Interpretação de Ester 1

Interpretação de Ester 1

Interpretação de Ester 1

Ester 1

I. Vasti Divorciada. 1:1-22.

Ester 1
No último dia de uma festa de sete dias em Susã, no palácio, o rei Xerxes mandou chamar a rainha Vasti a fim de que exibisse a sua beleza diante dos nobres embriagados. Sua recusa provocou a ira do rei e ele aceitou o conselho de Memucã, um dos conselheiros do rei, divorciando-se dela por decreto público. Este castigo, diziam, serviria de advertência a todas as esposas do império a que respeitassem seus maridos.
l. Nos dias de Assuero. Este não poderia ser nenhum outro além de Xerxes (486-465 A.C.; cons. Ed. 4:6), o filho de Dario I, que tentou conquistar a Grécia em 481 A.C. Falhou completamente em seu objetivo devido a uma derrota esmagadora em Salamina (480A.C.) e Plateia (479 A.C.). O Assuero que reinou desde a Índia até à Etiópia. A fim de evitar qualquer possível confusão com o pai de Dario, o medo, que tinha o mesmo nome (Dn. 9: 1), o autor aponta o vasto território sobre o qual este Xerxes reinava (cons. 8:9; 10:1). A Índia mencionada era o território correspondente à província de Punjab no atual Paquistão Ocidental, a região a oeste do Rio Indus, até o qual os exércitos de Alexandre chegaram em suas conquistas. Heródoto nos conta que tanto a Índia como a Etiópia foram dominadas por Xerxes (3.97, 98; 7:9). Sobre cento e vinte e sete províncias. Isto se tem confundido com as vinte satrapias relacionadas por Heródoto para Dario I (3:89-94) e os cento e vinte sátrapas designados por Dario, o medo (Dn. 6:1). A palavra províncias (no heb. medina) refere-se a unidades governamentais menores do império, tais como a província de Judá (Ne. 1:3), enquanto que Heródoto se referia às unidades maiores, tais como a quinta satrapia, que incluía toda a Fenícia, Palestina, Síria e Chipre. Mas o Livro de Daniel não fala dessas unidades territoriais, pois simplesmente declara que Dario, o medo, achou por bem “constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas” (Dn. 6:1, cons. John C. Witcomb, Darius the Mede, págs. 31-33).
2. Na cidadela de Susã. Susã (ou Susa) era uma das principais capitais do Império Persa, sendo as outras Ecbatana (Ed. 6:1-2) e Persépolis. Daniel foi, certa vez, transportado em visão para esta cidade (Ed. 8:2); e, mais tarde, Neemias serviu ali como mordomo de Artaxerxes (Ne. 1:1, 2:1).
3. No terceiro ano do seu reinado, deu um banquete. Esta festa (literalmente, uma festa báquica) aconteceu no ano de 483/482 A.C. e certamente foi aquela mencionada por Heródoto (7-8) na qual Xerxes fez planos para a grande invasão da Grécia. O escol da Pérsia e Média, e os nobres e príncipes. No tempo de Ciro, a Média era mencionada antes da Pérsia (Dn. 6:8), mas agora a Pérsia estava em destaque na monarquia dualista. O escol representa os governadores militares, enquanto que os nobres e príncipes são os governadores civis.
4, 5. Durante os 180 dias, Xerxes discutiu planos de guerra com seus subordinados e os assombrou com a opulência e a grandeza de sua corte. Depois disto, realizou-se uma festa de sete dias (vs. 3 e 5 provavelmente se referem à mesma festa) para todo o povo que se achava na cidadela de Susã, inclusive os líderes das diversas províncias que tinham vindo para o planejamento de 180 dias (Keil, in loco). No pátio do jardim do palácio real. O terreno ou parque que rodeava o palácio.
6. O significado de algumas destas palavras é obscuro. Cortinas em azul e branco (as cores reais; cons. 8:15) pendiam de colunas de mármore por meio de argolas de prata. Também, havia divãs de ouro e prata (cons. 7:8) sobre o assoalho coberto de pedras de valias cores. Este notavelmente belo palácio foi queimado até os alicerces no final do reinado de Artaxerxes, o filho de Xerxes, em cerca de 435 A.C. (A.T. Olmstead, The History of the Persian Empire, pág. 352).
7, 8. Vasos de ouro...de várias espécies. Grande variedade de vasos para se beber era um luxo persa. Graças à generosidade do rei. (Cons. I Reis 10:13). Bebiam sem constrangimento, como estava prescrito. Geralmente o rei exigia que seus convivas bebessem uma certa quantidade, mas agora eles podiam beber tanto ou tão pouco quanto quisessem.
9-12. No último dia da festa, orei embriagado (Jz. 16: 25; II Sm. 13:28) enviou seus sete camareiros (ou eunucos; cons. Et. 1:12,15), que eram o seu meio de comunicação com o harém, para buscarem Vasti. As rainhas persas costumavam comer à mesa do rei, mas nem sempre nos grandes banquetes. Temendo por sua dignidade no meio de tal grupo embriagado (Heródoto, 5.18), ela recusou-se terminantemente a obedecer as ordens.
13,14. Os sábios que entendiam dos tempos . . . os sete príncipes. Talvez o sete fosse um número sagrado na Pérsia (cons. 1:10, 2:9; Ed. 7:14). Esses sábios talvez fossem astrólogos ou legisladores. Era nessas famílias de líderes que os reis persas tomavam suas esposas (Heródoto, 3.84).
16-20. Memucã, um dos sete príncipes (v. 14), aproveitou a oportunidade para transformar um negócio público em uma crise nacional, sem dúvida por causa de algum antigo conflito entre a rainha e os príncipes. As esposas dos cidadãos comuns desobedeceriam a seus maridos (v. 17), e as esposas dos sete príncipes poderiam “hoje mesmo” (v. 18) exigir igualdade de direitos para apoiar a rainha. E não se revogue (v. 19). Cons. 8:8; Dn. 6:9. Sem dúvida não queriam que Vasti retornasse ao poder e os punisse por terem dado tal conselho!
21, 22. Enviou cartas a todas as províncias do rei . . . segundo o seu modo de escrever. O Império Persa gabava-se de possuir um eficiente sistema postal, mas a comunicação era complicada pela multiplicidade de línguas faladas por todo o império. Que cada homem fosse senhor em sua casa, e que se falasse a língua do seu povo. O significado aqui é um tanto obscuro, mas presumivelmente “o governo do marido em sua casa devia ser demonstrado pelo fato de só se falara lihgua nativa do chefe da casa na família” (Keil; cons. Ne. 13:23). A menção deste ponto no decreto dá a ideia de que os fatos relativos à Vasti também foram mencionados.