Estudo sobre Romanos 14:1

Estudo sobre Romanos 14:1

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Romanos 14:1

A primeira linha constitui o título do bloco todo. Em interpelação direta aos que são fortes na fé, afirma-se: Acolhei ao que é débil (“fraco” [nvi, vfl, blh, bv]) na fé. Jamais os citados teriam visto a si próprios como fracos. Contudo, Paulo sustenta essa designação. A palavra grega para “ser fraco” pode expressar falta de força dos mais variados tipos. Como no NT também é usado cerca de quarenta vezes para fisicamente doentes, é viável pensarmos aqui metaforicamente numa fé “enferma”. Uma infecção a atingiu. Por isso está debilitada, sua verdadeira essência não se pôde realizar. No entanto, diante desses fiéis vigora o princípio: aceitar! Na verdade a igreja poderia livrar-se rapidamente de muitas tensões se ela se livrasse de determinados irmãos, mas o que Deus uniu, não cabe ao ser humano separar. A possível tradução “admitir” poderia levar a pensar numa admissão legal na igreja. Contudo, este seria um entendimento demasiado estreito. Aqui está em jogo a concretização da comunhão como uma tarefa que nunca acaba (Rm 13.8), que não pode ser executada com um gesto único.

Esse “acolhei!”, diferente de Rm 15.7, é complementado por uma repulsa pronunciada de modo excitado: não, porém, permitam que se chegue a discutir opiniões! Uma frase fragmentada como essa deixa os exegetas em apuros e leva a diversas paráfrases. O primeiro dos dois termos-chave pertence a um grupo semântico que perpassa todo o capítulo e que parte do conceito básico: proferir uma sentença. Paulo solicita decididamente aos fortes: desistam de apreciações sobre aquelas opiniões adoentadas e questionáveis dos fracos, i. é, não busquem realizar negociações públicas com esse intuito! Uma parte dos tradutores (p. ex., Lutero) circunscreve a frase de advertência com: “Não briguem…!” Porém, isso não atinge a intenção da frase. O apóstolo não está combatendo a excrescência, não apenas as cenas desagradáveis, mas já o ponto de partida. Com preocupação ele olha para a situação da igreja. Os blocos cristãos judaico e gentílico estão a ponto de se afastar um do outro (cf. já em Rm 11.17-20). Está em perigo a comunhão elementar. Nessa prova de coesão, infindáveis debates objetivos seriam um equívoco. Asperamente Paulo os repele. O irmão não deve ser aceito apenas com base numa harmonização das teologias, não só depois de aceitar um determinado bloco de valores e verdades, depois de aprovado num curso bíblico, depois que sua fé convalesceu e se fortaleceu, mas “pois Deus o aceitou” (v. 3 [blh]) e “como também Cristo nos acolheu” (Rm 15.7). Isso, porém, aconteceu, conforme Rm 5.6, sobre o seguinte fundamento: “quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios” (nvi) (“Cristo morreu por nós” [vfl]). Nossa condição de cristãos deve-se ao fato de que esse amor é verdadeiro, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). Nessa verdade, pois, reside também a base de nossa comunhão. Nos versículos seguintes o objetivo de Paulo é que essa base, o Cristo, permaneça uma realidade eficaz e vigorosa e não se dissipe para uma retórica desbotada.


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Romanos 14:1