Estudo sobre Romanos 1:1

Romanos 1:1

O objetivo de Paulo é conquistar os fiéis em Roma. Por isso aponta em primeiro lugar para a base comum do “evangelho”. Nesse chão os romanos, Paulo e todas as comunidades cristãs firmaram sua vida. A partir dele com certeza será possível esclarecer também questões controvertidas.

Primeiramente ele é um servo de Jesus Cristo, literalmente um “escravo”. Se essa autodefinição saísse da boca de um grego, seria avaliada como um gesto de humildade exagerada, pois no helenismo o termo tinha um sentido quase exclusivamente desonroso. Mas neste texto fala um judeu, marcado pelo AT, o qual pode designar por meio desta palavra o serviço mais sublime, a saber, ser colocado no serviço pelo próprio Deus. Foi assim que Moisés, Josué, Davi e sobretudo os profetas se chamavam “servos de Deus”. Sem citar os nomes de colaboradores, como costuma fazer em suas cartas a igrejas, Paulo se apresenta pessoalmente. As circunstâncias exigiam prioritariamente que desta vez entrasse em foco ele próprio: Paulo. Não porque em Roma não se soubesse nada a seu respeito. Mesmo em lugares em que não atuou como missionário, a história da sua vida era conhecida e comentada (Gl 1.22,23; At 21.21). Contudo os judaístas lhe haviam atribuído a fama de renegado. Contra isso ele se protege de três maneiras.

O segundo aposto vem confirmar esse sentido: um chamado. Assim como acerca dos servos de Deus do AT, também se conhecia acerca de Paulo uma história de vocação. Era com ela que coincidiu sua nomeação para apóstolo. Nesse ponto, como na grande maioria das passagens do NT, ocorre um uso especificamente cristão desse termo. Ele ultrapassa a acepção de “emissário”, “mensageiro”, incluindo uma tarefa para a vida toda e até com caráter histórico-salvífico. Portadores desse título garantem pela não-deturpação do evangelho, sobre o qual está edificada a igreja de todos os temposa. Como tais, formam um círculo único de pessoas.

Uma terceira definição retrocede para bem antes do acontecimento de Damasco. Já antes de nascer, Paulo era alguém separado por Deus. Faz parte da separação uma atribuição: para o evangelho de Deus. Por intermédio do tópico “evangelho” a primeira frase da carta já aborda a visão que Is 52.7-9 tem para o mundo (cf nota referente ao v. 16a): No fim dos tempos Deus se expõe como nunca fizera e reverte vitoriosa e salutarmente o curso da humanidade a favor dele. “O teu Deus passou a reinar!”, jubilam ali os mensageiros da alegria, ou seja, os “evangelistas”. É assim que Paulo entende sua tarefa. Com essa definição fica claro que ele não chega a Roma como pessoa particular, não como um teólogo interessante, não como paulinista, mas exatamente nessa função de apóstolo como garantidor do evangelho.

Tudo isso, porém, ele não lança simplesmente no contexto sem que possa ser conferido. Ciente do princípio de Mt 18.16, ele cita duas testemunhas que eram dignas de confiança também para os cristãos em Roma.