Estudo sobre Ezequiel 8
Ezequiel 8
III. JERUSALÉM É REVISITADA
(8.1—11.25)
Agora avançamos 14 meses e
temos o registro de cinco visões (com oráculos correspondentes) dadas a
Ezequiel numa visita extática a Jerusalém. A medida que as
visões prosseguem, a shekiná deixa o templo e a cidade numa
sucessão de movimentos.
1) Idolatria na casa de
Deus (8.1-18)
A glória divina que
normalmente brilhava a partir do Lugar Santíssimo já não estava lá; Ezequiel a
viu na proximidade do templo pronta para deixar o santuário apóstata.
Cultos cananeus e estrangeiros que Josias havia abolido 30 anos antes
haviam sido agora restabelecidos: longe de o templo ser uma proteção para
Jerusalém, como nos dias de Isaías (Is 31.8,9; 33.17-22), a sua profanação
agora causou a queda da cidade, bem como a sua própria (cf. Jr
7.4,8-15).
a) Ezequiel é
arrebatado e levado a Jerusalém (8.1-4). v. 1. sexto ano...\ 17 de
setembro de 592 a.C. A LXX traz “quinto mês” no lugar de sexto mês do
TM. eu e as autoridades [...] estávamos sentados em minha
casa-, cf. 3.24. as autoridades de Judá-. os líderes
da “casa de Israel” em Tel-Abibe (cf. 3.1,15), que evidentemente haviam
dado atenção à carta de Jeremias (Jr 29.4-7) e se estabelecido em algum
tipo de vida ordenada em comunidade no exílio, v. 2. uma figura como
a de um homem (assim a LXX, embora lendo ’ish no
lugar de ’esh, “fogo” (TM): cf. a descrição de 1.27. v.
3. o que parecia um braço-, a fraseologia evita um retrato
antropomórfico demais de Deus. pegou-me pelo cabelo-, figura
imitada na literatura deuterocanônica e não-canônica posterior. Mais tarde,
Ezequiel soube que essa foi uma experiência de êxtase: foi em visões
de Deus que ele foi arrebatado e levado a Jerusalém, que era
perfeitamente familiar a ele, tanto a cidade quanto o templo, pátio
interno-, cf. lRs 7.12. Esse pátio, o objetivo da sua visita,
é mencionado aqui em antecipação do v. 16; antes de chegar a ele, o
profeta parou em três estágios intermediários (v. 5,7,14).
b) A primeira coisa repugnante (8.5,6). Quatro
“coisas detestáveis” são reveladas ao profeta, cada uma pior do que a anterior,
v. 5. junto à porta do altar, talvez a porta norte
da cidade, recebendo o seu nome do altar que estava ali (cf. Jr
11.13) em honra do ídolo que provoca o ciúme de Deus, a
deusa cananeia da fertilidade Aserá (2Rs 21.7; 23.6), retratada em
relevo numa placa na parede, e assim denominada por Ezequiel porque provocava
o ciúme de Javé (cf. Êx 20.5; Dt 32.16,21). Foi mencionada por
antecipação no v. 3, cuja última locução é traduzida na NEB por
“para suscitar paixão lasciva”.
c) A segunda coisa repugnante (8.7-13). v.
7. a entrada do pátio-, a entrada do átrio do palácio, ao
sul da área do templo, v. 8. escave o muro-, assim
aumentando o buraco para fazer uma abertura grande
o suficiente para que pudesse passar, v. 9. veja as coisas
repugnantes-. a sua natureza é controversa, mas as criaturas
rastejantes e os animais impuros (v. 10) fazem lembrar os
manuscritos ilustrados do Livro dos Mortos e apontam para um
culto egípcio, amalgamado de forma sincrética com todos os
ídolos da nação de Israel. Esse ato de adoração acontecia de forma
secreta, a portas fechadas, talvez refletindo as
negociações clandestinas entre a corte egípcia e Zedequias, quebrando
seu juramento a Nabucodonosor. v. 11. setenta autoridades-, representando
a nação toda (cf. Ex 24.1,9; Nm 11.16). Jazanias, filho de Safã:
a sua participação era especialmente revoltante se ele era filho daquele
Safa que, como secretário real, leu o recém-descoberto Livro da Lei para
Josias (2Rs 22.8-10). v. 12. cada uma no santuário de sua
própria imagem esculpida-, a forma em que as palavras estão
significa que cada autoridade praticava essa adoração em casa e nas
trevas dentro das instalações do templo (a referência talvez
seja a um compartimento interior conhecido de Ezequiel). Elas
dizem: [...] o Senhor abandonou o país\ se isso aconteceu, foi
em virtude dessas “coisas repugnantes”.
d) A tercára coisa repugnante (8.14,15). v.
14. mulheres [...] chorando por Tamuz'. Tamuz (sumério
Dumuzi) cortejou e conquistou Inanna, a deusa do amor dos sumérios (Ishtar dos
acadianos), e morreu em consequência disso. A sua morte era celebrada no
auge do calor do verão, no mês que levava o seu nome (aproximadamente
julho). Mais tarde, ele foi identificado com o Adónis dos sírios, o “deus preferido
das mulheres” (Dn 11.37).
e) A quarta coisa repugnante (8.16-18).
Finalmente, Ezequiel é levado ao pátio interno do templo (cf. v.
3), onde, entre o pórtico do santo templo e o altar
de holocaustos, vê vinte e cinco homens com as costas
para o templo e os rostos voltados para o oriente, e
se prostrando na direção do sol (v. 16), provavelmente
na hora do nascer do sol. Os arquitetos fenícios de Salomão podem ter
orientado a estrutura com isso em mente, em conformidade com o seu
uso nativo. A adoração ao sol havia sido praticada no templo de Jerusalém
antes da reforma de Josias (2Rs 23.5,11). Somos lembrados da descrição que
Josefo faz dos essênios da sua época, que se posicionavam para o oriente
na oração matinal, “como que suplicando ao sol que nascesse”, v. 17. estão pondo
o ramo perto do nariz: um gesto ou ritual de identificação
incerta, talvez de natureza idólatra e portanto com intenção desafiadora
ou desdenhosa (cf. LXX: “empinando o nariz”, “zombando”). A NEB é
improvável quando traz “mesmo que me tentem apaziguar” (cf. o uso clássico
de ramos de oliveira em súplicas).Índice: Ezequiel 1 Ezequiel 2 Ezequiel 3 Ezequiel 4 Ezequiel 5 Ezequiel 6 Ezequiel 7 Ezequiel 8 Ezequiel 9 Ezequiel 10 Ezequiel 11 Ezequiel 12 Ezequiel 13 Ezequiel 14 Ezequiel 15 Ezequiel 16 Ezequiel 17 Ezequiel 18 Ezequiel 19 Ezequiel 20 Ezequiel 21 Ezequiel 22 Ezequiel 23 Ezequiel 24 Ezequiel 25 Ezequiel 26 Ezequiel 27 Ezequiel 28 Ezequiel 29 Ezequiel 30 Ezequiel 31 Ezequiel 32 Ezequiel 33 Ezequiel 34 Ezequiel 35 Ezequiel 36 Ezequiel 37 Ezequiel 38 Ezequiel 39 Ezequiel 40 Ezequiel 41 Ezequiel 42 Ezequiel 43 Ezequiel 44 Ezequiel 45 Ezequiel 46 Ezequiel 47 Ezequiel 48