Significado de Lamentações 1

Significado de Lamentações 1




1.1-22 — O primeiro poema em Lamentações tem quatro temas: (1) a solidão (v. 1-7); (2) suas causas (v. 8-11); (3) seu propósito (v. 12-17); e (4) uma confissão (v. 18-22). 

1.1 — A interjeição como é utilizada com frequência em lamentos e réquiens, expressando espanto, tristeza e desespero (Lm 2.1; 4.1; Is 1.21; 14.4; Jr 9.19; 48.17; Ez 26.17). O termo solitária alude ao fato de a cidade estar desolada, como uma viúva desamparada. Jerusalém é personificada, ou seja, apresentada como um ser vivo (Is 1.21). Começando no versículo 12, fala a respeito de seus problemas na primeira pessoa. Princesa e tributária. Essa é uma terrível inversão do sucesso. 

1.2 — A expressão entre todos os seus amadores (v. 19) descreve o pecado de Judá de se afastar de Deus e buscar os deuses cananeus (Jr 3.1-6). Além disso, o pecado de Judá geralmente envolvia rituais sexuais de adoração pagã que caracterizavam o povo cananeu. 

1.3 — O reino do sul de Judá é personificado como Jerusalém no versículo 1. As implicações do cativeiro ficam claras. A referência aqui é ao cativeiro babilônico, enfrentado por Judá após a destruição de Jerusalém, em 586 a.C. 

1.4 — Quando o templo foi construído, o termo Sião era utilizado para descrever a colina na qual o edifício ficava localizado. Mais tarde, esse nome passou a representar toda a cidade. O verbo pranteiam, aplicado às estradas, alude ao fato de que não haveria mais multidões de peregrinos viajando para Jerusalém a fim de adorar o Senhor no templo. E a descrição de portas desoladas também é encontrada no Salmo 24.7-10, indicando que as portas nem sempre “viram” tristeza. As palavras sacerdotes e virgens descrevem o povo da cidade; todos experimentavam amargura. 

1.5 — O Senhor a havia afligido, punido Jerusalém em função das prevaricações do povo, que teve um sofrimento totalmente merecido (v. 1). A frase seus filhinhos vão em cativeiro reforçam o castigo predito em Levítico 26.41. Deus já havia advertido Israel de que o povo seria exilado em uma terra estrangeira, caso insistisse no pecado (Dt 32.23-27). As nações estrangeiras eram os instrumentos utilizados por Deus para punir Seu povo. 

1.6 — Filha de Sião é um termo carinhoso para Jerusalém, o qual descreve o grande amor do Senhor pela cidade (Sl. 87.2). Toda a sua glória. A glória de Israel dependia da presença de Deus no meio do Seu povo (Sl. 96.8), no entanto, ela havia-se retirado do Santíssimo Lugar (Ez 9.3; 10.19; 11.22). 

1.7 — Nesse versículo, o nome Jerusalém faz alusão à cidade viúva (v. 1), à nação de Judá (v. 3) e ao centro de adoração no monte Sião (v. 4). A nação, a cidade e o templo foram destruídos pelo exército invasor dos babilônios em 586 a.C. Aqui, dá-se ênfase ao total desespero de Jerusalém ao ver seus inimigos caçoando de sua tragédia (v. 21). A expressão suas mais queridas coisas refere-se a objetos de valor do templo (v. 10) e, talvez, das casas das pessoas (v. 11). 

1.8 — Viram a sua nudez. A pior humilhação para uma mulher era ser despida em público; um tipo de exposição reservado a prostitutas (Ezequiel 16.35-39; 23.29). Era exatam ente nisso que Judá, num sentido espiritual (v. 2,8,9), havia-se transformado. 

1.9 — Judá é descrita como uma prostituta imunda por seu envolvimento com os cananeus e seus pecados. N a verdade, esse comportamento desonroso dela estava tão arraigado, que a nação havia perdido o senso de decoro e não limpava mais suas saias. Essa nação nunca se lembrou do seu fim, apesar da advertência de Moisés: Tomara eles fossem sábios e atentassem para o seu fim (Dt 32.29). 

1.10 — Como o povo de Deus não havia guardado o santuário de seu coração contra o pecado, não teria motivo para ficar surpreso quando seus inimigos profanassem o santuário terreno. Por regra, os gentios não tinham permissão para entrar na congregação do Senhor. (Amom e Moabe são mencionados especificamente em Deuteronômio 23.3,4. A ordem foi estendida a todas as nações em Neemias 13.3 e Ezequiel 44.7, 9.) 

1.11 — Buscando o pão. Moisés havia predito sobre a fome em Deuteronômio 28.17, 38-42. Vê, Senhor. O pedido para que Deus prestasse atenção ao sofrimento de Jerusalém é bastante semelhante ao encontrado nos salmos de lamento (Sl. 142.4). 

1.12 — Os transeuntes são convidados a olhar e ouvir a tristeza de Jerusalém e a compará-la com qualquer outra experimentada por mortais. O furor da ira de Deus é apresentado no contexto do dia do Senhor (Jl. 2.1-11; Sf. 1.14-18). 

1.13 — O sofrimento de Jeremias é apresentado por meio de várias metáforas: o fogo do céu, a rede de um caçador aberta para prender animais, um jugo nos ombros de uma pessoa (v. 14) e uvas esmagadas no lagar (v. 15). Fez-me voltar para trás. Com o sofrimento infligido a Jerusalém, Deus pretendia trazer arrependimento ao povo. 

1.14 — O jugo das minhas prevaricações. Aqui, tenciona-se destacar o estilo de vida pecaminoso que se tornara compulsivo e sobrecarregava o povo, assim como um jugo sobrecarrega um animal de carga. Atado pela sua mão e ele abateu a minha força. Deus impôs um jugo a Sião até que toda sua força se esvaísse, pois, debilitado, o povo estaria mais propenso a ouvi-lo. Daqueles contra os quais não posso resistir ( a r a ) refere-se aos babilónios. 

1.15 — A virgem filha de Judá. A Jerusalém (Judá) deveria ser a noiva pura de Deus. Porém, em vez disso, havia se tornado uma prostituta imunda pelo fato de o povo adorar outros deuses, e não o Deus com quem tinha uma aliança (v. 2,8,9). 

1.16 — O povo de Jerusalém chorou porque o destino que Jeremias havia profetizado se cumpriu. Porque se afastou de mim o consolador. O verdadeiro consolador de Judá era Deus, entretanto, devido ao pecado do povo, o Senhor não viria em seu socorro. 

1.17Levanta as tuas mãos é uma referência à oração (Lm. 2.19). Uma coisa imunda. O s israelitas deveriam-ser o povo santo de Deus (Dt. 7.6), todavia, haviam-se tornado piores do que as nações pagãs vizinhas. 

1.18O Senhor é justo: os versículos 5 e 17 declaram que, em última instância, foi Deus quem permitiu o colapso de Jerusalém. No entanto, Ele permanecia justo e correto no que fazia (Êx. 9.27; Nm 9.33; Jr 12.1). Virgens e jovens. No idioma hebraico, substantivos opostos mencionados juntos - como sacerdotes e virgens, no v. 4 - geralmente indicam totalidade; esses grupos em particular dão a ideia do que havia de melhor na nação (Lm. 2.4,21). 

1.19Sacerdotes e anciãos. O povo que deveria servir de auxílio era, na verdade, fonte de problemas. 

1.20 — Enquanto as estradas que levavam a Jerusalém “lamentavam” porque não haveria mais peregrinos viajando até a cidade (v. 4), a espada dos inimigos de Judá se “entristecia” porque não havia mais judeus para matar. 

1.21,22Todos os meus inimigos. Aqueles que anteriormente haviam se mostrado amigos de Judá tornaram-se seus oponentes (v. 2). Trazendo tu o dia. O dia da ira de Deus é mencionado várias vezes no livro de Lamentações (Lm 2.1, 21,2 2). A expressão dia do Senhor era utilizada para se referir não apenas ao período da queda de Jerusalém no passado, mas também a um dia futuro, quando Deus julgará todos.