Lucas 23 — Comentário Devocional

Lucas 23

Lucas 23 narra os acontecimentos que levaram à crucificação de Jesus e ao Seu sacrifício final pela humanidade. Aqui estão algumas lições que podem ser tiradas de Lucas 23:

1. Julgamento e Inocência de Jesus: O relato do julgamento de Jesus ressalta Sua inocência e o tratamento injusto que Ele sofreu. Isto ensina-nos sobre a realidade do sofrimento injusto e a importância de manter a integridade face à oposição.

2. Indecisão de Pilatos: A hesitação de Pilatos no julgamento destaca a luta entre a conveniência política e a retidão. Isto nos ensina sobre os perigos de comprometer nossos valores em prol de ganhos mundanos.

3. Crucificação de Jesus: A crucificação de Jesus é o evento central da história humana, ilustrando Seu amor sacrificial e expiação pelo pecado. Isto nos ensina sobre a profundidade do amor de Deus e do perdão disponível através de Cristo.

4. O Ladrão Arrependido: A resposta do ladrão arrependido na cruz demonstra a acessibilidade da salvação e o poder transformador da fé, mesmo em circunstâncias terríveis.

5. A Confissão do Centurião: A confissão do centurião de que Jesus era justo destaca o impacto da morte de Jesus naqueles que a testemunharam. Isto nos ensina sobre reconhecer Sua divindade através de Seu sacrifício.

6. As Mulheres na Cruz: A presença de mulheres fiéis na crucificação exemplifica sua devoção a Jesus mesmo em meio a sofrimento intenso. Isso nos ensina sobre a importância de defender nossas crenças e apoiar os outros.

Em resumo, Lucas 23 ensina lições sobre o sofrimento injusto, a integridade diante da oposição, os perigos do compromisso, a profundidade do amor sacrificial de Deus, a acessibilidade da salvação, o poder transformador da fé, o reconhecimento da divindade de Jesus através do Seu sacrifício, e a importância da devoção inabalável a Ele.

Devocional

23.1 Pilatos era o governador romano da Judeia, região onde Jerusalém estava localizada. Esse homem parecia sentir um prazer especial por hostilizar os judeus. Um exemplo disso foi a atitude de Pilatos de tomar dinheiro do tesouro do Templo e usá-lo para construir um aqueduto na cidade. Ele também insultou a religião judaica, introduzindo imagens imperiais em Jerusalém. Como Pilatos bem sabia, tais afrontas poderiam causar uma revolta. Se o povo judeu fizesse uma reclamação formal contra a administração dele. Roma poderia tirá-lo de seu posto. Pilatos já se sentia inseguro em sua posição quando os lideres judaicos levaram Jesus a ele para ser julgado. Pilatos continuaria a aborrecer os judeus, arriscando o seu futuro político, ou cederia às exigências dos líderes religiosos e condenaria um homem, mesmo sabendo que este era inocente? Esta era a questão que o governante romano enfrentou em uma manhã de sexta-feira durante a primavera, há quase dois mil anos. Para saber mais detalhes a respeito de Pilatos, veja seu perfil em Marcos.

23.7 Herodes Antipas (o que mandou matar João Batista) estava em Jerusalém naquele final de semana para a celebração da Páscoa. Pilatos esperava passar para Herodes o julgamento de Jesus, porque sabia que Fie tinha vivido e trabalhado na Galileia. Mas Herodes não ajudou muito. Estava curioso a respeito de Jesus, mas, no final, desprezou-o. Quando Herodes devolveu Jesus a Pilatos, o seu veredicto foi “inocente”. Para mais in formações sobre Herodes Antipas, veja seu perfil em Marcos.

23.12 Herodes, em parte judeu, era um governante da Galileia e Pereia. Pilatos era o governador romano da Judeia e de Samaria. Aquelas quatro províncias, juntamente com várias outras, haviam sido unidas sob o governo de Herodes, o Grande. Mas quando este morreu em 4 a.C., o reino foi dividido entre seus filhos, Arquelau, o filho que recebeu a Judeia e Samaria, foi destituído de seu ofício em dez anos, e as províncias passaram a ser administradas por vários governadores romanos, dos quais Pilatos foi o quinto. Herodes Antipas tinha duas vantagens sobre Pilatos: vinha de uma monarquia hereditária e manteve sua posição por muito mais tempo. Mas Pilatos era um cidadão romano e fora enviado pelo imperador: seu cargo foi criado para substituir o ineficaz meio irmão de Herodes. Não é surpresa que os dois governadores não estivessem em paz. O julgamento de Jesus, porém, une-os. Por Pilatos ter reconhecido a autoridade de Herodes sobre a Galileia, este deixou de sentir se ameaçado pelo político romano. Por nenhum dos dois homens saberem exatamente o que fazer naquela situação difícil do julgamento de Jesus, o problema comum os uniu.

23.13-25 Pilatos queria soltar Jesus, mas a multidão exigia ruidosamente a morte dEle; então Pilatos o condenou à cruz. Sem dúvida. Pilatos não quis arriscar perder seu cargo, uma vez que seu prestigio ficaria abalado, por permitir que uma revolta acontecesse em sua província. Como um político de carreira. Pilatos sabia da importância de fazer concessões, e certamente considerou Jesus mais como uma ameaça política do que como um ser humano com direitos e dignidade. Quando os riscos são altos, é difícil defender o que é direito e é fácil ver nossos oponentes como problemas a serem resolvidos, não como pessoas a serem respeitadas. Se Pilatos tivesse sido um homem verdadeiramente corajoso, teria libertado Jesus a despeito das consequências. Mas a multidão bramou, e Pilatos se curvou. Assemelhamo-nos a Pilatos quando sabemos o que é certo, mas decidimos não fazê-lo. Quando você tiver uma decisão difícil para tomar, não queira diminuir o efeito da pressão das pessoas que estão à sua volta. Perceba antecipadamente que a decisão certa pode ter consequências desagradáveis: rejeição social, derrocada em sua carreira, ridicularização pública. Então, lembre-se de Pilatos e tome a decisão de posicionar-se ao lado do que é certo, a despeito daquilo que as outras pessoas o pressionem a fazer.

23.15 Jesus foi julgado seis vezes, foi submetido às autoridades judaicas e ás romanas, mas nunca foi condenado por crime algum: não deveria ser sentenciado à pena de morte. Embora sua execução fosse decretada. Ele não foi condenado por contravenção alguma. Até hoje, ninguém é capaz de encontrar culpa em Jesus. Mas, exatamente como Pilatos. Herodes e os líderes religiosos, ainda existem aqueles que se recusam a reconhecer Jesus como seu Senhor e Salvador.

23.18-19 Barrabás fez parte do uma rebelião contra o governo romano (Mc 15.7). Como um rebelde político, sem dúvida foi um herói para alguns judeus. É irônico que Barrabás tenha sido solto, embora fosse, de fato, o culpado pelo crime do qual Jesus fora acusado (23.14).

23.18.19 Quem era Barrabás? Os judeus do sexo masculino tinham sobrenomes que os relacionavam a seus pais. Simão Pedro, por exemplo, foi chamado de Simão, filho de João (Mt 16.17). Barrabás nunca foi identificado pelo nome de batismo, o qual não é de grande relevância; ele era reconhecido como “Barrabás”. que significa “filho de aba”, ou seja, “filho do papai’. Ele podia ser filho de qualquer homem sem importância histórica: este é exatamente o ponto. Barrabás, filho de um pai não mencionado, cometeu um crime. Por Jesus ter morrido no lugar dele, Barrabás foi libertado. Nós também somos pecadores e criminosos, porque infringimos a santa lei de Deus. Assim como Barrabás, merecemos morrer. Mas Jesus morreu em nosso lugar, para nos absolver de nossos pecados, e fomos libertados. Não temos que ser pessoas muito ilustres para aceitar a nossa liberdade em Cristo. De fato, graças a Jesus. Deus adota a todos nós como filhos e filhas e nos dá o direito de chamá-lo de nosso Pai querido (ver Gl 4.4-6).

23.22 Quando Pilatos disse que mandaria açoitar Jesus, referiu-se a um castigo que poderia tê-lo matado. O procedimento habitual era despir a parte superior do corpo da vítima e amarrar suas mãos em um pilar, antes de açoitá-la com um chicote de três pontas. O número de açoites era determinado pela gravida de do crime; a lei judaica permitia no máximo quarenta chibatadas. Depois de ser chicoteado, Jesus suportou também outras agomas, conforme registraram Mateus e Marcos. Foi esbofeteado, golpeado com os punhos e escarnecido. Uma coroa de espinhos foi colocada em sua cabeça, foi espancado com uma vara e despido antes de ser crucificado.

23.23, 24 Pilatos não queria sentenciar Jesus à morte. Concluiu que os líderes judeus eram homens invejosos que queriam livrar-se de um rival. Porém, quando ameaçaram denunciá-lo a César (Jo 19.12), Pilatos sentiu medo. Os registros históricos indicam que Pilatos já havia sido advertido pelas autoridades romanas sobre as tensões nesta região. A última coisa de que ele precisava era uma revolta em Jerusalém na época da Páscoa, quando a cidade ficava lotada com judeus de todas as partes do império. Então, Pilatos entregou Jesus àquela turba, para que ela agisse como quisesse.

23.27-29 Apenas Lucas mencionou as lágrimas das mulheres judias enquanto Jesus foi levado pelas ruas até o local de sua execução. Jesus disse a elas que não chorassem por Ele, mas por si mesmas. Ele sabia que dentro de aproximadamente 40 anos tanto Jerusalém como o Templo seriam destruídos pelos romanos.

23.31 Esse provérbio e difícil de interpretar. Alguns creem que o seu significado seja o seguinte: Se o inocente Jesus (o madeiro verde) sofreu nas mãos dos romanos, o que aconteceria com os judeus culpados (o madeiro seco)?

23.32, 33 - O lugar chamado “Caveira” ou “Gólgota” era provavelmente uma colina fora de Jerusalém, ao lado de uma estrada principal. Os romanos executavam pessoas publicamente para que servissem como exemplos ao povo.

Quando Tiago e João pediram a Jesus lugares de honra próximos a Ele em seu Reino, o Senhor lhes disse que não sabiam o que estavam pedindo (Mc 10.35-39). Como Jesus se preparava para inaugurar seu Reino por meio de sua morte, os lugares à sua direita e à sua esquerda foram ocupados pelos homens que morreriam a seu lado: dois malfeitores. Como Jesus explicou aos dois discípulos preocupados com suas posições, quem deseja estar perto dEle deve estar preparado para sofrer e morrer. O caminho para o Reino é o caminho da cruz.

23.34 Jesus pediu ao Pai que perdoasse as pessoas que participaram de seu assassinato: os lideres judeus, os políticos e os soldados romanos, os espectadores; e Deus respondeu aquela oração abrindo o caminho da salvação até para os assassinos de Jesus. O oficial que, com os soldados romanos, testemunhou a crucificação, disse: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus” (Mt 27.54). Logo. muitos sacerdotes se converteriam a fé cristã (At 6.7). Por sermos pecadores, todos nós tivemos, de algum modo, uma participação na morte de Jesus. A boa nova é que Deus é misericordioso e concede a sua graça a todos. Ele quer nos perdoar e nos dar uma nova vida por intermédio de seu Filho.

23.34 Os soldados romanos costumavam repartir entre si as roupas dos criminosos executados. Ao lançarem sortes sobre as roupas de Jesus, cumpriram a profecia em Salmos 22.18.

23.38 Esse título tinha a intenção de ser irônico. Um rei, despido e publicamente executado, havia obviamente perdido o seu reino para sempre. Mas Jesus, que transtorna a sabedoria do mundo, estava apenas inaugurando seu Reino. Sua morte e ressurreição dariam um golpe mortal no governo de Satanás e estabeleceriam a autoridade eterna de Cristo sobre a terra. Ao ler a frase “Este é o Rei dos judeus”, naquela triste tarde, provavelmente poucas pessoas entenderam o verdadeiro significado, mas o conteúdo era absolutamente verdadeiro. Nada estava perdido. Jesus é o Rei dos judeus, dos gentios e de todo o universo.

23.39-43 Aquele ladrão estava prestes a morrer, mas voltou-se a Cristo em busca do perdão, e Ele o aceitou. Isto de monstra que as nossas obras não nos salvam: e sim a nossa fé em Cristo. Nunca é tarde demais para nos voltarmos a Deus Mesmo em meio à sua aflição, Jesus teve misericórdia daquele criminoso que decidiu crer nEle. Nossa vida será muito mais útil e feliz se nos voltarmos rapidamente a Deus’ Mesmo aquele que se arrepender no último momento de sua vida estará com o Senhor no paraíso!

23.42, 43 O criminoso que estava prestes a morrer teve mais fé do que os demais seguidores de Jesus. Embora continuassem a amar o Mestre, a esperança deles em relação ao Reino estava abalada. A maioria se escondeu. Como um dos seguidores de Jesus disse com tristeza dois dias depois da morte do Mestre: “E nós esperávamos que fosse ele o que redimisse Israel” (24.21). Em contraste, o criminoso olhou para o Homem que morria a seu lado e pediu: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. A julgar pelas aparências, o Reino estava acabado. Como é inspiradora a fé daquele ladrão que sozinho foi capaz de enxergar, além da vergonha presente, a glória vindoura!

23.44 A escuridão cobriu toda a terra por cerca de três horas em pleno dia. Toda a natureza parecia lamentar a trágica morte do Filho de Deus!

23.45 Esse acontecimento significativo simboliza a obra de Cristo na cruz. O Templo tinha quatro compartimentos internos: o átrio das mulheres, o átrio dos homens, o l ugar Santo, onde só os sacerdotes podiam entrar, e o Lugar Santíssimo, onde somente o sumo sacerdote poderia entrar uma vez por ano, para fazer expiação pelos pecados do povo. No Santo dos Santos, permaneciam a Arca da Aliança e a presença de Deus. A cortina que foi rasgada separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, impedindo que o interior deste fosse visto. Através da morte do Senhor Jesus Cristo, a barreira entre Deus e a humanidade foi eliminada. A partir de então, todas as pessoas podem aproximar-se de Deus por intermédio de Cristo (Hb 9.1-14; 10.10-22).

23.50-52 José de Arimateia era um rico e honrado membro do Sinédrio. Seguia a Jesus secretamente (Jo 19.38). Os discípulos publicamente declarados fugiram, mas José tomou uma atitude corajosa que poderia ter lhe custado muito caro. Ele se importou o bastante com Jesus, a ponto de pedir o corpo do Mestre com a finalidade de oferecer-lhe um sepultamento adequado. 

23.53 Esse sepulcro era provavelmente uma caverna artificial, escavada em uma das muitas colinas de calcário ao redor de Jerusalém. Tal túmulo era suficientemente grande para que uma pessoa pudesse andar lá dentro. Após o sepultamento de Jesus, uma grande pedra foi colocada para fechar a entrada do se pulcro (Jo 20.1).

23.55 As mulheres galileias seguiram José de Arimateia até o sepulcro: por esta razão, souberam exatamente onde encontra riam o corpo de Jesus quando retornassem ao túmulo, com especiarias e perfumes, após findado o sábado. Aquelas mulheres não poderiam fazer grandes coisas para Jesus, não poderiam levantar-se diante do mais alto conselho judaico (o Sinédrio) nem do governador romano, para testemunhar a favor do Mestre, mas elas fizeram o que podiam. Permaneceram perto da cruz, quando a maioria dos discípulos havia fugido, e prepararam-se para ungir o corpo do seu Senhor. Por causa da devoção delas, foram as primeiras a tomar conhecimento da ressurreição. Como crentes, várias vezes sentimos que não podemos fazer muito para Jesus. Mas somos chamados a aproveitar as oportunidades que nos são dadas, fazendo aquilo que podemos e não nos preocupando com o que não podemos fazer.