Estudo sobre Apocalipse 5:13-14

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Apocalipse 5:13-14

Aos poucos João perde a cena de vista. A impressão da audição perdura pelo tempo maior. No final ele ainda ouve a adoração do Cordeiro por todas as criaturas. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo. A composição da expressão por quatro partes aponta para a plenitude terrena. Já por isto não seria plausível que “no céu” inclua os anjos (e mesmo Satanás e seus espíritos), embora seguramente pertençam ao mundo criado. O fato de que o mundo dos anjos não participa deste terceiro coral também se depreende do v. 14, onde os anjos anciãos novamente se prostram. Portanto, no ínterim haviam se erguido. No NT de forma alguma “céu” sempre significa o céu de Deus com seus anjos, mas com freqüência refere-se ao firmamento com o mundo dos pássaros (p. ex., Mt 6.26). Também os animais que vivem “sobre a terra” e as pessoas estão incluídas no terceiro coral. Igualmente está se pensando nas pessoas falecidas no mundo dos mortos (“debaixo da terra”). Finalmente fazem parte dele os marinheiros e os peixes grandes e pequenos “sobre o mar”. Uma vez que a igreja já participou ativamente no primeiro coral (v. 8), é cabível pensar, no v. 13, na criação terrena restante.

Porventura causa espécie que aqui até os peixes, pássaros e o gado se unam no louvor? Sobre esta questão é preciso ler passagens como os Sl 96.11,12; 98.7 e 148.7-10. “Todo ser que respira louve ao Senhor!” (Sl 150.6).

Sob um determinado aspecto, o versículo em análise ocupa uma posição intermediária. Por um lado não é a nova terra do cap. 21 que está louvando (neste caso dificilmente teria sido mencionado o mar, cf. Ap 21.1). Por outro lado, João não pode ter captado os fatos de tal maneira como se o mundo atual já fosse unânime no louvor ao Cordeiro. Pois ainda está cheio de engano, resistência e reclamação contra o Senhor. Por isto, para a interpretação correta do versículo deve-se observar que João na realidade já ouve palavras que caberiam nos capítulos da consumação, mas que ainda lhe falta a visualização daqueles capítulos. Ele retira a visão do presente, motivo pelo qual também podem ser mencionados o mar e o mundo dos mortos. Por um lado ainda vê uma realidade para chorar (v. 4), mas acima dela ele já ouve a melodia do futuro e da glória. Significa que a redenção pelo Cordeiro será mais abrangente que a igreja redimida.

Reveste-se, porém, de singular importância nesta doxologia uma expressão que poderia ser praticamente chamada de fórmula teológica fundamental de todo o livro e que soará repetidamente de agora em diante (Ap 6.16; 7.9,10,17; 14.1,4,10; 21.22,23; 22.1,3; cf. também Ap 11.15; 12.10): Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro. Esta locução sintetiza os cap. 4 e 5. Descarta-se, pois, terminantemente a impressão de que o cap. 4 estaria anunciando um “Deus em si”. Assim como Paulo testemunha “Deus em Cristo”, assim João testemunha “Deus e o Cordeiro”. Estas são afirmações definitivas e inalteráveis sobre Deus. É assim que ele permanece “pelos séculos dos séculos” (Ap 4.9,10). É por isto que também o seu louvor perdura pelos séculos dos séculos (cf. Ap 1.6).

E os quatro seres viventes, que haviam começado a adoração, também a encerram e respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram (em silêncio), de maneira que agora também cessa a percepção auditiva. Em Ap 6.1 começará um novo ver e ouvir.

Continuação...
Apocalipse 5:13-14