Significado de Lucas 12

Lucas 12

Lucas 12 começa com Jesus alertando seus discípulos para tomarem cuidado com a hipocrisia e temerem a Deus e não ao homem. Ele também ensina sobre a importância de reconhecê-lo diante dos outros e confiar na provisão de Deus.

Outro tema importante em Lucas 12 é a ideia de mordomia e o uso da riqueza. Jesus conta a parábola do rico insensato, que acumula sua riqueza e não reconhece a natureza temporária de sua vida. Ele também encoraja seus seguidores a venderem seus bens e doarem aos pobres, reconhecendo que as verdadeiras riquezas vêm de acumular tesouros no céu.

O capítulo termina com o ensinamento de Jesus sobre a necessidade de estarmos prontos para sua volta, enfatizando a importância de sermos fiéis e aguardarmos sua vinda. Ele encoraja seus seguidores a serem como servos que estão sempre prontos para abrir a porta para seu mestre, demonstrando a importância de estar vigilantes e preparados para a volta de Cristo.

No geral, Lucas 12 é um capítulo da Bíblia que contém vários ensinamentos e parábolas poderosas de Jesus, incluindo sua advertência contra a hipocrisia, sua ênfase na mordomia e no uso da riqueza e seu ensino sobre a necessidade de estar pronto para seu retorno. Por meio dessas histórias, Jesus demonstra seu papel como Salvador da humanidade e seu desejo de trazer verdadeiras riquezas e vida eterna a todos que nele crerem.

I. Hebraísmos e o Texto Grego

Lucas 12 é um bloco discursivo coeso em que a narrativa lucana, escrita em grego koiné, deixa transparecer uma base semítica densa, perceptível tanto na escolha lexical quanto no encadeamento sintático e nos idiomatismos que remontam à fraseologia hebraica (e aramaica). O capítulo se organiza em advertências e exortações que avançam por parataxe, com repetidos “e disse” e “e” que cumprem a função do waw consecutivo hebraico, reproduzindo a cadência da fala profética (por exemplo, a sequência “e disse” em Lucas 12:1–3, 12:14–16, 12:22, 12:32, 12:41), como em narrativas do Antigo Testamento em que o hebraico encadeia ações com waw (wayyiqtol) — vide, como paralelo de ritmo e encadeamento, Êxodo 12 e 1 Reis 18. O modo semítico de afirmar por meio de negação enfática também aparece: “nada há encoberto que não venha a ser revelado” (Lucas 12:2) corresponde ao uso hebraico de litotes para reforçar o futuro desvelamento no juízo, em sintonia com “Deus há de trazer a juízo toda obra, até tudo o que está encoberto” (Eclesiastes 12:14) e “Ele revela o profundo e o escondido” (Daniel 2:22). A fórmula solene “amém, digo-vos” (amēn legō hymin) em Lucas 12:37, 44 é um semitismo cristalino: ʾāmēn carrega a nuance hebraica de confirmação juramentada e funciona, no discurso, como marcador profético (cf. Isaías 65:16).

O aviso contra “o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” ativa um campo semântico hebraico. “Hipocrisia” traduz hypokrisis (hypókrisis, “fingimento”), mas o contraste simbólico provém do fermentar proibido do culto, ḥāmēṣ (ḥāmēṣ, “levedado”), cuja remoção marcava consagração e pureza comunitária (Êxodo 12:15; Êxodo 13:7; Levítico 2:11). A frase lucana liga a crítica ética a uma imagem cultual veterotestamentária: o “fermento” (contaminação) infiltra e corrompe, como a impureza levedada que não devia entrar no pão da oferta. O desenvolvimento imediato — “tudo o que dissestes às escuras será ouvido à luz” (Lucas 12:3) — retoma o padrão profético de desocultação dos segredos do coração (Salmos 90:8; Eclesiastes 12:14), com o paralelismo semítico repetitivo (dizer/ouvir; escuridão/luz) funcionando como reforço retórico típico do hebraico.

A perícope do temor (Lucas 12:4–7) alterna antítese semítica (“não temais... temei”) e paralelismo: phobeisthe (“temei”) ecoa a teologia sapiencial do yirʾat YHWH (yirʾat YHWH, “temor do SENHOR”) como princípio ordenador da vida (Provérbios 1:7; Provérbios 9:10). O ensino de que Deus “conta até os cabelos” segue a hipérbole oriental de providência minuciosa, conhecida do hebraico pela fórmula “nem um fio de cabelo cairá” (1 Samuel 14:45; 2 Samuel 14:11; 1 Reis 1:52). O argumento a fortiori — “não temais; mais valeis do que muitos pardais” — trabalha o raciocínio qal waḥômer (do menor ao maior), comum na tradição judaica, reforçado pelo cuidado divino com os corvos e com a erva do campo adiante (Lucas 12:24–28), que ecoa Jó 38:41 (“quem prepara ao corvo... o seu alimento?”) e Salmos 147:9, além do cuidado criacional de Salmos 104:24–28. O próprio termo “Geena” (geenna) preserva um semitismo lexical: deriva de gēʾ hinnōm (gēʾ Hinnōm, “vale de Hinom”), locus de juízo e abominação no Antigo Testamento (Jeremias 7:31–32; 19:6), transliterado para o grego sem perda do campo de sentido.

A confissão do “Filho do Homem” (Lucas 12:8–10) introduz um título messiânico com base semítica explícita. Huios tou anthrōpou traduz o aramaico bar ʾenāš (bar ʾenāš, “filho de homem”) de Daniel 7:13–14, e sua função judicial (“confessará diante dos anjos de Deus”) transporta o cenário de tribunal celeste do profeta para a cristologia lucana. A advertência sobre “blasfêmia contra o Espírito Santo” usa blasphēmia (blasphēmia, “ultraje, profanação”) com ressonâncias veterotestamentárias de resistência obstinada à ação do Espírito: “foram rebeldes e entristeceram o seu Espírito Santo” (Isaías 63:10). Lucas não cita diretamente, mas a isotopia semântica de resistência culpável (mērî, rebeldia) à atuação do Espírito está em linha com a teologia profética do endurecimento.

No diálogo sobre herança e na parábola do rico insensato (Lucas 12:13–21), a textura semítica vem à tona no emprego de pleonexia (pleonexia, “cobiça”), que corresponde ao interdito do ḥāmad (ḥāmad, “cobiçar”) do decálogo (Êxodo 20:17; Deuteronômio 5:21). O solilóquio do proprietário, que diz à sua “alma” — psychē (psychē, “vida/alma”): “psychē, tens muitos bens...” — imita a antropologia hebraica que trata a vida integral como nepeš (nepeš, “vida, garganta, pessoa”), e a locução “dizer à minha alma” tem paralelo direto na fala devocional dos Salmos (“Por que estás abatida, ó minha alma?”, Salmos 42:5). A sentença divina “esta noite te pedirão a tua alma” usa o verbo apaitousin (“requisitarão, cobrarão”), sugestivo de empréstimo que vence, e evoca a precariedade sapiencial: “não te glories do dia de amanhã” (Provérbios 27:1) e a frustração do ajuntamento para outrem (Eclesiastes 2:18–23). O veredicto “louco” (aphrōn) situa o rico na tradição dos nāvāl (nāvāl, “insensato”), cuja loucura consiste em excluir Deus do horizonte do planejamento (Salmos 14:1).

A seção sobre ansiedade (Lucas 12:22–34) está saturada de hebraísmos de pensamento e imagem. “A vida é mais que o alimento” alia psychē à dádiva divina de vida, em consonância com Deuteronômio 8:3 (“o homem não viverá só de pão”). A observação dos corvos (korakes) e dos lírios projeta o olhar sapiencial sobre a ordem criada: o “coroamento” de Salomão fornece o contraste — o esplendor régio de 1 Reis 10 e 2 Crônicas 9 é menor que a efemeridade vestida por Deus —, enquanto “o campo, que hoje existe e amanhã é lançado ao forno” retoma a gramática de Salmos 103:15–16 e Isaías 40:6–8 sobre a relva passageira. A exortação a “fazer tesouros nos céus” mantém uma expressão judaica que, embora se desenvolva fortemente na literatura do Segundo Templo, encontra ecos veterotestamentários na ideia de que o céu é “o bom tesouro” de Deus que se abre em favor do seu povo (Deuteronômio 28:12) e nas “janelas dos céus” de Malaquias 3:10; a máxima “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” repousa sobre a antropologia bíblica que põe o lēb (lēb, “coração”) como centro diretor da pessoa (Provérbios 4:23).

A vigilância (Lucas 12:35–48) traz duas imagens com forte lastro hebraico: “cingidos os vossos lombos” e “candeias acesas”. A primeira traduz perizōsmenai hai osphyai (“lombos cingidos”), ecoando a postura pascal prescrita em Êxodo 12:11 (ḥăgōr matnayim, “cinge os lombos”) e a prontidão profético-sacerdotal (Jeremias 1:17; Isaías 11:5). A segunda — lâmpadas que ardem — remete ao serviço contínuo de luz no santuário (Êxodo 27:20; Levítico 24:2). O cenário do senhor que chega na “segunda ou terceira vigília” preserva uma moldura de guarda noturna conhecida do mundo hebraico (Salmos 130:6; Habacuque 2:1), e a bem-aventurança paradoxal (“em verdade vos digo: cingir-se-á e os servirá”, Lucas 12:37) dialoga com o banquete escatológico de Isaías 25:6, onde o Senhor é o anfitrião que reverte papéis. O princípio moral que conclui a unidade — “a quem muito foi dado, muito será exigido” — condensa o qal waḥômer pactual: privilégio implica responsabilidade, como em Amós 3:2 (“a vós somente conheci... portanto, vos punirei por todas as vossas iniquidades”) e em 1 Samuel 2:3, onde o Deus de conhecimento “pesa as ações”.

Quando Jesus fala de “fogo” e de um “batismo” que ainda deve sofrer (Lucas 12:49–50), a metáfora semítica aciona duas tradições: o fogo purificador e o fogo de juízo. O primeiro é o de Malaquias 3:2–3 (o ourives que purifica a prata), e o segundo o de Isaías 66:15–16 (o Senhor vem “com fogo”) e Jeremias 23:29 (“a minha palavra não é como fogo?”), compondo um quadro profético em que o Reino irrompe como crise. A consequência social nomeada por Jesus — não paz, mas “divisão” — é citacional: Lucas 12:53 recorta diretamente Miqueias 7:6 (“o filho despreza o pai; a filha se levanta contra a mãe...”), de modo que a própria sintaxe paralelo-antitética (pai/filho; mãe/filha; sogra/nora) reproduz o paralelismo hebraico em cola balanceados, e não um raciocínio helenista abstrato.

A conclusão exortativa (Lucas 12:54–59) permanece profundamente enraizada na profecia. A crítica “sabeis discernir o aspecto do céu, e não sabeis discernir este tempo” reencena a denúncia veterotestamentária contra a insensibilidade espiritual: Jeremias 8:7 lembra que “a cegonha no céu, e a rolinha, e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o direito do SENHOR”, e Isaías 5:12 acusa quem “não atenta para a obra do SENHOR”. A parábola prudencial de acertar-se “no caminho” com o adversário antes de chegar ao juiz retém a sabedoria proverbial que desaconselha precipitação em litígios (Provérbios 25:8) e, no nível idiomático, emprega o tempo oportuno (kairós) na mesma chave sapiencial de “buscar o SENHOR enquanto se pode achar” (Isaías 55:6). A cadência final desde “enquanto estás a caminho” até “não sairás dali até pagares o último leptón” é paratática e proverbial, soando como maximização de provérbio judicial.

Em todo o capítulo, portanto, o grego lucano serve de veículo a uma matriz hebraica: parataxe cumulativa que reproduz waw consecutivo; fórmulas solenes semíticas como amēn legō hymin (“em verdade vos digo”); títulos e termos transliterados com lastro hebraico, como “Geena” de gēʾ Hinnōm e “Filho do Homem” do aramaico bar ʾenāš; idiomatismos hebraicos como “dizer à minha alma” (com psychē funcionando como nepeš), “cingir os lombos” (ḥăgōr matnayim), “temor” de Deus como eixo ético (yirʾat YHWH), e o raciocínio qal waḥômer que estrutura exortações (“quanto mais vós...”). As imagens-pivô — fermento, revelação de segredos, contagem de cabelos, provisão para corvos e lírios, tesouro e coração, vigílias noturnas, fogo purificador, divisão doméstica profetizada, leitura dos sinais — não são acessórios ilustrativos, mas a malha semântica herdada das Escrituras de Israel, convocadas por Lucas para mostrar que o Reino anunciado por Jesus cumpre e reencena, em chave escatológica, a sintaxe, a poética e a teologia do Antigo Testamento (Êxodo 12; Levítico 2:11; Jó 38:41; Salmos 42:5; 90:8; 103:15–16; 104; 130:6; 147:9; Provérbios 1:7; 4:23; 27:1; Eclesiastes 2:18–23; 12:14; Isaías 5:12; 11:5; 25:6; 40:6–8; 55:6; 63:10; 66:15–16; Jeremias 7; 19; 8:7; Daniel 2:22; 7:13–14; Miqueias 7:6; Amós 3:2; Malaquias 3:2–3). A “camada de hebraísmos” não é um verniz ocasional, mas a própria tessitura do discurso: Lucas escreve em grego, mas pensa — e faz seu leitor pensar — com as formas, a sintaxe e os símbolos da Bíblia hebraica.

II. Comentário de Lucas 12

Lucas 12.1, 2 O termo fermento, neste trecho, representa a presença da corrupção. O pão asmo era o alimento que os judeus consumiam na Páscoa (Êx 12.14-20). A corrupção é vista aqui como hipocrisia. Agir hipocritamente é insensato, porque no fim todas as atitudes — sejam elas boas ou más — serão reveladas.

Lucas 12.3 A expressão sobre os telhados será apregoado quer dizer que todos os segredos serão revelados por Deus (Rm 2.15,16; 1 Co 4-5). O gabinete era uma despensa cercada por outros cômodos, além de ser a parte mais privada de uma casa.

Lucas 12.4 Este versículo antecipa a severa perseguição religiosa como consequência das afirmações de Jesus em Lucas 11.39-54.

Lucas 12.5 Mesmo em face à perseguição religiosa, aqueles que acreditavam no Salvador deveriam temer somente a Deus, que tudo vê e diante de quem estaremos um dia para prestar contas de todos os nossos atos. Jesus não estava garantindo a preservação física e temporal neste mundo, mas abrindo a possibilidade de desfrutar da vida eterna.

Lucas 12.6 Este versículo evidência que Deus conhece o mais minucioso detalhe do que acontece na terra. As ceitis [moedinhas, na NVI] mencionadas aqui eram as de menor valor em circulação e valiam aproximadamente um dezesseis avos da diária básica de um trabalhador.

Lucas 12.7 Jesus enfatizou que Deus conhece as pessoas tão profundamente que sabe até mesmo a quantidade de cabelos que têm na cabeça. Não se deve temer, pois, quando se confia a vida aos cuidados do Senhor, pois Ele está ciente das necessidades humanas. Se Deus tem consciência do que acontece com os pardais, Ele sabe o que se passa com Seus filhos.

Lucas 12.8 A questão aqui é a fidelidade no testemunho a respeito de Jesus, especialmente no contexto da rejeição religiosa. Reconhecer Jesus perante os homens é ser reconhecido pelo Filho do Homem diante de Deus.

Lucas 12.9 Cada atitude de negação neste mundo em relação a Cristo terá uma negação proporcional como recompensa no Dia do Juízo final (1 Jo 2.28). Isso não diz respeito ao bem da salvação, mas sim ao preço ou à recompensa (1 Co 9.24-27).

Lucas 12.10 Uma palavra contra o Filho do Homem é perdoável porque Sua divindade era velada, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo é uma evidente rejeição às obras e à Palavra de Deus (Mt 12.31,32).

Lucas 12.11 Quando vos conduzirem às sinagogas. Esta é outra indicação de que a perseguição religiosa está em foco nestes versículos. Magistrados e potestades administravam os procedimentos civis, enquanto as sinagogas geriam os tribunais religiosos. Nestas situações os discípulos não deveriam preocupar-se com o que dizer, porque o Espírito Santo os inspiraria para defenderem-se perante os tribunais.

Lucas 12.12 Na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo. Quando os cristãos fiéis estivessem sendo julgados, o Senhor os inspiraria na defesa deles. Os exemplos de cumprimento desta passagem incluem Atos 3—5 (em especial At 4.8); 7.51, 56; e os discursos de defesa de Paulo em Atos 21—28.

Lucas 12.13 Alguém pede a Jesus que intervenha em uma disputa familiar, como um antigo rabino faria.

Lucas 12.14 Jesus se recusou a entrar em uma disputa a respeito de dinheiro, a qual estava claramente dividindo a família. Tais contendas acerca de bens materiais destroem relacionamentos, por isso o Salvador conta a parábola que explica o perigo do enfoque na riqueza.

Lucas 12.15 Acautelai-vos e guardai-vos da avareza. Este aviso de Jesus é claro. A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. Jesus discorda da ideia que diz que “aquele que tem mais recursos prevalece”. O foco instituído por esta linha de pensamento estabelece que a vida se constitui das coisas da criação e da obra do homem, em vez de dar ênfase a Deus e ao povo que Ele criou. A criação não é um objeto para servir ao homem ou ser possuído por ele. A vida é estabelecida pelos relacionamentos que alguém desenvolve, enquanto a criação tem por finalidade a melhora dessas relações. As coisas não fazem a vida, mas sim Deus e as pessoas. Apenas as pessoas se perpetuarão. Desta forma, o investimento deve ser feito naquilo que se eternizará (2 Pe 3.10-12).

Lucas 12.16 Jesus ilustra a ideia de que uma vida devotada ao acúmulo de riquezas só demonstra insensatez com a história de um homem que “fortuitamente” enriqueceu ainda mais, mas não usou sua fortuna adequadamente.

Lucas 12.17 Que farei? O homem se depara com um dilema, coisa que aconteceria com qualquer um na situação dele, e determina como preservar suas abundantes riquezas.

Lucas 12.18, 19 O pronome (subentendido) eu aparece seis vezes, incluindo o versículo 17. Isso mostra o foco egoísta que este homem dá ao resultado de sua colheita. Sua intenção é armazenar tudo o que colheu para ele. O foco em si mesmo é o que Jesus condena neste trecho.

Lucas 12.20 O julgamento de Deus sobre o egoísmo é evidente. O que o rico tolo terá na próxima vida? Este não pode levar suas posses consigo. Tudo que o abastado possui não tem nenhum valor depois da morte. Um dia o homem que era rico se tornará pobre. Toda riqueza terrena é temporária e, consequentemente, inútil (Mt 6.19-21; 1 Tm 6.6-10,17-19; Tg 5.1-6).

Lucas 12.21 Jesus destacou o exemplo negativo do rico insensato. E claro que o oposto é aconselhado aqui, por indução. O rico insensato faz das riquezas o seu porto seguro e o foco principal de sua vida, já o justo é rico para com Deus, não sendo egoísta e procurando agradar-lhe em tudo.

Lucas 12.22 Não estejais apreensivos pela vossa vida. Este é um chamado à fé na provisão divina. Um dos motivos pelos quais uma pessoa deseja possuir bens é ter o controle de sua vida. Além disso, também anseia por conforto e segurança. Jesus disse que Deus proverá tais necessidades.

Lucas 12.23 Mais é a vida do que o sustento. Aqui Jesus menciona qual deve ser nossa principal preocupação. O Salvador disse que a vida é mais importante do que a alimentação e a vestimenta, que são as coisas básicas.

Lucas 12.24 Jesus descreveu o cuidado de Deus com os corvos, mesmo estes sendo criaturas impuras, de acordo com a Lei judaica, que estão entre os pássaros menos estimados (Lv 11.15; Dt 14.14). Se o Senhor se preocupa com estas aves, ainda maior é o cuidado dele para com aqueles que são a coroa da criação, os seres humanos. Então, os discípulos não precisariam estar ansiosos quanto às suas necessidades. O Senhor lhes proveria tudo o que era preciso.

Lucas 12.25 Neste versículo, Jesus deixou claro que a preocupação é completamente inútil e demonstra falta de fé no desígnio de Deus para nossa vida.

Lucas 12.26 Jesus novamente enfatizou a inutilidade da preocupação. Se ela não ajuda nem nas coisas básicas da vida, por que então se preocupar tanto?

Lucas 12.27-29 Até mesmo o rico rei Salomão não se vestiu como Deus vestiu os lírios. O exemplo da erva indica que o Senhor preocupa-se o bastante para prover beleza aos elementos de Sua criação que têm vida curta. Por que deveríamos preocupar-nos, se Deus toma conta até da menor erva? O Senhor conhece nossos problemas e proverá o que precisamos. Não devemos concentrar- nos nas coisas mundanas, tais como comida. Em vez disso, nossa prioridade precisa ser fazer a vontade de Deus (v. 31).

Lucas 12.30 O mundo materialista é como um grupo de passageiros que corre freneticamente para sentar na melhor espreguiçadeira em um navio afundando. Ele busca riquezas e luxo, coisas que findam em si mesmas. Assim, acaba por deixar de pensar em Deus e de agradecer-lhe por toda provisão. Isto acontece porque, quando somos dominados pelos bens materiais, resta pouco espaço em nosso coração para o Senhor. Não é errado ter posses, mas devemos conhecer nossas prioridades. E a prioridade do homem sensato é confiar no Senhor e em Sua provisão. Deus sabe, de forma precisa, do que necessitamos.

Lucas 12.31, 32 Jesus contrasta o que o mundo persegue (v. 30) com o que os discípulos devem buscar (v. 31). Aqueles que colocam como prioridades as coisas certas e sobrepõem-se às mundanas receberão poder para reinar com Cristo em Seu Reino (Ap 2.25-29). Jesus deseja compartilhar Sua glória vindoura com os cristãos fiéis e tementes a Deus.

Lucas 12.33 Em contraste com a filosofia mundana de acúmulo de bens, o discípulo deve ser generoso com o que Deus dá. Servindo a Deus e ao seu próximo, você investe em seu futuro eterno. Ninguém pode levar os bens materiais consigo para a vida eterna, mas é possível acumular um tesouro eterno dando aos necessitados (veja a declaração de Paulo em Fp 4.17).

Lucas 12.34 Quando uma pessoa considera algo valioso, ela direciona seu poder para esta finalidade. Conhecer Deus e investir em Seus propósitos deve ser nosso objetivo, nosso tesouro.

Lucas 12.35 Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas, as vossas candeias. Esta ilustração de Jesus alertava que os discípulos deveriam estar prontos para o serviço. Cingir os lombos consistia em usar vestes longas, amarradas à cintura, que não impediam de fazer movimentos rápidos. Isto diz respeito à preparação, a estarem prontos para agir. Já as candeias eram lâmpadas usadas à noite, o que significa que a todo instante deveriam estar vigilantes, pois o Senhor poderia retomar a qualquer momento. Isto faz alusão à passagem de Mateus 5.15.

Lucas 12.36 Jesus comparou Seus discípulos a servos que estavam prontos para servir ao mestre. Paulo também usou esta ilustração para descrever sua relação com Deus (Rm 1.1).

Lucas 12.37 Neste trecho, a bênção é para aqueles que esperam prontamente pelo retorno de seu Mestre. Jesus estava referindo-se ao serviço fiel e obediente. Um dia Ele voltará e avaliará de que maneira as pessoas lhe serviram (Rm 14.10; 2 Co 5.10). Em contrapartida à imagem servil de um indivíduo, Jesus disse que o servo fiel será servido por Ele em Seu retorno. A fidelidade será recompensada.

Lucas 12.38 Este versículo fala do retorno de Jesus em uma hora incomum, tarde da noite. A hora exata falada aqui depende de qual sistema de tempo foi usado. No sistema romano, a segunda vigília e a terceira vigília estariam entre 21h e 3h. Pelo método judeu, ficariam entre 22h e 6h. Lucas geralmente usa o padrão romano (At 12.4). Contudo, quem estava falando era Jesus, por isso o método judeu também é possível. O fato é que a atenção constante era necessária.

Lucas 12.39, 40 Jesus mudou um pouco a ilustração e agora usa a comparação da vigília como prevenção do roubo. Se alguém soubesse a hora que viria o ladrão, certamente vigiaria sua casa naquele instante. Entretanto, esta hora não é conhecida. O que aprendemos aqui é que, como um ladrão que aparece de forma inesperada, assim será a volta de Cristo para buscar Sua Igreja. Por isso, o cristão deve estar sempre vigilante para o retorno do Senhor.

Lucas 12.41 Dizes essa parábola a nós ou também a todos? Pedro perguntou se o ensinamento de Jesus era apenas para os discípulos ou para todas as pessoas. O Salvador não respondeu à questão diretamente. Em vez disso, Ele descreveu uma variedade de categorias de servos. Servos são aqueles que pertencem ao senhor e têm seu trabalho avaliado (Lc 19.11-27). Diversas respostas, desde a fidelidade até a desobediência ostensiva, são descritas nos versículos 42 a 48. A questão é: quem tem a vida voltada para — e leva a sério — o retorno de Jesus? (1 Jo 2.28)

Lucas 12.42 Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente? Este é o ponto fundamental. O mordomo fiel é aquele que aguarda o retorno do Senhor e serve fielmente a Ele em Sua ausência, sabendo que lealdade é o que o Mestre deseja (v. 37,40,43,44)

Lucas 12.43 O servo que espera fielmente pela volta do Senhor é aquele que Jesus chama de abençoado.

Lucas 12.44 Sobre todos os seus bens o porá. Tal domínio será uma parte da administração do Reino de Jesus quando Ele retornar (Lc 19.11-27; 1 Co 6.2,3; Ap 20—22).

Lucas 12.45 A ilustração deste servo mostra-o fazendo exatamente o oposto do que se esperava que ele fizesse. Ele demonstra que o retorno do Mestre é irrelevante.

Lucas 12.46 A morte aqui — separá-lo-á — indica a severidade do julgamento, especialmente se contrastarmos com os açoites dos versículos 47 e 48. Os infiéis são aqueles que não levam a sério as consequências do julgamento (2 Co 5.10; Ap 3.11).

Lucas 12.47 Esta categoria de desobediência, embora não tão extrema como a anterior, também indica infidelidade. O servo aqui é disciplinado com muitos açoites, mas não é rejeitado. Tal avaliação dos líderes da Igreja é descrita em 1 Coríntios 3.10-15 e é estendida a todos os cristãos em 2 Coríntios 5.10.

Lucas 12.48 A disciplina para o ignorante é menos severa: com poucos açoites será castigado. A parábola indica os níveis das punições de Deus: o fiel será recompensado; o ignorante castigado com poucos açoites; o desobediente, com muitos açoites; e o transgressor extremo receberá a execução. Em cada caso, a servidão do mordomo é avaliada.

Lucas 12.49 O fogo é uma imagem associada ao julgamento de Deus (Jr 5.14; 23.29). A segunda vinda de Jesus trará o julgamento sobre aqueles que se recusam a aceitá-lo e separará os cristãos dos infiéis. Embora Jesus estivesse pronto para o julgamento da raça humana, outras coisas tinham de acontecer primeiro (v. 50).

Lucas 12.50 Como uma ilustração para a morte de Jesus (Mc 10.38,39), o batismo, neste versículo, faz referência à vinda das devastadoras águas do divino julgamento (Sl 18.4,16; 42.7; 69.1,2; Is 8.7,8; 30.27,28). Observe a declaração humana de Jesus sobre o que Ele reconheceu como Sua necessária morte.

Lucas 12.51 Jesus era motivo de dissensão na raça humana. Outros textos de Lucas falam de Jesus trazendo a paz (Lc 2.14; 7.50; 8.48; 10.5,6; At 10.36; Ef 2.13-17). Ele oferece a paz àqueles que respondem afirmativamente ao Seu chamado.

Lucas 12.52, 53 Jesus descreve a divisão que haverá entre as famílias.

Lucas 12.54, 55 Em Israel, a brisa do ocidente indica que vem chuva do mar Mediterrâneo. O vento do sul indica que o ar quente está vindo do deserto.

Lucas 12.56 Jesus censurou Seus ouvintes porque estes eram capazes de avaliar as condições do tempo, mas não o que Deus estava fazendo por Seu intermédio.

Lucas 12.57 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo? Esta é uma pergunta retórica para reflexão. Jesus convidou as autoridades religiosas daquela época a observarem os sinais dos tempos e considerarem a mensagem do evangelho, visando despertar a percepção espiritual delas, em vez do julgamento injusto e cheio de preconceitos.

Lucas 12.58, 59 Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura livrar-te dele no caminho. A figura aqui é de um magistrado que exerce a função de oficial de justiça, aquele que leva o devedor até a prisão. Considerando que o contexto desta passagem é a missão de Jesus, o Juiz, provavelmente, é representado por Deus. A mensagem desta parábola é: reconcilie-se com Deus antes que o julgamento venha.

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