Livro de Apocalipse no Novo Testamento


Livro de Apocalipse no Novo Testamento

Livro de Apocalipse no Novo Testamento


O Livro de Apocalipse é o último livro da Bíblia, e é assim chamado pelo fato de conter as proféticas doutrinas reveladas ao autor por Jesus Cristo. A sua autoria é, pelo próprio livro, atribuída a João (1.1,4,9; 22.8). Foi o servo de Jesus Cristo (1.1), “o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo” (1.2). A Igreja Primitiva, num testemunho quase universal, diz que o autor do Apocalipse é o Apóstolo João, filho de Zebedeu, o mesmo que escreveu o quarto Evangelho. Com respeito a data do livro, é muito discutida. A questão principal é saber se o desterro de João para Patmos, pequena ilha do mar Egeu, aconteceu quando Nero era imperador de Roma (54 a 68 A.D.), ou no tempo do imperador Domiciano (81 a 96 A.D).

Este livro é do mesmo caráter profético, que distingue os livros de Daniel e Ezequiel. Esta literatura apocalíptica teve sempre por fim animar a estimular o povo judeu, em tempos de desgraça nacional, com a certeza dum futuro glorioso pela vitória do Libertador de Israel que havia tanto tempo se esperava.

O conteúdo pode ser dividido da maneira seguinte: A primeira parte (1 a 3) refere-se “as coisas que sae, e compreende uma visão preparatória das perfeições divinas, a simpatia do Redentor para com os homens, e também as epístolas aos “anjos”, que são personificações do espírito de cada uma das sete igrejas. Cada uma destas cartas ou epístolas consta de três partes: (1) a introdução, que se refere sempre a alguns dos atributos Daquele que fala à Igreja, tomados da visão precedente, e nos quais se observa uma ordem progressiva e uma adaptação ao sentido geral da epístola que segue; (2) uma descrição das características da igreja com a conveniente animação, admoestação e censura; (3) e as promessas duma recompensa aos que vencerem, promessas que são feitas a todas as igrejas.

A parte restante do livro (4 a 22) compreende a profecia do “que deve acontecer depois destas coisas”. Ha uma série de visões que mostram, por meio de imagens simbólicas e linguagem figurada, os conflitos e sofrimentos do povo de Deus, e a ação da Providência sobre os perseguidores dos fiéis. E conclui, apresentando a queda da mística Babilônia, que é a figura do erro, e mostrando a triunfante Nova Jerusalém, a Igreja aperfeiçoada.

Toda a matéria do livro pode, também, dividir-se em sete partes, não contando com prólogo, que compreende os oito primeiros versículos do cap. 10: 1. As sete epístolas as sete igrejas (1 a 3); 2. Os sete selos (4.1 a 8.1); 3. As sete trombetas ressoantes (8.2 all); 4. As sete figuras místicas: a mulher vestida do sol, o dragão vermelho, o varão criança, a primeira besta que saiu do mar, a segunda besta que se levantou da terra, o Cordeiro no monte Sião, o Filho do Homem sobre a nuvem; 5. O derramamento das sete taças (15,16); 6. A aniquilação dos inimigos da Igreja (17-20); 7. As glórias da Cidade Santa, a Nova Jerusalém (21 a 22.5); 7. Epilogo (22.6 a 21).

A interpretação das profecias tem sido assunto para grandes discussões. As diferentes teorias podem ser dispostas em quatro parágrafos:

(1) A interpretação preterista, que diz terem tido as profecias do Apocalipse o seu cumprimento na primeira idade da Igreja. As críticas do sistema preterista afirmam que uma grande parte do livro refere-se ao tempo da perseguição de Nero e da rebelião judaica. Os sete reis de que fala o vers. 10 do cap. 17 significam os imperadores Augusto, Tibério, Gaio Caligula, Claudio, Nero, Galba e Oto. O que se diz em 13:18 com respeito ao número da besta, 666, corresponde, segundo este sistema de interpretação, ao valor numérico das letras hebraicas nas palavras Nero César.

(2) A escola histórica de expositores considera estas profecias como um delineamento dos grandes acontecimentos da história do mundo, ou da Igreja, desde os tempos apostólicos até o fim do mundo.

(3) A escola futurista sustenta que a maior parte desta série de profecias, ou todas elas, dizem respeito a acontecimentos, que se realizarão um pouco antes da Segunda Vinda de Cristo. O anticristo, ou a besta apocalíptica é, segundo esta teoria, um infiel em pessoa, que reinara sobre toda a extensão do velho Império Romano, e perseguirá triunfantemente as santos pelo espaço somente de três anos e meio, vindo depois Cristo destruir aquele ímpio poderoso.

(4) O quarto sistema de interpretação, com o nome de espiritual ou ideal, considera o Apocalipse uma manifestação pitoresca de grandiosos princípios em constante conflito, embora sob várias formas, e de caráter eclético. E importante observar a correspondência de linguagem, em certas expressões, entre o Evangelho de João e o Apocalipse:

I. A aplicação do titulo “Verbo de Deus” a Jesus (19.13). Este nome “o verbo” aparece somente no Novo Testamento, nos escritos de João: veja-se Jo 1.1 e 1 Jo 1.1.

II. A ideia de designar pelo nome de Cordeiro de Deus o Redentor da Humanidade ocorre vinte e cinco vezes no livro do Apocalipse, e também em Jo 1.29, 36.

III. O uso do termo “vencer”, no sentido de destruir o mal do mundo, repetidas vezes se nota nas cartas as sete igrejas (2,3, e também em 12.11 e 15.2, e 17.14 e 21.7; veja-se 1 Jo 2.13, 14 e 4.4 e 5.4,5).

IV. O termo “verdadeiro” no sentido de real, genuíno, em oposição a fictício acha-se treze vezes no Evangelho e Epístolas, e dez vezes no Apocalipse (veja-se 3.7 e 19.11; Jo 1.14 e 15.1; e 1 Jo 5.20).

V. A expressão “quantos o traspassaram” (1.7) acha-se somente em Jo 19.37, e está em relação com a passagem de Zacarias, 12.10, cuja tradução difere da dos Setenta.

VI. A excelente ideia de João no Evangelho, expressa pelo nome e correspondente verbo grego, que se acham traduzidos pelas palavras “testemunho”, “testificar”, no sentido de declaração respeitante a Jesus Cristo, e duma profissão pública de crença, encontra-se também de modo proeminente no Apocalipse (veja-se 1.2,9 e 6.9, e 12.11, 17, e 19.10, e 20.4 e 22.18, 20).

Cf. Título do Livro de Apocalipse
Cf. Teologia do Livro de Apocalipse
Cf. Introdução Geral ao Livro de Apocalipse
Cf. Fundo Histórico do Livro de Apocalipse