Estudo sobre Romanos 7:4-5

Romanos 7:4-5

Segue-se o ensinamento que o exemplo traz para os cristãos: Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo. O trecho de Rm 6.1-10 incutiu esse morrer espiritual durante dez versículos. Em virtude desse procedimento legal não reside, na liberdade diante da lei, nenhum vestígio mínimo de arbitrariedade blasfema. Quem lançasse fora por iniciativa própria a sagrada lei, também não seria verdadeiramente livre da lei, mas um reles servo do pecado. Portanto, cabe diferenciar muito bem entre sem lei e livre da lei. O que o trecho de Rm 6.1-11 ensinou sobre o morrer espiritualmente com Cristo é agora enriquecido pela referência ao corpo do Cristo. Jesus foi submetido à lei em carne e osso, i. é, de forma bem terrena e judaica (Lc 2.21,22; Gl 4.4). De outro modo, não teria sido capaz de cumpri-la nem experimentar a promessa de vida feita pela lei. De acordo com Rm 10.5 ou Gl 3.12, a promessa era: quem cumprir tudo, sem o mais leve traço de quebra da lei, viverá. Jesus completou sua vida na terra dessa maneira, na entrega total a Deus e plena doação por nós de acordo com a vontade de Deus, até a morte (Gl 2.20). Por isso seu morrer também tinha validade legal para nós e, na fé, recebemos justa participação nela. Esse morrer espiritual é mais eficaz, irrevogável e de maior alcance que a morte física. Mais “morto” é impossível. Por isso, porém, também não pode mais ser desvinculado de compromissos antigos. Nossa responsabilidade diante da lei foi completamente saldada pelo corpo de Cristo. Qual abismo profundo estende-se, pois, entre nosso outrora e nosso agora, a sepultura de Jesus. Do lado de lá dominava a lei, na margem de cá Cristo nos estende a mão: para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. Não obstante, se desprezamos esse morrer de Jesus “por nós”, também negamos esse ter morrido com ele. Então a lei também volta a ser nossa chefe.

O v. 5 volta mais uma vez olhar ao passado. Porque, quando vivíamos segundo a carne, ou seja, ainda no estado de “inimizade contra Deus” (8.7), as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. A lei na verdade não produziu o pecado, mas fez funcionar o pecado existente. A oposição latente no pecador foi friccionada no mandamento isolado concreto. A natureza antidivina explodiu, foi flagrada instantaneamente pela lei e, com essa característica, podia ser submetida a julgamento. Mais ainda estávamos sujeitos (à lei), “(a lei) nos mantinha prisioneiros” (v. 6 [BLH]), conforme diz Rm 11.32; Gl 3.23: como detentos numa cadeia de investigações. Sem ilustração: por sua acusação incorruptível na consciência, a lei impede as ilusões de uma justificação própria e de tornar-se feliz apesar da culpa. A lei cuida para que permaneça verdadeiro o refrão de Is 48.22; 57.21: “Para os perversos, todavia, não há paz”. Finalmente, mantém viva a carência de redenção até que venha a fé (Gl 3.23) e Deus use “de misericórdia para com todos” (Rm 11.32).

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Romanos 7:4-5