uma mãe, mas a Bíblia usa essa imagem com frequência ao falar do amor e cuidado de Deus por seu povo (Is 46:3; 49:15; Os 11:3-4). Como uma mãe, Deus cuida de nós quando somos bebês espirituais, nos protege e provê tudo aquilo de que precisamos. Espera, contudo, que cresçamos na fé e, à medida que nos desenvolvemos, ele nos desmama e permite que experimentemos as dificuldades da vida e aprendamos mais a seu respeito (ICo 3:1-2; Hb 5:12-14; IPe 2:2). Infelizmente, alguns cristãos querem continuar a ser bebês. Não é isso o que o salmista deseja. Ele foi desmamado, mas não esqueceu que sua mãe o ama e o protege e que ele pode contar-lhe todos os seus problemas. Diante disso, pode descansar em paz na presença de Deus. Seu corpo talvez esteja passando por dificuldades, mas sua alma continua em paz.

131:3 Incentivo à esperança
O salmista deseja que Israel tenha a mesma paz. Sabe que a única forma de obtê-la é esperar no Senhor. Essa esperança não deve ser inconstante, mas firme: Desde agora e para sempre (131:3). Em termos estritos, “para sempre” é na verdade “enquanto viver aqui na terra”. Este é o lugar onde temos de enfrentar problemas como aquecimento global, HlV/aids, guerras civis e religiosas, terrorismo, secas, assaltos armados, corrupção e tráfico humano. Quando chegarmos ao céu, porém, estaremos com Cristo, nossa esperança. Todas as nossas expectativas se concretizarão.

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