Interpretação de Deuteronômio 14
Deuteronômio 14
Obrigações
Filiais, 14:1 – 15:23.
Como povo do Senhor, sujeito ao seu serviço e
encarregado de remover do seu meio todos os devotos e santuários de ídolos
(caps. 12; 13), Israel era uma nação diferente. Isto devia se manifestar
através de toda dimensão cerimonial da vida da nação. Em conexão com a morte
(14:1, 2) ou vida (vs. 3-21), a prática cerimonial dos israelitas devia
refletir sua santidade peculiar. Sua santa consagração também devia ser exibida
na consagração do fruto do trabalho de suas vidas ao Senhor seu Deus (vs. 22-29
).
1,2. Filhos sois do Senhor vosso Deus . . . sois povo
santo. Aqui novamente a definição de Êx. 19:5,6
da nação teocrática faz eco (cons. Dt. 7: 6), enriquecida agora com o conceito
da filiação (cons. Êx. 4:22). No período do V.T. a ênfase estava sobre Israel
como servo e não filho, porque embora a nação de Israel fosse o filho e o
herdeiro, ela devia ficar sob governadores até o tempo designado pelo Pai
(cons. Gl. 4:1 e segs.). Não vos dareis golpes. Os israelitas não deviam
se mutilar como os pagãos costumavam fazê-lo nos rituais de luto (v, 1b; cons.
Lv. 19:28; 21:5). A razão especificada é que, na qualidade de povo eleito e
adotado por Deus, tinham um status de santidade. E por baixo desta razão estava
o fato de seu Deus ser o Senhor da vida e o Criador do homem à Sua imagem.
3. Abominável. As distinções cerimoniais podem às vezes parecer
arbitrárias. Tal é o caso da classificação das carnes limpas e imundas nestes
regulamentos dietéticos. Porque, embora as explicações higiênicas sejam
visíveis em alguns exemplos, não o são em todos. Mas a própria arbitrariedade dessas
estipulações fazia delas o melhor dos testes de submissão à palavra soberana do
Senhor e um símbolo mais distintivo da consagração a Ele. Lembrava Israel que o
homem deve viver de acordo com cada palavra que sai da boca de Deus (cons.
8:3). É a palavra criativa de Deus que dá a todas as coisas a sua definição e
significado, e o homem deve interpretar todas as coisas na imitação da
interpretação que Deus lhes dá. Sob este aspecto as regras dietéticas mosaicas
assemelhavam-se à proibição probatória do fruto da árvore do conhecimento no
Éden ou aos arranjos para a provisão do maná no deserto.
4. São estes os animais que comereis. A seção repete quase verbalmente Lv.
11:2-23. Deuteronômio 14:4b, 5 suplementa a formulação levítica e desse modo
reflete a origem que Deuteronômio teve no deserto. Pois o habitat dos animais
de caça comestíveis especificados era a região das viagens de Israel desde o
Egito até Canaã, não o território montanhoso coberto de bosques de Canaã
propriamente dita.
21. Nenhum animal que morreu por si. Isto envolve uma modificação de Lv.
17:15. A prática mencionada aqui no versículo 21b (cons. Êx. 23:19; 34:26) foi
proibida porque era costume cerimonial dos cananitas.
22. Os dízimo de todo o fruto das tuas sementes. Um dízimo anual do produto da terra devia
ser oferecido ao Senhor em reconhecimento ao fato de que a terra era dEle e
porque Ele era o doador da vida e da fertilidade. Por causa de variantes entre
as estipulações deuteronômica e a anterior referentes aos dízimos (Lv. 27:30-33;
Nm. 18:21-32), desenvolveu-se uma opinião entre os judeus (e tem sido aceita
por muitos cristãos exegetas) que Deuteronômio prescreve um segundo dízimo e,
alguns diriam, até mesmo um terceiro (cons. Deut. 14:28 e segs.; 26:12-15).
Deuteronômio 14 não envolve contudo, necessariamente qualquer modificação
drástica na primitiva lei do dízimo. Apenas especifica um dizimo sobre a
agricultura, embora mencione as primícias dos rebanhos (v. 23; cons. 12:17;
15:19 e segs.). Mas até mesmo Números 18 não menciona explicitamente um dízimo
animal. Só Levítico 27 o faz (cons. II Cr. 31: 6). Pode-se, contudo, deduzi-lo
de ambos. Números 18 e Deuteronômio 14. De acordo com Nm. 18:21, “todo dízimo”
era dado aos levitas. Deuteronômio 14 especifica que com exceção do terceiro e
sexto anos (e do ano sabático sem cultura também, é claro; cons. Êx. 23:11), o
ofertante deve usar o dízimo – presumivelmente, contudo, uma pequena parte dele
apenas – para uma festa fraternal no santuário.
23. Para que aprendas a temer ao Senhor. O propósito desta seção não é tanto fazer
uma declaração compreensiva da lei do dízimo para proteger o processo relativo
ao dízimo de ser prostituído com fins idólatras; isto é, evitar que Israel
homenageasse as divindades cananitas da fertilidade por causa de suas
colheitas. A insistência, portanto, era no sentido de que toda cerimônia
religiosa associada aos dízimos fosse realizada no santuário central (12:6,11).
É necessário que se leve em consideração este propósito particular destes
versículos quando fizermos comparações com os regulamentos relativos ao dízimo
em outras passagens. (Sobre a razão da permissão dos vs. 24 e segs. veja
12:21.)
28. Ao fim de cada três anos. A associação disto com a legislação
sabática de 15:1 e segs., indica que tais anos trienais (chamados em 26:12 de “ano
dos dízimos”) eram o terceiro e o sexto anos dentro do ciclo sabático do
Jubileu.
29. O estrangeiro, o órfão, e a viúva. Uma modificação menos importante do
dízimo imposto à agricultura, de acordo com os interesses da caridade familiar
do Senhor na classe pobre, a qual poderia surgir na estratificação social da
vida em Canaã, está nesta inclusão de outros dependentes, além dos levitas,
para o uso do dízimo do terceiro e sexto anos. Veja Nm. 18:26-32 para a
disposição desses dízimos a ser feita pelos levitas.
15:1-23.
O fio principal da
legislação precedente foi novamente retomado na lei dos primogênitos em
15:19-23 (cons. 14:23). Enquanto isto, os versículos 1-18 desenvolvem o assunto
do amor para com os irmãos necessitados, que veio à baila na exposição da
maneira como dar o dízimo (14: 27 e segs.). Especificamente, estas estipulações
tratam da remissão das dívidas (vs. 1-11) e da manumissão dos escravos (vs.
12-18). Um elemento adicional de continuidade encontra-se na estrutura sabática
deste programa de misericórdia (cons. 14:28).
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