Antropologia do Novo Testamento

Antropologia do Novo Testamento

por Biblioteca Bíblica

ANTROPOLOGIA BÍBLICA, NOVO TESTAMENTO, ESTUDOS BÍBLICOS
O lugar das pessoas na atividade de criação de Deus é comparado a seu lugar na Sua atividade de redenção. O Novo Testamento insiste em que as pessoas não tinham aceitado a responsabilidade dada em Gênesis 1:29-30. É igualmente insistente que a alta estima de Deus para com o homem não diminuiu. Os escritores do Novo Testamento ressaltaram o pecado dos humanos em todas as partes (Rom. 3:9-20; 6:23); ainda, o tema mais amplo do amor de Deus para com toda a humanidade encontra seu eco em cada verso. João 3:16 fala de um amor intenso e apaixonado, de um Deus poderoso, por toda a criação. Os ensinamentos do Novo Testamento sobre a humanidade, Deus e a salvação são claros: apesar da indignidade da humanidade, Deus a ama com um amor eterno. Na verdade, o valor ou a dignidade reivindicada pela Escritura para o ser humano é por causa do ato inicial da criação de Deus, ou do grande sacrifício de Deus através de Jesus Cristo. O valor da dignidade humana, seja lá o que possa implicar, está inevitavelmente ligada a Deus. Como resultado, uma conclusão teológica adequada seria: “Deus ama o povo, portanto, uma pessoa tem valor e mérito.” O valor humano é baseado na relação com Deus.

A verdade do Antigo Testamento, de que existem pessoas como um todo, se manteve firme nos escritos do Novo Testamento. No regime do Novo Testamento, quatro dimensões da vida são designadas no lugar da carne hebraica, espírito e nephesh. O corpo (em grego, soma) é simplesmente o formato ou a forma de uma pessoa (1 Ped. 2:24; embora Rom. 12:1 possa ser melhor traduzido por “eu”). A alma (em grego, psuche, relacionada com nephesh no Antigo Testamento) aponta para a “própria pessoa na sua totalidade.” João 10:11 fala de Jesus, que “entregou a sua vida por suas ovelhas.” A palavra grega, normalmente traduzida como “vida” em João 10:11, psuche, é a palavra para “alma”. Jesus sacrificou Sua vida como um todo, ou Ele se deu por inteiro por Suas ovelhas. A vida em sua dimensão espiritual é chamada de espírito (em grego, pneuma). Como suas contrapartes do Velho Testamento, no Novo Testamento, a raiz de espírito refere-se ao “vento”, “respiração”, ou “força”. Espírito, portanto, é a energização da força vitalizadora, a parte mais íntima do ser humano (1 Cor 2:10-11). Embora o espírito pareça ser a dimensão em que os seres humanos podem cooperar e responder a Deus, a carne é essa dimensão que representa a finitude humana e fraqueza. Parecido com o seu sentido no Antigo Testamento, a carne (em grego, sarx) no Novo Testamento sugere fraqueza física e a incapacidade de transcender a dimensão física. Seria insensato, porém, concluir que, em si, a carne é má. (Veja João 1:14.) Jesus, o Verbo, se fez carne, o que certamente não era algo mal.

O Novo Testamento ilustra quatro dimensões específicas e distintas da existência humana, mas os escritores do Novo Testamento afirmam, com os escritores do Antigo Testamento, que um ser humano é uma totalidade, um todo completo. Citando Deuteronômio 6:4, Jesus ensinou, “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda tua alma e com toda tua mente e com todas as tuas forças” (Marcos 12:30). A mensagem é clara: o verdadeiro amor a Deus é um amor total, a pessoa por completo, de coração, alma, mente e força. No mesmo contexto, “ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6:24). Porque o ser humano é um todo completo, uma lealdade dividida é impossível. Essa ideia bíblica do ser humano traz consigo profundas implicações éticas e sociais. Para compreender a verdade de que uma pessoa é um ser total, temos que ver que o ministério deve concentrar-se sobre todas as dimensões da existência. O verdadeiro ministério é, portanto, preocupado com o espiritual, o social, o físico e o psicológico. É evidente, a partir do registro bíblico, de que os seres humanos não são apenas espirituais mais do que eles são apenas seres físicos. A Bíblia afirma diversas dimensões da existência humana, uma vez que afirma que uma pessoa é um todo completo, e não partes separadas unidas.

Enquanto o Antigo Testamento parece afirmar a sobrevivência da imagem de Deus nas pessoas, mesmo após a Queda, também é verdade que a relação original entre o Criador e o criado foi alterado. Os escritores do Novo Testamento, em geral, fazem a declaração da existência da imagem, mesmo no “homem natural”, mas, mais importante, ao ver restaurado à imagem de Deus nas pessoas através da redenção em Jesus Cristo (Rm 8:29; 1 Coríntios. 11:7; Tg. 3:9). O bom relacionamento com Deus através de Jesus Cristo permite a renovação da verdadeira imagem de Deus. Exclusivo para o ponto de vista do Novo Testamento é a idéia de que, em última instância, a verdadeira imagem de Deus pode ser vista em Cristo (João 12:45; 14:9; Col. 1:15, Heb. 1:3). Com isto em mente, Paulo desenvolveu a teologicamente potente distinção entre “o primeiro homem, Adão” e “o último Adão” (1 Coríntios. 15:45-47).

Fonte: Holman Bible Dictionary do mesmo autor do Holman Treasury of Key Bible Words.