Arão — Estudos Bíblicos
Filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi, nasceu no Egito em 1597 AEC. Levi era bisavô de Arão. (Êx 6:13, 16-20) Miriã era sua irmã mais velha e Moisés era seu irmão três anos mais moço. (Êx 2:1-4; 7:7) Arão casou-se com Eliseba, filha de Aminadabe, e teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. (Êx 6:23) Morreu em 1474 AEC, aos 123 anos. — Núm 33:39.
Devido à relutância de Moisés, por achar difícil falar com fluência, Jeová designou Arão para atuar como porta-voz de Moisés perante Faraó, dizendo a respeito de Arão: “Sei deveras que ele pode realmente falar.” Arão foi encontrar-se com Moisés junto ao monte Sinai e foi informado das proporções de longo alcance do programa de ação, divinamente delineado, que envolvia Israel e o Egito, e os irmãos viajaram então juntos de volta ao Egito. — Êx 4:14-16, 27-30.
Arão começou então a servir de “boca” para Moisés, falando por ele aos anciãos de Israel e realizando sinais milagrosos como prova da origem divina das mensagens deles. Quando chegou o tempo de se apresentarem na corte de Faraó, Arão, com 83 anos, como porta-voz de Moisés, teve de enfrentar aquele governante arrogante.
Conforme Yehowah disse posteriormente a Moisés: “Vê, eu te fiz Deus para Faraó, e Arão, teu próprio irmão, se tornará teu profeta.” (Êx 7:1, 7) Foi Arão quem realizou o primeiro sinal milagroso perante Faraó e seus sacerdotes-magos; e, mais tarde, às ordens de Moisés, foi Arão quem estendeu o bastão de Moisés e assinalou o início das Dez Pragas. (Êx 7:9-12, 19, 20) Ele continuou a trabalhar em coordenação unida com Moisés e em obediência a Deus durante as pragas sucessivas, até que finalmente veio a libertação. Nisto era um bom exemplo para os cristãos que servem como “embaixadores, substituindo a Cristo, como se Deus instasse por nosso intermédio”. — Êx 7:6; 2Co 5:20.
A atividade de Arão como porta-voz de Moisés evidentemente diminuiu nos 40 anos de peregrinação pelo ermo, visto que o próprio Moisés parece ter falado mais. (Êx 32:26-30; 34:31-34; 35:1, 4) O bastão também retornou às mãos de Moisés depois da terceira praga. E, na batalha de Amaleque, Arão, junto com Hur, meramente sustentaram os braços de Moisés. (Êx 9:23; 17:9, 12) No entanto, Yehowah geralmente continuou a associar Arão com Moisés ao dar instruções, e eles são mencionados como agindo e falando juntos, até a morte de Arão. — Núm 20:6-12.
Arão, em sua posição subordinada, não acompanhou Moisés ao cume do monte Sinai para receber o pacto da Lei, mas, permitiu-se-lhe, junto com dois de seus filhos e 70 dos anciãos da nação, aproximar-se do monte e contemplar uma visão magnificente da glória de Deus. (Êx 24:9-15) No pacto da Lei, Arão e sua casa receberam menção honrosa, e Deus designou Arão para a posição de sumo sacerdote. — Êx 28:1-3.
I. Sumo Sacerdote.
Por meio duma cerimônia de investidura de sete dias, Arão foi investido em seus sagrados deveres por Moisés, como agente de Deus, e seus quatro filhos também foram empossados como subsacerdotes. Moisés vestiu Arão de belas vestes de materiais de ouro, azuis, púrpuras e escarlates, inclusive ombreiras e um peitoral adornado com pedras preciosas de diversas cores. Sobre a cabeça dele foi colocado um turbante de linho fino. Presa a este havia uma lâmina de ouro puro, estando gravadas nela as palavras: “A santidade pertence a Yehhowah.” (Le 8:7-9; Êx 28) Arão foi então ungido da maneira descrita no Salmo 133:2, e depois disso podia ser chamado de mashíahh, ou messias (khristós, LXX), isto é, o “ungido”. — Le 4:5, 16; 6:22.
Arão não só foi colocado como encarregado de todo o sacerdócio, mas também foi declarado divinamente como aquele de cuja linhagem ou casa deveriam provir todos os futuros sumos sacerdotes. Todavia, o próprio Arão não recebera o sacerdócio por herança, e, assim, o apóstolo Paulo podia dizer a respeito dele: “O homem não se arroga esta honra por si mesmo, mas apenas quando é chamado por Deus, assim como também Arão foi. Assim, também, o Cristo não se glorificou a si mesmo por se tornar sumo sacerdote, mas foi glorificado por aquele que falou com referência a ele: ‘Tu és meu filho; hoje eu me tornei teu pai.’” (He 5:4, 5) Paulo, depois disso, demonstra o modo em que o cargo sacerdotal, primeiro ocupado por Arão, foi típico do ocupado por Cristo Jesus como sumo sacerdote superior e celestial. Em vista disso, as funções sacerdotais do alto cargo de Arão assumem um significado adicional para nós. — He 8:1-6; 9:6-14, 23-28.
Arão, como sumo sacerdote, era responsável por dirigir todos os aspectos da adoração no tabernáculo e por supervisionar a obra dos milhares de levitas empenhados neste serviço. (Núm 3:5-10) No anual Dia da Expiação, ele apresentava as ofertas pelo pecado a favor do sacerdócio e dos levitas, e a favor do povo de Israel, e só ele tinha permissão de entrar no Santíssimo do tabernáculo com o sangue sacrificial dos animais. (Le 16) As ofertas diárias de incenso, a apresentação das primícias da colheita de cereais, e muitos outros aspectos da adoração eram prerrogativas exclusivas de Arão e de seus filhos como sacerdotes. (Êx 30:7, 8; Lu 1:8-11; Le 23:4-11) Sua unção, porém, santificava-o para realizar não somente deveres sacrificiais em prol da nação, mas também outros deveres. Ele era responsável por ensinar à nação a Palavra de Deus. (Le 10:8-11; De 24:8; Mal 2:7) Ele, assim como seus sucessores, servia como principal encarregado sob Yehowah, o Rei. Por ocasião de grandes eventos estatais, ele usava as vestes caras e a “lâmina lustrosa” de ouro no seu turbante de linho. Usava também o peitoral que continha o Urim e o Tumim, habilitando-o a receber o “Sim” ou o “Não” de Yehowah a respeito de problemas nacionais; todavia, durante a vida e a mediação de Moisés, esta particularidade parece ter tido pouco uso. — Êx 28:4, 29, 30, 36.
A devoção de Arão à adoração pura foi cedo colocada à prova pela morte de seus filhos Nadabe e Abiú, que sofreram a destruição da parte de Deus por utilizarem de forma profana suas posições sacerdotais. O registro diz: “E Arão ficou quieto.” Quando ele e seus dois filhos sobreviventes foram instruídos a não prantearem os transgressores mortos, ‘fizeram segundo as palavras de Moisés’. — Le 10:1-11.
Durante quase 40 anos, Arão representou as 12 tribos perante Yehowah na qualidade de sumo sacerdote. Enquanto no ermo, irrompeu uma séria rebelião contra a autoridade de Moisés e Arão. Foi liderada por um levita chamado Corá, junto com os rubenitas Datã, Abirão e Om, que se queixaram da liderança deles. Yehowah fez com que a terra se abrisse sob as tendas de Corá, Datã e Abirão, tragando-os junto com as suas famílias, ao passo que o próprio Corá e 250 de seus co-conspiradores foram destruídos por fogo. (Núm 16:1-35) Irrompeu então uma murmuração por parte da congregação contra Moisés e Arão; e, na praga divina que se seguiu, Arão mostrou grande fé e coragem ao sair obedientemente com seu porta-lume e fazer expiação pelo povo, enquanto “ficou de pé entre os mortos e os vivos”, até que cessou o flagelo. — Núm 16:46-50.
Deus ordenou então que 12 bastões, cada um representando uma das 12 tribos, fossem colocados no tabernáculo, e o bastão para a tribo de Levi recebeu a inscrição do nome de Arão. (Núm 17:1-4) No dia seguinte, Moisés entrou na tenda do Testemunho e verificou que o bastão de Arão produzira botões, brotara flores e dera amêndoas maduras. (Núm 17:8) Isto estabeleceu, além de dúvida, a escolha dos filhos levitas de Arão, por parte de Yehowah, para o serviço sacerdotal, e Sua autorização para Arão ser sumo sacerdote. Depois disso, o direito da casa de Arão ao sacerdócio jamais foi seriamente questionado. O bastão com botões, de Arão, foi colocado na arca do pacto, como “sinal para os filhos da rebeldia”, embora pareça que, depois da morte destes rebeldes e da entrada da nação na Terra da Promessa, o bastão foi removido, tendo cumprido sua finalidade. — Núm 17:10; He 9:4; 2Cr 5:10; 1Rs 8:9.
II. Por que não foi Arão punido por fazer o bezerro de ouro?
Apesar de sua posição privilegiada, Arão tinha suas falhas. Durante a primeira permanência de Moisés no monte Sinai, por 40 dias, “o povo se congregou em volta de Arão e lhe disse: ‘Levanta-te, faze para nós um deus que vá adiante de nós, pois quanto a este Moisés, o homem que nos fez subir da terra do Egito, certamente não sabemos o que lhe aconteceu’”. (Êx 32:1) Arão anuiu e cooperou com estes rebeldes em fazer a estátua dum bezerro de ouro. (Êx 32:2-6) Mais tarde, quando confrontado por Moisés, deu uma desculpa fraca. (Êx 32:22-24) No entanto, Yehowah não o apontou como o principal malfeitor, mas disse a Moisés: “Portanto, deixa-me agora, para que a minha ira se acenda contra eles e eu os extermine.” (Êx 32:10) Moisés provocou uma manifestação sobre o assunto, por clamar: “Quem está do lado de Jeová? A mim!” (Êx 32:26) Todos os filhos de Levi responderam positivamente, e isto sem dúvida incluiu Arão. Três mil idólatras, provavelmente os que tomaram a iniciativa de rebelião, foram mortos por eles. (Êx 32:28) Todavia, Moisés mais tarde lembrou aos remanescentes do povo que eles também tinham culpa. (Êx 32:30) Arão, portanto, não foi o único a obter a misericórdia de Deus. Suas ações subseqüentes indicam que ele não concordara de coração com o movimento idólatra, mas simplesmente cedera à pressão dos rebeldes. (Êx 32:35) Yehowah mostrou que Arão tinha recebido Seu perdão por manter válida a designação de Arão como sumo sacerdote. — Êx 40:12, 13.
Depois de ter lealmente apoiado seu irmão mais moço em muitas experiências difíceis, e de ter sido recentemente empossado como sumo sacerdote por Moisés como representante de Deus, Arão juntou-se tolamente a sua irmã, Miriã, em criticar Moisés por seu casamento com uma cusita, e em desafiar a relação e a posição ímpares de Moisés com Deus, dizendo: “É somente por meio de Moisés que Yehowah falou? Não falou também por meio de nós?” (Núm 12:1, 2) Yehowah agiu prontamente, trouxe os três diante de si, em frente da tenda de reunião, e puniu severamente Arão e Miriã por desrespeitarem a designação de Deus. O fato de que apenas Miriã foi afligida de lepra pode apontá-la como instigadora dessa ação, e pode indicar que Arão de novo mostrara fraqueza por se deixar induzir a juntar-se a ela. Não obstante, se Arão tivesse sido similarmente afligido de lepra, isso teria invalidado sua designação como sumo sacerdote, segundo a lei de Deus. (Le 21:21-23) Sua correta atitude de coração se manifestou por sua imediata confissão e pedido de desculpas pela tolice de seu ato, e por sua súplica desesperada em prol da intercessão de Moisés em favor da leprosa Miriã. — Núm 12:10-13.
Arão de novo teve parte na responsabilidade pelo erro quando ele, junto com Moisés, deixou de santificar e honrar a Deus perante a congregação no incidente que envolvia prover água em Meribá, em Cades. Por tal ação, Deus decretou que nenhum dos dois teria o privilégio de levar a nação para a Terra da Promessa. — Núm 20:9-13.
No primeiro dia do mês de ab, no 40.° ano após o Êxodo, a nação de Israel estava acampada na fronteira de Edom, diante do monte Hor. Em questão de meses atravessariam o Jordão; mas não Arão, de 123 anos. Segundo instruções de Yehowah, com todo o acampamento observando, Arão, seu filho Eleazar e Moisés subiram ao cume do monte Hor. Ali Arão deixou que seu irmão removesse dele suas vestes sacerdotais e as colocasse no seu filho e sucessor como sumo sacerdote, Eleazar. Daí Arão morreu. Foi provavelmente sepultado ali por seu irmão e seu filho, e, por 30 dias, Israel pranteou a sua morte. — Núm 20:24-29.
É digno de nota que, em cada um dos seus três desvios, Arão não aparece como o principal iniciador da ação errada, mas, antes, parece ter permitido que a pressão das circunstâncias ou a influência de outros o desviasse dum proceder de retidão. Especialmente na sua primeira transgressão, poderia ter aplicado o princípio subentendido na ordem: “Não deves acompanhar a multidão para maus objetivos.” (Êx 23:2) Sem embargo, seu nome é posteriormente usado nas Escrituras de modo honroso, e o Filho de Deus, durante sua vida terrestre, reconheceu a legitimidade do sacerdócio arônico. — Sal 115:10, 12; 118:3; 133:1, 2; 135:19; Mt 5:17-19; 8:4.
Descendentes Sacerdotais de Arão. A expressão “aronitas” aparece nas versões Rei Jaime e Moffat (em inglês) em 1 Crônicas 12:27; 27:17, e neste último texto também na versão Almeida atualizada. (O texto massorético, em hebraico, simplesmente usa o nome Arão. LXX [edição de Lagarde, em 1Cr 12:27] diz “dos filhos de Arão”.) É evidente que a palavra “Arão” aqui é usada em sentido coletivo, parecido ao uso do nome Israel, e representa a casa de Arão ou seus descendentes masculinos, no tempo de Davi, que eram da tribo de Levi e serviam como sacerdotes. (1Cr 6:48-53) Certa tradução reza: “E Jeoiada era o líder [dos filhos] de Arão, e com ele havia três mil e setecentos” (1Cr 12:27), colocando entre colchetes as palavras “dos filhos”, para indicar que foram adicionadas.
Devido à relutância de Moisés, por achar difícil falar com fluência, Jeová designou Arão para atuar como porta-voz de Moisés perante Faraó, dizendo a respeito de Arão: “Sei deveras que ele pode realmente falar.” Arão foi encontrar-se com Moisés junto ao monte Sinai e foi informado das proporções de longo alcance do programa de ação, divinamente delineado, que envolvia Israel e o Egito, e os irmãos viajaram então juntos de volta ao Egito. — Êx 4:14-16, 27-30.
Arão começou então a servir de “boca” para Moisés, falando por ele aos anciãos de Israel e realizando sinais milagrosos como prova da origem divina das mensagens deles. Quando chegou o tempo de se apresentarem na corte de Faraó, Arão, com 83 anos, como porta-voz de Moisés, teve de enfrentar aquele governante arrogante.
Conforme Yehowah disse posteriormente a Moisés: “Vê, eu te fiz Deus para Faraó, e Arão, teu próprio irmão, se tornará teu profeta.” (Êx 7:1, 7) Foi Arão quem realizou o primeiro sinal milagroso perante Faraó e seus sacerdotes-magos; e, mais tarde, às ordens de Moisés, foi Arão quem estendeu o bastão de Moisés e assinalou o início das Dez Pragas. (Êx 7:9-12, 19, 20) Ele continuou a trabalhar em coordenação unida com Moisés e em obediência a Deus durante as pragas sucessivas, até que finalmente veio a libertação. Nisto era um bom exemplo para os cristãos que servem como “embaixadores, substituindo a Cristo, como se Deus instasse por nosso intermédio”. — Êx 7:6; 2Co 5:20.
A atividade de Arão como porta-voz de Moisés evidentemente diminuiu nos 40 anos de peregrinação pelo ermo, visto que o próprio Moisés parece ter falado mais. (Êx 32:26-30; 34:31-34; 35:1, 4) O bastão também retornou às mãos de Moisés depois da terceira praga. E, na batalha de Amaleque, Arão, junto com Hur, meramente sustentaram os braços de Moisés. (Êx 9:23; 17:9, 12) No entanto, Yehowah geralmente continuou a associar Arão com Moisés ao dar instruções, e eles são mencionados como agindo e falando juntos, até a morte de Arão. — Núm 20:6-12.
Arão, em sua posição subordinada, não acompanhou Moisés ao cume do monte Sinai para receber o pacto da Lei, mas, permitiu-se-lhe, junto com dois de seus filhos e 70 dos anciãos da nação, aproximar-se do monte e contemplar uma visão magnificente da glória de Deus. (Êx 24:9-15) No pacto da Lei, Arão e sua casa receberam menção honrosa, e Deus designou Arão para a posição de sumo sacerdote. — Êx 28:1-3.
I. Sumo Sacerdote.
Por meio duma cerimônia de investidura de sete dias, Arão foi investido em seus sagrados deveres por Moisés, como agente de Deus, e seus quatro filhos também foram empossados como subsacerdotes. Moisés vestiu Arão de belas vestes de materiais de ouro, azuis, púrpuras e escarlates, inclusive ombreiras e um peitoral adornado com pedras preciosas de diversas cores. Sobre a cabeça dele foi colocado um turbante de linho fino. Presa a este havia uma lâmina de ouro puro, estando gravadas nela as palavras: “A santidade pertence a Yehhowah.” (Le 8:7-9; Êx 28) Arão foi então ungido da maneira descrita no Salmo 133:2, e depois disso podia ser chamado de mashíahh, ou messias (khristós, LXX), isto é, o “ungido”. — Le 4:5, 16; 6:22.
Arão não só foi colocado como encarregado de todo o sacerdócio, mas também foi declarado divinamente como aquele de cuja linhagem ou casa deveriam provir todos os futuros sumos sacerdotes. Todavia, o próprio Arão não recebera o sacerdócio por herança, e, assim, o apóstolo Paulo podia dizer a respeito dele: “O homem não se arroga esta honra por si mesmo, mas apenas quando é chamado por Deus, assim como também Arão foi. Assim, também, o Cristo não se glorificou a si mesmo por se tornar sumo sacerdote, mas foi glorificado por aquele que falou com referência a ele: ‘Tu és meu filho; hoje eu me tornei teu pai.’” (He 5:4, 5) Paulo, depois disso, demonstra o modo em que o cargo sacerdotal, primeiro ocupado por Arão, foi típico do ocupado por Cristo Jesus como sumo sacerdote superior e celestial. Em vista disso, as funções sacerdotais do alto cargo de Arão assumem um significado adicional para nós. — He 8:1-6; 9:6-14, 23-28.
Arão, como sumo sacerdote, era responsável por dirigir todos os aspectos da adoração no tabernáculo e por supervisionar a obra dos milhares de levitas empenhados neste serviço. (Núm 3:5-10) No anual Dia da Expiação, ele apresentava as ofertas pelo pecado a favor do sacerdócio e dos levitas, e a favor do povo de Israel, e só ele tinha permissão de entrar no Santíssimo do tabernáculo com o sangue sacrificial dos animais. (Le 16) As ofertas diárias de incenso, a apresentação das primícias da colheita de cereais, e muitos outros aspectos da adoração eram prerrogativas exclusivas de Arão e de seus filhos como sacerdotes. (Êx 30:7, 8; Lu 1:8-11; Le 23:4-11) Sua unção, porém, santificava-o para realizar não somente deveres sacrificiais em prol da nação, mas também outros deveres. Ele era responsável por ensinar à nação a Palavra de Deus. (Le 10:8-11; De 24:8; Mal 2:7) Ele, assim como seus sucessores, servia como principal encarregado sob Yehowah, o Rei. Por ocasião de grandes eventos estatais, ele usava as vestes caras e a “lâmina lustrosa” de ouro no seu turbante de linho. Usava também o peitoral que continha o Urim e o Tumim, habilitando-o a receber o “Sim” ou o “Não” de Yehowah a respeito de problemas nacionais; todavia, durante a vida e a mediação de Moisés, esta particularidade parece ter tido pouco uso. — Êx 28:4, 29, 30, 36.
A devoção de Arão à adoração pura foi cedo colocada à prova pela morte de seus filhos Nadabe e Abiú, que sofreram a destruição da parte de Deus por utilizarem de forma profana suas posições sacerdotais. O registro diz: “E Arão ficou quieto.” Quando ele e seus dois filhos sobreviventes foram instruídos a não prantearem os transgressores mortos, ‘fizeram segundo as palavras de Moisés’. — Le 10:1-11.
Durante quase 40 anos, Arão representou as 12 tribos perante Yehowah na qualidade de sumo sacerdote. Enquanto no ermo, irrompeu uma séria rebelião contra a autoridade de Moisés e Arão. Foi liderada por um levita chamado Corá, junto com os rubenitas Datã, Abirão e Om, que se queixaram da liderança deles. Yehowah fez com que a terra se abrisse sob as tendas de Corá, Datã e Abirão, tragando-os junto com as suas famílias, ao passo que o próprio Corá e 250 de seus co-conspiradores foram destruídos por fogo. (Núm 16:1-35) Irrompeu então uma murmuração por parte da congregação contra Moisés e Arão; e, na praga divina que se seguiu, Arão mostrou grande fé e coragem ao sair obedientemente com seu porta-lume e fazer expiação pelo povo, enquanto “ficou de pé entre os mortos e os vivos”, até que cessou o flagelo. — Núm 16:46-50.
Deus ordenou então que 12 bastões, cada um representando uma das 12 tribos, fossem colocados no tabernáculo, e o bastão para a tribo de Levi recebeu a inscrição do nome de Arão. (Núm 17:1-4) No dia seguinte, Moisés entrou na tenda do Testemunho e verificou que o bastão de Arão produzira botões, brotara flores e dera amêndoas maduras. (Núm 17:8) Isto estabeleceu, além de dúvida, a escolha dos filhos levitas de Arão, por parte de Yehowah, para o serviço sacerdotal, e Sua autorização para Arão ser sumo sacerdote. Depois disso, o direito da casa de Arão ao sacerdócio jamais foi seriamente questionado. O bastão com botões, de Arão, foi colocado na arca do pacto, como “sinal para os filhos da rebeldia”, embora pareça que, depois da morte destes rebeldes e da entrada da nação na Terra da Promessa, o bastão foi removido, tendo cumprido sua finalidade. — Núm 17:10; He 9:4; 2Cr 5:10; 1Rs 8:9.
II. Por que não foi Arão punido por fazer o bezerro de ouro?
Apesar de sua posição privilegiada, Arão tinha suas falhas. Durante a primeira permanência de Moisés no monte Sinai, por 40 dias, “o povo se congregou em volta de Arão e lhe disse: ‘Levanta-te, faze para nós um deus que vá adiante de nós, pois quanto a este Moisés, o homem que nos fez subir da terra do Egito, certamente não sabemos o que lhe aconteceu’”. (Êx 32:1) Arão anuiu e cooperou com estes rebeldes em fazer a estátua dum bezerro de ouro. (Êx 32:2-6) Mais tarde, quando confrontado por Moisés, deu uma desculpa fraca. (Êx 32:22-24) No entanto, Yehowah não o apontou como o principal malfeitor, mas disse a Moisés: “Portanto, deixa-me agora, para que a minha ira se acenda contra eles e eu os extermine.” (Êx 32:10) Moisés provocou uma manifestação sobre o assunto, por clamar: “Quem está do lado de Jeová? A mim!” (Êx 32:26) Todos os filhos de Levi responderam positivamente, e isto sem dúvida incluiu Arão. Três mil idólatras, provavelmente os que tomaram a iniciativa de rebelião, foram mortos por eles. (Êx 32:28) Todavia, Moisés mais tarde lembrou aos remanescentes do povo que eles também tinham culpa. (Êx 32:30) Arão, portanto, não foi o único a obter a misericórdia de Deus. Suas ações subseqüentes indicam que ele não concordara de coração com o movimento idólatra, mas simplesmente cedera à pressão dos rebeldes. (Êx 32:35) Yehowah mostrou que Arão tinha recebido Seu perdão por manter válida a designação de Arão como sumo sacerdote. — Êx 40:12, 13.
Depois de ter lealmente apoiado seu irmão mais moço em muitas experiências difíceis, e de ter sido recentemente empossado como sumo sacerdote por Moisés como representante de Deus, Arão juntou-se tolamente a sua irmã, Miriã, em criticar Moisés por seu casamento com uma cusita, e em desafiar a relação e a posição ímpares de Moisés com Deus, dizendo: “É somente por meio de Moisés que Yehowah falou? Não falou também por meio de nós?” (Núm 12:1, 2) Yehowah agiu prontamente, trouxe os três diante de si, em frente da tenda de reunião, e puniu severamente Arão e Miriã por desrespeitarem a designação de Deus. O fato de que apenas Miriã foi afligida de lepra pode apontá-la como instigadora dessa ação, e pode indicar que Arão de novo mostrara fraqueza por se deixar induzir a juntar-se a ela. Não obstante, se Arão tivesse sido similarmente afligido de lepra, isso teria invalidado sua designação como sumo sacerdote, segundo a lei de Deus. (Le 21:21-23) Sua correta atitude de coração se manifestou por sua imediata confissão e pedido de desculpas pela tolice de seu ato, e por sua súplica desesperada em prol da intercessão de Moisés em favor da leprosa Miriã. — Núm 12:10-13.
Arão de novo teve parte na responsabilidade pelo erro quando ele, junto com Moisés, deixou de santificar e honrar a Deus perante a congregação no incidente que envolvia prover água em Meribá, em Cades. Por tal ação, Deus decretou que nenhum dos dois teria o privilégio de levar a nação para a Terra da Promessa. — Núm 20:9-13.
No primeiro dia do mês de ab, no 40.° ano após o Êxodo, a nação de Israel estava acampada na fronteira de Edom, diante do monte Hor. Em questão de meses atravessariam o Jordão; mas não Arão, de 123 anos. Segundo instruções de Yehowah, com todo o acampamento observando, Arão, seu filho Eleazar e Moisés subiram ao cume do monte Hor. Ali Arão deixou que seu irmão removesse dele suas vestes sacerdotais e as colocasse no seu filho e sucessor como sumo sacerdote, Eleazar. Daí Arão morreu. Foi provavelmente sepultado ali por seu irmão e seu filho, e, por 30 dias, Israel pranteou a sua morte. — Núm 20:24-29.
É digno de nota que, em cada um dos seus três desvios, Arão não aparece como o principal iniciador da ação errada, mas, antes, parece ter permitido que a pressão das circunstâncias ou a influência de outros o desviasse dum proceder de retidão. Especialmente na sua primeira transgressão, poderia ter aplicado o princípio subentendido na ordem: “Não deves acompanhar a multidão para maus objetivos.” (Êx 23:2) Sem embargo, seu nome é posteriormente usado nas Escrituras de modo honroso, e o Filho de Deus, durante sua vida terrestre, reconheceu a legitimidade do sacerdócio arônico. — Sal 115:10, 12; 118:3; 133:1, 2; 135:19; Mt 5:17-19; 8:4.
Descendentes Sacerdotais de Arão. A expressão “aronitas” aparece nas versões Rei Jaime e Moffat (em inglês) em 1 Crônicas 12:27; 27:17, e neste último texto também na versão Almeida atualizada. (O texto massorético, em hebraico, simplesmente usa o nome Arão. LXX [edição de Lagarde, em 1Cr 12:27] diz “dos filhos de Arão”.) É evidente que a palavra “Arão” aqui é usada em sentido coletivo, parecido ao uso do nome Israel, e representa a casa de Arão ou seus descendentes masculinos, no tempo de Davi, que eram da tribo de Levi e serviam como sacerdotes. (1Cr 6:48-53) Certa tradução reza: “E Jeoiada era o líder [dos filhos] de Arão, e com ele havia três mil e setecentos” (1Cr 12:27), colocando entre colchetes as palavras “dos filhos”, para indicar que foram adicionadas.