Estudo sobre Romanos 4:16-17
Romanos 4:16-17
Para que a promessa se torne eficaz, ela precisa basear-se incondicionalmente na ordem da graça, constituindo um assunto da fé, como em Abraão. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja (válida) segundo a graça. Os dois conceitos podem ser encaixados dessa maneira um no outro, porque possuem a mesma perspectiva. Olham conjuntamente ao evento de Cristo, exposto em 3.25,26. É com esse Cristo que se relacionam, a partir do ser humano, a “fé”, e, a partir de Deus, a “graça”. Ao ouvirem a palavra “graça” (charis), os leitores do grego certamente também tinham no ouvido a origem terminológica: chara, o “alegrar-se”. Graça é, portanto, uma experiência caracterizada pela alegria que causa. Pois, para recebê-la, não existe, por parte do receptor, nem pressuposto, nem preparo, nem expectativa. Ela sobrevém como presente puro. Ela jorra surpreendentemente do mundo de Deus sobre nós, como Criação do alto (v. 17).Dessa maneira, tornou-se claríssimo que a graça é dada “sem a lei” (3.21), sim, que se coloca numa certa tensão em relação a ela, pois a lei trabalha expressamente no nível do dever, do querer e do agir humanos (Gl 3.12). Se existe no ser humano alguma coisa que corresponde à graça, então é o “somente por fé” de Rm 3.28. Por isso, a promessa somente desenvolve eficácia legal onde vigora a fé e governa a graça: a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós…). Há possibilidade de ocorrer o equívoco de que nesse versículo Paulo estaria juntando pessoas judias e gentias que creem em Cristo, como filhos de Abraão (“da lei – da fé”). Porém, após o começo do versículo, ele pressupõe a fé em todos os que são citados a seguir. É por isso que nesse caso “da lei” caracteriza, diferente do v. 14, não a existência legalista, mas simplesmente crentes de origem judaica. Também eles se encontram agora – ultrapassando a descendência “segundo a carne” – numa relação espiritual (!) com Abraão e podem chamá-lo, unânimes com todos os gentios que creem, “pai de todos nós”. Novamente é uma comprovação da Escritura que arredonda a reflexão… como está escrito (Gn 17.5): Por pai de muitas nações te constituí.
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Romanos 4:16-17