Estudo sobre Romanos 16:19-20
Estudo sobre Romanos 16:19-20
Romanos 16:19-20
Ao contrário da situação extremamente ameaçadora nas comunidades da Galácia, a obra cristã em Roma ainda parecia estável. Pois a vossa obediência (de fé) é conhecida por todos (cf Rm 1.8); por isso, me alegro a vosso respeito. Mais uma vez, porém, Paulo assevera sinteticamente: quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. Verdadeira fé cristã sempre inclui “ter cabeça”, perceber o que parece belo mas não é bom, motivo pelo qual não é realmente belo. Contra o que não é belo, sim, contra o mal tem de manifestar-se de imediato o “não”, um “não” absoluto. Lembramo-nos da palavra de Jesus em Mt 10.16b.
20 Outra vez mostra-se uma das admiráveis mudanças de tom em Paulo. Apesar de dilacerado pela “preocupação com todas as igrejas” (2Co 11.28), ele não obstante revela ter a força espiritual para o ministério da consolação profética: E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. O Deus da paz, há pouco ainda apresentado como essência da proteção (Rm 15.33), é anunciado como herói vitorioso contra o traiçoeiro inimigo de Deus. O seu poder será quebrado, e precisamente, com rapidez. Conforme o AT, a expressão faz parte da figura da guerra-relâmpago. Como num assalto, o conquistador se aproxima e, por ser totalmente inesperado, é absolutamente superior. A resistência é inútil para o que foi tomado de surpresa. Não há mais entrevero. Assim a vitória de Deus sobre seus inimigos que hoje ainda são tão poderosos será fabulosamente fácil: Meramente “será… revelado”, pelo “sopro de sua boca”, e o assunto estará encerrado (2Ts 2.8).
Duas afirmações figuradas com significado intenso surgem entrelaçadas nesse versículo: aniquilamento do poder de Satanás por intermédio de Deus, e exaltação dos redimidos para participarem do governo. Seus pés apoiados sobre o pescoço do vencido ilustram a derrota total dele. Faz-se presente o grande arco de Gn até Ap, mas ele não é mais delineado em detalhe.
Digno de nota é que Paulo não falou de Satanás no contexto da origem e expansão do poder do pecado em Rm 1,5, nem no contexto do sofrimento desesperador sob o senhorio desse poder em Rm 7. Menciona-o apenas agora. Quem fala de Satanás muito depressa, muito seguidamente e superficialmente demais (Jd 9), faz dele um espantalho para crianças.
A igreja, seguramente atingida em profundidade, recebe uma palavra de bênção: A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco. Votos como esses, desejando graça, podem ser encontrados em grande número nas cartas do NT, sobretudo nos inícios e nas finalizações delas (mais de vinte vezes). Cada um é formulado de maneira diferente, pelo que não são emitidos como um chavão inexpressivo. Pelo contrário, toda vez representam um acontecimento: os ouvintes sabem que agora estão “entregues à graça” (At 14.26; 15.40).
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Romanos 19:19-20