Significado de Êxodo 4
Êxodo 4
Intertextualidade com o Antigo e o Novo Testamento
O capítulo 4 de Êxodo abre-se como um limiar entre a voz ardente do Deus que chama e a poeira do caminho que conduz o mensageiro de volta ao cativeiro de seu povo. Moisés, ainda carregando no corpo a hesitação dos exilados e na boca a confissão de quem se sabe insuficiente, recebe não apenas ordens, mas sinais; não apenas um mandato, mas uma pedagogia de confiança. A vara que se torna serpente, a mão que se torna leprosa e depois é restaurada, a água do Nilo que, vertida sobre a terra, converte-se em sangue: tudo é catequese para um coração vacilante e, ao mesmo tempo, prenúncio de como Deus escreve sua vontade na gramática da criação. Esses “sinais” — ʾôt (“sinal”) — são mais do que truques persuasivos; são inscrições visíveis de uma palavra que vem do alto, do mesmo modo que, no Novo Testamento, os sēmeia (“sinais”) de Jesus não são entretenimento, mas janelas para a sua identidade e para o Reino (João 2:11; João 20:30–31). Em ambos os testamentos, a fé é convidada a enxergar no visível um rastro do Invisível: “Muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” (João 2:23), mas a maturidade da fé é chamada a ultrapassar a fascinação pelo prodígio para repousar na fidelidade do Deus que fala e cumpre (João 4:48; João 20:29).
Quando a vara toca o chão e se transforma em serpente, a cena projeta uma sombra longa sobre toda a Escritura. A serpente do Éden reaparece como emblema do caos e da mentira (Gênesis 3:1–5), mas agora sob os pés do enviado que, obedecendo, a toma pela cauda e a vê regressar à docilidade de um cajado. É um gesto silencioso de domínio delegado: o mesmo Senhor que subjuga o caos coloca nas mãos do seu servo um instrumento para apascentar e para julgar. Esta autoridade sobre serpentes ecoa na promessa do Messias aos seus discípulos — “Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões” (Lucas 10:19) — e antecipa a cruz como vara do Pastor que abre caminho no mar das forças hostis. O cajado, em Êxodo 4, ainda é promessa; mas a promessa contém em germem a travessia, a água fendida, a vitória cantada. Também é um contra-canto à idolatria dos sinais vazios: no fim do capítulo, quando o povo vê as obras e “se inclina e adora” (Êxodo 4:31), não é a serpente que recebe louvor, mas o Deus que desceu para ver a aflição, lembrando-nos que a adoração verdadeira nasce do encontro entre a compaixão divina e a obediência humana (Salmos 103:8–14).
A mão de Moisés que se torna leprosa e é curada, por sua vez, expõe o evangelho em miniatura: Deus mostra que tem poder de ferir e de sarar, de revelar a impureza latente e de restituir a integridade. O gesto prepara o leitor para o Deus que, em Jesus, toca o intocável, estende a mão e purifica o leproso (Mateus 8:1–3), lembrando que a santidade divina não é frágil, mas transfiguradora. A enfermidade na mão do profeta remete ainda à condição do povo: mãos feitas para o serviço tornaram-se incapazes, mas serão restauradas pela intervenção do Santo. Em Naamá, o sírio, cuja pele se torna como a de uma criança (2 Reis 5:14), vemos projetada a mesma tensão: a lei revela e denuncia, o Deus da aliança purifica e reintegra. A pedagogia aplicada ao próprio corpo de Moisés ensina que o mensageiro não leva apenas palavras; leva em si a marca do milagre, e é por isso que, no Novo Testamento, os “sinais do apóstolo” confirmam uma mensagem que não nasceu do engenho humano (2 Coríntios 12:12; Hebreus 2:3–4).
O terceiro sinal — a água que se torna sangue — é memorial e profecia. Memorial porque devolve à terra o grito dos inocentes, como se o Nilo, testemunha do infanticídio decretado por Faraó, devolvesse ao pó o clamor que Deus ouviu (Êxodo 1:22; Gênesis 4:10). Profecia porque antecipa os juízos que virão, delineando o contorno do conflito entre o Senhor da vida e a tirania que vampiriza os fracos. O Novo Testamento recolhe esse imaginário em Apocalipse, quando as taças convertem as águas em sangue como sinal de justiça (Apocalipse 16:3–6), mas oferece também o contracanto da graça: em Caná, a água se converte em vinho (João 2:1–11), não para negar a seriedade do juízo, e sim para mostrar que, em Cristo, o fim do cativeiro inaugura a festa do novo pacto. Entre Êxodo e João, corre um rio de simbolismos: o Deus que pode tingir de vermelho as correntezas da história para denunciar a violência é o mesmo que as enche de alegria quando o Noivo chega.
O coração do capítulo pulsa, contudo, no diálogo entre a impotência sentida e a presença prometida. Moisés ergue a objeção clássica dos tímidos: “Ah, Senhor, eu não sou homem de palavras” (Êxodo 4:10). O Deus que responde não concede um curso de retórica, mas uma teologia da boca: “Quem fez a boca do homem? … Não sou eu, o Senhor?” (Êxodo 4:11). Como em Salmos — “Quem fez o ouvido? Aquele que plantou o ouvido não ouvirá?” (Salmos 94:9) — a criação é argumento para a confiança. A promessa “Eu estarei com a tua boca” pode ser ouvida com o timbre da revelação do capítulo anterior, quando o nome divino foi dado como ʾehyeh (“Eu serei/Estarei”) — ʾehyeh ʿim pîkā (“Eu estarei com a tua boca”) é o desdobramento pastoral do Nome, presença que se inclina à fraqueza para vesti-la de missão. No Novo Testamento, a mesma música ressoa quando Jesus assegura aos enviados que, no aperto dos tribunais, “o Espírito de vosso Pai é quem falará em vós” (Mateus 10:19–20; Lucas 12:11–12). É por isso que Paulo pode gloriar-se nas fraquezas: nelas, a graça arma sua tenda, e o poder se aperfeiçoa (2 Coríntios 12:9–10). A objeção de Moisés, portanto, não é reprimida com desprezo; é acolhida e batizada na presença.
Quando Moisés insiste — “Envia, Senhor, por meio de quem hás de enviar” (Êxodo 4:13) —, a narrativa confessa a ira de Deus, mas também nos mostra a ternura de uma providência que desata nó de língua com nó de fraternidade. Arão entra em cena como boca para Moisés, e Moisés, “como Deus” para Arão (Êxodo 4:14–16). Essa triangulação é figura do dinamismo da revelação: a Palavra, o mensageiro e a comunidade se entrelaçam. Mais tarde, em Êxodo 7:1, Arão será chamado “profeta” de Moisés, em eco ao ofício que, no Novo Testamento, é confiado à Igreja: corpo profético que fala o que ouviu, não por brilho próprio, mas por participação. A “boca” que Deus promete a Moisés reaparece em Lucas como dom da boca e da sabedoria que adversários não podem resistir (Lucas 21:15). Em Jeremias, o profeta tímido tem os lábios tocados pela mão de Deus (Jeremias 1:6–9); em Isaías, a brasa purifica a fala (Isaías 6:5–7). Em Maria, a resposta é o amém que apressa a encarnação: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim” (Lucas 1:38). Todas essas cenas iluminam o embate interior de Moisés: entre a insuficiência e a disponibilidade, a missão floresce quando a presença prometida vence a retórica das desculpas.
A cena enigmática da estalagem, quando o Senhor “o encontrou e procurou matá-lo”, e Zípora, com pedra afiada, circuncida o filho e toca os pés de Moisés, dizendo “tu és para mim um esposo de sangue” (Êxodo 4:24–26), costura, com fio rubro, vocação e aliança. Antes de desafiar Faraó, o mensageiro precisa ser re-situado sob o sinal da promessa feita a Abraão. A missão brota de um coração marcado pela aliança; fora dela, a boca pode até falar, mas não fala do lugar certo. Aqui, a tradição bíblica deixa transparecer a gravidade do serviço sagrado: a negligência com a aliança não é detalhe doméstico, é fissura na casa por onde se esvai a autoridade. No horizonte do Novo Testamento, a circuncisão física é reconhecida como figura de uma obra mais profunda — a peritomē kardias, a “circuncisão do coração” (Romanos 2:29) — e, em Cristo, a Igreja conhece a “circuncisão de Cristo”, não feita por mãos (Colossenses 2:11). Mas o princípio permanece: o ministro que leva a palavra leva também no corpo a marca de pertencimento. O gesto de Zípora lembra que, muitas vezes, Deus salva o seu mensageiro por meio da fidelidade do outro, e que o sangue que sela a aliança é o mesmo que sustenta a missão. A expressão ḥatān dāmîm (“noivo de sangue”) arde como um enigma deliberado; nela, a tradição cristã ouvirá ecos do Noivo que, pelo sangue, adquire sua Esposa (Efésios 5:25–27), ensinando que toda vocação autêntica nasce e renasce na Páscoa.
Também aqui o texto anuncia uma palavra que dominará o enredo: “Israel é meu filho, meu primogênito… Deixa ir o meu filho para que me sirva” (Êxodo 4:22–23). Nessa declaração, a teologia bíblica do êxodo e da filiação se abraçam. A libertação não é mero projeto político; é a restituição de um direito filial: servir ao Pai em adoração. O Novo Testamento tomará essa linha e a levará ao clímax em Cristo, “o Primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29), por meio de quem recebemos o Espírito de adoção que nos faz clamar “Aba, Pai” (Romanos 8:15). O Êxodo inaugurará a Páscoa judaica; em Jesus, a Páscoa se cumpre, e do Egito do pecado somos chamados a ser corpo de primogênitos (Hebreus 12:23). Mateus ouvirá o eco: “Do Egito chamei o meu filho” (Mateus 2:15), fazendo do retorno de Jesus uma recapitulação da história de Israel. Na boca de Moisés, portanto, a ordem dirigida a Faraó já contém a voz do Pai apresentado no Evangelho: “Deixa ir o meu filho”, pois a adoração é o destino da liberdade.
Mas Deus também revela a Moisés que o coração de Faraó se endurecerá (Êxodo 4:21). A dureza não é acidente; é palco onde a glória se manifestará. Paulo, ao refletir sobre esse mistério, recorda o testemunho da Escritura: “Para isto mesmo te levantei, para em ti mostrar o meu poder” (Romanos 9:17–18). A tensão entre a paciência que chama e a justiça que julga percorre a travessia inteira. A tradição cristã lerá nesse contraste um convite à humildade: a misericórdia que venceu nossa própria dureza convida a não presumir, mas a perseverar. E, ao mesmo tempo, um encorajamento: o fracasso aparente não desautoriza a missão; pode ser o cenário eleito para que Deus escreva com tinta mais escura o traço da sua fidelidade.
O retorno a Midiã, o abraço em Jetro para pedir licença, a reunião com Arão, os beijos de irmãos que se reencontram na estrada (Êxodo 4:18, 27) formam a moldura humana de uma história divina. Não há chamada que não reordene afetos e pertenças. Como Abraão, Moisés sai, mas agora volta: a obediência tem sabor de retorno, porque a vontade de Deus reconcilia o passado com a promessa. Em Atos, Estêvão recapitula essas cenas para mostrar que o Deus da glória caminha com o seu povo mesmo quando ele resiste aos seus enviados (Atos 7:35–36). Em 2 Timóteo, Paulo recordará Janes e Jambres, que “resistiram a Moisés”, como figura dos que resistem à verdade (2 Timóteo 3:8), e isso ilumina a delicadeza do consolo que encerra Êxodo 4: o povo, ao ouvir que Deus visitara os filhos de Israel e vira sua aflição, “inclinou-se e adorou” (Êxodo 4:31). A história passará por resistências e pragas, mas a primeira resposta é de culto: não de glória ao mensageiro, mas de prostração diante do Deus que se lembra.
Se o Novo Testamento lê o Antigo com olhos de Cristo, então, em Êxodo 4, podemos contemplar a gramática do envio que o próprio Jesus encarnará. O Senhor que promete estar com a boca de Moisés é aquele que, ao enviar, diz: “Eis que estou convosco todos os dias” (Mateus 28:20). O Deus que dá sinais a Moisés é o Pai que autentica o Filho e o Espírito que confirma a palavra dos apóstolos com sinais, segundo a sua vontade (Marcos 16:20; Hebreus 2:3–4). O Senhor que exige a marca da aliança é o Esposo que nos separa para si pelo sangue. O Pai que clama por seu primogênito é o Pai que, no Primogênito, congrega muitos irmãos. E o Pastor que entrega a vara é o Cordeiro que, entronizado, conduz às fontes das águas da vida (Apocalipse 7:17).
Há, enfim, um fio devocional que nos atravessa quando lemos este capítulo: nossa fraqueza não desautoriza o chamado; ela o configura. A boca lenta, o coração tímido, a memória de fracassos — tudo isso pode tornar-se altar se ali for acesa a chama da presença. O ministério que nasce da aliança é ministrado por mãos que já provaram a lepra e a cura, por olhos que já viram a serpente e a obediência domá-la, por pés que já conheceram o caminho de volta. E quando a estrada escurece, e parece que a missão não fará mossa no granito de Faraó, escutamos, como quem escuta um salmo na noite, a voz que diz: “Eu estarei” — ʾehyeh. Foi essa voz que sustentou Moisés até que o povo, enfim, visse os sinais e se curvasse. É a mesma voz que sustentou os discípulos perseguidos diante de governadores e reis, e que hoje, nas estalagens do nosso cansaço, nos reconduz ao sangue da aliança e à alegria dos primogênitos. Porque a liberdade que Deus deseja não é um conceito, é o canto que nasce quando os seus filhos podem servi-lo sem medo, em santidade e justiça, todos os dias — e a pedagogia dessa liberdade começa, humilde e ardente, aqui, quando uma vara pousa no pó e o pó recorda que a Palavra tem poder de fazer novas todas as coisas.
Comentário de Êxodo 4
Êxodo 4:1 (Devocional)
Terceira ObjeçãoMoisés tem uma terceira objeção. Ele prevê o problema de que as pessoas não acreditarão nele. Isso em si é uma objeção compreensível, pois durante todo o tempo em que o povo esteve no Egito – que agora são cerca de quatrocentos anos – o Senhor não apareceu a eles. Moisés tem que aprender que sua missão não depende de como será recebido. Uma missão nunca depende da recepção, mas do Emissor.
Êxodo 4.6, 7 Novamente Deus demonstrou a Moisés Seu poder ao fazer com que a mão deste ficasse leprosa. Depois, curou-a. O termo lepra na Bíblia designa uma série de doenças de pele [não apenas a hanseníase].Êxodo 4:2-5 (Devocional)
O Sinal do CajadoEm Sua bondade, o Senhor responde à objeção de Moisés. Ele lhe dá dois sinais. Para o primeiro sinal, o Senhor indica a ele o que ele tem em sua mão. Para o Senhor, o que importa é o que temos, não o que não temos. Também devemos ser lembrados disso. Com o que temos, podemos servi-Lo.A equipe aqui é uma vara de poder e autoridade. Representa aqui a autoridade que uma vez foi dada a Adão. Adão deu essa autoridade a satanás. Vemos isso no incidente em que o cajado se torna uma cobra. Satanás fala sobre isso ao Senhor Jesus durante a tentação no deserto, e o Senhor não o contradiz nisso (Lucas 4:5-8).A autoridade volta na mão do homem, isto é, na mão do Homem Cristo Jesus. Cristo privou Satanás de sua autoridade por meio de sua obra na cruz (Colossenses 2:15). Ele, portanto, pode dizer: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18). A reivindicação real desse poder vem no tempo de Deus (Sl 2:8).Com fé de que a situação não saiu do controle de Deus, mas que tudo está sob Seu controle, nós também podemos fazer nosso ministério. É por isso que não devemos fugir – como fez Moisés – mas resistir ao diabo. Nossas pequenas habilidades podem ser usadas por Deus para fazer Sua obra (cf. João 6:9-13; 2 Reis 4:2-7).
Êxodo 4.8, 9 O terceiro sinal de que Deus havia enviado Moisés ao faraó para que este libertasse os hebreus da escravidão egípcia seria a transformação das águas do Nilo em sangue. Na verdade, esse sinal se constituiu a primeira praga que o Senhor enviou sobre o Egito (Êx 7.14-25).
Êxodo 4:6-8 (Devocional)
O sinal da mão leprosaIsrael deve aprender a lição de que, embora o diabo agora exerça sua autoridade, Deus detém a autoridade final. Através da aflição, eles experimentam a autoridade do inimigo. Depois, há outra lição a ser aprendida. Não há apenas escravidão externa, mas também o poder interno do pecado. Não é bom por dentro. O segundo sinal, o da mão leprosa, deixa isso claro. A lepra no coração representa o pecado oculto; a lepra na mão representa o pecado externamente visível.De dentro, do coração do homem, saem os pecados, e isso é evidente nas ações do homem, das quais suas mãos falam: “Pois de dentro, do coração dos homens, procedem os maus pensamentos, fornicações, furtos, assassinatos, adultérios, atos de cobiça [e] maldade, [bem como] engano, sensualidade, inveja, calúnia, orgulho [e] tolice. Todas essas coisas más procedem de dentro e contaminam o homem” (Mar 7:21-23). Quando o coração está impuro, as obras do homem também estão. Somente pela fé o coração é purificado (Atos 15:9). E quando o coração está limpo, as obras também podem ser boas obras. A mudança de comportamento e ações nunca pode começar de fora. Uma mão limpa está agora apta para o seu uso.
Êxodo 4:9 (Devocional)
A água se tornará sangueSe ambos os sinais não forem ouvidos, o julgamento deve vir (Jó 33:14-16). Isso é representado pela transformação da água do Nilo em sangue. O Nilo é para os egípcios a fonte da vida. O Nilo representa as bênçãos naturais que o mundo sem Deus – do qual o Egito é uma figura – desfruta pela bondade de Deus. Se um homem permanece surdo e cego à mensagem dos dois primeiros sinais, as bênçãos que Deus lhe dá para desfrutar, e pelas quais ele não agradece a Deus, se transformarão em maldição. Muitos já foram mortos espiritualmente pelo uso excessivo de coisas encontradas na criação de Deus.
Êxodo 4.10-12 Em Sua grande paciência, Deus lembrou a Moisés que foi Ele que criou a sua boca, quem dotou o ser humano com a capacidade da fala e projetou a personalidade de cada indivíduo de acordo com a Sua sabedoria. Depois, o Senhor prometeu ensinar-lhe precisamente tudo o que deveria falar.
Êxodo 4.13, 14 Neste momento, Moisés pôde vislumbrar um pouco da ira de Deus (leia as palavras de Moisés em Sl 90.11). Apesar de Moisés ainda não saber, o Senhor já havia provido assistência para ele. Deus estava enviando Arão para se encontrar com Moisés (v. 27).Êxodo 4:10-12 (Devocional)
Quarta Objeção e a Resposta de DeusA quarta objeção de Moisés é sua falta de eloquência (cf. Jer 1:4-7). O efeito da mensagem de Deus não depende da eloquência do homem. Paulo aprendeu que não depende da excelência das palavras ou da sabedoria (1Co 2:1; 4; 2Co 10:10). A carne pode ficar impressionada com isso, mas não contribui para a obra de Deus.
Devemos aprender o que Paulo aprendeu, que o poder de Deus se realiza na fraqueza: “E Ele me disse: “Basta-te a minha graça, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. De boa vontade, portanto, antes me gloriarei nas minhas fraquezas, para que o poder de Cristo habite em mim. Portanto, estou contente com as fraquezas, com os insultos, com as angústias, com as perseguições, com as dificuldades por amor de Cristo; porque quando estou fraco, então é que sou forte” (2Co 12:9-10).
Não resta nada do poder de Moisés em obra e palavra. Não há mais confiança em si mesmo e isso é bom. No entanto, ainda não há plena confiança em Deus. Ele ainda tem que aprender que Deus também dá o que é necessário para cumprir Sua tarefa quando Ele chama alguém para uma determinada tarefa.
No cristianismo, a pessoa é sensível a belos cantos corais, músicas convincentes, discursos impressionantes, mas isso não resulta em conversão. Isso só acontece por meio da Palavra de Deus e da obra do Espírito Santo.Além disso, é um mal-entendido sobre o que o Senhor dá ou não dá. Ele pode fazer tudo para que sirva ao Seu propósito. Devemos aprender a ficar satisfeitos com isso. E não só isso. Devemos aprender que isso é mais eficaz para Sua obra. Então Ele recebe a honra e não aquele que Ele usa. Deve ser “pela força que Deus fornece” (1 Pedro 4:11).
Êxodo 4.15, 16 E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus. Da mesma forma que Moisés era um profeta, um porta-voz, de Deus, Arão seria um profeta de Moisés (Êx 7.1). O profeta tinha apenas uma tarefa: repassar precisamente a mensagem daquele que o enviou. Moisés seria “Deus” para Arão, porque o representaria para o irmão. Arão seria boca para Moisés; falaria o que o irmão tinha a dizer: exatamente como o Senhor revelara a Moisés.
Êxodo 4:13-17 (Devocional)
A recusa de Moisés e a resposta de Deus
A quinta objeção de Moisés não pode mais ser considerada uma objeção. É uma recusa. Recusa não é humildade. Isso não é mais fraqueza, é falta de vontade de obedecer. Ceder à fraqueza termina em incredulidade.A resposta de Deus é de acordo. Ele fica com raiva. Ele não isenta Moisés da comissão que lhe deu. Deus, por assim dizer, o priva da honra de sua missão, dando-lhe um companheiro em seu irmão Aaron. Nesse caso, isso não é um fortalecimento, mas um enfraquecimento. Isso é evidente no curso da história. Moisés fala com o SENHOR novamente como “Senhor”, Adonia, que significa Supremo, Comandante (Êx 4:13; Êx 4:10), mas não faz o que Ele diz. Isso nega Sua autoridade. É desobediência (cf. Atos 10:14; Lucas 6:46).
Êxodo 4.19 As palavras disse também o Senhor a Moisés não são uma nova manifestação divina, e sim uma referência às revelações de Yahweh a Moisés (Êx 3; 4). Esta expressão pode ser traduzida como “tinha dito” (Êx 6.28; 12.1).
Êxodo 4.20 Moisés levou seus filhos. Gérson, o primogênito de Moisés, é citado em Êxodo 2.22. O nome do segundo filho não é mencionado até Êxodo 18.4, após a libertação de Israel. Era Eliezer, cujo nome significa meu Deus é auxílio. Moisés também levou consigo o cajado que o Senhor usou para demonstrar Seu poder a ele (v. 2-5,17).
Êxodo 4.21 Na passagem seguinte, o faraó, provavelmente Amenófis II (1447—1421 a.C.), não era somente o rei do Egito, mas um símbolo para todos aqueles que resistem a Deus, todos os inimigos do Senhor.
Eu endurecerei o seu coração. Alguns interpretam esta passagem como um indicativo de que Deus confirmaria o que o faraó já estava determinado a fazer. Nas cinco primeiras pragas, o endurecimento do coração é atribuído ao faraó (Êx 7.13,22; 8.15,19,32; 9.7). Então, na sexta, Deus endureceu mais ainda o coração do rei do Egito (Êx 9.12). Outros insistem que o Senhor determinou a resposta negativa de faraó muito antes que este endurecesse seu coração. Estes intérpretes apontam este versículo e Êxodo 9.16 ao afirmar que Deus o manteve de pé com o propósito de mostrar-lhe o Seu poder.
Êxodo 4.22, 23 A nação de Israel é o primogênito de Deus e, naturalmente, Ele é o Seu pai. No decorrer do tempo, outros — todos aqueles que acreditariam no filho do Senhor — tornar-se-iam filhos de Deus (Jo 1.12). O Senhor também tem uma filha: Sião, uma expressão carinhosa para Jerusalém (SI 87). Contudo, a nação de Israel é o Seu primeiro filho. Consequentemente, o Senhor declararia todos os primogênitos israelitas como Seus, porque Ele os salvou da décima praga: a morte de todos os primogênitos dos egípcios (Nm 3.13).
Êxodo 4:18-23 (Devocional)
De volta ao Egito
Embora Moisés seja chamado por Deus, ele conta a Jetro sobre esse chamado para retornar ao Egito. Ele pede permissão ao sogro para sair e isso é concedido. Com Jacó temos visto um comportamento diferente (Gn 31:20). Moisés recebe encorajamento extra do SENHOR (Êxodo 4:19; Mateus 2:19-20). Depois parte com a mulher e os filhos e com “o cajado de Deus na mão”. Não é mais o cajado de Moisés, mas o cajado que Deus usará.
Mais uma vez o Senhor lembra a Moisés o que ele deve fazer e dizer. Moisés deve introduzir suas palavras com “assim diz o SENHOR”. Esta expressão, que será repetida tantas vezes pelos profetas mais tarde, soará pela primeira vez da boca de Moisés. São lindos os nomes que Deus dá ao seu povo aqui: “Meu filho, meu primogênito” (cf. Os 11,1). Isso se aplica acima de tudo ao Senhor Jesus (Mateus 2:15). Deus quer que Seu filho O sirva (Mal 3:17) e é por isso que Faraó tem que deixá-los ir.O SENHOR diz a Moisés que o faraó não ouvirá porque endurecerá o coração do faraó. Isso não significa que o faraó não tenha outra escolha. O SENHOR não está agindo de forma injusta, e o Faraó é totalmente responsável por sua conduta e ações. O mesmo sol que derrete a cera endurece o barro. Depende do tipo de material.Deus endurece um coração somente depois que a própria pessoa endureceu seu coração. Isso é o que a história do faraó nos ensina. Primeiro o próprio Faraó endurece seu coração (Êx 7:13; 14; 22; 8:15; 19; 32; 9:7; 34; 13:15). Como resultado disso, o Senhor endurece o coração de Faraó (Êx 9:12; 10:1; 10:20; 27; 11:10; 14:4; 8; 17). Assim, ele confirma a atitude teimosa e obstinada de Faraó em sua recusa em cumprir Sua ordem de deixar Seu povo partir. Portanto, no final de Êxodo 4:23, o SENHOR já aponta o juízo final da última praga.
Êxodo 4.25-26 Então, Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e o lançou a seus pés. Naquele tempo, a circuncisão era feita com facas de pedra afiada, e não de bronze, por causa de associações com antigas tradições que podem ser anteriores à circuncisão israelita (Gn 17). Muitos povos vizinhos dos israelitas praticavam a circuncisão, mas nenhum deles a fazia em crianças, somente Israel. E disse [ela]: Certamente me és um esposo sanguinário. Zípora disse isto possivelmente porque ficou com raiva de não poder seguir o costume midianita de só circuncidar seu filho na idade adulta, próximo ao casamento.
Êxodo 4.26 Deus encontrou Moisés (v. 24). Depois, desviou-se dele.Êxodo 4:24-26 (Devocional)
O SENHOR Quer Matar Moisés
Depois que o Senhor falou de Seu povo como Seu filho primogênito, ele se dirigiu a Moisés sobre seu relacionamento com seu filho, provavelmente seu filho primogênito, Gersom. É tão sério que Ele quer matar Moisés. Isso mostra que Deus não pode tolerar nada de errado com aqueles que Ele quer usar, mesmo que Moisés esteja prestes a cumprir a ordem do Senhor. O SENHOR só pode usar aqueles que também observam Seus estatutos em suas famílias.
A razão pela qual o Senhor quer matar Moisés é que um de seus filhos não foi circuncidado. A circuncisão é o reconhecimento do julgamento de Deus sobre a carne. A imagem aqui é que o julgamento de Deus não foi executado na carne daquela criança. Pode ter escapado à atenção de Moisés. Talvez a Zipporah originalmente pagã não tenha percebido sua necessidade. Ela faz isso agora porque tem que fazer, mas com a repreensão a Moisés de que ele é um “noivo de sangue” para ela. O que ela quer dizer com isso não está muito claro. Talvez isso mostre que ela, embora contra sua vontade, fez o ato sangrento da circuncisão para salvar seu marido. Ela então o recupera, por assim dizer, como seu noivo, realizando este ritual sangrento. A vida de Moisés é poupada.A lição aqui é que é de grande importância para todo líder do povo de Deus que ele governe sua família sob a autoridade de Deus (1Ti 3:1; 1Ti 3:4-5). Sua família é sua primeira responsabilidade. O SENHOR queria matar Moisés, como chefe da família, e não Zípora.
Êxodo 4.27, 28 O encontro destes dois irmãos, após 40 anos, deve ter sido bastante emocionante. O verbo hebraico traduzido como encontrou-o dá a ideia de um encontro pessoal e emocionante, com um abraço apertado. Foi muito adequado o fato de os dois terem se encontrado no monte de Deus (Êx 3.1). Posteriormente, neste mesmo lugar, ambos ministrariam juntos.
Êxodo 4.29-31 Quando Moisés e Arão chegaram ao Egito, reuniram todos os anciãos. Arão fez o papel de porta-voz de Moisés (v. 14-16). Não ficou muito claro se foi Arão ou Moisés quem fez os sinais diante do povo. Mas, a resposta das pessoas foi bastante receptiva. Elas acreditaram em Deus e adoraram Aquele que mandou os sinais e os mensageiros. O Senhor finalmente visitava os filhos de Israel! Aqui, a visita de Deus implicou libertação (como em Rt 1.6). Em outras passagens, o verbo hebraico paqad [visitar] implica ira e castigo (Is 10.12).Êxodo 4:27-28 (Devocional)
Moisés encontra Aarão
O reencontro com Aaron é caloroso. Esses dois serão de grande importância para o povo de Deus no futuro. Moisés é uma figura do Senhor Jesus como Rei sobre Seu povo; Aarão é uma figura do Senhor Jesus como Sacerdote para o Seu povo.O lugar de encontro é “o monte de Deus”. O assunto de sua conversa são as palavras de Deus e Seus feitos milagrosos. Esta é uma bela ilustração de como nossos encontros com outros crentes devem proceder.
Personagem em Destaque
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De acordo com a tradição islâmica, a tumba de Arão fica no topo de Jebel Harun (Monte Hor), localizado a poucos quilômetros ao sul de Petra. |
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