Estudo sobre Romanos 16:3-5
Saudações a Roma significavam para Paulo lembrar em primeiro lugar este casal: Saudai Priscila (Prisca23) e Áquila. O leitor da Bíblia pode reler em seis passagens do NT a sua agitada vida, do Ponto, na Ásia Menor setentrional, passando por Roma, Corinto, Éfeso, e novamente por Roma e Éfeso. Por um lado, essa rota revela que pessoas daquele tempo, especialmente judeus, podiam viver em grande mobilidade, por outro lado essa biografia se explica, adicionalmente, a partir da causa do evangelho: eles são cooperadores (cf v. 9,21). Ingressar na obra cristã significa não raro, e reiteradamente, despedidas da casa, da cidade e do país. Ademais, Paulo acrescenta como característica nesse e nos versículos seguintes, quatro vezes “em Cristo” (v. 3,7,8,10) e, seguramente no mesmo sentido, cinco vezes “no Senhor” (v. 8,11,12,17). Quem quiser diferenciar poderá realçar no primeiro caso a experiência da salvação e o assemelhar-se a Jesus (Fp 3.9ss), no segundo caso a atividade sob o senhorio dele. Após a breve menção do relacionamento que o casal tem com Cristo, a frase desemboca na sua relação com Paulo. Já no começo ele a mencionou: “meus colaboradores”. Agora diz: os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça. Praticamente colocaram sua cabeça sob a lâmina do carrasco ou, como dizemos, arriscaram a pele em defesa de Paulo. Será infrutífera a tentativa de estabelecer lugar e época do episódio, mas é importante compreender seu efeito de unificar para sempre: e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios. Não se pode imaginar esse casal fora da obra que Cristo conseguiu realizar através de Paulo no Leste até aquele momento. Através dessas pessoas os romanos tinham em seu meio a obra e o projeto de Paulo.
Aceitar esse casal incluía obviamente também a aceitação da igreja que se reúne na casa deles. É digna de nota aqui, como também em votos iniciais e finais de algumas cartas, a combinação dos termos “igreja” e “casa”. Com apoio em numerosas referências de At, conclui-se que a obra de Paulo vivia e sobrevivia em grande medida na forma de comunidades domiciliares, cada uma das quais abrangia, portanto, poucas dúzias de fiéis. Assim como não havia judaísmo sem encontros supervisionáveis para celebrar regularmente a comunhão em torno da palavra e da oração, do aconselhamento mútuo na vida e da assistência, de modo que em toda a parte se formavam sinagogas domiciliares, assim também o primeiro cristianismo enveredou desde o começo por um caminho análogo. Recordemos aqui a palavra do conde de Zinzendorf (1700-1760): “Não constato nenhum cristianismo sem comunhão”.
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