Estudo sobre Romanos 9:17-18

Romanos 9:17-18

Como segunda prova do agir do Deus misericordioso(!), Paulo aduz o papel de Faraó. Porque a Escritura diz a Faraó (Êx 9.16): Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Essa formulação é de tamanha brevidade que uma pessoa não versada na Bíblia poderia supor que se trata da vocação de um evangelista: para “fazer com que o meu nome seja conhecido no mundo inteiro” (BLH). Na verdade esse rei é modelo clássico de quem se opôs às intenções redentoras de Deus. Seu poder tirânico parece encobrir integralmente o poder do Deus justo. Porém Deus, embora inimigo do pecado, governou até sobre o agir pecaminoso de Faraó. Mas o sentido salutar desses eventos não podia ser deduzido a partir da superfície. Os versículos subsequentes o destacarão melhor.

De início, Paulo formula o agir onipotente de Deus em Moisés e Faraó. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. Tais contraposições (ter misericórdia – endurecer, cf v. 13: amar – aborrecer/odiar) podem provocar conceitos errados sobre a distribuição de pesos. Porém é significativo que aqui, a partir do v. 15, mencione-se seis vezes a graça, antes que o presente versículo emita uma vez algo sobre endurecer. Eleição misericordiosa por um lado e rejeição por outro não formam, aqui e em toda a Bíblia, um equilíbrio, mas são de categorias completamente incomparáveis. A palavra “compadecer-se” é o termo condutor até o versículo-alvo de Rm 11.32b, porém “endurecer” ou “rejeitar” a acompanha somente como uma sombra.

Para compreendermos o sentido do endurecer é preciso avaliar o que Paulo conscientemente deixa de descrever. Ele não relata os detalhes do comportamento pecaminoso de Faraó. O rico material do AT sobre esse assunto não é aproveitado. Tampouco Paulo desenvolve a ideia para o passado, se Deus desde a eternidade já programou Faraó dessa maneira, nem para o futuro, qual seria o destino que o espera no juízo final. O que está dito de fato é: com seu endurecimento, Faraó recebeu uma determinação no tempo para uma tarefa no tempo, a saber, ser “instrumento” (v. 21,22) na mão do Deus libertador. É nesse sentido que o v. 17 já coordenou e subordinou seu papel ao evento da poderosa libertação de Israel.

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Romanos 9:17-18