Estudo sobre Romanos 9:10-13

Romanos 9:10-13

Para o objetivo de Paulo também servia de modo especial o exemplo da terceira geração. E não ela somente (sucedeu assim), mas também (com) Rebeca, ao conceber (os dois filhos) de um só, Isaque, nosso pai. Nesse caso, havia muito menos razões palpáveis para um tratamento diferenciado: a mesma mãe, o mesmo pai, e até o mesmo ato de fecundação! De acordo com o direito vigente, a bênção de primogênito e, com ela, o direito de proprietário, cabia a Esaú, como o mais velhos dos gêmeos. Contudo, o grau de ocultação da escolha divina é intensificado mais ainda (por ora deixamos de lado a inclusão dos v. 11b,12a): E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal… já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço (Gn 25.32). Deus decidiu independentemente do agir, da capacidade, do mérito, do saber e da expectativa humanas. Ele escolheu, sem que houvesse qualquer influência externa sobre a eleição. O v. 13 resume: Como está escrito (Ml 1.2,3): Amei Jacó, porém me aborreci (odiei a) de Esaú. Os dois opostos “amar” e “odiar”, tanto aqui como também em passagens análogas, não descreve estados sentimentais, mas a resolução da vontade no âmbito de um processo de seleção. Dentre dois candidatos foi encontrado um para determinada tarefa. Para isso, é dada a preferência de um sobre o outro, o preterido é deixado em segundo plano. O conceito “odiar”16, por decorrência, não significa nada mais que “não escolher”, enquanto “amar” se aproxima muito de “escolher”17. Esse uso linguístico já foi prefigurado no AT.

Deus escolheu sem um motivo compreensível, porém com uma finalidade perceptível. Ela é definida por uma frase iniciada com a expressão “para que”, inserida significativamente por Paulo: para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por (conforme) obras (humanas), mas por aquele que chama. A palavrinha “por (conforme)” introduz o critério decisivo. O que é chamado não pode ser determinante, resultando de forma alguma no final em auto-salvamento, auto-afirmação e honra própria, pois a verdadeira salvação do mundo está em jogo. É por isso que o processo precisa acontecer incondicionalmente de acordo com o estabelecido por Deus. Desse modo, unicamente eleição por graça pode ser cogitada, em todos os estágios do início ao fim. Essa contraposição radical de obra humana e graça de Deus e a luta para descartar a honra própria em favor da glorificação exclusiva de Deus ainda soam claramente nos nossos ouvidos desde a primeira metade da carta. O fato de que as mesmas características retornam agora, de que a continuação trará sempre de novo a confirmação, significa que em Rm 9–11 Paulo tem o objetivo de solucionar a problemática de Israel integralmente com a mensagem de Rm 1–8: somente Cristo, somente pela fé, somente por graça. Também para a questão de Israel vale: não há outro evangelho (2Co 11.4).

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Romanos 9:10-13