Introdução à Epístola aos Hebreus

Introdução à Epístola aos Hebreus

Introdução à Carta aos

HEBREUS

(Introdução Bíblica)
Jesus Cristo, a perfeita revelação de Deus 1.1-3
Cristo é superior aos anjos 1.4—2.18
Cristo é superior a Moisés e Josué 3.1—4.13
Cristo, o nosso Grande Sacerdote, é superior aos sacerdotes levitas 4.14—7.28
A aliança feita por Cristo é superior 8.1—9.22
O sacrifício de Cristo é superior 9.23—10.39
Heróis da fé 11.1-40
Deus, o nosso Pai 12.1-11
Conselhos e avisos 12.12-29
Como agradar a Deus 13.1-19
Oração e saudações 13.20-24
Bênção 13.25

INTRODUÇÃO

A Carta aos Hebreus foi escrita a cristãos que estavam correndo o risco de abandonar a sua fé em Cristo (6.4). Estavam desanimados (12.12-13), e alguns deles já tinham deixado de assistir aos cultos da igreja (10.25). Essas pessoas, ao que parece, eram judeus que tinham se convertido à fé cristã, mas que, possivelmente por causa de perseguição, estavam pensando em voltar à religião judaica. Se fizerem isso, adverte o autor, eles se tornarão inimigos de Cristo e, por assim dizer, estarão crucificando outra vez o Filho de Deus (6.6). O autor sabe que os seus leitores ainda não tinham negado Cristo (6.9-12), mas enxerga, melhor do que eles, o grande perigo que correm.
“Vamos em frente!”, diz ele (6.3), dando aos cristãos daquele tempo uma lição que vale para os cristãos de todos os tempos.

1. CONTEÚDO

Este livro parece mais um sermão do que uma carta. O autor afirma que está escrevendo “palavras de ânimo” (13.22), usando uma expressão que aparece também em At 13.15, quando se fala sobre o sermão que Paulo pregou em Antioquia da Pisídia.
A grande mensagem do livro é que Jesus Cristo, a perfeita revelação de Deus (1.1-3), é superior em tudo. Ele é superior aos anjos (1.4—2.18), superior a Moisés e Josué (3.1—4.13) e superior aos sacerdotes judeus (4.14—7.28). A aliança feita por meio dele é superior à antiga aliança que Deus fez com o povo de Israel (8.1—9.22), e o seu sacrifício é superior aos sacrifícios dos judeus (9.23—10.39).
O autor fala muito a respeito de Jesus como o nosso Grande Sacerdote (4.14—5.10; 8.1—9.28), baseando o seu ensinamento na pessoa de Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote de Deus (Gn 14.17-20). Como diz o Sl 110.4, Melquisedeque foi uma figura de Cristo, o nosso Grande Sacerdote (6.20—7.28).
Ao citar e explicar textos do AT, o autor deste livro usa métodos de interpretação bíblica que parecem estranhos a nós, mas que eram usados naquele tempo pelos estudiosos judeus e cristãos.
A lista dos grandes heróis e heroínas do povo de Deus no passado (cap. 11) serve para encorajar os leitores a seguirem o exemplo dessas pessoas, que foram fiéis ao chamado de Deus (12.1-29). Depois de vários conselhos e avisos (13.1-19), o autor faz uma oração a favor dos seus leitores (13.20-21) e se despede deles com saudações finais (13.22-25).

2. MENSAGEM

2.1. O perigo de abandonar a fé Não há salvação para quem voltar atrás, depois de haver posto a sua fé em Cristo (6.4-8). O autor não mede palavras para mostrar a esses cristãos o grande perigo que estão correndo (2.2-3; 8.12; 10.26-31; 12.16-17). Ele cita o exemplo dos israelitas que não conseguiram entrar na Terra Prometida porque não tinham fé (3.7—4.11). Assim, também, é possível que esses cristãos não entrem na Terra Prometida da eternidade.
2.2. A necessidade de ficar firme na fé Como provam os testemunhos dados pelos heróis e heroínas do povo de Deus no passado (cap. 11), os cristãos a quem o autor escreve precisam ir sempre em frente, com os olhos fixos em Jesus (3.1; 12.1-2). Embora nenhum deles tinha sido morto (12.4), também eles foram insultados e maltratados (10.32-34). “Fiquemos firmes”, diz o autor (4.14), que faz todo o possível para animá-los e encorajá-los (2.1; 3.6,14; 4.2-3,11,14-16; 6.11-12; 10.39).
2.3. Jesus Cristo O autor da Carta aos Hebreus mostra que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é superior a tudo e a todos: aos anjos (1.4—2.12); a Moisés e Josué (3.1—4.13); e aos sacerdotes levitas (4.14—7.28). A aliança que Cristo fez é superior à velha aliança (8.1—9.22), e o sacrifício que ele ofereceu a Deus é superior aos sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes judeus (9.23—10.39).
O autor enfatiza a completa e perfeita humanidade de Jesus (2.14,18; 5.7-8). Ele, como nós, sofreu e foi tentado, mas não pecou (4.15; 7.26-28). Também dá grande destaque à morte de Jesus (2.9-10; 9.12,14,26-28; 10.9-10,19-20), sendo que a ressurreição é mencionada apenas uma vez (13.20-21). Jesus Cristo é o nosso Grande Sacerdote, que ofereceu a Deus o sacrifício que garante o perdão dos nossos pecados. O sacrifício dele é a sua morte, com a qual ele conseguiu a nossa salvação (9.11-15; 9.23—10.21).
2.4. O Dia Final O autor crê que o Dia Final não vai demorar. Esta é mais uma razão para que os seus leitores façam o que ele recomenda (9.26; 10.25,37).

3. AUTOR, DATA, LUGAR ONDE FOI ESCRITA, LEITORES

3.1. A carta é anônima, ou seja, o autor não se identifica. Antigamente, dizia-se que o apóstolo Paulo era o autor, mas, hoje, são poucos os que ainda pensam assim. Alguns acham que a carta foi escrita por Barnabé ou por Apolo. A única coisa certa é que não se sabe ao certo quem foi o autor.
3.2. O autor e os seus leitores pertencem à segunda geração de cristãos (2.3). Os primeiros líderes já haviam morrido (13.7), e o autor pede que obedeçam aos seus líderes atuais (13.17). A data mais provável fica entre 65 e 85 d.C.
3.3. Quanto ao lugar onde foi escrita, o texto de Hb 13.24 (“Os irmãos da Itália também mandam saudações a vocês”) parece sugerir que o autor se encontra fora da Itália.
3.4. Os leitores são, na maioria, cristãos judeus. Justifica-se, assim, o título da Carta (que não faz parte do texto original): “Aos Hebreus”. Esses cristãos tinham sofrido perseguições, e o autor, que os conhece bem (13.22-24), escreve “essas palavras de ânimo” para encorajá-los. O que o autor diz em 13.24 dá a entender que os leitores eram uma comunidade cristã existente na Itália.