Interpretação de Neemias 2

Neemias 2 continua a narrativa enquanto a dor e a oração de Neemias pela restauração de Jerusalém o levam a se aproximar do rei Artaxerxes. Em seu papel de copeiro, ele apresenta um pedido ao rei para retornar a Jerusalém e supervisionar a reconstrução de seus muros. O favor de Deus é evidente quando o rei concede o pedido de Neemias e fornece-lhe cartas de autorização e recursos para a viagem. Ao chegar a Jerusalém, Neemias inspeciona as paredes danificadas sob o manto da escuridão, formulando um plano para sua reconstrução. Ele reúne o povo, transmitindo o chamado de Deus para a reconstrução e, apesar da oposição inicial, Neemias os inspira com sua determinação e visão. Este capítulo mostra a fé, a liderança e a abordagem estratégica de Neemias ao enfrentar os desafios para iniciar a restauração das defesas de Jerusalém.

Neemias 2

B. O atendimento do Pedido de Neemias.


2:1-8. A tristeza de Neemias na presença do rei provocou uma pergunta critica, que levou Neemias a fazer o seu pedido de permissão para ir a Jerusalém a fira de reconstruir os muros. O rei atendeu não só a este pedido, mas também quanto às cartas de apresentação aos governadores do ocidente e com referência ao material para construção dos portões da cidade, do palácio e da cidadela.

2:1. No mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes. Embora fosse o primeiro mês, era o vigésimo ano de Artaxerxes (cons. 1:1), porque seu ano oficial começava no sétimo mês – Tishri (outubro). Posto o vinho diante dele. Era provavelmente um banquete particular, pois a Tainha estava presente (v. 6).

2:2. Por que está triste o teu rosto?... Então temi sobremaneira. Neemias tinha motivos para temer, pois ficar triste na presença do rei era ofensa seria na Pérsia (cons. Et. 4:2). Além disso, ele sabia que o seu pedi do poderia deixar o rei muitíssimo irritado.

2:4. Então orei ao Deus dos céus. Esta rápida e silente oração apoiada por semanas de jejum e orações (1:4-11), provocou uma das mais assombrosas inversões da política real em toda a história.

2:5. Peço-te que me envies... à cidade... para que eu a reedifique. Sem dúvida Neemias sabia do recente decreto de Esdras 4:21, com a possibilidade em aberto de um futuro decreto referente a Jerusalém. Agora ele pedia ao rei que invertesse o primeiro decreto.

2:6. Estando a rainha assentada junto dele. Era Damáspia. Lembrando-se do exemplo de Ester, talvez ela influenciasse Artaxerxes em favor desse judeu. E marquei certo prazo. Possivelmente era um prazo curto, mais tarde estendido; pois ele ficou em Jerusalém doze anos (5:14) e então voltou para junto do rei por diversos anos (13:6).

2:7, 8 As cartas aos governadores ocidentais e a Asafe, as quais o rei garantiu a Neemias, provavelmente incluíam a sua nomeação como governador de Judá (5:14). A emissão dessas cartas, com autorização para reconstruir Jerusalém e seus muros, é quase com certeza o decreto para “restaurar e construir Jerusalém” que daria início às setenta semanas dos anos proféticos de Dn. 9:24-27. As matas do rei. A palavra hebraica para matas é literalmente paraíso, significando um “parque ou pomar” (Cantares 4:13; Ec. 2:5). A cidadela do templo. A fortaleza que protegia o templo e dava para a extremidade noroeste de seus átrios. Hananias era o governador dessa cidadela (Ne. 7:2). Hircano I (134-104 A.C.) construiu ali uma acrópole (Jos. Antiq. 15:11 . 4), e mais tarde Herodes a reconstruiu e a chamou de Antonia. A casa em que deverei alojar-me. Seria o palácio do governador.

C. Neemias inspeciona os muros e faz seu relatório.

2:9-20.
Depois de viajar até Jerusalém com escolta armada, Neemias inspeciona secretamente, durante à noite, os muros caídos. Ele desafia os judeus à reconstrução dos muros e responde aos insultos dos inimigos.

2:9. O rei tinha enviado comigo oficiais do exército. A posição oficial de Neemias exigia uma escolta militar (veja observações sobre Esdras 8:22). Esses soldados permaneceram em Jerusalém para sua proteção (Ne. 4:23).

2:10. Sambalá, o horonita. Ele era provavelmente de Bete-Horom Superior ou Inferior, cerca de 13kms a noroeste de Jerusalém. Um papiro elefantino menciona seus filhos como governadores de Samaria em 408 A.C. Tobias, o servo amonita. Talvez fosse um ex-escravo em Amom, ou possivelmente um servo do rei persa (veja observação sobre Esdras 4:7). E muito lhes desagradou. Neemias apela para a ironia a fim de descrever a atitude deles.

2:12. Então à noite me levantei... não declarei a ninguém. Foi uma atitude sábia que, com inimigos por todos os lados, ele mantivesse planos em segredo até que pudesse aquilata a verdadeira magnitude da tarefa. A fim de não chamar a atenção, seus companheiros foram a pé, enquanto ele cavalgava um cavalo ou mula.

2:13-15 Começando pelo portão que dava para o vale na extremidade sudoeste do muro da cidade, ele se dirigiu para o leste e então até o Vale do Cedrom (pelo ribeiro). Aqui seu caminho foi interrompido pelos muros em ruínas e ele foi forçado a desmontar. Contornando a cidade, ele entrou novamente pelo mesmo portão.

2:16. Aos mais que faziam a obra. Provavelmente aqueles que tinham trabalhado nos muros recentemente destruídos de Jerusalém.

2:17. Estais vendo a miséria em que estamos. Neemias absteve-se de acusar alguém por causa da situação e incluiu-se na dificuldade geral. Vinde, pois, reedifiquemos... e deixemos de ser opróbrio. A reconstrução dos muros acabaria para sempre com a condição exposta de sua cidade, que constantemente atraía ataques e o opróbrio dos seus inimigos.

2:18. E lhes declarei... as palavras que o rei me falara. Que ponto culminante para o seu discurso! Ninguém em Israel poderia negar a providência direta de Deus na alteração do decreto de Esdras 4:23 por Artaxerxes. O efeito foi imediato e sério: E fortaleceram as mãos para a boa obra. Era 19 de agosto de 444 A.C., pois o muro foi terminado cinquenta e dois dias mais tarde, em 21 de setembro (Ne. 6:15).

2:19. Gesém, o arábio. (Cons. 6:1, 2, 6). Provavelmente o governador de Dedã (Olmstead, op. cit., págs. 295, 316), ou o chefe de alguma tribo árabe que vida ao sul de Jerusalém (cons. 4:7). Zombaram de nós... Quereis rebelar-vos contra o mi? Cons. 4:1. Com sarcasmo interrogaram os judeus se pretendiam construir um muro suficientemente poderoso para resistir ao exército persa, contra o qual obviamente estavam se rebelando! (Cons. 6: 6).

2:20. O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito... vós, todavia, não tendes parte... em Jerusalém. Por sua impressionante gravidade, a resposta de Neemias se compara com a de Zorobabel (Esdras 4:3). Só por meio de uma tal vigilância sem compromisso, a teocracia poderia ser perpetuada.

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