Interpretação de Números 6

Números 6

Números 6 contém instruções sobre o voto nazireu, que é um voto voluntário de dedicação e consagração a Deus. Ele descreve regras e requisitos específicos para indivíduos que optam por fazer o voto de nazireu. Aqui está uma interpretação de Números capítulo 6:

1. O voto de nazireu: O capítulo começa introduzindo o conceito do voto de nazireu, que é um compromisso pessoal e voluntário de dedicar-se a Deus por um período específico. Este voto reflete o desejo de um nível mais profundo de santidade e consagração na vida de alguém.

2. Abstenção de Certas Coisas: Aqueles que fazem o voto de nazireu comprometem-se com vários requisitos específicos durante a sua duração. Esses requisitos incluem abster-se de vinho e outras bebidas fermentadas, evitar contato com os mortos (incluindo parentes próximos) e abster-se de cortar o cabelo.

3. Simbolismo das Abstenções: As restrições impostas aos nazireus têm um significado simbólico. Abster-se de vinho e de outras substâncias intoxicantes simboliza a separação dos prazeres mundanos e o foco nos assuntos espirituais. Evitar o contato com os mortos significa uma separação do reino da morte e da impureza. Não cortar o cabelo é um sinal visível da sua consagração e um símbolo da sua dedicação a Deus.

4. Duração do voto de nazireu: O voto de nazireu poderia ser feito por um período específico, com durações comuns de 30, 60 ou 100 dias. Após o tempo designado, o nazireu cumpriria seu voto e passaria por um processo de purificação, incluindo a oferta de sacrifícios.

5. Propósito do Voto de Nazireu: O voto de nazireu era uma forma de os indivíduos expressarem sua devoção e compromisso com Deus de uma maneira distinta. Permitiu-lhes separar-se para um tempo de dedicação especial, muitas vezes em resposta a um chamado espiritual específico ou a um desejo de santidade pessoal.

6. Sansão como nazireu: Uma das figuras bíblicas mais famosas que fez o voto de nazireu é Sansão, cuja história é contada no Livro dos Juízes. Seu cabelo comprido e sua força sobrenatural estavam associados ao seu voto de nazireu, que pretendia diferenciá-lo para um propósito e papel únicos.

7. Reflexão do Sacrifício Pessoal: O voto de nazireu serve como um lembrete da importância do sacrifício pessoal e da dedicação no relacionamento com Deus. Demonstra a ideia de que as pessoas podem optar por se aproximar de Deus através de atos de devoção e autodisciplina.

Números 6 introduz e descreve o voto nazireu, um compromisso voluntário de consagrar-se a Deus por um período específico. O capítulo enfatiza o simbolismo das abstenções envolvidas no voto, a importância da dedicação pessoal e o papel dos sinais visíveis para demonstrar o compromisso de alguém com Deus. O voto nazireu fornece um meio para os indivíduos expressarem o seu desejo de santidade e proximidade de Deus através do sacrifício pessoal e da devoção.

Interpretação

A Lei do Nazireado. 6:1-21.
Deus desejava que o Seu povo se tornasse um “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx. 19:6). O nazireado era um passo que qualquer israelita, homem ou mulher, podia dar na consecução deste ideal. Tal pessoa colocava-se na condição de uma vida consagrada a Deus e livre de contaminação. O sumo sacerdote, é claro, também era separado e purificado (Lv. 21:0, 12). Mas esta condição de vida baseava-se no seu oficio hereditário. D voto do nazireado era tomado geralmente de livre e espontânea vontade. e só por um certo período de tempo. O termo neizir significa “separar”, e neste contexto sempre significa separar para o Senhor. Aqui estão representadas duas fases distintas desta consagração. A primeira foi introduzida em Nm. 6:3, onde o devoto é instruído a separar-se através de certa prática de auto-renúncia. A segunda fase, prescrita em 6:13-21, é chamada apropriadamente de “a lei do nazireado”. Esta fase, a ser realizada no final do período da separação, exigia uma elaborada série de ofertas.

Um nazireu devia se abster não só de bebidas intoxicantes, mas também de qualquer coisa que fosse produto da videira (v. 4). Oseias 3:1 informa-nos que bolos de uvas-passa eram uma característica de vida luxuosa. 1 Samuel 25:18, 36 fala da abundância de passas na casa de Nabal, um homem fico e sensual. No espírito de auto-negação, a vida luxuosa devia ser desprezada por um nazireu. A consagração de um nazireu, contudo, devia ser melhor simbolizada pelo uso do cabelo comprido (Nm. 6:5). O cabelo de Sansão era um símbolo de força e virilidade dedicadas a Deus; mas quando o homem forte desprezou esta dedicação, perdeu o dom da graça. Embora tal força não fosse garantida a todos os nazireus, de todos se exigia, como de Sansão, que tudo dedicassem ao Senhor. Isto se prova pela orientação dada aos nazireus para fazerem grandes ofertas (v. 21).

Por causa do cabelo (nezer, “coroa”) consagrado do nazireu é que ele devia evitar a contaminação através dos mortos. Se ele se contaminasse, teria de rapar o cabelo contaminado e recomeçar o seu voto de novo (v. 12). Assim como o cordeiro ou cabrito da oferta tinha de ser puro, a “oferta do cabelo” também tinha de ser pura, pois o cabelo do nazireu era uma oferta queimada diante do Senhor. O cabelo representa a própria vida, pois só um homem vivo produz cabelo. Ele o oferecia, portanto, em lugar do seu próprio corpo, como um sinal de que ele mesmo era um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Entende-se porque Paulo (Atos 18:18; 21:24) e Tiago, o ancião de Jerusalém (Eusébio, Ecclesiastical History ii. 23), fizeram voto de nazireado, vendo nele o profundo significado espiritual da antiga lei do nazireado.

A segunda fase da lei do nazireado começava no fim dos “dias do seu nazireado” (Nm. 6:13). Devia fazer uma oferta pelo pecado por causa de todos os seus pecados ignorados, depois uma oferta queimada e uma oferta pacifica simbolizando a submissão e a adoração. No auge destas cerimônias o devoto devia ter sua cabeça rapada, e o cabelo consagrado era colocado sobre brasas em baixo da oferta pacifica (vs. 18-20).

6:2. Fizer voto especial, o voto de nazireu. O primeiro verbo aqui (peilei’) significa “fazer uma coisa extraordinária ou maravilhosa” (cons. a mesma raiz em um dos epítetos do Messias em Is. 9:6). Aqui e em outras passagens (Lv. 22:21; 27:2; Nm. 15:3,8) foi usado para expressar a dificuldade de se fazer um voto solene. A tradução da E.R.A., voto especial, é uma tentativa de mostrar esta diferença. Permitia-se também que o devoto fizesse uma oferta voluntária, além deste mínimo exigido (v. 21)

6:7. O nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça. Nezer indica não simples “consagração” mas consagração relacionada com a “cabeça”, quer fosse uma coroa consagrada (Êx. 29:6; Zc. 6:11) ou o cabelo ungido do sumo sacerdote (Lv. 21:12), ou, como aqui, o “cabelo consagrado” do nazireu (cons. Nm. 6:19, onde encontramos as palavras “a cabeleira de”). Em lugar de o nazireado do seu Deus, leia-se “o cabelo consagrado do (pertencente ao seu Deus (ainda) está sobre a sua cabeça”.

6:13. Será trazido à porta. Não há motivo para um nazireu “ser trazido”. A construção gramática do hebraico aqui é a costumeira; mas considerando que este verbo não tem forma reflexiva, a cláusula poderia ser assim “ele mesmo se trará”.

6:21. Afora o que as suas posses lhe permitirem; isto é, as ofertas especiais que um nazireu devia ofertar em aditamento ao que estava especificado nesta lei. Embora isto se refira ao que um homem poderia acrescentar à sua oferta a mesma terminologia foi usada com referência à contribuição do homem pobre que não tinha posses para adquirir a oferta prescrita (Lv. 5:11). Segundo o voto que fizer, assim fará. Isto é, de acordo com o que ele prometeu, devia fazer. Algumas vezes outra pessoa pagava pelo voto de um nazireu, como parece ser o caso em Atos 21:24.

A Bênção Sacerdotal. 6:22, 27.
Esta é uma bênção linda, no excelente estilo poético semita e cheio de uma mensagem muito necessária àqueles que enfrentavam incertezas e as forças hostis co vida do deserto. Fala da bondade de Deus no cuidado e na proteção do Seu povo. Quando um indivíduo ou uma nação se tornam o objeto do favor divino o infortúnio, a fome, o perigo ou a espada só servem para provar o quanto o Senhor ama seus filhos e como é capaz de libertá-los.

6:23. Assim abençoareis os filhos de Israel: dir-lhes-eis. A gramática desta sentença tem sido discutida. Contudo, o famoso gramático, Gesenius, afirma que a forma em questão ocorre “especialmente em livros posteriores do Velho Testamento” (Lexicon, par. 113). Sabemos agora que textos ugaríticos (c. 1400 A.C.) confirmam a construção como a expressão idiomática antiga e frequente.

6:24. O Senhor te abençoe e te guarde. De um lado Deus providencia tudo o que é bom para os seus escolhidos: por outro lado, Ele sustenta, guarda e protege do inimigo que poderia privá-los do bem.

6:25. Faça resplandecer o seu rosto. Uma expressão hebraica típica. Quando a face de um homem resplandece (Pv. 16:15), está cheio de felicidade; mas quando o seu rosto está cheio de sombras, é evidente que o mal e o desespero se apossaram de sua ajuda (Joel 2:6).

6:26. E te dê a paz. Sheilom (“paz”) é uma palavra de largo alcance, incluindo conceitos de inteireza, segurança, saúde, tranquilidade, satisfação, amizade e paz com Deus e os homens.

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