Estudo sobre Romanos 9:6-9

Romanos 9:6-9

Primeiro ele passa para o momento anterior ao grande número de prerrogativas de Israel e enfoca, como seu fundamento último de existência, “a palavra (eletiva) de Deus” (de modo análogo em Rm 3.2). Para ele não se admitem dúvidas: E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado. Não escapou à sua lembrança, nem por esquecimento nem por desatenção. Em vista do que Deus certa vez intentou, ela não foi alienada entrementes pelo fato de que Deus a tivesse entregue à administração e ao aproveitamento humanos. Pois com essa palavra ele não somente asseverou alguma coisa naquele tempo, mas primordial e definitivamente a si próprio, e precisamente como o Deus misericordioso. Sob esse aspecto, o relacionamento com Deus continua sendo uma grandeza viva. Jamais Deus permitirá que seja excluído dessa relação. É isso que perfaz a incomparável reserva de valor dessa promessa da eleição. Ela é e continua sendo “eleição da graça” (Rm 11.5). Por assim dizer, desde o começo era esse o “regimento interno” da relação entre o que convoca e os convocados, no qual mais nada é alterado posteriormente.

É nessa perspectiva que se situa a frase causal seguinte. A eleição não se tornou direito consuetudinário de poucos: porque nem todos os (que são apenas exterior e fisicamente) de Israel são, de fato, israelitas (eleitos). O Israel a que se refere a Escritura não coincide com uma aliança de sangue. Nascimento judaico não por natureza uma ligação com Deus. Nenhum poder salvífico lhe é inerente. Neste povo, procriação não significa desde já acontecimento de salvação. Deus não se deixa enquadrar como um deus nacional. Ser Israel verdadeiro continua sendo uma dádiva. Quem não fizer a devida distinção e continuar operando com um conceito rígido de Israel ainda não captou os verdadeiros acontecimentos ocorridos em e em torno de Israel. O próprio Deus sublime sempre faz parte da definição do que é Israel. Cumpre observá-lo também na explicação do “todo o Israel” em Rm 11.26.

Logo no começo, na transição para a segunda geração, de Abraão para Isaque, Deus colocou um ponto de exclamação em relação a essa eleição. Inícios são típicos para a continuação. É por isso que as histórias dos patriarcas também foram “escritas para nós” (Versão Fácil de Ler) (Rm 4.23,24; 15.4). Nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada (por Deus) a tua descendência (Gn 21.12). Por qual caminho um dos filhos de Abraão foi convocado para ser portador da bênção, de maneira que “em Isaque” o mundo foi abençoado (Gn 26.4)? Leitores da Bíblia sabem que para isso Deus interferiu de maneira criadora nessa família. Em contrapartida, o seu meio-irmão Ismael, igualmente filho legítimo de Abraão e igualmente circuncidado (Gn 17.25), foi desmembrado do povo de Deus. Com base em eleição oculta, Deus tratou os irmãos de forma diferente. Afinal, não permite que seja comprometido a adotar toda a descendência biológica de sua gente. Ele não se torna o deus de um clã, mas preserva-se para realizar livre escolha por pura graça. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. (Gn 18.10,14).

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Romanos 9:6-9