Estudo sobre Apocalipse 7:2

Estudo sobre Apocalipse 7:2

Estudo sobre Apocalipse 7:2



Apocalipse 7:2

Vi outro anjo que se destaca claramente daqueles quatro anjos que administram a ira, que subia do nascente do sol. Enquanto os anjos geralmente descem do céu (Ap 10.1; 18.1; 20.1), este sobe, assim como se levanta o sol. Não há dúvida de que se trata de um anjo de luz e salvação. Em decorrência, a partir do trono de Deus e do Cordeiro o fim dos tempos não é perpassado apenas por manifestações de ira, mas igualmente também por poderes salutares.

O anjo do bem clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar. Curiosamente há exegetas que gostam de comparar o começo do presente capítulo com o começo do cap. 8. Aqui vigora um grande silêncio sobre a terra, como no cap. 8 no céu. Contudo, aqui não é possível falar de silêncio. Tampouco se deveria supor nestes versículos um período muito longo, p. ex., toda uma época histórica de clemência e do desenvolvimento pacífico da igreja. Que diz o texto? Os anjos da ira já haviam recebido ordens (“fora dado fazer dano”) para enviarem as tempestades sobre o fim dos tempos. Neste momento, porém, rapidamente outra ordem tem preferência, ultrapassando a primeira ordem e alcançando a igreja antes da grande tribulação. Portanto, quando o Senhor impõe fardos à sua igreja (quinto selo) com a mão esquerda, ele já a está carregando com seu forte braço direito. Inclusive os seus fardos. Grande é a experiência da tribulação, mais grandiosa, porém, a experiência da comunhão com ele na tribulação (Jo 16.33).

João vê o anjo munido de um selo do Deus vivo. Na Antiguidade escravos podiam ser selados por seu proprietário, soldados por seu comandante ou fiéis pelo sacerdote. Uma marca inextinguível como declaração irrevogável de propriedade era inscrita, cauterizada ou tatuada neles. Neste ato, porém, o que selava declarava ao mesmo tempo que os protegeria: quem violar esta pessoa, ataca a mim! Por meio deste gesto o próprio Deus se posiciona à frente de seus servos.

Paulo tornou a ilustração do selamento frutífera para o processo divino através do qual uma pessoa se torna cristã, ou seja, para a obtenção do Espírito Santo (2Co 1.22; Ef 1.13; 4.30). Entretanto, este significado não deve ser introduzido aqui sem uma apreciação. No presente contexto não se trata de tornar-se cristão, e tampouco de candidatos ao batismo, como defendem alguns. O selamento não torna alguém servo de Deus, mas refere-se a pessoas que já o são. Um paralelo norteador encontra-se, no entanto, em Ez 9.1-11: Deus quer julgar a Jerusalém idólatra. Ezequiel vê seis homens surgindo com instrumentos de destruição. Somente um deles traz equipamento para escrever. Ele recebe a incumbência de marcar com um sinal de reconhecimento e proteção aqueles habitantes que sofrem honestamente com a apostasia, enquanto é dito aos emissários do juízo: passem pela cidade atrás dele e golpeiem. Não poupem a ninguém. “Mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis” (v. 6). Não há nada mais plausível para o trecho do Apocalipse aqui analisado do que traçar até ele as linhas de Ezequiel. Também aqui surgem emissários do juízo, aos quais se contrapõe um mensageiro da preservação munido do equipamento de selar. Também no presente trecho está em pauta o castigo pela adoração falsa, idólatra (cap. 13), bem como a preservação dos fiéis em meio a execuções judiciais escatológicas. A aflição extraordinária traz consigo intervenções extraordinárias de fidelidade de Deus.

Destas intervenções extraordinárias da fidelidade de Deus no fim dos tempos falam igualmente Mt 24.21,22; Lc 21.36 e 1Co 10.13. Talvez Deus permita que aconteçam mais fatos que seus servos compreendam, porém nunca mais do que podem suportar. Ele não os exime de todos os fardos (Ap 6.9-11), contudo protege-os de todo o mal, i. é, da apostasia. A apostasia generalizada é a experiência mais terrível para a igreja do fim dos tempos (Mt 24.10; 2Ts 2.3; 1Tm 4.1; 1Jo 2.18,19). Não obstante, em meio à assolação e à dissolução gerais há de ser revelada uma maravilhosa constância do verdadeiro Sião (Sl 46.1-7). Nos selados a mentira e a sedução não conquistam terreno. Continuam sendo servos de Deus e sacerdotes e testemunhas até o fim.

Combina com o selamento de tantas pessoas que o anjo da salvação tenha ajudantes. Ele disse: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. A contrapartida destes selados de Deus aparece na figura oposta dos selados de Ap 9.4; 13.16; 14.9,11; 16.2; 19.20; 20.4. Os v. 4-8 elucidarão quem são eles.

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