Significado de Levítico 16

Levítico 16

16:1-34 Este capítulo a respeito do Dia da Expiação figura no centro de Levítico e no centro do Pentateuco. O Dia da Expiação marcava a mais importante e a mais abrangente aproximação de Deus de todo ano feita por Israel. Os rabinos o chamam de o dia ou o grande dia. Uma importante parte da Mishná [primeira grande redação escrita da tradição oral judaica] é dedicada a ele, e o Dia da Expiação continua sendo o dia mais sagrado da fé judaica. Lucas chamou a data de o jejum (At 27.9). Muito do seu simbolismo remete à morte propiciatória de Cristo.

16:1 Os dois filhos de Arão morreram porque ofereceram fogo estranho a Deus, literalmente, aproximaram-se do Senhor. Para que Arão chegas se diante do Senhor, a fim de ser o intermediário entre Israel e Deus, ele teria de saber como fazê-lo de forma apropriada, para não sofrer o mesmo trágico destino que seus filhos. Esta informação conecta-se ao capítulo 10 e continua a narrativa deste. Os capítulos 1115 se interpõem entre as narrativas, não por razões cronológicas, mas por motivos teológicos. A descrição das impurezas físicas das pessoas, que impediam o acesso destas ao tabernáculo até que estivessem devidamente purificadas, funcionou como exemplos de ensinamentos objetivos, pois tal estado necessitava de propiciação no Dia da Expiação.

16:2, 3 A ordem de Deus para não entrar no santuário em todo o tempo, para dentro do véu alude à atitude arrogante tomada pelos filhos do sacerdote ao se aproximarem do Senhor para oferecer uma oferta não autorizada (Lv 10.1). O santíssimo, o compartimento mais recôndito do tabernáculo, era separado de um cômodo maior (o lugar santo) por um véu de linho fino trançado de fios de te eido azul, roxo e vermelho (Ex 26.31 NVI). A sentença para que não morra demonstra que a aproximação descuidada da presença de Deus podia ser fatal.

16:4, 5 As vestes mencionadas nestes trechos não são os acessórios e o manto descritos em Êxodo 28. Essas são vestimentas simples de linho que os sacerdotes usavam ao cumprir seu dever no altar. Neste dia, o sumo sacerdote deveria adornar-se com simplicidade e humildade. Ele oferecia a expiação por si próprio primeiro, depois por sua família e, então, por todo o Israel.

16:6, 7 Após oferecer o sacrifício pelo seu próprio pecado, o sacerdote estava apto a ofertar os sacrifícios expiatórios pelas pessoas. O autor de Hebreus dá grande ênfase a este ponto ao examinar o sacerdócio superior de Jesus (Hb 7.26- 28; 9.11-28; 10.19-22).

16:8-10 Para ser bode emissário quer dizer, literalmente, para Azazel [como na NVI]. O significado do termo é vigorosamente debatido. Alguns o consideram um substantivo abstrato que significa para a remoção completa. Outros o veem como o nome de um lugar, ou a designação de um deserto do demônio. Se a terceira posição estiver correta, é importante ressaltar que este bode não era sacrificado para Satanás. Enviar o animal para o deserto significava que os pecados das pessoas eram leva dos para longe destas e de volta à sua origem maligna, onde nunca mais poderiam fazer-lhes mal.

16:11-14 Apenas neste dia do ano o sumo sacerdote entrava no Santo dos santos. Ele levava um recipiente com o sangue do novilho (de sua própria oferta pelo pecado) junto com o incensário cheio de brasas do altar e dois punhados de incenso aromático moído. Não fica claro se o sacerdote colocava o incenso no incensário antes ou depois de entrar no Santo dos santos. Mas, era o aroma do incenso queimando que o protegia (compare com Nm 16:46-50).

16:12 Moído quer dizer finamente moído em pó.

16:13, 14 Para a banda do oriente era o mesmo que aos pés de Yahweh, no lugar onde se acreditava que Yahweh estaria assentado em Seu trono de misericórdia, representado pela tampa do propiciatório, em direção ao oriente.

16:15-19 Degolará o bode da oferta pela expiação, que será para o povo. As instruções que envolviam este sacrifício deixavam claro que os pecados das pessoas tinham um efeito maculador sobre o tabernáculo. Se não fossem removidas, as ofensas poderiam causar ineficácia no ministério em relação à propiciação dos pecados.

16:17 Mesmo que em outros dias qualquer sacerdote pudesse entrar na tenda da congregação, nesta data específica apenas o sumo sacerdote (Arão) estava autorizado a transpor a área sagrada, incluindo o lugar santo e o santíssimo.

16:18, 19 Este altar pode ser o altar do incenso, localizado no lugar santo, ou o altar dos sacrifícios, no pátio externo do tabernáculo. Ambos possuíam pontas. Visto que nenhuma outra mobília é mencionada, pode ser que a propiciação pelo Santo dos santos abrangesse todos os móveis que ficavam dentro do santuário, e a propiciação pelo altar do sacrifício incluísse todas as coisas da parte externa do tabernáculo.

16:20 Arão executou todos esses procedimentos longe das vistas do povo.

16:21 Enviar o bode para o deserto era uma cerimônia pública. Todos podiam ver Arão simbolicamente colocando todas as iniquidades, as transgressões e os pecados contra Deus sobre a cabeça do bode, que os levava para fora do acampamento, para longe das pessoas e do Senhor. O homem designado para conduzir o animal era um indivíduo que estava preparado e aguardava para cumprir sua tarefa.

16:22 Levará sobre si todas as iniquidades foi o princípio que deu origem à expressão bode expia tório. O animal não era culpado dos pecados que carregava, mas era enviado para longe, permitindo que os ofensores se sentissem perdoados por suas ofensas. Quando Jesus carregou os pecados da humanidade, e morreu fora da cidade (fora do acampamento), Ele cumpriu a cerimônia do Dia da Expiação. Cristo não foi apenas o perfeito sumo sacerdote; Ele também foi o sacrifício perfeito.

16:23-28 Estando o tabernáculo limpo das culpas acumuladas do povo, Arão podia sacrificar uma oferta em holocausto por si próprio e uma pelo povo da forma como foi prescrito em Levítico 1.

16:25, 26 Arão queimou a gordura da oferta pela expiação do pecado como fora instruído em Levítico 4.11, 12.

16:29-34 Este segmento é um resumo dos ritos do Dia da Expiação. Três vezes a expressão estatuto perpétuo aparece (v. 29, 31, 34). Este era o dia mais importante do ano para Israel, e seus ritos não deveriam ser descontinuados até chegar o grande Dia, completando todas as provisões. A palavra traduzida do hebraico como perpétuo significa até o fim da era. A morte de Cristo, o sacrifício efetivo e permanente contrastando com os sacrifícios do Dia da Expiação, que tinham de ser repetidos todos os anos, trouxe o fim de uma era e o início de outra. Sendo assim, hoje seria apropriado nós, cristãos, vermos esse dia como um dia de recordação da propiciação feita por Cristo.

16:29, 30 O Dia da Expiação ocorria no sétimo mês, aos dez do mês, o que corresponde ao período entre meados de setembro e meados de outubro. Nesse dia, o povo deveria [afligir] a [sua] alma, isto é, fazer um autoexame com o objetivo de arrepender-se das atitudes erradas e buscar o perdão de Deus. Realizar apenas os processos de sacrifícios sem o genuíno arrependimento era inútil.

16:31 Um sábado de descanso indica que era uma data mais sagrada e guardada com maior rigor do que o sábado normal, o Shabat.

16:32, 33 A ordem para administrar o sacerdócio no lugar de seu pai enfatiza que este dia devia ser cumprido por todas as gerações futuras de Israel.

16:34 E fez Arão como o Senhor ordenara a Moisés. Isso indica que Arão, em seu papel de sumo sacerdote, executou tudo o que Deus instruíra acerca deste importante dia.

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