Gálatas 2 — Comentário Devocional

Gálatas 2

Gálatas 2 continua a fornecer aplicações valiosas para a vida dos cristãos. Aqui estão algumas conclusões importantes de Gálatas 2:

1. Unidade e Comunhão entre os Crentes:
Em Gálatas 2, Paulo descreve sua visita a Jerusalém e como se encontrou com outros apóstolos e líderes da comunidade cristã. Isto sublinha a importância da unidade e da comunhão entre os crentes. Nas nossas vidas, é crucial manter fortes ligações com outros cristãos, trabalhando juntos para o avanço do reino de Deus.

2. Permanecendo Firmes na Fé:
Paulo relata uma situação em que teve que confrontar Pedro por sua inconsistência em viver o evangelho. Isto ensina-nos a importância de permanecermos firmes na nossa fé e de não comprometermos as nossas crenças, mesmo quando enfrentamos pressão ou oposição de outros.

3. Justificação somente pela fé:
Gálatas 2 reafirma a doutrina da justificação somente pela fé, não pelas obras da lei. Isto serve como um lembrete de que a nossa salvação se baseia na nossa fé em Jesus Cristo, e não nos nossos próprios esforços ou rituais religiosos. Devemos confiar na obra consumada de Cristo na cruz para a nossa salvação.

4. Liberdade em Cristo:
Paulo enfatiza a liberdade que vem através da fé em Cristo. Somos libertados do fardo de tentar ganhar a nossa salvação através de obras ou observâncias religiosas. Esta liberdade permite-nos viver uma vida de alegria e gratidão, sabendo que somos aceites por Deus através de Cristo.

5. Servindo aos outros com amor:
Ao mesmo tempo que afirma a importância da fé, Gálatas 2 também enfatiza a necessidade de expressar a nossa fé através do amor e do serviço aos outros. A nossa fé deve resultar numa vida caracterizada pelo amor, compaixão e generosidade para com os necessitados.

6. Evitando a hipocrisia:
O confronto entre Paulo e Pedro lembra-nos de evitar a hipocrisia na nossa caminhada cristã. Devemos nos esforçar para manter a consistência em nossas crenças e ações, sendo autênticos em nossa fé e vivendo os princípios do evangelho de forma consistente.

7. Graça e Reconciliação:
Apesar do conflito entre Paulo e Pedro, existe também um elemento de reconciliação e graça. Isto ensina-nos a importância do perdão e da reconciliação dentro da comunidade cristã, mesmo quando há divergências ou conflitos.

Gálatas 2 fornece informações valiosas sobre como viver a fé cristã com autenticidade, unidade e uma firme confiança na graça de Deus. Sublinha a centralidade da fé em Cristo e a liberdade e o amor que resultam desta fé. Esses princípios podem guiar-nos em nossa vida diária ao procurarmos seguir a Cristo e servir aos outros.

Devocional

2.1 Paulo se converteu por volta do ano 35 d.C. Os 14 anos que menciona foram provavelmente calculados a partir do momento de sua conversão. Portanto, a viagem a Jerusalém não estava sendo sua primeira experiência. Provavelmente, sua primeira viagem havia sido realizada em 38 d.C. (ver At 9.26-30), e outras viagens foram realizadas em aproximadamente 44 d.C. (At 11.29,30; Gl 2.1-10), nos anos 49/50 d.C. (At 15), no ano 52 d.C. (At 18.22) e 57 d.C. (At 21.15ss). Provavelmente Paulo também tenha visitado Jerusalém em outras ocasiões.

Barnabé e Tito (oram os dois amigos mais íntimos de Paulo. Barnabé e Paulo visitaram juntos a Galácia em sua primeira viagem missionária. Paulo escreveu uma carta pessoal a Tito, um crente muito fiel e líder da Igreja, que servia na ilha de Creta (ver a carta a Tito). Para mais informações sobre Barnabé, ver seu perfil em Atos: sobre Tito, ver a carta que Paulo lhe escreveu.

Depois de sua conversão. Paulo passou muitos anos preparando-se para o ministério para o qual Deus o havia chamado. Esse período de preparação incluiu algum tempo a sós com Deus (1.16.17) assim como também algum tempo para consultar outros cristãos. Muitas vezes, dentro de seu zelo, os cristãos recém-convertidos iniciavam-se em pleno ministério sem gastar o tempo necessário para estudar a Bíblia e aprender de outros mestres mais qualificados. Não precisamos esperar para partilhar nosso Cristo com os amigos, mas podemos necessitar de mais preparação antes de nos lançarmos a um ministério especial. Enquanto esperamos pelo cronograma de Deus, devemos continuar a estudar, aprender e crescer.

2.2 Através de uma revelação, Deus disse a Pau o que deveria consultar outros líderes da igreja de Jerusalém a respeito da mensagem pregada aos gentios para que entendessem e aprovassem o que estava fazendo. A essência da mensagem de Paulo, tanto aos judeus como aos gentios, era que a salvação divina é oferecida a todas as pessoas, independente de raça, sexo, nacionalidade, riquezas, posição social, nível de educação ou qualquer outra qualificação. Qualquer pessoa pode alcançar o perdão se confiar em Cristo (ver Rm 10.8-13).

2.2, 3 Embora Deus tivesse enviado Paulo especificamente aos gentios (At 9.15.16), o apóstolo precisava discutir sua mensagem com os líderes da igreja em Jerusalém (At 15). Essa reunião evitava uma maior ruptura da Igreja e formalmente reconhecia a aprovação dos outros apóstolos à sua pregação. Às vezes, evitamos consultar as pessoas porque tememos que outros problemas ou discussões possam surgir. No entanto, devemos discutir abertamente nossos planos e nossos atos com amigos, conselheiros e pessoas mais experientes. A boa comunicação ajuda as pessoas a entender melhor a situação, reduz os mexe ricos e constrói a unidade da Igreja.

2.3-5 Quando Paulo levou Tito, um cristão grego, a Jerusalém, os judaizantes (falsos cristãos) disseram que Tito devia ser circuncidado. Paulo foi inflexível e recusou-se a concordar com essa exigência. Por outro lado, os apóstolos concordavam que a circuncisão era um rito desnecessário aos gentios convertidos. Muitos anos mais tarde, Paulo circuncidou Timóteo, outro cristão grego (At 16.3). Ao contrário de Tito, no entanto, Timóteo era meio judeu. Paulo não negava aos judeus o direito de fazer a circuncisão, ele estava simplesmente dizendo que os gentios não deviam ser obrigados a se tornar judeus, antes de ser cristãos.

2.4 Esses falsos cristãos pertenciam provavelmente ao partido dos fariseus (At 15.5), os mais rigorosos líderes religiosos do judaísmo, e alguns deles já haviam se convertido. Não sabemos se eram representantes de alguns convertidos bem-intenciona dos ou daqueles que estavam tentado deturpar o cristianismo. A maioria dos comentaristas concorda que nem Paulo nem Tiago tiveram qualquer participação nessa conspiração.

2.5 Normalmente assumimos uma posição contra aqueles que podem nos levar a um comportamento imoral, mas Paulo teve que adotar uma severa conduta contra as pessoas mais “morais”. Não devemos ceder àqueles que fazem da obediência a padrões estabelecidos pelo homem uma condição para a salvação, mesmo que tais pessoas sejam moralmente corretas ou estejam ocupando posições respeitáveis.

2.6 E fácil classificar as pessoas conforme sua posição social e nos deixar intimidar pelos poderosos. Mas Paulo não ficou intimidado perante esses líderes “de maior influência” porque todos os crentes são iguais diante de Cristo. Devemos mostrar respeito pelos nossos líderes espirituais, porém nossa maior lealdade dever ser para com Jesus. Devemos servi-lo com todo nosso ser. Deus não nos classifica de acordo com nossa posição social; Ele olha para a atitude de nosso coração (1 Sm 16.7).

2.7-9 Os líderes da Igreja (“colunas”) — Tiago, Pedro e João — entenderam que Deus estava usando Paulo para alcançar os gentios, exatamente como Pedro estava sendo usado de forma tão intensa para alcançar os judeus. Depois de ouvirem a mensagem de Paulo, deram sua aprovação tanto a ele quanto a Barnabé para que continuassem trabalhando entre os gentios.

2.10 Os apóstolos estavam se referindo aos pobres de Jerusalém. Embora muitos gentios convertidos tivessem uma posição financeira confortável, a Igreja de Jerusalém havia sofrido os efeitos de uma terrível escassez de alimentos na Palestina (ver At 11.28-30) e estava lutando muito. Portanto, em suas viagens, Paulo havia juntado alguns recursos para os judeus cristãos (At 24.17; Rm 15.25-26; 1Co 16.1-4; 2 Co 8). O dever que os crentes têm de cuidar dos pobres é um tema constante nas Escrituras. Porém muitas vezes nada fazemos, envolvidos em atender às nossas próprias necessidades e desejos. Talvez não estejamos vendo suficientemente a pobreza a ponto de nos lembrarmos das necessidades dos desafortunados. O mundo está repleto de pessoas pobres aqui e em outros países. O que você pode fazer para ajudá-las?

2.11 A cidade de Antioquia da Síria (diferente da Antioquia da Pisídia) era um importante centro comercial do mundo antigo. Densamente habitada pelos gregos, ela havia se tornado um for te centro cristão. Foi em Antioquia que os crentes foram pela primeira vez chamados de cristãos (At 11.26). Essa cidade se tornou o quartel-general da igreja dos gentios e era a base de operações de Paulo.

2.11ss Os judaizantes acusavam Paulo de diluir a mensagem das Boas Novas para que os gentios a aceitassem mais facilmente, enquanto Paulo acusava os judaizantes de anularem a verdade dessa mensagem ao acrescentar a ela algumas condições. A base da salvação era o cerne da questão: a salvação é concedida somente através de Cristo, ou será que vem através de Cristo e da obediência é lei? A discussão atingiu o clímax quando Pedro, Paulo, os judaizantes e alguns cristãos gentios se reuniram em Antioquia para compartilhar uma refeição. Provavelmente, Pedro pensou que se ficasse longe dos gentios iria criar uma situação de harmonia não queria ofender Tiago e também os judeus cristãos. Tiago ocupava uma posição proeminente e presidia o conselho de Jerusalém (At 15). Mas Paulo disse que a atitude de Pedro violava o evangelho, pois, ao juntar-se aos judaizantes, Pedro estava implicitamente apoiando a afirmação de que somente Cristo não era suficiente para a salvação. Compro meter-se é um importante elemento no relacionamento com os outros. Mas nunca devemos comprometer a verdade da Palavra de Deus. Se acreditarmos que devemos mudar nossas crenças para acompanhar as crenças de nossos companheiros, estaremos pisando em um terreno muito perigoso.

2.11, 12 Embora Pedro fosse um dos líderes da igreja, estava agindo como um hipócrita. Ele era bastante esclarecido. No entanto, estava sendo motivado pelo receio do que Tiago e os outros poderiam pensar. Provérbios 29.25 diz: “O receio do homem armará laços”. Paulo sabia que teria de confrontar Pedro antes que seus atos trouxessem danos à Igreja, portanto, publicamente se opôs a ele. Observe, no entanto, que Paulo não procurou outros líderes, nem escreveu cartas às igrejas pedindo para que não imitassem o exemplo de Pedro. Em vez disso, preferiu enfrentar Pedro face a face. Ás vezes, cristãos sinceros, até mesmo líderes cristãos, cometem enganos. E é preciso que outros cristãos sinceros os conduzam de volta ao caminho certo. Se você está convencido de que alguém está fazendo algum mal a s: mesmo ou à Igreja, procure fazer uma abordagem direta. No corpo de Cristo, não há lugar para insinuações indiretas.

2.15, 16 Se obedecer às leis judaicas não será suficiente para nos justificar perante Deus, por que deveríamos obedecer aos Dez Mandamentos e outras leis do AT? Sabemos que Paulo não estava dizendo que as leis eram más, porque em outra carta ele escreveu: “A lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7.12). Na verdade, ele estava dizendo que a lei nunca pode rá nos tornar aceitáveis a Deus. Mas ela ainda tem um papel importante a desempenhar na vida de cada cristão. A lei (1) nos protege do pecado porque oferece padrões de comportamento; (2) declara que somos culpados do pecado e nos dá a oportunidade de pedir o perdão de Deus; e (3) nos leva a confiar na suficiência de Cristo porque nunca poderemos obedecer perfeitamente aos Dez Mandamentos. Mas a lei nunca nos salvará. Depois que nos tornamos cristãos, porém, ela pode nos guiar para vivermos segundo a vontade de Deus.

2.17-19 Por intermédio do estudo do AT, Paulo entendeu que não poderia ser salvo apenas obedecendo ás leis de Deus. Os profetas sabiam que o plano de Deus para a salvação não se baseava apenas na obediência às leis (para referências, ver o quadro relacionado ao cap 4). Como todos nós fomos infecta dos pelo pecado, não podemos guardar completamente as leis divinas. Felizmente, o Senhor nos proporcionou um caminho para a salvação que depende de Jesus Cristo, e não de nossos próprios esforços. Embora tenhamos total conhecimento desta verdade, devemos nos proteger contra a tentação de usar nossos serviços, boas obras, doações de caridade ou qualquer outro esforço pessoal como substitutos da fé.

2.19, 20 De que maneira nós fomos crucificados com Cristo? Do ponto de vista legal, Deus nos olha como se tivéssemos morrido com Cristo. Como nossos pecados morreram com Ele, deixamos de ser condenados (Cl 2.13-15). Em termos de relaciona mento, tornamo-nos um com Cristo, e suas experiências também são nossas. Nossa vida cristã começou quando, em unidade com Ele, morremos para nossa vida antiga (ver Rm 6.5-11). Em nossa vida cotidiana, devemos regularmente crucificar os desejos pecaminosos que nos impedem de seguir a Cristo. Essa também é uma forma de morrer com Ele (Lc 9.23-25). No entanto, o foco do Cristianismo não é a morte, mas a vida. Por termos sido crucificados com Cristo, também ressuscitamos com Ele (Rm 6.5). Do ponto de vista legal, rios reconciliamos com Deus (2 Co 5.19) e estamos livres para crescer em nossa semelhança com Cristo (Rm 8.29). E, em nossa vida cotidiana, temos o poder da sua ressurreição enquanto continuamos a lutar contra o pecado (Ef 1.19,20). Não estamos mais sozinhos, pois Cristo vive em nós - Ele é a nossa força para a vida e nossa esperança para o futuro (Cl 1.27).

2.21 Atualmente, os crentes ainda correm o risco de agir como se a morte de Cristo tivesse sido inútil. De que maneira? Ao substituir o legalismo judaico por um novo “legalismo cristão”, estão dando às pessoas leis adicionais para serem obedecidas. Ao acreditar que conseguem obter o favor de Deus apenas por meio do que fazem, não estão confiando plena mente na obra que Cristo realizou na cruz. Ao se empenhar para se apropriar do poder de Deus para mudá-los (santificação), não estão se apoiando no poder divino para salvá-los (justificação). Se pudéssemos ser salvos apenas sendo bons, então Cristo não precisaria ter morrido. Mas a cruz é o único caminho para a salvação.