SETE ESPÍRITOS DIANTE DO TRONO (John Gill: Apocalipse 1:4)

SETE ESPÍRITOS DIANTE DO TRONO (John Gill: Apocalipse 1:4) João, às sete igrejas que estão na Ásia,.... Na Ásia menor; seus nomes são mencionados em Apocalipse 1:11.

Que a graça esteja sobre vós, e paz;... Que é a saudação comum dos apóstolos em todas as suas epístolas, e que inclue todas as bençãos da graça, e toda a properidade, interna e externa: Veja notas de Gill em Romanos 1:7. As pessoas a quem eles são desejados são muito particularmente descritas,

Daquele que é, e que era, e que há de vir,... O que alguns entendem de toda a Trindade, o Pai “que é”, sendo o Eu Sou O Que Sou, o Filho “que era”, que estava com Deus, o Pai, e era Deus,[1] e o Espírito, que “está para vir”, que foi prometido para vir da parte do Pai e do Filho, como Consolador, o Espírito da verdade: os outros pensam que apenas Cristo é aqui mencionado, como Ele é em Ap 1:8 pelas mesmas expressões, e é aquele “que é”, já que antes de Abraão, Ele era o “Eu sou”, e aquele “que foi”, o Logos eterno, ou a Palavra, e é o “por vir”, como o Juiz dos vivos e dos mortos. Mas sim, deve ser entendido da primeira pessoa, de Deus, o Pai, e as frases são expressivas tanto de Sua eternidade, Ele sendo Deus de eternidade a eternidade; e de sua imutabilidade, sendo agora o que Ele sempre foi, e será o que Ele agora é, e sempre foi, sem qualquer variação, ou sombra de mudança: elas são uma perífrase, e uma explicação da palavra “Jeová”, que inclui todos os tempos, passado, presente e futuro. Então os judeus explicam esse nome em Exo 3:14:

“Diz R. Isaac (k), o santo bendito Deus disse a Moisés: Dize-os, Eu sou aquele que era, Eu sou aquele que é agora, e Sou aquele que virá, portanto, אהיה é escrito três vezes.”

E tal perífrase de Deus é frequente em seus escritos (l),

E dos sete espíritos que estão diante do seu trono,... Quer diante do trono de Deus, o Pai, ou, como a versão Etíope lê, “diante do trono do Senhor Jesus Cristo”; por quem não se entende os anjos, embora estes sejam espíritos e estejam em pé diante do trono de Deus, sempre prontos para fazer a Sua vontade: este é o sentido de alguns intérpretes, que pensam que tal número deles é mencionado com referência aos sete anjos das igrejas, ou para os últimos sete “Sephirot”, ou números na árvore cabalística dos judeus, as três primeiras supõem designar as três Pessoas na Divindade, expressas na cláusula anterior, e os últimos sete o inteiro número dos anjos, ou aos sete anjos principais que os judeus falam. Com efeito, nos Apócrifos:

“Eu sou Rafael, um dos sete anjos, que apresentam as orações dos santos, e que entram e saem diante da glória do Santo.” (Tobias 12:15)

Rafael é dito ser um dos sete anjos, mas isso não parece ser uma noção geral recebida entre eles, de que havia sete anjos principais. A paráfrase caldéia em Gen 11:7 é mal compreendida pelo Sr. Mede, pois não é “sete”, mas “setenta anjos”que são ali abordados. Era comum com os judeus só falarem de quatro anjos principais, que estão ao redor do trono de Deus, e seus nomes são Miguel, Uriel, Gabriel e Rafael, de acordo com eles, Miguel está em sua mão direita, Uriel em sua esquerda, Gabriel diante dEle, e Rafael por trás dEle (m). No entanto, não parece provável que os anjos devam ser colocados em tal situação, entre as Pessoas divinas, o Pai e o Filho, e ainda menos que a graça e a paz deva ser desejadas a partir deles, como da parte de Deus Pai, e do Senhor Jesus Cristo, e que qualquer lugar deve ser dada ao culto de anjos, em um livro em que os anjos são muitas vezes representado como adoradores, e em que a adoração é mais de uma vez proibida por eles; mas por esses sete espíritos devemos entender o Espírito Santo de Deus, que é Um na sua pessoa, mas os seus dons e graças são diferentes e, portanto, Ele é representado por esse número, por causa da plenitude e da perfeição deles, e no que diz respeito às sete igrejas, sobre o qual Ele presidiu, que Ele influenciou, santificou, encheu, e enriqueceu com os Seus dons e graças.

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Notas:
[1] Cf. João 1:1. N do T.
(k) Shemot Rabba, sec. 3. fol. 73. 2.
(l) Targum. Jon. em Deut. xxxii. 39. Zohar em Exod. fol. 59. 3. & em Numb. fol. 97. 4. & 106. 2. Seder Tephillot, fol. 205. 1. Ed. Basil. fol. 2. 2. Ed. Amsterd.
(m) Bemidbar Rabba, sec. 2. fol. 179. 1.


Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible de Dr. John Gill (1690-1771)