Interpretação de Números 27

Números 27

Números 27 aborda uma questão importante relacionada à herança e liderança dentro da comunidade israelita. Apresenta o caso das filhas de Zelofeade e aborda a transição da liderança de Moisés para Josué. Aqui está uma interpretação de Números 27:

1. As Filhas de Zelofeade: O capítulo começa com as filhas de Zelofeade, que vêm diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos líderes e de toda a congregação com uma preocupação. Eles explicam que seu pai, Zelophehad, morreu no deserto sem filhos, e estão preocupados com a perda do nome e da herança de sua família.

2. Justiça e Igualdade: O pedido das filhas de Zelophehad reflete os princípios de justiça e igualdade. Eles defendem o seu direito de herdar a parte da Terra Prometida que pertence ao seu pai, desafiando a prática tradicional de que a herança da terra normalmente passa através de herdeiros do sexo masculino. Este episódio destaca a importância de abordar as preocupações sociais e jurídicas da comunidade.

3. A Resposta de Deus: Moisés leva o caso das filhas diante de Deus, buscando orientação divina sobre como resolver o assunto. Deus responde afirmando o direito das filhas de herdar a terra do pai. Esta decisão divina estabelece um precedente legal para os direitos de herança das mulheres na sociedade israelita, enfatizando a preocupação de Deus pela equidade e justiça.

4. Transição de Liderança: O capítulo também aborda a questão da transição de liderança. Deus instrui Moisés a subir ao Monte Abarim, de onde verá a Terra Prometida, mas não entrará nela. Isto é um lembrete da consequência da desobediência de Moisés em Meribá em Números 20. Deus designa Josué, assistente de Moisés, como seu sucessor e o comissiona para liderar os israelitas na Terra Prometida.

5. A Importância da Orientação de Deus: Números 27 sublinha a importância de procurar e seguir a orientação de Deus em questões de liderança e herança. Moisés, como servo humilde e obediente de Deus, cumpre as instruções de Deus para a sucessão, garantindo a continuidade da liderança dos israelitas.

6. Igualdade e Justiça: A história das filhas de Zelophehad não só aborda a questão específica da herança, mas também destaca os princípios mais amplos de igualdade e justiça na comunidade. Demonstra que as leis e julgamentos de Deus são justos e levam em consideração as circunstâncias individuais.

7. Preparação para a Entrada na Terra Prometida: A transição da liderança de Moisés para Josué, juntamente com a resolução da questão da herança, serve como um momento crucial na jornada dos Israelitas. Prepara-os para a sua entrada iminente na tão esperada Terra Prometida, enfatizando a importância de uma liderança adequada e de práticas sociais justas.

Números 27 trata de questões de herança, transição de liderança e justiça dentro da comunidade israelita. Sublinha a importância de procurar a orientação de Deus, os princípios de igualdade e justiça, e a importância da preparação para a entrada na Terra Prometida. O episódio das filhas de Zelofeade também representa um marco no desenvolvimento da lei israelita e da justiça social.

Interpretação

27:4. Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pai. O manassita Zelofeade teve cinco tribos e nenhum filho. Essas filhas fizeram ver que se, como filhas, não podiam herdar a terra, então a herança de seu pai desapareceria. Deus confirmou a Moisés a muito conhecida provisão pela qual as filhas poderiam herdar a terra (Js. 17:3,6). Mas o próximo na linha da herança terá de ser os irmãos paternos do falecido, os tios paternos e, então, o parente mais próximo, Contudo, as filhas tinham liberdade de se casar, e seus filhos continuariam a genealogia de seu pai e herdariam suas terras. Assim Jair fui o herdeiro de Manassés em 32:41 e Dt. 3:14 (cons. também I Cr. 2:34, 35). Semelhante a esta era a lei do casamento em levirato, pelo qual uma viúva sem filhos casava-se com o parente mais próximo de seu marido, para que o seu nome e sua herança não desaparecessem. Ambas estas leis se baseavam no princípio de que a terra que o Senhor dava a uma família, não deveria nunca ser vendida ou passada a outra família (Lv. 25:23).

O costume da propriedade inalienável, sabe-se agora, era praticado há muito tempo antes de Moisés, do que testificam as falsas adoções em Nuzu (C.H. Gordon, Old Testament Times, pág. 101). Os hebreus geralmente seguiam a tradição de seus antepassados, através da qual uma herança passava de pai para os filhos (Dt. 25:5-10). Mas no Egito, onde passaram muitos anos, a herança passava através das mães. Sob uma circunstância atenuante, é o que está sendo permitido no texto.

Escolha do Sucessor de Moisés. 27:12-23.
27:12. Sobe este monte Abarim.
Abarim era o nome da serra que confina com o corte geológico que forma o Vale do Jordão e o Mar Salgado (Nm. 33:47,48). Uma parte desta serra, chamada Monte Pisga, tinha um pico chamado Nebo, onde Moisés veio a morrer (Dt. 34:1). Provavelmente a cidade chamada Nebo (Nm. 32:38) deu o seu nome a esta elevação. Está evidente que em 32:1 a cidade de Jaezer deu o seu nome ao território ao seu redor, e pela mesma razão o povo de Tiro era às vezes chamado de sidônio.

27:16. Autor e conservador de toda vida. Veja observação sobre 16:22.

27:17. Que saia adiante deles, e que entre adiante deles. O hebraico costuma usar antônimos para expressar totalidade. Josué seria o homem que estaria com eles em qualquer situação. Para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor. Moisés acabara de ser lembrado que não entraria na terra por causa do Seu pecado junto às “águas de Meribá”, em Cades. Mas o espírito de Moisés era como o de Cristo que, sem auto-piedade, embora rejeitado e enfrentando o Calvário, foi tomado de compaixão pela multidão que viu como ovelhas sem pastor (Mt. 9:36).

27:18. Toma a Josué... homem em quem há o Espírito. A palavra Espírito não tem artigo no hebraico. Embora a referência primária aqui seja à capacidade de Josué, ele recebeu também capacitação divina. A Bíblia diz que ele “estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto sobre ele as suas mãos” (Dt. 34:9). E impõe-lhe a mão. A imposição de mãos como um símbolo de concessão de autoridade ou transmissão de responsabilidade é antiga prática bíblica. Jacó seguiu este costume quando transmitiu bênçãos aos filhos de José (Gn. 48:14). O povo de Israel transferiu sua responsabilidade impondo as mãos Sobre os levitas (Nm. 8:10), e os levitas transferiram sua própria culpa para os novilhos da expiação impondo-lhes as mãos (8:12). A prática continuou nas sinagogas e foi adotada pelos apóstolos (Atos 6:6; I Tm. 4:14).

27:19. Dá-lhe, à vista deles, as tuas ordens. O hebraico diz ordena-lhe. A ordem era para todo o povo, além de Josué (veja Dt. 31).

27:20. Põe sobre ele da tua autoridade, para que lhe obedeça toda a congregação. Esta autoridade Josué precisava a fim de ser respeitado pelo povo como líder.

27:21. Apresentar-se-á perante Eleazar... o qual por ele constituirá, segundo o juízo do Urim. A autoridade de Josué não seria igual à de Moisés, cuja comunhão com o Senhor era direta (Núm. 7:89; 12:7, 8). Josué dependeria do uso do Urim e Tumim (Êx. 28:30) por Eleazar, o Sacerdote. Não sabemos, hoje, como o Sacerdote usava este meio de determinar a vontade de Deus.

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