Interpretação de Neemias 13

Neemias 13 conclui a narrativa dos esforços de Neemias para restaurar e governar Jerusalém. O capítulo aborda várias questões que surgem após o retorno de Neemias à Pérsia e sua subseqüente renomeação como governador de Judá. Neemias confronta a presença de Tobias, o amonita, nas câmaras do templo e o expulsa, restaurando a santidade do templo. Ele também aborda a violação do sábado, confrontando comerciantes que abriam lojas fora dos portões da cidade no dia sagrado. Neemias descobre que alguns judeus se casaram com mulheres estrangeiras, comprometendo a identidade e a fé da comunidade. Ele repreende os envolvidos e toma medidas para separar esses casamentos. O capítulo descreve seus esforços para restabelecer os regulamentos relativos aos dízimos e ofertas para o templo e seus serviços, garantindo o devido apoio financeiro. A oração de Neemias no final do capítulo reflete sua dedicação em manter as reformas que havia iniciado e seu apelo pelo favor de Deus. Neemias 13 retrata os desafios contínuos e as complexidades da liderança e do governo, destacando a importância da vigilância na manutenção das práticas religiosas, confrontando as transgressões e permanecendo comprometido com os princípios da fé. Serve como um lembrete de que a jornada de restauração e renovação requer dedicação contínua e coragem para abordar questões que possam surgir dentro de uma comunidade.

Reformas Finais de Neemias

Neemias 13


O clímax das reformas do dia da dedicação chegou com a separação dos israelitas da multidão mista. Durante a longa ausência de Neemias de Judá, muitos abusos se infiltraram na vida da nação, tais como a aliança de Eliasibe com Tobias, o povo deixando de sustentar os levitas, a violação do sábado e os casamentos com pagãos. Mas com a ajuda de Deus, Neemias valentemente purificou a nação desses abusos, e estabeleceu novamente as devidas observâncias religiosas.

13:1-3. Naquele dia. Presumivelmente no mesmo dia de 12: 44, e portanto o dia da dedicação. Os amonitas e os moabitas. Separação das nações pagãs foi o primeiro ponto enfatizado na aliança que o povo fizera antes (10:30). Os descendentes dos casamentos mistos com essas duas nações foram excluídos da congregação de Israel até a décima geração. Foi necessário que os judeus se lembrassem dessa lei, pois Tobias era amonita (2:19) e ele já forjara fortes alianças com destacadas famílias judias por meio do casamento (6:18; cons, 13:4-9). Assalariaram contra eles a Balaão. Fora um rei moabita que pagara a Balaão para amaldiçoar Israel (Nm. 22:2-6). Todo elemento misto (v. 3). Cons. Êx. 12: 38. Os descendentes dos casamentos mistos com egípcios e edomitas tinham permissão de participar plenamente da comunhão com Israel depois da terceira geração (Dt. 23:7, 8).

13:4-9. Antes disto. Veja observações sobre 12:27; 12:44. Eliasibe, sacerdote,... se tinham aparentado com Tobias. A palavra aparentado significa parente chegado (Rute 2:20) e se refere literalmente a um laço de família existente entre os dois através de Mesulão, um sacerdote (Ne. 6:18; cons. 3:30). Durante a ausência de Neemias, Eliasibe cedera para Tobias uma câmara ponde no átrio do templo (vs. 5, 7-9), onde os dízimos e as ofertas da nação eram armazenados (12:44). Ali Tobias tinha um quarto mobiliado (v. 8), ou talvez um apartamento (observe o plural no v. 9), sempre que visitava Jerusalém. Mas quando isto aconteceu não estive em Jerusalém (v. 6). No ano de 432 A.C., depois de governar Judá por doze anos (5:14; cons. 2:6). Neemias retomara para junto do Rei Artaxerxes. Rei da Babilônia. Uma vez que a maioria dos judeus ainda se encontrava na Babilônia, e o próprio rei talvez se encontrasse lá naquela ocasião, Neemias usa o título mais restrito (veja observação sobre Ed. 6:22). Ao cabo de certo tempo. Neemias devia ter ficado ausente por diversos anos, pois os abusos que encontrou quando de sua volta, tiveram tempo de se espalhar por toda Judá (Ne. 13:10,15, 23). Considerando que Artaxerxes morreu em 423 A.C., Neemias deve ter retornado a Jerusalém em cerca de 425 A.C. É muito possível que Malaquias estivesse profetizando durante esse tempo (compare 13:12 com Mal. 3:8-10).

13:10-14. Tinham fugido cada um para o seu campo. Apesar do juramento de 10:35-39 (cons. 12:47), os levitas (e presumivelmente muitos sacerdotes também) ficaram privados do sustento a que tinham direito (I Co. 9:8-14). Por causa disto tiveram de abandonar suas obrigações no templo a fim de ganharem seu sustento nas fazendas (Ne. 12:29). Então contendi com os magistrados (v. 11). Em obrigação dos chefes das comunidades verificar se os dízimos, etc., estavam sendo regularmente levados ao templo (cons. 17, 25). Ajuntei os levitas..., e os restituí aos seus postos. Isto é, os levitas foram trazidos de suas aldeias e colocados novamente no cumprimento dos seus deveres.

13:15-18. Enquanto visitava os distritos mais afastados de Judá, Neemias encontrou homens conspurcando o sábado com preparativos intensos para as vendas durante a próxima semana em Jerusalém (Amós 8:5). Esperou que levassem seus produtos a Jerusalém para vender, e então protestou contra eles. Pior do que isso eram os mercadores de Tiro que vendiam peixe seco e outros produtos para os judeus na província e em Jerusalém no dia do sábado, levando os judeus a violarem o juramento que tinham feito (Ne. 10:31a). Acaso não mor vossos pais assim? (v. 18). Sem dúvida Neemias tinha em mente a explícita advertência de Jr. 17:21-27, que não fora considerada, levando toda a nação ao desastre.

13:19-22. Ao pôr do sol, exatamente antes de começar o sábado, Neemias ordenou que as portas principais fossem fechadas. Presumivelmente durante o dia do sábado o povo tinha permissão de entrar e sair da cidade, mas a guarda do próprio Neemias (4:23) ficou de prontidão junto às portas para não permitir a entrada dos mercadores. Lançarei mão sobre vós (v. 21). Quando eles se opuseram a esta medida armando barracas do lado de fora da cidade, ele acabou com esta profanação do sábado ameaçando com medidas violentas (cons. v. 25). Depois de passada a crise, parece que ele substituiu a guarda especial pelos levitas (v. 22), que guardavam as portas e santificavam o sábado como dia santo acima dos dias comuns.

13:23-27. Viajando até as fronteiras da província de Judá, Neemias descobriu judeus que há muito tinham se casado com mulheres das nações vizinhas, especialmente com asdoditas (uma cidade na Filístia), amonitas e moabitas. Isto, apesar das reformas que foram iniciadas por Esdras cerca de trinta anos antes, e apesar de decisões mais recentes de 10:30 e 13:1-3. Os filhos dessas uniões nem sabiam falar o hebraico puro. Neemias, reagindo à situação com o zelo que lhe era característico, discutiu com eles, chegando até a espancá-los (Dt. 25:2), arrancando-lhes os cabelos (Is. 50:6) e fê-los jurar por Deus que não se casariam mais com estrangeiros. À luz de Ed. 10:19, provavelmente também insistiu que tais alianças não santificadas fossem dissolvidas. Embora aparentemente rudes, tais medidas eram absolutamente necessárias conforme a história veio comprovar. O triste caso de Salomão (cons. Ne. 12:45) pode ser aplicado a esta altura. Embora fosse único entre os reis (II Cr. 1:12; I Reis 3:12) e amado de Deus (II Sm. 12:24), esposas estrangeiras comprovaram-se ser o motivo de sua queda (I Reis 11:1-8).

13:28, 29. Um dos filhos de Joiada... era genro de Sambalá. Sabemos de 12:22, 23 que Joanã era o filho mais velho de Joiada e o pai de Jadua. Joanã aparece nos papiros elefantinos como sumo sacerdote em 408 A.C. Portanto, aquele que se casou com a filha de Sambalá deve ter sido um irmão mais moço de Joanã, Este fato é importante, porque mostra que Joanã tinha, nesta ocasião, idade suficiente para ter filhos, dos quais Jadua era o mais velho, Veja observação sobre 12:22. Pelo que o afugentei de mim... pois contaminaram o sacerdócio. Este pecado mereceu menção especial, pois foi cometido contra os maiores privilégios. Casando-se com a filha de um estrangeiro, este filho do sumo sacerdote Joiada, descaradamente, desafiou a aliança de santidade de Deus com o sacerdócio araônico (Lv. 21:6-8, 14, 15), e assim mereceu amplamente o banimento da nação. Josefo (Antiq. 7, 8) fala de um certo Manassés, irmão do sumo sacerdote Jadua, nos dias de Alexandre, o Grande, que se casou com a filha de Sambalá. Quando as autoridades judias o excluíram do sacerdócio, Sambalá instalou-lhe um novo templo e um novo culto no Monte Gerizim, na Samaria. É verdade que tal templo rival foi mais tarde instalado (cons. Jo. 4:20), mas Josefo confundiu os fatos tentando ligar esse acontecimento com o episódio registrado em Ne. 13:28.

13:30, 31 Neemias resume suas grandes contribuições para o bem-estar de sua nação. Negativamente, estrangeiros foram removidos das posições de honra em Israel; e positivamente, os sacerdotes e levitas foram reinstalados em suas devidas ocupações, e as diversas ofertas para o templo foram recomeçadas. Lembra-te de mim, Deus meu, para o meu bem. Cons. 5:19; 13:14, 22. Esta oração foi maravilhosamente respondida pelo Senhor, pois as memórias de Neemias formam parte permanente da Palavra de Deus.

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