Estudo sobre Romanos 7:6-7

Romanos 7:6-7

Agora, porém, abriu-se a porta da fé. Nenhum pontinho da lei foi mudado (Mt 5.17-20), mas estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos (como escravos)… na caducidade da letra. O olhar recai sobre o aspecto da lei de Moisés enquanto texto escrito. Por um lado, isso significa que algo está diante de nós contido em letras, preto no branco (cf Jo 19.22; 2Co 3.7). É a vantagem de ser unívoco. Por outro lado, essa qualidade torna as coisas exteriores. Banida para a superfície externa, a lei congela para a exigência pura. Enquanto palavra distante, deixa o coração humano sozinho. Paulo lhe contrapõe, em Rm 10.8-10, a “palavra próxima”, que renova o coração, que o recria. Novidade de espírito é experimentada vivamente como algo inédito ou sequer imaginado. O tema “Espírito” já foi anunciado em Rm 2.29; 5.5 e ocupará um amplo espaço central em Rm 8.1-30.

Novamente a típica forma de pergunta denota que Paulo visa reagir a uma objeção: Que diremos, pois? A importância que ele acabara de atribuir novamente à liberdade da lei parecia confirmar que ele considera negativamente a lei: tudo é bom, desde que a lei desapareça do mundo. Evitem a lei como se fosse pecado! Dessa maneira impõe-se, à semelhança de Gl 3.21, a pergunta: É a lei (igual a) pecado? Sem a menor hesitação, Paulo repele: De modo nenhum! Há, de fato, uma reciprocidade, mas de natureza muito diversa daquela que se alega. É preciso defini-la cuidadosamente. Para isso, Paulo subdivide os passos: Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei. Pecado não se forma por meio da lei, mas o que surge pela lei é o reconhecimento do pecado (como já foi dito em Rm 3.20). Como tantas vezes na Bíblia, também aqui o “reconhecer” abrange mais que adquirir um conhecimento teórico. O que se tem em mente é uma experiência integral, para dentro da qual a lei nos conduz. Isso é exposto melhor no que se segue. Pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Ambição antidivina por vida só se torna plenamente perceptível quando, em lugar de espuma macia, encontra oposição, a saber, quando se depara com o não incondicional e divino da lei. Essa resistência, não os pecados em si, por mais numerosos que sejam, é que cria reconhecimento do pecado. O pecado em si ilude e embaça (v. 11).

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Romanos 7:6-7