Estudo sobre Romanos 1:21

Estudo sobre Romanos 1:21

Estudo sobre Romanos 1:21

Romanos 1:21

O v. 21 elucida mais profundamente o trato culposo com a revelação de Deus na Criação. As pessoas não seguem, como exigia o v. 20, a “lei da razão” (7.23). Não tinham lucidez. Não captavam o que estava ao alcance das mãos. Ao invés disso praticavam o que era antinatural. Tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. A princípio, o seu pecado é pecado por omissão. Um duplo “não” os acusa (“não glorificaram”, “não agradeceram”). Portanto, no começo não está o “dizer não”, mas o “não dizer”, desviar o olhar (v. 21), não considerar (v. 28), deixar de ouvir (parakoé; 5.19), esquecer-se (3.11; 10.20).

Quanto à primeira omissão: não glorificaram a Deus como Deus, i. é, o conhecimento de sua soberania não se transformou em reconhecimento. Em vez de honrar e louvar a Deus junto com todas as criaturas, as pessoas negam sua condição de criaturas e principiam a ascensão para ser super-humanas e para se fazer semelhantes a Deus (Gn 3.5). Um enorme ato de força! Consideremos: Diante da diuturna experiência de não ser onipotentes e imortais, ou seja, de com toda a certeza não ser deuses, as pessoas se portam, apesar disso, como um deus! É disso que a humanidade se arroga.

A segunda omissão: Nem lhe deram graças. Também em Lc 6.35 a expressão “os ingratos” serve de designação coletiva para os pecados. Enquanto a negativa de honrar se refere ao próprio doador, a ingratidão se refere ao agir de suas mãos. Quando, porém, não agradecemos a Deus pelo bem que ele nos concedeu, rapidamente o esqueceremos e seremos dominados por autocomiseração sentimental. No fim das contas, na realidade é Deus quem deveria desculpar-se conosco.

A conclusão do versículo descreve o reverso imediato, a saber, aquilo que resta quando falta a glorificação de Deus (cf par em Ef 4.17,18). Causador de toda a miséria é o coração do ser humano. Quando ele pratica o mal, o coração nunca está ausente, mas sempre junto. Não se abre mão da responsabilidade do coração. O coração foi insensato (cf v. 31). Sabia de Deus, mas não o queria. Odiava-o (v. 30; 5.10), porém sem motivo. Entretanto, quem odeia, não é mais capaz de pensar com clareza. Obscurecendo-se-lhes: Apagou para si próprio a luz, escureceu sua existência. Agora não há mais nada de bom a esperar. Eles se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. Apesar de todo o derramamento das bênçãos de Deus e de sua incontestável capacidade de raciocínio, é admirável como as pessoas podem deixar de ser exigentes quanto está em jogo o essencial, a busca pelo sentido último e pela plenitude da vida. A própria expressão “nulos” aponta para a idolatria. No AT os ídolos muitas vezes são chamados de “sopro”, “nadas”h, porque sua aparente divindade não é nada. Afinal, fazem parte da esfera do que foi criado. Dessa forma foram preparados os versículos subsequentes.