Estudo sobre Romanos 1:17

Estudo sobre Romanos 1:17

Estudo sobre Romanos 1:17


Romanos 1:17

Por fim Paulo também define o conteúdo do evangelho redentor. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho. A Bíblia conhece maneiras múltiplas de como Deus sai de si, revelando-se por multiformes poderes e dons, palavras e prodígios. Porém nenhuma dessas revelações esgotou aquilo que Deus é, quer e pode. Sempre permanecia um resto. Desse modo todas essas manifestações ficavam devendo aquilo pelo que clama a desesperada realidade do nosso mundo, a saber, a presença definitiva e não turbada de Deus, sua divindade plena e integral. É exatamente isso que agora refulge com a justiça de Deus.

Cabe imaginar primeiramente um processo que acontece em Deus, e uma justiça que seja a dele. O paralelo em Rm 3.26, que serve de parâmetro, interpreta assim o conceito: “Deus manifestou a sua (!) justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo”. Agora, porém, é preciso ler adiante: “e ser o que torna justo aquele que tem fé em Jesus”. O ser justo de Deus não é algo que permanece só com ele. Expande-se poderosamente sobre pessoas e, enfim, sobre a Criação toda (Is 11.9). Paulo traça de imediato a ligação com essa justiça de Deus que se comunica, ainda que o faça com extrema brevidade: É uma justiça que também é concedida a seres humanos, de fé em fé. O primeiro elemento, “de fé” retorna freqüentemente na carta. O “em fé”, porém, parece estar a serviço de um interesse peculiar, porque assegura que a fé sempre volta a penetrar na fé e permanece na fé. Fé não é apenas estágio inicial; pelo contrário, ela caracteriza a maneira como daqui em diante se pode ser verdadeiramente um ser humano. A formulação dupla poderia ser parafraseada assim: unicamente fé, fé de A a Z, fé ininterrupta e como princípio.

Uma citação bíblica de Hc 2.4 fundamenta, com rotina de escriba, a tese enunciada: como está escrito: O justo viverá por fé. A frase relaciona os tópicos mencionados até agora, “justiça” e “fé”, com um terceiro, com “vida”. Forma-se um triângulo terminológico frutífero. Em virtude da brevidade, porém, permanece aberto para entonações diferentes:

• A cadência do pensamento dirige, a princípio, a ênfase sobre o “por fé”. Desse modo a posição contrária à justiça por lei, dos judaístas, recebe um apoio conclusivo baseado da Escritura: Somente da fé origina-se vida!

• Contudo, também é possível enfatizar o “viverá”. Então a ideia não se fixa mais na necessidade da fé para se obter redenção, mas progride em direção de uma declaração para o salvo. A justiça de Deus também capacita para viver, ela tem o objetivo de revelar-se como criadora de vida. A essa perspectiva Paulo dedica a parte epistolar de Rm 5–8 (cf a opr daqueles capítulos).