Estudo sobre Romanos 12:14-16

Romanos 12:414-16

O pensamento a respeito da perseguição à igreja leva Paulo a fazer uma breve intercalação, porém, ele retornará ao mesmo detalhadamente nos v. 17-20. Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Nesse ponto todos os paralelos fracassam. Em lugar algum o amor ao inimigo encontra-se com a mesma clareza inequívoca como em Jesus, de modo que Paulo está falando diretamente com a voz do seu Senhor. Sua proximidade com Jesus mostra-se também em suas justificativas para o amor ao inimigo. Primeiro: de acordo Mt 5.44,45; Lc 6.35,36, todos os discípulos devem amar os seus inimigos, a fim de se evidenciarem como imitadores de Deus, pois Deus é misericordioso também para com os ímpios. Do mesmo modo, Paulo ancora suas exortações na misericórdia de Deus (acima, v. 1). Em segundo lugar: de acordo com Mt 5.46,47 os discípulos devem amar seus inimigos para se diferenciarem da mentalidade gentílica e “fazer a mais” nesse mundo. Assim também Paulo convoca para não se conformar com a era atual (acima, v. 2). No entanto, isso somente é praticável na presença de Deus. Ali nos tornamos totalmente verdadeiros no amor. Tem lugar a intercessão que abençoa. Ela tem a intenção de afastar a ira de Deus do perseguidor, assim como Jesus o fez (Lc 23.34). Portanto, nessa exortação não está presente apenas a voz de Jesus, mas também seu morrer que abençoa.

Com certeza o v. 15 vigora dentro da igreja, embora também possa incluir todos os concidadãos, em continuação ao v. 14: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Sofrer perseguições pode endurecer uma pessoa, de maneira que nenhum sentimento a comove mais diante da alegria e do sofrimento desse mundo. Por isso: não se tornem devotos sobrenaturais ou desumanos!

O v. 16 conduz claramente de volta à realidade da igreja. Tende o mesmo sentimento (“Vivam em harmonia” [vfl]). Pela tradução queremos evocar a bela palavra “harmonia”. Em Paulo, a exortação é formulada sete vezes de modo muito semelhante. Naturalmente ele conhece as diferenças de opinião nas igrejas. Elas são algo normal enquanto estiverem sob controle. De acordo com o v. 11 o controle é: “Sirvam ao Senhor” (blh). Enquanto vigorar esse critério, serão encontrados meios e caminhos para superar as dificuldades. Contudo, elas começam a triunfar quando os envolvidos não estiverem mais submissos ao Senhor. Uma intenção estranha se intromete: em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde (“não viseis as coisas elevadas, mas inclinai-vos aos humildes” [tradução do autor]). Coisas elevadas que se aninharam na cabeça agora deslocam para o lado as pessoas que nos atrapalham na corrida para frente. Parecem humildes, insignificantes, desinteressantes. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos (Pv 3.7). Cheios de sabedoria própria nos sobrepomos tanto ao senhorio de Jesus como também ao fato de sermos irmãos. Está dada integralmente a circunstância da conformação com o mundo (cf o v. 2).