Significado de Amós 1
Amós 1
1.1—2.16 — O Senhor mandou Amós, que era de Judá, a Betei para profetizar o juízo que viria sobre Israel. Mas, em Betei, Amós se deparou com um público hostil. O primeiro rei de Israel, Jeroboão I, tornara a cidade um centro de adoração pagã. Como o templo de Jerusalém estava em Judá e não na nação de Israel, Jeroboão estimulara os israelitas a adorarem em Betei em vez de o fazerem em Jerusalém. Dessa forma, os israelitas que se agrupavam em Betei viam Amós, nativo de Judá, com suspeitas. Mesmo assim, Amós corajosamente condenou os pecados dos vizinhos de Israel - os sírios, os filisteus, os fenícios, os edomeus, os amonitas e os moabitas. E prosseguiu apontando a iniquidade de Judá e de Israel: haviam rejeitado o Deus que fizera aliança com eles. Também estavam condenados perante Deus por suas próprias perversidades. Firmemente, Amós conclamou os israelitas a voltarem-se para o Deus vivo.
1.1 — Tecoa ficava a cerca de 15 km ao sul de Jerusalém, em uma região apropriada para a criação de cordeiros e cabras. O terremoto, mencionado novamente em Zacarias 14.5, não pode ser datado com precisão.
1.2 — O templo ficava no monte Sião, a parte mais antiga de Jerusalém. Quando o Senhor bramia desse lugar, a nação ressecava ao calor da língua de fogo. O fato de o cume do monte Carmelo, na costa norte de Israel, secar-se indica um grande desastre. O Carmelo tinha jardins que normalmente mantinham sua exuberância e florescimento o ano inteiro.
1.3 — Assim diz o Senhor. Não havia quanto à autoridade que proferia estas mensagens. Era apropria palavra de Deus.
Por três... e por quatro. Este recurso estilístico indicava como a paciência de Deus estava exaurida - os sírios tinham persistido no pecado, sem cessar. Esse recurso é usado de novo quando Amós transmite as palavras de Deus contra uma nação pecadora após outra. As transgressões dos vizinhos de Israel e Judá eram contra a revelação geral, ou “lei natural”, que todas as pessoas reconhecem e obedecem. Como as nações vizinhas não tinham recebido a revelação específica de Deus, tal como Israel no monte Sinai, os oráculos de Amós não os chamava à ordem por esse padrão, mas pelo padrão que tinham recebido.
Damasco era a capital da Síria (também chamada de Arã), um reino poderoso, que tinha sido adversário frequente de Israel durante toda a sua história. Os israelitas que foram à audiência de Amós devem ter ficado felizes ao ouvirem que Deus castigaria Damasco. Gileade era a região na margem leste do Jordão, do rio Jarmuque ao mar Morto. Pertencia a Israel desde que tomaram a terra, mas Arã tinha lutado muitas vezes com Israel pela posse do norte de Gileade, conseguindo dominá-la quando Israel demonstrava fraqueza militar.
Trilharam... com trilhos de ferro indica extrema crueldade e desumanidade na guerra. Depois da ceifa, o trigo ou a cevada era disposto na eira, uma superfície plana e dura como a pedra ou terra batida. Um boi puxava um trenó de madeira pela eira. Os cascos do boi e as pedras afiadas engastadas no fundo do trenó separavam os grãos das cascas de trigo.
1.4 — Porei fogo... e ele consumirá os palácios. Nas cidades da Antiguidade, incêndios eram grandes ameaças. As cidades tinham casas coladas umas às outras em ruas muito estreitas; havia muito pouca água para apagar efetivamente grandes incêndios.
Hazael e Bene-Hadade foram reis da Síria que trataram a Israel de forma particularmente cruel.
1.5 — E quebrarei. Amós faz diversas referências à demolição de infraestruturas urbanas que ocorreriam no dia do juízo. Ele menciona especificamente as que pertencem à defesa das cidades. As antigas muralhas nas cidades costumavam conter pequenas fortalezas, ou cidadelas em pontos estratégicos ao longo de sua extensão, e especialmente ao lado dos portões. Essas estruturas reforçadas serviam como posto de observação para os comandantes e como meio de defesa secundário caso as muralhas fossem penetradas. Ferrolho era o grande madeiro que, de dentro, barrava a entrada pelo portão da cidade. Se fosse quebrado, a cidade perderia sua segurança e poderia ser capturada facilmente.
Biqueate-Aven... Bete-Eden. Aqui, Amós talvez quis fazer um jogo de palavras. Aven significa “pecado”, em hebraico; Damasco era uma cidade oásis verdejante à margem do deserto que podia ser comparado ao Éden. Mas, Amós também poderia estar referindo-se à região de Bete-Eden, na margem norte do rio Eufrates. Quir foi para onde o rei assírio Tiglate-Pileser III exilou os sírios de Damasco em 732 a.C. Depois, Amós fala de Quir como o local de onde originariamente provinham os sírios (Am 9.7).
1.6,7 — Gaza era uma das cinco principais cidades dos filisteus, os tradicionais inimigos de Israel, que viviam na costa sudoeste de Canaã. Levarão em cativeiro... para os entregarem. O principal método de aquisição de escravos estrangeiros no antigo Oriente Médio era capturá-los na guerra. Havia muitas ocorrências de guerra aberta e invasões de pequena escala entre Filístia e Judá e entre Filístia e Israel, na longa história de sua inimizade. Edom controlava importantes rotas comerciais e mantinha relações comerciais com diversas nações; elas comercializavam escravos, dentre outros bens valiosos.
1.8 — Asdode e Asquelom, cidades costeiras localizadas ao norte de Gaza, eram duas das cinco maiores cidades filistéias. Ecrom, também uma das cinco maiores cidades filistéias, situava-se no interior do continente.
1.9,10 — Tiro, a principal cidade fenícia, ficava na costa noroeste de Canaã. Os fenícios eram mestres da navegação. Tiro e Israel tinham costurado juntos uma lucrativa aliança para ambos. Mas Tiro ignorou a antiquíssima aliança dos irmãos, e buscava lucro comercial vendendo escravos israelitas para Edom.
1.11 — A nação de Edom, a sudeste do mar Morto, controlava importantes rotas de caravanas comerciais, estando assim muito envolvida com negócios.
A seu irmão. Os edomitas eram descendentes de Esaú, o irmão de Jacó. Mas, várias vezes durante o relacionamento complicado deles, Edom se aproveitou do infortúnio de Israel (ou de Judá) para ajudar outros a atacá-lo.
1.12 — Temã e Bozra eram importantes cidades edomitas.
1.13 — A nação de Amom, localizada a leste de Gileade, às margens do deserto, descendia de um dos filhos de Ló, o sobrinho de Abraão (Gn 19.36-38). Portanto, Amom se relacionava com Israel, embora não tão de perto como Edom. Fenderam... dilatarem os seus termos. Os amonitas matavam as grávidas para impedir o aumento da população israelita em Gileade, que estavam tentando sair do controle de Israel.