Significado de Mateus 1

Mateus 1

Mateus 1 começa com uma genealogia de Jesus, traçando sua linhagem até Abraão, o pai da nação judaica. Mateus lista 42 gerações de Abraão a Jesus, destacando figuras-chave como Davi, Salomão e Josias.

O capítulo então muda para a história do nascimento de Jesus. Mateus explica que Maria engravidou por meio do Espírito Santo e que José, seu noivo, planejou divorciar-se discretamente dela até que um anjo apareceu a ele em um sonho e lhe disse que a criança havia sido concebida pelo Espírito Santo e a salvaria. seu povo de seus pecados.

Mateus 1 cita uma profecia de Isaías, afirmando que uma virgem conceberia e daria à luz um filho que seria chamado Emanuel, que significa “Deus conosco”. José obedeceu às instruções do anjo e tomou Maria como esposa, mas não consumou o casamento até o nascimento de Jesus.

O capítulo termina com o nascimento de Jesus em Belém e a visita dos Magos, que seguiram uma estrela para encontrar o recém-nascido Rei dos Judeus. O rei Herodes, com medo desse novo rival, ordenou a morte de todas as crianças do sexo masculino em Belém com menos de dois anos. Mas José foi avisado em sonho para fugir para o Egito com Maria e Jesus até que fosse seguro voltar.

No geral, Mateus 1 prepara o cenário para a história da vida de Jesus, destacando sua linhagem e nascimento milagroso, bem como as tensões políticas e sociais da época.

Comentário de Mateus 1

1:1 A genealogia [NVI] ou o livro da geração [ARC] é um registro das origens familiares da pessoa. As genealogias eram muito importantes para os judeus no primeiro século. Uma genealogia: (1) provava que a pessoa era realmente israelita, (2) identificava a tribo à qual ela pertencia, e (3) qualificava certos judeus para os ofícios religiosos como levitas ou sacerdotes (Ed 2.61, 62). A genealogia de Cristo é essencial para a história do cristianismo. Mateus descreve a descendência de Cristo desde Abraão, Isaque e Jacó, para mostrar que Jesus era judeu, mas não deixa de mencionar Davi, para informar aos seus leitores que Jesus tinha direito ao trono de Davi (2 Sm 7.12), algo que aconteceria no futuro (Mt 18.28).

O fato de o Filho de Davi preceder o Filho de Abraão é muito significativo. A ordem dos nomes está invertida, pois cronologicamente Abraão precedeu Davi mil anos. A razão de Mateus inverter a ordem se encontra na natureza da promessa que Deus fez a Abraão e a Davi. As promessas que Deus fez a Davi foram mais específicas do que as que Ele fez a Abraão. As promessas a Abraão foram de ordem pessoal, nacional e universal (Gn 12.1-3; 13; 14-17; 15.1-21; 17.1-21; 21:12, 13; 22.16-18); por outro lado, a aliança davídica previa bênçãos pessoais e o direito de sua descendência ao trono (2 Sm 7.13-16; SI 89.1-4, 19-37; 132.11-18).

Assim, no Evangelho de Mateus, é enfatizado que o Senhor Jesus veio primeiro para Israel (Mt 10.5, 6) e depois para o mundo (Mt 28.19, 20). Como a salvação pessoal depende da resposta de cada pessoa ao evangelho, a promessa da vinda do Reino messiânico a esta terra está relacionada à aceitação de Jesus por parte de Israel como seu Messias (At 3.19-21; Zc 12.10 14.21). Embora Jesus tenha sido rejeitado por Israel como seu Rei, Deus, por Sua graça, também enviou a mensagem do evangelho aos gentios (Rm 11:11-24). Ofato de Jesus ter vindo primeiro para os judeus e depois para os gentios é a chave para entendermos os Evangelhos, Atos e, certamente, todo o Novo Testamento (Jo 1:11, 12; At 13.45, 46; 18.6; 28.26-28; Rm 11:7-36; 15.8, 9).

1:2-7 A citação de uma mulher na genealogia judaica é algo muito raro. No entanto, além de Maria, quatro mulheres são mencionadas na genealogia de Jesus. E o mais interessante é o tipo de mulheres que Mateus cita aqui: Tamar, que se envolveu numa trama com Judá (Gn 38); Raabe, uma ex-prostituta cananeia que viveu em Jericó (Js 2); Rute, uma moabita que se casou com um israelita (Rt 1:4); e Bate-Seba, a mulher de Urias, que provavelmente era heteia e adulterou com Davi, acarretando terríveis consequências (2 Sm 11:1 12.23). No começo de seu Evangelho, Mateus nos mostra como a graça de Deus perdoa os pecados mais obscuros e alcança o mundo por meio da nação de Israel. Mostra-nos que Deus pode perdoar o pecado mais vil, resgatar o pecador e torná-lo parte da linhagem real.

1:8-16 E Asa gerou a Josafá, e Josafá gerou a Jorão, e Jorão gerou a Uzias. Há três reis entre esses dois [Jorão e Uzias] que Mateus omitiu nessa lista: Acazias, Joás e Amazias (assim como Jeoaquim, pai de Jeconias). Apesar de ter plena consciência disso, Mateus relacionou 14 gerações em três períodos, talvez por ser mais fácil de decorar (ver comentário em Mt 1:17). Embora todas as gerações (Mt 1:17) de Abraão a Davi fossem 14, nem todas são relacionadas nos dois últimos versículos deste trecho (Mt 1:15, 16). Uma referência especial tem de ser feita a Jeconias (v. 11), pois José é mencionado como descendente desse rei de Judá. O problema é que Jeconias (chamado de Joconias, em Jeremias 22.24, 28, e Joaquim, em 2 Reis 24-8, dependendo se a tradução do seu nome em português vem do hebraico ou do grego) trouxe maldição à descendência de Davi. Em Jeremias 22.24-30, essa maldição é mencionada. Ele não teria filhos e ninguém da sua descendência se sentaria no trono de Davi. O motivo dessa maldição se encontra em 2 Reis 24.9: E fez o que era mal aos olhos do Senhor.

Não há detalhes aqui de seu pecado ou pecados, mas eles foram tão terríveis que Deus impediu sua descendência de herdar o trono de Davi. E já que a descendência humana de Jeconias foi proibida de assentar-se no trono de Davi, Jesus não poderia ser o Messias e, ao mesmo tempo, vir da descendência desse rei por meio de José. No entanto, Maria era da descendência da Natã, filho de Davi (1 Cr 3.5). Por essa razão, Jesus pôde vir da descendência de Davi por meio de Maria e legalmente ser filho de Davi por meio de José.

O NASCIMENTO DE JESUS

Ninguém sabe exatamente quando Jesus nasceu. Até mesmo o ano de seu nascimento não passa de uma suposição baseada em informações disponíveis. Gregório, o inventor do nosso calendário, viveu na Era Medieval e estabeleceu a data do nascimento de Jesus em 1 d.C. Mas ele calculou errado. O historiador judeu Flávio Josefo data a morte de Herodes, o Grande, em 4 d.C., e tanto Mateus (Mt 2.1) com o Lucas (Lc 1:5) presumem que este Herodes governava na época do nascimento de Jesus. Mas algo que não está muito claro é quanto tempo antes da morte de Herodes, o Grande, Jesus nasceu. Sabem os que este se tornou “rei” dos judeus em 37 d.C. Contudo, não há nenhum registro histórico , a não ser em M ateus (Mt 2.16), que menciona o assassinato das crianças de Belém por decreto de Herodes. Josefo observou que Herodes ordenou o assassinato dos membros da própria família para proteger seu trono. Dessa forma, não é de estranhar que o assassinato de algum as crianças plebeias de Belém passasse despercebido em meio às diversas atrocidades cometidas por este Herodes, deixando-nos assim sem saber quando isso aconteceu. M as, tendo em vista que o medo de Herodes [de que o Messias lhe tom asse o trono] levou-o a decretar a morte das crianças com menos de dois anos de idade para baixo, o nascimento de Jesus deve ter acontecido um ou dois anos antes da morte deste monarca; provavelmente entre 5 ou 4 a.C. A data de 5 a.C. se encaixa m ais com a citação feita por Lucas de que Augusto, que reinou de 27 a.C. a 14 d.C., era o imperador rom ano quando Jesus nasceu (Lc 2.1). Mas, ao citar Cirênio (Lc 2.2), Lucas cria um problema. Após a morte de Herodes, o Grande, Roma dividiu seu território entre os filhos deste que sobreviveram. Arquelau reinou na Judéia (M t 2.22), até que foi deposto pelos rom anos em 6 d.C.

Só então Cirênio foi nomeado governador, depois de ter servido por mais de uma década com o com andante do exército rom ano naquela região. No entanto, é possível que Lucas tenha feito referência a ele citando apenas sua última ocupação. Outros estudiosos tentaram estipular a possível data do nascimento de Jesus com base em fenômenos astronómicos que pudessem explicar a estrela de Belém (Mt 2:2, 7-10). O cometa Halley apareceu em 12 ou 11 a .C, e outro cometa, em 5 d.C. Contudo, na antiguidade, os cometas eram um presságio do mal, de eventos catastróficos. Em 7 d .C , uma rara conjunção entre os planetas Júpiter, Vênus e Saturno (que ocorre som ente a cada 794 anos) aconteceu na constelação de Peixes. Porém, não passa de mera especulação a ideia de que a estrela com grande luminosidade que Mateus descreve era ou não um desses planetas. Para algum as pessoas da antiguidade [os sábios], a estrela era um sinal de que Jesus era o Messias, em cumprimento à profecia sobre a estrela que subiria de Israel, citada por Balaão (Nm 24.17; Mt 1:18-25; Lc 2.1-20). Sobre como a profecia em Isaías 7.14, Mateus deixa bem claro que ela só foi cabalmente cumprida com o nascimento virginal de Jesus: o sinal aos povos de todas as épocas de que Deus estava se manifestando a eles.

1:16 José, marido de Maria. A genealogia de Jesus nos leva até José, um legítimo herdeiro do trono de Davi. Mateus, entretanto, tem todo o cuidado de não citar Jesus como filho de José. O termo grego traduzido por da qual em Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus é um pronome relativo, no feminino, que só pode referir-se a Maria.

Se o escritor do Evangelho quisesse incluir José como pai de Jesus, poderia usar o mesmo sistema que havia usado em sua genealogia antes (Mt 1:16a), na qual ele usa a palavra gerou. Ficaria assim então: Jacó gerou a José, e José gerou Jesus. Do mesmo modo, Mateus poderia ter usado um pronome no plural, em vez de um pronome no singular feminino, e assim incluiria ambos os pais [José e Maria]. Mateus, porém, sabiamente refuta qualquer ideia de que Jesus tenha nascido de alguém mais, senão de Maria e do Espírito Santo.

Tanto o termo Cristo quanto Messias significam o Ungido; o primeiro é uma palavra grega, e o segundo, hebraica. No Antigo Testamento, a unção apontava para duas coisas: a escolha de Deus e Sua capacitação para uma obra. Tradicionalmente, as pessoas eram ungidas para exercer uma dessas três funções: profeta, rei ou sacerdote. O Senhor Jesus foi ungido por Deus dessas três formas: foi escolhido pelo Pai para ser o Salvador, recebendo uma capacitação sobrenatural (Lc 4.18-21; At 10.38) para exercer as funções de Profeta, Rei e Sacerdote por excelência (embora Cristo seja Profeta, Rei e Sacerdote, a ênfase no evangelho de Mateus recai sobre Sua realeza.)

1:17 A genealogia se divide em três listas de nomes que somam 14 gerações. Sem dúvida, assim fica mais fácil decorar. No entanto, essa divisão tem um significado muito importante. O somatório das letras do nome Davi é 14; pois, no alfabeto hebraico, cada letra equivale a um número. Isso é significativo, já que o cabeça da lista é o Filho de Davi (Mt 1:1). Mateus pode estar chamando mais atenção para o significado dravídico desse título de Jesus. O destino do trono de Davi também é aludido aqui.

Nas primeiras 14 gerações, o trono dravídico é estabelecido; nas 14 seguintes, fica destituído, pois os israelitas são deportados para a Babilônia; nas últimas 14 gerações, o trono é confirmado com a vinda do Messias, descendente de Davi. Mais adiante, a promessa da aliança é confirmada em cada uma dessas três gerações: primeiro, na abraâmica (Mt 1:3-6); segundo, na davídica (Mt 1:6-11); e terceiro, na nova aliança (Mt 1:12-16).

Mateus 1:1-17

Propósito do Evangelho segundo Mateus

Se descrevermos uma pessoa, podemos fazê-lo de diferentes ângulos. Por exemplo, podemos destacar alguém como pai de família. Além disso, é possível uma descrição da mesma pessoa como colega de empresa ou como vizinho. Assim vemos como quatro evangelistas – sob a inspiração do Espírito Santo – relatam a vida do Senhor Jesus durante a sua permanência na terra. Nas quatro biografias que temos na Bíblia, o Evangelho segundo Mateus declara o Senhor Jesus como Rei, Marcos O apresenta como Servo, Lucas O descreve como verdadeiro Homem e por fim João escreve sobre Ele como o eterno Filho de Deus.

Neste Evangelho vemos o Senhor Jesus como Rei. Isso inclui a chamada: “Eis o teu Rei” (João 19:14), que foi escolhido como subtítulo para este livro. Quem ler este Evangelho com o desejo de vê-lo como Rei, “verá o Rei na sua formosura” (Is 33,17).

O propósito deste Evangelho é apresentar o Senhor Jesus como o Messias, o Rei ungido por Deus que vem para o Seu povo Israel. Este Evangelho foi corretamente colocado como o primeiro livro depois do Antigo Testamento. No Antigo Testamento, repetidas vezes, é anunciado um Rei que libertará Seu povo e o fará cabeça de todas as nações.

Mateus deixa claro que com a vinda do Senhor Jesus Cristo, o Rei veio. Isso é sublinhado pelo fato de que neste Evangelho encontramos mais citações do Antigo Testamento sobre a vida e a morte de Cristo do que nos outros três Evangelhos juntos. Isso também deixa claro a quem este Evangelho se dirige principalmente: os judeus.

Este Evangelho pode ser chamado de ‘o evangelho do reino dos céus’. Mateus narra a história e os discursos de Cristo especialmente com vistas ao estabelecimento daquele reino.

O Escritor Mateus

O autor é Mateus. Mateus é judeu, mas um judeu desprezado porque era cobrador de impostos. Como judeu, ele é o instrumento apropriado que o Espírito Santo pôde usar para escrever o que é importante para os judeus. Porque este Evangelho não é apenas sobre o Senhor Jesus como o Rei para os judeus, mas também sobre o reino dos céus, este Evangelho também é de grande e atual significado para os cristãos. Isso ficará claro.

Registro da Genealogia de Jesus Cristo

Mateus começa seu Evangelho com o “registro da genealogia de Jesus, o Messias, filho de Davi, filho de Abraão”. Através desta genealogia, o Espírito Santo mostra que quer apresentar Jesus Cristo neste Evangelho como o Cumpridor das promessas a Israel e das profecias a respeito do Messias. Isso também responde às perguntas dos judeus sobre se Jesus realmente é o Messias.

A genealogia é a de José. Isso significa que temos a genealogia legal aqui. Isso estabelece que José é o herdeiro legítimo do trono de Davi e, portanto, de Cristo também. Isso nunca foi questionado pelos judeus.

Em Mat 1:1 Davi e Abraão são mencionados juntos porque toda a esperança de Israel está ligada ao que foi revelado a esses dois homens. Primeiro, o Senhor Jesus é o “Filho de Davi” (cf. 1Cr 17:11), o Rei escolhido por Deus. É por isso que a coroa real pertence a Ele. O filho de Davi mencionado aqui é Salomão. O Senhor Jesus é o verdadeiro Salomão que trará justiça e paz.

Ele é subseqüentemente o “Filho de Abraão” (cf. Gn 22:18), o vaso escolhido por Deus para as promessas. Portanto, Ele tem direito à terra e a todas as bênçãos prometidas. O Senhor Jesus é o cumprimento de todas as promessas feitas a Abraão e que Ele cumprirá como Rei (2Co 1:20). O filho de Abraão mencionado aqui é Isaque. O Senhor Jesus é o verdadeiro Isaque, o Filho que passou pela morte. Sua morte e ressurreição são a base de Seu reinado em justiça e paz.

De Mat 1:2 segue a genealogia que começa com Abraão. Todo israelita começaria com ele. De todos os filhos de Jacó, apenas Judá é mencionado pelo nome. Isso mostra que entre todos os outros descendentes de Abraão, a tribo real (Gênesis 49:10) é preeminente. No entanto, a menção de “e seus irmãos” indica que Deus não os esqueceu agora que a vinda do Messias é iminente.

Quatro mulheres aparecem nesta genealogia do Senhor Jesus: Tamar (Mateus 1:3), Raabe (Mateus 1:5), Rute (Mateus 1:5) e a esposa de Urias (Mateus 1:6). Cada uma dessas quatro mulheres está ligada a algo humilhante. Deus mostra Sua graça através disso. Se Deus considera digno que Seu Filho nasça nesta linha, na qual essas quatro mulheres estão conectadas, então há esperança para o maior pecador.

A genealogia termina com José (Mateus 1:16). É sobre ele. Ele é o homem que tem direito ao trono. Como o Filho legal de José, isso dá a Cristo o direito legal ao trono também. Além disso, em José vemos a decadência da linhagem real. Aquele que tinha direito ao trono é um simples carpinteiro.

É importante ver que o Senhor Jesus não foi gerado por José, ao passo que Ele nasceu de Maria. Ele é gerado por Deus, o Espírito Santo (Lucas 1:35) e, portanto, em Sua natureza, em verdade, o Filho de Deus. Portanto, Ele é legalmente o Filho de José e verdadeiramente o Filho de Maria.

Quarenta e duas gerações são dadas de Abraão ao Messias, que são divididas em três grupos de quatorze (Mateus 1:17). O primeiro grupo de quatorze gerações, “de Abraão a Davi”, liga a história de Gênesis 12 a 2 Samuel. Esse período fornece um relato completo das origens e desenvolvimento dos homens, durante os quais vemos através de sua história que Deus se revela a eles de maneiras diferentes. Somos levados desde o tempo do patriarca até os dias de Davi, o rei. Davi é a grande figura no período de prosperidade da terra e um esplêndido retrato dAquele que é o centro de toda a esperança da nação.

No segundo grupo de gerações, “desde Davi até a deportação para a Babilônia”, vemos a decadência e queda de Israel. O reino começa em sua mais alta glória, após o que essa glória declina e termina no colapso do reino no tempo de Zedequias. O esplendor do reinado de Salomão é o auge da história da nação. Seu pai Davi fez com que o nome de Israel fosse temido e respeitado em todos os lugares.

Então se instala o declínio e a glória real dá lugar ao testemunho profético, quando homens como Elias, Eliseu, Isaías, etc. – as maiores figuras da história – prestam seu serviço. Mas, lamentavelmente, o comportamento de Israel vai de mal a pior, até que todos devem deixar a terra. O período que começou com tão rica promessa na construção do templo termina com sua destruição, junto com o colapso do reino, enquanto Lo-Ami, ‘não meu povo’ (Os 1:9), está escrito sobre o povo.

Pouco da terceira parte da história dessas gerações, “desde a deportação de Babilônia para Cristo”, é relatado nas Escrituras inspiradas. Em Sua graça, Deus abre caminho para o retorno de um remanescente do povo por meio de Ciro, o monarca pagão. Vemos uma imagem clara de um reavivamento em seu retorno à cidade, ao templo e à adoração a Deus.

Mas depois de um tempo tudo começa a declinar novamente. Aprendemos com os profetas daquele período que, embora um remanescente permaneça fiel, o próprio povo cai sob o poder da Pérsia e da Grécia.

Quando então começa o Novo Testamento, vemos que o povo se encontra sob o jugo de ferro de Roma.

1:18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajutarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. No mundo todo, o que geralmente oficializa um casamento é a assinatura de um contrato (Ml 2.14).

Na cultura judaica, essa aliança verbal era feita um ano antes da consumação do casamento e tinha o mesmo valor de um documento escrito. Foi nesse período de um ano em que Maria estava desposada com José que ela achou-se ter concebido do Espírito Santo.

E deixado bem claro nas Escrituras é que Maria era virgem nesta época. Isto é reforçado pelas palavras antes de se ajuntarem [José e Maria], e a concepção virginal, deduzida pelo relato de Mateus, é confirmada de modo bem evidente em Lucas 1:34, 35.

Maria passou os três primeiros meses de gravidez na Judeia, com sua prima Isabel (Lc 1:36-56). Esta sabia que a gravidez de Maria era algo miraculoso, pois sua gravidez também havia acontecido por uma intervenção divina (Lc 1:39-45). Depois, quando Maria voltou para Nazaré, José soube que ela estava grávida. Sendo ele um homem justo e, não querendo infamá-la, intentou deixá-la secretamente (Mt 1:19). [Mas foi avisado em sonho para que não o fizesse, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo (v. 20).]

1:19 Respaldado pela lei judaica, revelada em Deuteronômio 24.1 (Mt 5.27-32; 19.3-9; Jr 3.1, 8), José poderia divorciar-se formalmente de Maria, alegando a infidelidade dela, uma vez que eles já tinham feito uma aliança matrimonial, embora ainda não tivessem consumado o casamento. Ele poderia ter tomado público o divórcio, ou ter feito isso de um forma mais discreta na presença de duas testemunhas. Mas como José era justo e piedoso, e como a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente.

1:20 Porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. Os versículos 1 a 17 provam que, legalmente, Jesus era filho de José, mas os versículos 18 a 25 negam que José era o pai biológico de Jesus. Era necessário incluir o nome de José, descendente de Davi, na genealogia de Jesus a fim de enfatizar o direito legal deste ao trono como Rei de Israel. Contudo, aqui também era necessário esclarecer que Jesus é Filho de Deus, e não de José, tendo em vista Sua missão como o Salvador da humanidade. Assim, Mateus destaca a majestade de Jesus, ao passo que Lucas dá detalhes da miraculosa concepção do Messias pelo Espírito Santo.

1:21, 22 E lhe porás o nome de Jesus. Jesus significa Yahweh é Salvação ou Salvador, e seu equivalente no hebraico do Antigo Testamento é Josué. O fato de José dar esse nome a seu filho é algo muito importante. Quando o pai dava um nome a seu filho, estava afirmando que este fazia parte de sua família. Isso deu ao Senhor Jesus o direito legal de pertencer à descendência de Davi. E mesmo que José não tivesse pensado neste nome para a criança, teve de obedecer a Deus.

1:23, 24 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. Essa é uma citação de uma profecia em Isaías 7.14, por meio da qual Isaías consola Acaz, o rei de Judá. Dois reis, Rezim, o rei da Síria, e Peca, o rei de Israel, uniram-se contra Acaz. Mas Isaías diz a Acaz para não temer, pois os planos de seus inimigos seriam frustrados. Como um sinal a Acaz, uma mulher teria um filho, e antes de o menino chegar à idade de discernir o certo do errado [por volta dos 12 anos], esses dois reis não seriam mais uma ameaça para ele. Há muitas interpretações sobre o que teria levado Mateus a citar essa profecia do Antigo Testamento. Alguns veem a profecia de Isaías como uma referência específica à concepção virginal de Jesus, e nada mais. Segundo eles, somente o nascimento miraculoso de Jesus pode ser considerado o sinal que mais se parece com aquele por meio do qual Yahweh com consolou Acaz (compare com Isaías 7.11).

Como a palavra hebraica traduzida por virgem em Isaías 7.14 também significa mulher jovem, alguns sugerem que Isaías estava profetizando sobre um filho que Acaz teria ao longo de sua vida ou talvez sobre o filho de Isaías Maer-Salal- Has-Bas (Is 8.3).

Outros interpretam as palavras de Isaías como uma profecia de que uma virgem, contemporânea a ele, casar-se-ia e teria um filho. Seja lá de quem esta criança fosse filho, esse foi sinal imediato para Acaz da dissolução repentina da aliança entre Rezim e Peca pela Síria. E embora esta profecia tenha sido cumprida nos dias de Isaías, Mateus deixa bem claro que ela foi cumprida cabalmente pelo nascimento virginal de Jesus; um sinal aos povos de todas as épocas que Deus estava entre eles.

De qualquer forma, no texto grego de Mateus, ele traduz essa passagem de Isaías da Septuaginta, fazendo uso da palavra grega parthenos, que significa virgem.

1:25 José não conheceu Maria até que ela desse à luz. Este versículo deixa bem claro que Maria permaneceu virgem somente até o nascimento de Jesus. Os irmãos e irmãs que Jesus teve depois eram filhos de José e Maria (Mt 13.55, 56). E José não poderia ter tido filhos de um casamento anterior, como alguns sugerem, pois assim Jesus não seria considerado herdeiro do trono de Davi se não fosse o primogênito.

Mateus 1:18-25

O Nascimento de Jesus Cristo

Esses versos são uma combinação de mistério, dignidade, simplicidade e beleza. No tempo em que a casa de Davi mergulhou no descaso e na pobreza, o céu começa a se mover em relação às promessas. Os eventos são descritos de uma forma que impressiona o coração e leva à adoração. O Eterno torna-se Homem e é aqui apresentado como o cumprimento das promessas feitas a Abraão. Ele não vem no esplendor de Salomão, nem com incontáveis santos anjos em Sua comitiva. Ele se anula e toma a forma de escravo porque vem para servir.

No nascimento do Senhor Jesus é impressionante que o Espírito Santo seja a origem (Mateus 1:18) e que Ele trabalhe de acordo com a Palavra (Mateus 1:22-23). O Espírito e a Palavra sempre trabalham juntos. Eles estão sempre em acordo e harmonia um com o outro. Eles nunca estão separados um do outro e é impossível entrar em conflito um com o outro.

Embora José esteja noivo de Maria, ele ainda é chamado de “esposo dela” (Mateus 1:19; cf. Mateus 1:20: “sua esposa”). Isso indica que ‘noivo’ é praticamente equivalente a ser casado no que diz respeito à conexão. O casamento oficial, no entanto, ainda não aconteceu, o que significa que não pode haver relação sexual enquanto estiver noivo. Quando José percebe que Maria está grávida, isso não pode significar nada além de que ela cometeu fornicação. Isso lhe dá o direito de se divorciar dela (Mateus 5:32; Mateus 19:9).

José não age impulsivamente, mas “considera” a situação. Isso se encaixa com a característica descrita dele. Lemos sobre ele que ele é “justo”. Isso dá ao Senhor a oportunidade de esclarecer a situação a José. Por meio de um anjo enviado por Ele, explica a José em sonho o que aconteceu e o que ainda vai acontecer.

Porque José é a pessoa importante aqui em vista da lei, o anjo aparece aqui para ele. No Evangelho segundo Lucas diz que o anjo apareceu a Maria (Lucas 1:28). Além disso, o anjo vem a ele aqui em sonho e não como Maria durante o dia e visível.

José é enfaticamente chamado pelo anjo de “filho de Davi”. Isso sublinha o direito legítimo do Senhor Jesus ao trono de Davi, pois segundo a lei Ele é o herdeiro de José. O anjo também fala do fato de que o Filho que foi concebido em Maria foi concebido pelo Espírito Santo. Isto é, Ele é o Filho de Deus, pois o Espírito Santo é Deus.

José é comissionado a dar ao Filho de Maria o nome de “Jesus”. Esse nome significa ‘Yahweh, o Salvador’, ou ‘Yahweh é a salvação’. Esse nome declara Quem Ele é: Yahweh, o Deus da aliança, e o que Ele é: Salvador ou salvação. Daí segue o que Ele fará: Ele salvará Seu povo de seus pecados. Quão perfeitamente o Senhor Jesus viveu de acordo com este grande e glorioso Nome!

Em seguida, vêm as primeiras citações do Antigo Testamento (Isa 7:14; Isa 8:8; Isa 8:10). Eles são introduzidos aqui pelas palavras “cumprir”. No que Mateus diz aqui, fica claro que não foi Isaías quem profetizou, mas Deus por meio de Isaías. A primeira citação aponta para a circunstância extraordinária de uma virgem engravidar sem a participação de um homem. A segunda citação vem da Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento, escrita principalmente em hebraico. Esta segunda citação dá o nome especial “Emanuel” com o significado impressionante de que Deus está vindo para o meio de Seu povo.

No Senhor Jesus, Deus e o homem são reunidos. O cumprimento da profecia ocorre setecentos anos após seu pronunciamento. Deus cumpre Suas promessas, embora seu cumprimento pareça demorar muito.

José não tem dúvidas sobre o que Deus lhe revelou. Ele obedece sem contradição por amor a Ele e por amor a Maria. Em vez de se divorciar de sua esposa, como pretendia inicialmente, ele a leva para si. Ele é casado com ela, mas não tem relações sexuais com ela até que o Filho nasça. Tudo gira em torno da chegada do Filho à terra. Para tanto, José renuncia ao que em si seria permitido. Tudo mostra que ele tem seu próprio relacionamento com Deus. Deus pode se dirigir a ele diretamente. José dá ao Menino o nome de Jesus.

Depois que o Senhor Jesus nasceu, José e Maria tiveram relações sexuais. Maria não permanece virgem. Fala-se de irmãos e irmãs do Senhor Jesus (6:3). A intervenção divina neste caso especial não anula a instituição do Criador (cf. Gn 1:28).

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