Estudo sobre Romanos 4:1-3
Romanos 4:1-3
Paulo aborda a questão controvertida entre cristãos e judeus quanto à experiência central de Abraão. Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Em todo caso encontrou graça, pois é assim que o termo “alcançar” pode ser completado a partir de uma expressão bíblica. Nisso Paulo e seus adversários eram unânimes. Porém, por meio de que ele chegou a esse estado de graça? Que o tornou correto diante de Deus, de modo que ele foi chamado “amigo de Deus” (Tg 2.23)? A deduzir da continuação no v. 2, a resposta adversária era: Cumprimento exemplar da lei rendeu-lhe o louvor de Deus! Nisso é preciso levar em conta a doutrina judaica de que Abraão já tinha conhecimento da lei do Sinai, ainda que não em forma escrita, observando-a exemplarmente ponto por ponto. Desse modo adquiriu um saldo positivo de boas obras, que reverteria em benefício de seus descendentes no juízo final. Se não forem capazes de quitar seus pecados através de méritos próprios, usufruem do tesouro de méritos dele. Sob esse aspecto, sem a justiça transbordante das obras de Abraão, sucumbia para os judeus a esperança da salvação.Paulo aguça agora a interpretação judaica: Porque, se Abraão foi justificado por obras (da lei), tem (algo) de que se gloriar (cf as explicações de 2.23 e 3.27). Poderia triunfar no juízo com sua própria justiça. Contra isso, porém, levanta-se um protesto exegético. Porém (isso) não (vale) diante de Deus, que fala por intermédio da Escritura.
O texto-chave de Gn 15.6 documenta a justiça de Abraão por fé. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. “Texto-chave” significa nessa caso: Essa forma de imputação não estava apenas limitada àquela situação, mas formou o alicerce da relação propriamente dita entre Abraão e Deus, até o juízo final. Pelo sentido literal daquele texto, fé em Abraão não era praticar com fé as prescrições, mas submeter-se sem reservas à promessa de Deus (cf o comentário sobre 3.22; aqui, sobre os v. 20,21). Realmente é imprópria a ideia de obedecer mandamentos sobre alimentos, ordens de jejum, ritos e sacrifícios. Logo Abraão, confiante nas promessas, foi a pessoa acertada para Deus, o aliado ideal. Por isso ele lhe declarou solene aceitação misericordiosa, renunciando ao direito de que dispunha de lhe imputar culpa (v. 6-8). É essa deliberação fundamental que sustenta Abraão e o povo que lhe foi prometido. Evidentemente esse “crer” tem uma série de relações com outras manifestações da vontade de Deus. No entanto, quem visa sempre cumprir a vontade de Deus, imperiosamente deve visar Deus pessoalmente. Em cada um dos mandamentos, o decisivo é avançar até o i Mandamento e temer e amar o próprio Deus acima de todas as coisas.
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Romanos 4:1-3