Interpretação de Neemias 12

Neemias 12 continua o relato da restauração de Jerusalém, enfocando a dedicação dos muros reconstruídos e o papel dos sacerdotes, levitas e líderes na adoração e administração da cidade. O capítulo começa listando os sacerdotes e levitas que retornaram com Zorobabel e Jesuá durante a primeira onda de exílio. Descreve as divisões entre os sacerdotes e levitas, enfatizando suas responsabilidades no templo. Neemias organiza dois grandes coros para a cerimônia de dedicação, que desfilam pelas paredes entoando cânticos de louvor e gratidão. Sacrifícios são oferecidos no altar, e os levitas recebem tarefas durante a ocasião festiva. O capítulo registra os nomes dos sacerdotes, levitas e líderes que serviram naquela época, destacando a continuidade da liderança religiosa. A liderança de Neemias na cerimônia de dedicação e sua atenção aos papéis dos sacerdotes e levitas ressaltam seu compromisso com os aspectos espirituais e administrativos da cidade. O capítulo retrata uma cena de celebração, adoração e união, demonstrando a importância da continuidade, liderança e gratidão coletiva na jornada de fé e restauração.

Neemias 12

12:1-9.
Temos aqui os nomes de vinte e dois sacerdotes e oito levitas que voltaram com Zorobabel. Uma vez que quinze desses sacerdotes são mencionados entre aqueles que selaram a aliança no tempo de Neemias, temos de concluir que eles selaram a aliança em nome de suas famílias (10:3-9). Em Esdras 2:36-39, só quatro famílias sacerdotais são nomeadas como tendo voltado com Zorobabel.

12:10, 11. Uma genealogia dos sumo sacerdotes pós-exílicos foi apresentada aqui para fornecer uma cronologia comparativa. Assim, 12:1-9 relaciona sacerdotes e levitas do tempo de Jesua, enquanto que 12:12-26 relaciona os sacerdotes e levitas do tempo de seus sucessores nosso sacerdócio. Jônatas é o mesmo Joanã dos versículos 22, 23. Quanto a comentários sobre Jadua, veja o versículo 22.

12:12-21. Os filhos dos sacerdotes relacionados nos versículos 1-7, que viveram no tempo de Joiaquim, sucessor de Josué. De Ido, Zacarias. Este é o famoso profeta (Ed. 5:1).

12:22. Nos dias de Eliasibe,... Joiada, Joanã e Joiada... até ao reinado de Dario, o persa. Tem-se freqüentemente presumido que este Jadua era o sumo sacerdote que viveu no tempo de Alexandre, o Grande (Jos. Antiq. 11. 8. 4), e que Dario, o persa, foi Dario III (335-331 A.C.). Mas mesmo se Josefo está certo ao declarar que Jadua foi sumo sacerdote no tempo de Alexandre (e ele está longe de ser digno de confiança quanto à cronologia deste período), continuamos com as possibilidades distintas de que houveram dois sumo sacerdotes chamados Jadua, ou de que o Jadua de Ne. 12:11, 22 viveu até cerca de 100 anos (o sumo sacerdote Joiada morreu com 130 anos; lI Cr. 24:15).

É bastante provável que Neemias conhecesse Jadua quando jovem, talvez já sumo sacerdote. São duas as linhas evidenciais que apoiam tal ponto de vista. Primeira, o sumo sacerdote Eliasibe deveria ter mais de noventa anos quando fez aliança com Tobias (Ne. 13:4-9), depois da partida de Neemias para a Babilônia em 432 A.C., pois seu avô Jesua, foi sumo sacerdote em 536 A.C. (Ed. 3:2). Portanto, em 432 A.C., Joiada poderia estar com quase setenta anos, Joanã (Jônatas) com mais de quarenta e Jadua, vinte. Segunda, Neemias expulsou de Jerusalém um dos filhos de Joiada por ter se casado com uma estrangeira (Ne. 13:28), demonstrando assim que Joanã, o filho mais velho de Joiada, poderia estar casado há muito tempo para ter um filho de vinte anos de idade, Jadua.

Eliasibe alcançou idade tão avançada que as quatro gerações contemporâneas de sua família de sumo sacerdotes são mencionadas juntas no versículo 22. Isto tem o apoio do fato que “em cada uma das outras listas do mesmo capítulo, só se menciona os dias de um único sumo sacerdote e no final da lista, v. 26, declara-se expressamente que os levitas (anteriormente registrados) foram chefes nos dias de Joiaquim, Esdras e Neemias” (Keil, pág, 147).

Além disso, é importante que se observe que a data posterior mencionada no livro é do sumo sacerdócio de Joanã (v. 23). O fato de Joiada, o pai de Joanã, não reter seu sumo sacerdócio até o quarto século A.C. tem sido comprovado pelos papiros elefantinos, os quais mencionam Joanã como o sumo sacerdote em 408 A.C. Portanto Neemias, que deveria ter vivido (talvez não como governador) até cerca de 400 A.C., e que até mesmo poderia ter visto Jadua como sumo sacerdote em algum período depois de 408 A.C., poderia muito bem ter escrito tudo que se encontra neste capítulo e neste livro. À luz dessas considerações, podemos concluir que Dario, o persa era quase com certeza, não Dario III (335-331 A.C.), mas antes Dario II (423-404 A.C.). O versículo nos conta que os levitas foram registrados durante a vida de Eliasibe; enquanto que os sacerdotes foram registrados depois da morte de Eliasibe, nos dias de Dario, o persa (423-404 A.C. Veja RD. Wilson, ISBE, II, 1084).

12:26. E nos dias de Neemias, o governador. Cons. 12:47. Tem-se defendido que isto comprova que Neemias deveria ter morrido antes do livro ser terminado. “Mas em resposta podemos observar que a frase, em cada exemplo, foi usada junto com os dias de mais alguém, Joiaquim (v. 26), Zorobabel (v. 47). Portanto, pareceria natural a Neemias empregar uma frase semelhante com referência ao seu próprio tempo” (EJ. Young, Intro. to the O. T., pág. 378. Veja também Data e Autoria, acima).

Dedicação dos Muros e Organização do Serviço no Templo. 12:27-47.

Para a dedicação dos muros da cidade, os levitas, especialmente os cantores, foram trazidos das aldeias vizinhas. Duas grandes procissões movimentaram-se do extremo sudoeste do muro, rodeando a cidade, uma dirigida por Esdras e outra seguida por Neemias. Encontrando-se no templo, ofereceram sacrifícios e alegraram-se grandemente. O serviço do templo foi então organizado e seus obreiros foram fielmente sustentados.

12:27. Agora a história retoma o assunto de 11:2, embora não se dê a data exata dos acontecimentos que vão ser registrados. As diversas indicações de tempo podem até levar alguém a colocar a dedicação uns dezessete ou mais anos após o término dos muros! (cons. 13:4 com 13:1; e 13:10, 11 com 12:28-30). Procuraram os levitas de todos os seus lugares. De acordo com 11:18, só 284 levitas realmente moravam em Jerusalém nesse tempo.

12:28, 29. Membros dos três grupos levíticos de cantores (11:17; 12:25a) receberam menção especial por causa da importância da música nesta grande ocasião (v. 27b). As aldeias de Netofate. Cerca de 24kms a sudoeste de Jerusalém (I Cr. 9: 16).

12:30. Purificaram-se os sacerdotes e os levitas. Com o oferecimento do sangue dos sacrifícios (II Cr. 29).

12:31-37. Falando novamente na primeira pessoa, Neemias fala dos dou grandes coros que ele reuniu no extremo sudoeste do muro da cidade (presumivelmente na Porta do Vale) com o propósito de rodear a cidade e dar publicamente graças a Deus nesse dia de dedicação. O primeiro grupo era conduzido por Esdras e muda-se para o leste e então para o norte. Para ambos os grupos a ordem do desfile parece que consistiu primeiro dos cantores levitas “que dava graças” (v. 31), seguidos pelos príncipes (vs. 32, 33), os sacerdotes com trombetas (v. 35; cons. 41) e finalmente os levitas com instrumentos de cordas (v. 36).

12:38-43. O segundo grupo dirigia-se para o norte e então para o leste até a área do templo, seguido de Neemias. As diversas portas seguem a mesma ordem apresentada no capítulo 3, com exceção da Porta de Efraim e da Porta da Guarda, que não foram mencionadas naquele capítulo (possivelmente porque não foram anteriormente destruídas e não precisaram ser reconstruídas). Contudo, em 3:25 menciona-se “o pátio do cárcere”, provavelmente na extremidade sudeste da área do templo. Os dois grupos parece que se encontraram na praça diante da Porta das Águas (v. 37; cons. 8:1) e dali entraram no templo para oferecerem seus sacrifícios. (v. 43). Com referência à tremenda alegria desta ocasião, cons. II Cr. 20:27; Ed. 3:13; 6:22.

12:44-47. Ainda no mesmo dia. Esta frase (cons. 13:1) refere-se não somente ao dia da dedicação, mas possivelmente também à toda subsequente administração de Neemias, que se caracterizou pelos movimentos da reforma (Keil, op. cit., pág. 152). Isto poderia ajudai a explicar a frase, “antes disto”, em 13:4. Dos tesouros. As diversas ofertas relacionadas a seguir. Dos dízimos. Um décimo das colheitas da nação ia para o sustento dos levitas. Os levitas ministravam. Um verbo técnico no hebraico (Dt. 10:8). O mandado de Davi e de seu filho Salomão (v. 45). Cons. II Cr. 8:14. E os levitas (consagravam) as (coisas) destinadas aos filhos de Arão. O povo dava dízimos aos levitas, os quais por sua vez davam os dízimos desses dízimos aos sacerdotes (Ne. 10:38; cons. Nm. 18:25-32).

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