Estudo sobre Apocalipse 7:13-14
Estudo sobre Apocalipse 7:13-14
Apocalipse 7:13-14
A pergunta é sobre aqueles que eram inegavelmente vitoriosos a partir da roupa, das palmas e dos gritos. Um dos anciãos tomou a palavra (“respondeu”), dizendo (a mim): Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são? A pergunta seguinte serve para identificá-los melhor: e donde vieram? O “donde” determina o ser e também o “para onde”.
Parece que a forma idiomática do que se segue expressa uma agilidade especial de João. Imediata e naturalmente ele devolve a pergunta. Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Os exegetas unanimemente deduzem desta resposta que João não o sabia. No entanto, é significativa uma comparação com Jo 21.15-17: “Senhor, tu sabes que te amo”. Acaso Pedro não o sabia? Ele não tinha garantido três vezes seu amor? Sim, porém percebia-se que esta certeza não podia ter seu centro de gravidade nele, mas no Senhor. Da sua parte ele tinha conhecimento do seu amor por Jesus, mas isto significava tão pouco! Somente seria uma certeza quando Jesus o soubesse. De forma análoga poderíamos parafrasear aqui: “Bem que suspeito quem são estes vencedores. Contudo, meu coração estremece com a ideia. Ao mesmo tempo parece-me algo tão inacreditável. Por favor, dize-o, confirma-o a partir da instância superior, para que eu seja legitimado para proclamá-lo às igrejas”.
Por que João não podia ser alguém totalmente ignorante? Porque a figura de Ap 7.9 coincidia com extrema exatidão com a visão de Ap 5.9, fundamental para a série de selos. Era praticamente imperioso que os redimidos do Cordeiro de Ap 5.9 fossem reconhecidos na grande multidão. Também o coro de anjos que intervém em Ap 7.10 volta a transportar para a situação de Ap 5.10. A diferença apenas era que João agora estava vendo a igreja à luz de sua perfeição, com vestimentas vitoriosas, palmas e gritos de vitória, i. é, depois de uma maravilhosa transformação da aparência. Ele via a igreja da forma como jamais a havia contemplado, não mais como ovelhas indo para o matadouro (Ap 6.9), não mais como os miseráveis (Ap 2.9) e sem ação (Ap 3.8), mas com estatura de vencedores. Temeroso, João se encontra diante do incomum e impactante, pedindo ao anjo que o formule.
Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação. A surpreendente forma verbal no presente dos “que vêm” induziu J. Behm a imaginar que a coluna infindável ainda se aproxima. Isto, porém, não confere com o que João viu realmente. De acordo com o v. 9 ele constatou uma “assembléia geral”, de pé em redor do trono com todos os retardatários, finalmente seguros. Nenhuma labareda do calor da tribulação os alcançava mais ou se estendia atrás deles. Isto havia acabado. Contudo, não estava esquecido! Na forma presente talvez se expresse a memória recente. A tribulação ainda está vivamente presente no dia da vitória. Não foi capaz de inviabilizar o triunfo. Justamente na “grande tribulação” formou-se a “grande multidão” (v. 9). Os leitores e ouvintes do livro, que ainda eram “companheiros na tribulação” (Ap 1.9), devem ser participantes já agora desta situação e, apesar do medo, proferir com os vitoriosos: passamos por grande tribulação para a celebração da vitória da grande multidão!
A expressão “grande tribulação” é originária de Dn 12.1 e aparece também em Mt 24.21; Ap 2.22; 7.14. Independentemente das angústias que perpassam as eras do mundo desde os tempos de Abel, uma culminância do confronto entre Deus e Satanás, entre Cristo e anticristo processa-se em direção do final. Sem esta expressão o assunto também ocorre, p. ex., em 2Ts 2.3,4; Mt 24.9-14; Ap 3.10. Atinge os que creem e os que não creem. Toda a humanidade está na banca de testes: que está dentro do ser humano? Em última análise, a quem ele adora – a besta ou o Cordeiro?328
Lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Para os orientais a roupa não é algo exterior (cf. a observação preliminar a Ap 1.12-16), de modo que estes vencedores tivessem sido pessoalmente limpos e meramente tivessem de retirar de suas vestimentas os respingos do mundo mau. Não, estes cristãos, que alvejaram sua roupa no sangue do Cordeiro, teriam pronunciado o conteúdo todo de 1Jo 1.7-10: “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.
Através do que, pois, a grande multidão tornou-se vencedora? Não através de sua pertinaz constância, mas pela morte expiatória de Jesus, ou seja, através de sua vitória conforme Ap 5.5. Por Jesus ter-se tornado rei do amor, por estar disponível para Deus e para eles até o última gota de sangue, eles se tornaram vencedores. Sua fidelidade os tornou fiéis. Também seria absurdo deduzir a sua vitória de uma zeloso lavagem meritória. A ênfase não repousa sobre a atividade de lavagem, mas sobre o meio. Entretanto, transformar em mérito o fato de que aceitamos a graça, não passa de uma evidência da distorção do ser humano. Finalmente tampouco é lícito atribuir efeitos de purificação ao sofrimento em si. Não a grande tribulação, mas o sangue de Jesus constitui o banho de purificação. Por isto não exultemos no sofrimento! Cristo primeiramente implorou que passasse dele.
Consequentemente, a vitória da igreja apóia-se sobre a entrega da vida de seu Senhor. Da mesma maneira como o selo de Deus em Ap 7.4, o sangue do Cordeiro exclui a glória humana.
Índice:
Apocalipse 7:3
Apocalipse 7:13-14